DOLORES DEL RIO

março 19, 2010

Dolores Del Rio (1905-1983) foi uma estrela de Hollywood durante o período do cinema silencioso e na fase sonora clássica e, posteriormente, uma atriz importante no Cinema Mexicano.

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Maria de los Dolores Asúnsolo y López Negrete nasceu em Durango, México. Seu pai era banqueiro e perdeu tudo por causa da Revolução Mexicana. Em 1921, com apenas 16 anos, Dolores casou-se com o escritor Jaime Martinez Del Rio, dezoito anos mais velho do que ela. Em 1924 foi descoberta pelo diretor de cinema americano Edwin Carewe que, extasiado pela beleza da jovem, prometeu trabalho para o casal em Hollywood; Dolores como atriz e Jaime como roteirista.

Com o sobrenome do marido, Del Rio, Dolores fez sua estréia em As Melindrosas / Joanna / 1925, dirigido por Carewe. O estrelato veio rápido com Dolores no topo dos créditos de vários filmes de prestígio, destacando-se Sangue por Glória / What Price Glory / 1926, A Dança Rubra / The Red Dance / 1928 e Ouro / Trail of the 98’ / 1928, os dois primeiros realizados por Raoul Walsh e o último por Clarence Brown. Sobre estes eu posso falar, porque tive oportunidade de vê-los.

dolores del rio

dolores del rio, ivan linow-- red dance 001

Baseado numa peça muito popular de Laurence Stallings e Maxwell Anderson, Sangue por Glória combina maravilhosamente comédia e romance com cenas de guerra, concentrando-se mais na rivalidade de dois fuzileiros navais, sargentos Flagg (Victor Mclaglen) e Quirt (Edmund Lowe), pelo amor de uma campesina francesa chamada Charmaine (Dolores Del Rio).

A Dança Rubra, melodrama tendo como pano de fundo a Revolução Russa, traz Dolores de novo como uma campesina, Tasia, que se torna dançarina e se casa com o Grão Duque (Charles Farrell), que ela deveria assassinar. O filme vale sobretudo pelo trabalho das câmeras sob o comando de Raoul Walsh e pelos cenários estilizados e expressionistas do diretor de arte Ben Carré.

ralph forbes, dolores del rio-- trail of 98

doloresdel rio

Para mim, Ouro é o melhor dos três. Tem como tema a epopéia da descoberta do ouro no Klondike em 1898, que atraiu para o Alaska um punhado de caçadores de fortuna de todos os cantos da América, entre eles, Berna (Dolores Del Rio) e seu avô (Cesare Gravina) e o jovem Larry (Ralph Forbes), por quem ela se apaixona.

Clarence Bown conduz a aventura com a devida dimensão épica, criando cenas espetaculares relacionadas com os perigos daquela região gelada. Para a seqüência da tempestade de neve e da travessia do rio caudaloso, quando o filme passou nos cinemas, a tela foi alargada em duas vezes o seu tamanho normal, num sistema intitulado “Fantomscreen”, causando um impacto eletrizante.

Dos sete filmes que Dolores fez com Edwin Carewe, Ressureição / Ressurection / 1927 e Ramona / Ramona / 1928, foram muito elogiados (os comentaristas da revista Cinearte, por exemplo, deram- lhes respectivamente, notas 8 e 9), porém só conheço Evangelina / Evangeline / 1929, que saiu em dvd recentemente. A julgar por Evangelina, Carewe sabia tirar partido das paisagens naturais, compondo quadros de notável valor pictórico e explorar o lindo rosto da atriz nos close-ups.

Em 1928, Dolores se divorciou de Jaime; com ciúmes da esposa, ele foi para a Alemanha e se suicidou. Dois anos depois, ela se casou com Cedric Gibbons, o chefe do Departamento de Arte da MGM.

No cinema falado, os filmes de maior prestígio de Dolores no Brasil foram Ave do Paraíso / Bird of Paradise / 1932 e Voando para o Rio / Flying Down to Rio / 1933 (no qual sua personagem chamava-se Belinha de Rezende), sucedendo-se outros cada vez menos importantes, nos quais Dolores era quase sempre relegada a papéis exóticos por causa de seu sotaque latino. Entre esses filmes “menores” eu gostaria de chamar a atenção para dois deles, que pude ver há pouco tempo e que são geralmente esquecidos, inclusive por vários autores de filmografia da atriz: Acusada / Accused / 1936 (Dir: Thornton Freeland) e O Diabo à Solta / Devil’s Playground / 1937 (Dir: Erle C. Kenton).

Flying down to rio

dolores del rio, douglas fairbanks jr_-- accused

dolores del rio, richard dix-- devil's playground

Em Accused, produção inglesa, Tony (Douglas Fairbanks Jr.) e Gaby (Dolores Del Rio) formam uma dupla de dançarinos. Eles fazem um número musical que termina com Gaby atirando uma faca nas costas de Tony; mas ele sai ileso, porque usa um colete de aço. A certa altura da trama, Gaby vem a ser acusada da morte de uma colega do teatro que estava dando em cima de Tony, pois uma de suas facas foi encontrada no local do crime. Enquanto transcorre o julgamento, Tony sai à procura do verdadeiro culpado. Dolores e Fairbanks Jr. esbanjam fotogenia e a narrativa tem a costumeira eficiência britânica.

Em O Diabo à Solta, cujo roteiro foi escrito por Liam O’Flaherty, Jerome Chodorov e Dalton Trumbo, Dolores é Carmen, “mariposa” de um cabaré de Manila, que quase destrói a amizade entre dois mergulhadores da Marinha (Richard Dix, Chester Morris). A história não era novidade, pois tratava-se da refilmagem de Submarino / Submarine, realizado em 1928 por Frank Capra; porém a boa atuação de Dolores no papel de uma jovem vulgar e sedutora e o excitante clímax no submarino garantem a diversão.

Em 1940, Dolores conheceu Orson Welles. Welles apaixonou-se pela bela mexicana e ela se divorciou de Gibbons, vivendo com o grande diretor um romance que durou dois anos. Nessa ocasião, Dolores participou de um filme muito interessante, escrito por Welles e dirigido por Norman Foster, Jornada do Pavor / Journey into Fear / 1943. Este, a meu ver, foi o melhor filme de Dolores nesta fase de sua carreira nos Estados Unidos.

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Dolores Del Rio e Orson Welles

Em 1943, Dolores Del Rio voltou para o México, para se tornar a estrela mais popular de seu país, principalmente numa série de filmes dirigidos por Emilio Fernández e magnificamente fotografados por Gabriel Figueroa, só retornando ocasionalmente a Hollywood (Domínio de Bárbaros / The Fugitive / 1947 (Dir: John Ford); Estrela de Fogo / Flaming Star / 1960 (Dir: Don Siegel), Crepúsculo de uma Raça / Cheyenne Autumn / 1964 (Dir: John Ford).

Em 1959, Dolores casou-se com Lewis A. Riley, um empresário teatral americano e em 1978, retirou-se do Cinema, para administrar a sua fortuna.

Dolores era amiga de Marlene Dietrich, que a considerava “a mulher mais bonita de Hollywood”. No tempo do cinema mudo diziam que ela era a “versão feminina de Rudolph Valentino”.

Sua beleza, pode-se dizer, perene foi motivo de muita inveja e especulação. De acordo com todas as informações recolhidas, Dolores nunca recorreu à cirurgia plástica, mantendo a aparência principalmente por meio de uma dieta diligente, inventada por ela mesma, muitas horas de sono e exercícios físicos.

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3 Responses to “DOLORES DEL RIO”

  1. Thanks, Henery. My blog is for great fans like you.

  2. Qual dieta será que era melhor, a de Dolores ou a de Gloria Swanson?
    Notemos, em mais um belíssimo artigo de AC, que no pôster de Voando para o Rio, o nome de Dolores vem maior e em primeiro lugar, enquanto que por último estão os de Ginger Rogers e Fred Astaire. Será que nas filmagens, Raoul Roulien e Dolores Del Rio se tornaram amigos?

  3. A melhor dieta deve ter sido a de Lillian Gish, pois esta viveu até os cem anos, se não me engano

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