ARTISTAS AMERICANOS NO CINEMA MUDO BRITÂNICO

dezembro 22, 2012

Como informou Anthony Slide, em um magnifico verbete escrito na qualidade de editor associado para a Encyclopedia of British Film, editada por Brian McFarlane e publicada pelo British Film Institute (Methuen, 2005), que me serviu de base para este artigo, pelo menos três artistas americanos – a atriz, roteirista e diretora Gene Gauntier; o ator, diretor e roteirista King Baggot; e o comediante  John Bunny – foram para as Ilhas Britânicas no começo dos anos dez, para atuar nos primeiros filmes americanos produzidos em locação no estrangeiro.

Florence Turner (1887-1946), primeira estrela do cinema americano (juntamente com Florence Lawrence, a “Garota da Biograph”), estreou na tela em 1907, ficando conhecida como “A Garota da Vitagraph”. Quando deixou a companhia em 1913, decidiu produzir filmes na Inglaterra, levando consigo o diretor Laurence Trimble e a cadela Jean (“O Cachorro da Vitagraph”), da qual Trimble era o treinador. Sua companhia estava localizada nos estúdios de Cecil Hepworth em Walton-on-Thames, onde Florence fêz mais de 25 filmes, destacando-se My Old Dutch / 1915, Far from the Madding Crowd / 1915, A Welsh Singer / 1915 e East is East / 1916. Em 1916, Florence voltou para a América, porém a indústria de cinema americana havia mudado drasticamente e não havia mais lugar para ela como leading lady. Em 1922, a atriz estava de retorno à Inglaterra mas, como a situação da indústria cinematográfica britânica estava passando por um momento muito difícil, ela voltou em 1924 para os Estados Unidos. Segundo Slide, sua passagem e a de sua mãe foram pagas por Marion Davies, que arrumou um pequeno papel não creditado para Florence na sua produção do drama histórico,  Janice Meredith / Janice Meredith / 1924. Por volta de 1930, Florence estava aceitando papéis de figurante.

A primeira companhia inglêsa a importar artistas americanos foi a London Film Company, contratando Edna Flugrath (1893-1966) e Jane Gail (1881-1963). Esta última, que ganhou fama como a noiva do Dr. Jeckyll (King Baggot) na adaptação do romance de Robert Louis Stevenson, Dr. Jeckyll and Mr. Hyde, realizada por Herbert Brenon em 1913, apareceu em She Stoops to Conquer / 1914, The Prisoner of Zenda / 1915 e Rupert of Hentzau / 1915, entre outros, antes de retornar aos Estados Unidos.

Edna Flugrath, que nunca foi uma grande estrela como suas irmãs mais novas, Viola Dana e Shirley Mason, pôde ser vista em uma dúzia de filmes londrinos. Em 1912, Edna era umas atrizes principais da Edison Film Company, aparecendo em uma variedade de filmes de um e dois rolos. Na Edison,  conheceu o diretor Harold Shaw e, quando este se transferiu para a Inglaterra, ela o acompanhou. Edna trabalhou em filmes inglêses dirigidos por Shaw como The King and the Rajah / 1914 e A Christmas Carol / 1914. Em 1917, ela se retirou do cinema, depois que se casou com Shaw em Johannesburg, África do Sul enquanto filmavam Die Voortrekkiers ou Rose of Rhodesia. Porém em 1920, participou, sob a direção de seu marido, do elenco de The Pursuit of Pamela, London Pride, True Tilda, The Land of Mystery (1920), Kipps, A Dear Fool (1921) False Evidence / 1922 e em  filmes de outros diretores como, por exemplo, Pela Honra Alheia / The Social Code 1923, (Dir: Oscar Apfel). Ao voltar aos Estados Unidos, Edna não conseguiu engrenar um retorno às telas e abriu um salão de beleza em Hollywood.

Thomas Meighan (1879-1936) fez seu primeiro filme, Danny Donovan, The Gentleman Cracksman / 1914 enquanto trabalhava em um teatro do West End de Londres na peça Broadway Jones. Como resultado de sua aparição em um filme inglês, ele foi contratado por um prazo longo pela Famous Players-Lasky e se tornou um dos maiores galãs de Hollywood dos anos vinte, contracenando com as estrelas mais populares do seu tempo como Mary Pickford (M’ Liss / M ‘ Liss / 1918), Norma Talmadge (A Cidade Proibida / The Forbidden City / 1918, Gloria Swanson (Macho e Fêmea ou De Fidalga a Escrava / Male and Female / 1919), Leatrice Joyce (A Homicida / Manslaughter / 1922) etc.

Em 1920, Evelyn Brent (1899-1975) viajou de férias para Londres onde trabalhou na comédia teatral The Ruined Lady. Quando a peça terminou, ela permaneceu no país, para ser a estrela de 13 filmes britânicos: The Shuttle of Life, The Law Divine (1920), The Door That Has No Key, Demos, Sybil, Sonia, Laughter and Tears (1921), Circus Jim, The Experiment, Trapped by the Mormons, Married to a Mormon, Paixões da Bela Espanha / A Spanish Jade e Pages of Life (1922). Depois de trabalhar como modelo ainda bem jovem, Evelyn foi para Fort Lee, New Jersey, tentar a sorte nos filmes que alí se realizavam e conseguiu um emprego como figurante. Em 1915, assinou contrato com a Metro como a nova ingênua do estúdio, Betty Briggs (pois seu verdadeiro nome era Mary Elizabeth Riggs). Depois de fazer aqueles filmes na Inglaterra, já com o nome artístico de Evelyn Brent, voltou aos Estados Unidos (anunciada como uma “Beleza Britânica”) e retomou sua carreira na Metro. Posteriormente, foi contratada pela Paramount e atingiu seu potencial como atriz, ao ser dirigida por Josef von Sternberg em Paixão e Sangue / Underworld / 1927, A Última Ordem / The Last Command / 1928 e O Super-Homem / The Dragnet / 1928. Em 1931, obteve o papel principal em Cardumes de Prata (TV) / The Silver Horde ao lado de Joel McCrea; porém, aos poucos passou a ser uma mera coadjuvante (vg. era a Shanghai Lil no seriado da Columbia, Jim das Selvas / Jungle Jim / 1937) e a prestar serviços para companhias produtoras bem modestas.

Carlyle Blackwell (1884-1955) ator e diretor pioneiro do cinema americano, tendo feito seu primeiro filme, Uncle Tom’s Cabin, em 1910 sob a direção de J. Stuart Blackton na Vitagraph, foi para a Inglaterra em 1920, onde interpretou o papel do famoso personagem do romance policial criado por Herman Cyril McNeile sob o pseudônimo de “Sapper” em Bulldog Drummond / 1922. Blackwell trabalhou ainda naquele país  em The Virgin Queen / 1923, The Beloved Vagabond / 1923, Shadow of Egypt / 1924, Ela / She / 1925 (ao lado de Betty Blythe), Beating the Book / 1926, The Rolling Road / 1927, The Wrecker / 1928, The Crooked Billet / 1929, Bedrock / 1930 e Beyond the Cities / 1930, atuando nos dois últimos, ambos falados, também como diretor.

Gertrude McCoy (1890-1967), atriz exclusiva da Edison Company, na qual entrou em 1910 e trabalhou em dezenas de filmes de um e dois rolos até 1918, fez uma carreira importante na Inglaterra onde, a partir de 1919 foi vista em mais de vinte filmes, marcando sua presença como Lady Hamilton em Nelson / 1926, cinebiografia do Almirante Horatio Nelson (Cedric Hardwicke) e como Joséphine de Beauharnais em A Royal Divorce / 1926, drama histórico sobre  a vida de Napoleão (Gwilim Evans).

Marie Doro (1882-1956), cuja carreira teve inicialmente dois mentores, o empresário Charles Froman e o ator William Gillette, que a ajudaram muito na sua trajetória teatral, foi contratada por Adolph Zukor em 1915. Na firma de Zukor, a Famous Players, ela  fez 18 filmes, sobressaindo no papel  de Oliver Twist na versão cinematográfica da obra de Charles Dickens, realizada em 1916 enquanto Tully Marsahll fazia o Fagin. No cinema britânico, Marie fez o papel principal em A Sinless Sinner / 1919 e Sally Bishop / 1924 e filmou também na Itália. Na sua autobiografia, publicada em 1956, Charles Chaplin conta que, aos dezesseis anos de idade, quando viu Marie nos bastidores de um teatro, se apaixonou por ela à primeira vista. Possivelmente foi o único amor platônico de sua vida.

Donald Crisp (1882-1974), ator sempre lembrado como o pai brutal da heroína interpretada por Lillian Gish em Lírio Partido / Broken Blossoms / 1919 e por outras notáveis atuações como coadjuvante, destacando-se o papel de outro pai  em Como Era Verde o Meu Vale / How Green Was My Valley /  1941 (que lhe deu o Oscar),  dirigiu a si mesmo no filme inglês Roseiral Silvestre / Beside the Bonnie Briar Bush (1921). Crisp já havia dirigido inúmeros filmes nos Estados Unidos como Marinheiro por Descuido / The Navigator / 1924 com Buster Keaton e O Filho do Zorro / Don Q Son of Zorro / 1925 com Douglas Fairbanks. Quando lhe perguntaram porque ele desistiu de ser diretor e voltou a ser ator em tempo integral, Crisp respondeu que o ofício de diretor lhe era muito cansativo, pois tinha que atender os pedidos dos executivos do estúdio para empregar os parentes deles nos seus filmes. Seu último trabalho como diretor foi em Comprometida / The Runaway Bride / 1930 com Mary Astor.

Graças ao seu sucesso no papel de Penelope Penn na peça 39 East, de Rachel Crowther, que ficou 160 dias em cartaz na Broadway,  Constance Binney (1896-1989) participou de uma  produção independente do diretor Maurice Tourneur, Vida Esportiva / Sporting Life / 1919. No mesmo ano, contracenou com John Barrymore em Acusação / Test of Honor e assinou um contrato com a firma Realart, subsidiária da Paramount. Ao todo, Constance estrelou 14 filmes entre 1918 e 1923, entre os quais se incluia uma produção inglêsa: A Bill for Divorcement / 1922, versão britânica da peça de Clemence Dane, dirigida por Denison Clift.

A sueca Anna Q. Nilsson (1888-1974) foi uma das maiores estrelas da cena muda, até que um acidente sofrido quando andava a cavalo em 1928, obrigou-a a limitar suas aparições na tela. Entre seus filmes mais memoráveis estava  Os Espoliadores / The Spoilers / 1923, no qual ela aparecia como a dona de saloon Cherry Malotte. O “Q” no seu nome tem a ver com “Quirentia”, tendo sido baseado no dia em que ela nasceu, Dia de São Quirino. Mas é claro que o estúdio procurou tirar proveito da letra Q, divulgando que ela dizia respeito à “qualidade” de suas performances. Em 1950, Anna foi vista numa ponta em Crepúsculo dos Deuses / Sunset Boulevard. Na Inglaterra, foi a estrela de Três Fantasmas Vivos / Three Live Ghosts (1922) com Norman Kerry e O Compatriota / The Man from Home (1922) com James Kirkwood.

Bryant Washburn (1889-1963),  ídolo das matinés nos anos dez e começo dos anos vinte cuja carreira começou a declinar por volta de 1925, quando  passou a fazer papéis de coadjuvante e  apareceu em várias “All Star Comedies” de Hal Roach, seriados (A Volta de Chandu / The Return of Chandu / 1934, Jim das Selvas / Jungle Jim / 1937 etc.) e westerns B, foi o leading man de Joan Morgan no filme inglês  The Road to London / Rumo a Londres / 1921.

Wanda Hawley (1895-1963), apareceu em um pequeno papel em um filme de Rudolph Valentino, O Jovem Rajá ou O Rajá Indiano / The Young Rajah / 1922 e alcançou maior importância artística contracenando com Wallace Reid em três filmes (A Toda Velocidade / Double Speed / 1920, As Aventuras de Anatólio / The Affairs of Anatol / 1921 e Por Bem Fazer / Thirty Days / 1922). Ela fez dois filmes na Inglaterra, Fires of  Fate e Lights of London, ambos de 1923. O filme que encerrou a carreira de Wanda nos Estados Unidos era um western B com o cowboy Buffalo Bill Jr. (Jay Wilsey), Trails of the Golden West / 1931.

Depois de seu único papel  principal como o dentista John McTeague em Ouro e Maldição / Greed / 1924, a obra-prima de Erich von Stroheim (que o dirigira também em Maridos Cegos / Blind Husbands / 1919), o inglês Gibson Gowland (1887-1951) foi visto nos filmes britânicos  da Ideal Film Company, The Harbour Lights e Hutch Stirs ’em Up, ambos de 1925, ano em que Gowland participou, nos Estados Unidos, do elenco da versão de O Fantasma da Ópera / The Phantom of the Opera, protagonizada por Lon Chaney, interpretando o papel de Simon Buquet, o diretor de cena do teatro.

O papel principal masculino do filme Hutch Stirs ‘em Up coube a Charles “Hutch” Hutchinson (1879-1949), ator e diretor, mais conhecido como mocinho dos seriados da Pathé de 1918 a 1922 (entre eles A Mantilha Prateada / Hurricane Hutch / 1921). Hutchinson foi também escolhido pela firma Ideal para outra produção britânica, Hurricane Hutch in Many Adventures / 1924.

A Ideal levou ainda para a Inglaterra Seena Owen (1894-1966), que havia sido Attarea, a Princesa Amada em Intolerância / Intolerance /  1916 e a louca Rainha Regina  em Minha Rainha / Queen Kelly / 1929, de Stroheim, para estrelar o filme inglês, The Great Well / 1924.

Sessue Hayakawa (1889-1973), ator japonês muito conhecido por sua intervenção como Hishuru Tori, o rico oriental que marca com ferro em brasa o ombro de Fannie Ward em A Ferreteada ou A Embusteira / The Cheat / 1915 de Cecil B. DeMille, como o Coronel Suga em Feras que foram Homens / Three Came Home / 1950  e como o Coronel Saito em  A Ponte do Rio Kwai / The Bridge on the River Kwai / 1957, formou, em 1918, com o diretor William Worthington Haworth Pictures e produziu 23 filmes, em alguns dos quais (vg. Pintor de Dragões / The Dragon Painter) trabalhou sua esposa, Tsuru Aoki. Em 1924, Hayakawa e Aoki estrelaram duas produções britânicas da Stoll Pictures : O Grande Príncipe Shan / The Great Prince Shan e Sen Yan’s Devotion.

Jane Novak (1896-1990), mais lembrada pelas suas participações em cinco filmes do cowboy William S. Hart e pelos seus dois grandes êxitos de público, (O Amor é Tudo / Thelma / 1922) e de crítica (The Lullaby / 1924), fez um filme na Inglaterra,  A Princesa e o Violinista / The Blackguard, em 1925 e continuou ocasionalmente em atividade no cinema até 1954.

Alice Joyce (1890-1950), uma das atrizes mais assíduas da Kalem Film Company, conhecida como “A Kalem Girl” no período em que os estúdios não creditavam os nomes dos atores, chamou atenção nas versões de 1923 (Deusas das Delícias) e 1930 (A Deusa Verde) do melodrama The Green Goddess como Lucilla, a esposa britânica do Major Crespin, capturada pelo Rajah de Rukh, interpretado nas duas adaptações por George Arliss. Os espectadores acreditaram que ela era realmente uma dama inglêsa  e, por coincidência, Alice estrelou dois filmes no Reino Unido: A Porta Fechada / The Passionate Adventure / 1924 e The Rising Generation / 1928. Porém seus dois filmes mais importantes foram americanos: O Edificador do Lar / The Home Maker / 1925 de King Baggot e Loucuras de Mãe / Dancing Mother’s / 1926 de Herbert Brenon, dramas feministas ousados para a época em que foram feitos.

Sydney Chaplin (1885-1965), que era meio irmão e empresário de Charles Chaplin,  marcou sua presença em alguns filmes de Carlitos e alcançou sucesso sozinho em A Tia de Carlito / Charley’s Aunt / 1925 e A Guerra é um Buraco / The Better ‘Ole / 1926, trabalhou ao lado da atriz inglêsa Betty Balfour em Saias / A Little Bit of  Fluff / 1928, filme produzido pela British International Pictures (BIP).

Anna May Wong (1905-1961) e Gilda Gray (1897-1959) estrelaram Picadilly / Picadilly / 1929 de E. A. Dupont, também produzido pela BIP. A chinesa Anna May Wong foi a primeira atriz asiática a se tornar uma estrela internacional. No cinema mudo, Anna foi vista principalmente como a escrava mongol em O Ladrão de Bagdad / The Thief of Bagdad / 1924 de  Douglas Fairbanks. No cinema sonoro, acompanhou Marlene Dietrich no Expresso de Shanghai / Shanghai Express / 1932 de Josef von Sternberg. Em 1935, Wong teve um grande desapontamento na sua carreira, quando a MGM recusou considerá-la para o papel principal  em  Terra dos Deuses / The Good Earth, escolhendo, no seu lugar a atriz alemã Louise Rainer. Gilda Gray  tornou-se um símbolo dos “Roaring Twenties”, apontada como a criadora da dança “shimmy” e encantou os espectadores como a jovem Aloma em A Conquista da Felicidade / Aloma of the South Seas / 1926. Em 1946, Gilda acionou a Columbia, alegando que o filme Gilda / Gilda fôra baseado na sua vida. Certamente que não foi, mas ela conseguiu uma certa quantia em um acordo extra-judicial com o estúdio, que lhe permitiu comprar um rancho no Colorado.

Tallulah Bankhead (1902-1968), teve como parceiro o ator britânico Ian Hunter em His House in Order, produção da Gaumont British. Atriz célebre no teatro londrino no final da década de vinte e depois nos palcos de Nova York, onde interpretou grandes papéis como o de Sabina na peça de Thornton Wilder,  The Skin of Our Teeth e o de Regina Giddens na peça de Lillian Hellman, The Little Foxes, teve como filme americano mais famoso, Um Barco e Nove Destinos / Lifeboat / 1944, de Alfred Hitchcock, no qual se saiu muito bem como a jornalista cínica Constance Porter. Tallulah era conhecida por sua personalidade extravagante, e seus comentários imprevistos. Certa ocasião, jogando cartas com os recém-casados Joan Crawford e Douglas Fairbanks Jr. durante uma viagem de trem para Los Angeles, ela disse a Crawford: ”Você é divina. Eu tive um caso com o seu marido; você será a próxima!”.

E por falar em Hitchcock, na sua estréia na direção, com The Pleasure Garden / 1925, ele teve sob sua orientação duas artistas americanas: Carmelita Geraghty (1901-1966) e Virginia Valli (1895-1968). Carmelita começou sua carreira nas comédias de Mack Sennett e depois se distinguiu como a irmã irresponsável de Mary Pickford em  Meu Único Amor / My Best Girl / 1927. Ela passou nos testes para o som sem problemas e continuou aparecendo na tela em papéis coadjuvantes, inclusive no seriado O Mistério da Selva / The Jungle Mystery / 1932. Virginia  fez alguns filmes para a Essanay na sua cidade natal de Chicago e, nos meados dos anos vinte, firmou-se como atriz de certo prestígio na Universal. Em 1924, ela interpretou o papel principal no filme Audácia e Timidez / Wild Oranges de King Vidor e seu primeiro filme falado foi  A Ilha dos Navios Perdidos / The Isle of Lost Ships / 1929; porém sua popularidade foi diminuindo e a carreira logo se encerrou.


O diretor britânico que mais percebeu a necessidade do poder de um astro americano nos filmes ingleses foi Herbert Wilcox. Ele levou Betty Blithe (1893-1972),  a célebre protagonista de A Rainha de Sabá / The Queen of Sheeba / 1921, para estrelar Chu-Chin- Chou / Chu-Chin-Chou / 1923 e Amor e Ciúme / Southern Love / 1924 (e  Betty ainda encontrou tempo para asumir o papel principal de Ela / She / 1925 ao lado de Carlyle Blackwell); Lionel Barrymore (1875-1954), irmão de Ethel e John Barrymore, diretor e ator, intérprete de grandes personagens como o advogado alcoólatra em Uma Alma Livre / A Free Soul / 1931 e o modesto guarda-livros Otto Kringelein  em Grande Hotel / Grand Hotel, para atuar em Decameron Nights / 1924; Pauline Frederick (1883-1938), a inesquecível Jacqueline Floriot em A Ré Misteriosa/ Madam X / 1920 para Mumsie / 1927; Blanche Sweet (1896-1986), ex-atriz da Biograph e depois contratada pela Famous Players, onde foi produzido um de seus melhores filmes, A Voz da Justiça / Tess of the D’Ubervilles / 1924, dirigido por Marshall Neilan, para Woman in White / 1929 e Norman Kerry (1894-1956), o Visconde Raoul de Chagny, defensor de Christine (Mary Philbin) em O Fantasma da Ópera / The Phantom of the Opera / 1925 para The Bondman / 1929.

Entretanto, o maior êxito de Wilcox ao utilizar uma atriz americana foi com Dorothy Gish (1898-1968), irmã de Lillian Gish e, tal como ela, veterana dos tempos de Griffith, fez para Wilcox A Preferida do Rei / Nell Gwynn / 1926, Madame Pompadour / Madame Pompadour / 1928 e Com Cupido Não se Brinca / Tiptoes / 1928. Este último foi também o único filme britânico do quintessencial humorista americano Will Rogers.

O sócio de Wilcox na Graham-Wilcox Productions, Graham Cutts, dirigiu outra atriz intimamente associada a David Wark Griffith, Mae Marsh (1894-1968),  a “Dear One” de Intolerância / Intolerance / 1916 e a Flora Cameron de O Nascimento de uma Nação / The Birth of a Nation / 1915, em O Segredo de uma Mulher / Flames of Passion, Paddy The Next Best Thing (1923) e The Rat / 1925.

Betty Compson (1897-1974 ), que havia estreado na tela sob as ordens de Maurice Elvey em um filme britânico The Royal Oak / 1923 e que Josef von Sternberg utilizaria magnificamente na produção americana Docas de Nova York / Docks of New York / 1928, também foi dirigida por Cutts em Mulher Contra Mulher / Woman to Woman e The White Shadow, ambos de 1924.

One Response to “ARTISTAS AMERICANOS NO CINEMA MUDO BRITÂNICO”

  1. Darci, você, como sempre, muito generoso comigo. Desejo-lhe também um Feliz Ano na vida e no comando do seu excelente blog.

Leave a Reply