IDA LUPINO I

julho 1, 2013

Embora sendo comumente referida como “a cópia reserva de Bette Davis”, Ida era mais do que isso. Foi uma grande atriz da Época de Ouro de Hollywood e uma diretora muito capaz e estimada do Cinema Americano, além de atuar com igual destaque diante e atrás das câmeras na Televisão.

Ida (1918-1995) nasceu no dia 4 de fevereiro em Londres, no seio de uma família de artistas com raízes que iam até a Itália da Renascença. Seu pai, Stanley Lupino (1893-1942), era um astro do teatro musicado, acrobata, cantor, dançarino e ator, primo de Wallace Lupino e Lupino Lane, ambos também atores, sendo este último mais conhecido internacionalmente por sua notável participação em Alvorada do Amor / The Love Parade / 1930, a deliciosa opereta de Ernst Lubitsch. A mãe de Ida, Connie Emerald, também descendia de uma família teatral, embora de menor renome que os Lupino e era considerada a  sapateadora mais rápida de sua época.

Stanley percebeu logo o talento de sua filha e construiu em sua residência o Tom Thumb Theater (Teatro do Pequeno Polegar), onde escreveu uma revista para as crianças da família, entre as quais se incluíam Ida, sua irmã Rita e as primas. Durante os próximos três anos, Ida e Rita foram treinadas por seu pai na arte da interpretação. Em 1932, aos quatorze anos de idade, Ida matriculou-se na Royal Academy of Dramatic Arts. Seus professores ficaram impressionados com a jovem aspirante a atriz e passaram informações elogiosas aos profissionais da indústria do cinema. A esta altura Ida costumava acompanhar Stanley ao Elstree Studio, onde ficava horas estudando o trabalho do pai diante da câmera. “Seja sempre natural”, ele lhe dizia.

Certo dia, Ida recebeu um telefonema de seu agente, dizendo que ela estava sendo cogitada para um papel no filme Her First Affaire / 1932. O diretor Allan Dwan havia visto Ida em uma peça encenada na Royal Academy e, depois de um teste, contratou-a; após a estréia, profetizou: “Aposto que ela não ficará neste país por mais de um ano”.

Como Dwan previra, Ida começou a receber propostas dos estúdios americanos com promessas de um contrato de longo prazo e alto salário. Porém ela queria adquirir mais experiência antes de decidir ir para a América e prosseguiu sua carreira no cinema inglês, participando no ano seguinte de cinco filmes: Money for Speed (drama esportivo sobre corrida de motocicletas com Cyril McLaglen e John Loder), High Finance (drama com Gibb McLaughlin e John Batten), The Ghost Camera (drama criminal de mistério com Henry Kendall e John Mills), I Lived with You (comédia romântica com Ivor Novello – padrinho de Ida na vida real – e Ursula Jeans) e Prince of  Arcadia (comédia musical com Carl Brisson e Margot Grahame).

Quando filmava The Ghost Camera, Ida recebeu uma oferta dos executivos da Paramount, para interpretar o papel de Alice em Alice no País das Maravilhas / Alice in Wonderland / 1934. “Eu nunca poderei sentir Alice”, ela lamentou para seu pai. “Nunca tive a idade de Alice”. “É verdade”, ele respondeu. Mas Stanley aconselhou-a a ir para a América, pois achava que o melhor treinamento era atuar com grandes astros.

Para alívio de Ida, o papel acabou caindo nas mãos de Charlotte Henry, que logo ficou no esquecimento. A Paramount decidiu que a sua estréia dar-se-ia em A Conquista da Beleza / Search for Beauty / 1934, comédia romântica sobre campeões olímpicos (entre eles  Larry “Buster” Crabbe), que se envolviam com vigaristas (Robert Armstrong e James Gleason). Um mês depois, o segundo filme de Ida na Paramount, Fuzileiros da Fuzarca ou Galgos e Ninfas/ Come on, Marines! / 1934, no gênero aventuras (fuzileiros comandados por Richard Arlen, resgatavam a personagem de Ida e um grupo de moças nas selvas das Filipinas), já estava sendo exibido nos cinemas.

Enquanto o tempo passava, Ida começou a temer que a Paramount a havia descartado como atriz séria. Ansiava por um filme artisticamente gratificante. Ao ser escolhida para ser a filha malvada de uma atriz extravagante (Marjorie Rambeau) em Surpresas de Cupido / Ready for Love / 1934, exultou. Agora ela teria uma chance. Entretanto, as câmeras mal começaram a rodar e Ida se confrontou com uma doença que a levou ao desespêro: a poliomielite. Ela pensou que iria ficar para sempre em uma cadeira de rodas porém, após alguns dias de dores e angústia quanto ao seu destino artístico, a paralisia desapareceu. Quando a produção terminou, Ida partiu imediatamente para a Inglaterra.

Depois de um descanso no seu país natal, ela se apresentou na Paramount cheia de esperança quanto a sua carreira porém seu entusiasmo esfriou quando o estúdio a colocou em terceiro plano como uma nativa ingênua ao lado de Mary Ellis e Tullio Carminatti em Primavera em Paris / Paris in Spring / 1935);  formando dupla com Gail Patrick como duas moças que ficam desamparadas após o suicídio do pai em Bonita e Ladina / Smart Girl / 1935; em um pequeno papel (a coquete Agnes) contracenando com Gary Cooper e Ann Harding em Amor sem Fim / Peter Ibbetson / 1936. No filme seguinte, Fuzarca a Bordo / Anything Goes / 1936 Ida teve melhor destaque como a herdeira fugitiva por quem Bing Crosby se apaixona mas os maiores elogios foram para Ethel Merman por suas interpretações de “You’re the Top” e “I Get a Kick out of You” de Cole Porter.

Subsequentemente, Ida foi emprestada para a Pickford-Lasky Company para a qual fez dois filmes de nível artístico superior como atriz principal: Aconteceu numa Tarde Chuvosa /One Rainy Afternoon / 1936 e O Mundo é Meu / The Gay Desperado / 1936. O primeiro filme, dirigido por Rowland V. Lee,  uma farsa romântica na qual Ida Lupino é a moça que um ator (Francis Lederer) beija por engano em um cinema, causando um rebuliço. O segundo filme, dirigido por Rouben Mamoulian,  uma divertida paródia musical, na qual Ida é uma herdeira americana raptada por um bandido mexicano (Leo Carrillo) juntamente com um tenor (Nino Martini); o dito bandido raptou o tenor, porque gostava de ouví-lo cantar e a herdeira, para pedir o resgate. No intervalo entre esses dois filmes Ida ingressou no elenco de Viva o Cassino! / Yours for the Asking / 1936, de novo na Paramount e em terceiro plano ao lado de George Raft e Dolores Costello.

Seguiram-se mais sete filmes: um para a Paramount  (Artistas e Modelos / Artists and Models / 1937); dois emprestada para a RKO (Heróis do Mar / Sea Devils / 1937 e Amor em Budapeste / Fight for your Lady / 1937); três para a Columbia (Agora Convém Casar / Let’s Get Married / 1937, Alibi Nupcial / Lone Wolf Spy Hunt / 1939, Capangas do Barulho / The Lady and the Mob /1939); um para a Twentieth Century-Fox, Sherlock Holmes / The Adventures of Sherlock Holmes / 1939 e, finalmente, mais um para a Paramount, Luz Que Se Apaga / The Light That Failed / 1939.

Merece destaque o último filme, dirigido por William Wellman e com esplêndida atuação de Ronald Colman como o pintor Dick Heldar, que vê seu amor rejeitado pela namorada de infância e interrompida a carreira justamente quando criara a sua obra-prima, pela perda da visão. Ida sempre sonhara em interpretar no cinema o papel de Bessie Broke, a prostituta temperamental que serviu de modelo para o quadro do artista, antes de ficar cego, pois sabia que este papel lhe proporcionaria o sucesso que lhe vinha sendo sonegado nos seus seis anos em Hollywood. Wellman foi tomado de surpresa quando Ida irrompeu pela porta de seu escritório. Muito excitada, ela lhe disse: “Você está fazendo The Light That Failed de Rudyard Kipling e este papel é para mim. Você tem que me dar uma chance. Já conheço todo o script, porque eu o roubei!”. Ainda espantado com a intromissão inesperada, Wellman lhe disse que ela não poderia fazer o teste, porque o astro do filme, Ronald Colman, não estava alí. Audaciosamente, Ida insistiu que Wellman lesse o texto com ela. Queria interpretar a cena mais difícil, na qual Bessie ficava histérica. Impressionado pela manifestação de coragem e auto-confiança da jovem atriz, Wellman concordou em fazer a cena. Ida subitamente transformou-se em uma cockney louca, selvagem e assustadora. Wellman nunca vira nada tão impressionante em toda a sua vida e imediatamente levou Ida à presença do produtor Budd Schulberg. A repetição da performance foi tão magnífica quanto a original e Schulberg concordou que ela fosse Bessie Broke. O filme foi um sucesso de bilheteria e também para Ida Lupino.

Em 17 de novembro de 1938, Ida casou-se com o ator Louis Hayward. Ele se alistou como fuzileiro naval no começo da Segunda Guerra Mundial e, à frente de uma unidade fotográfica da Marinha, arriscando a vida no campo de batalha, filmou a Batalha de Tarawa com sua câmera de 16mm, realizando depois o documentário With the Marines at Tarawa (exibido no Brasil como A Tomada de Tarawa), que foi premiado com o Oscar. Hayward voltou do conflito com neurose de guerra e esta condição levou ao divórcio dos dois astros em 11 de maio de 1945.

Entusiasmado com o desempenho de Ida em Luz que se Apaga, o produtor Mark Hellinger, levou-a para a Warner Bros., colocou-a no elenco de Dentro da Noite / They Drive by Night /1940 ao lado de George Raft, Ann Sheridan e Humphrey Bogart, e ela “roubou” o filme como Lana Carlsen, a assassina e  esposa infiel, que enlouquece durante seu julgamento, contorcendo seu lenço sem parar, até explodir em uma crise de riso maníaco, dizendo: ”Foram as portas que me fizeram matá-lo. Sim, foram as portas, as portas”.

Mark Hellinger escolheu Ida para o seu novo filme, O Último Refúgio / High Sierra / 1941 (Dir: Raoul Walsh), como a dançarina de aluguel, Marie Garson, acolhida pelo bando de assaltantes liderado por Roy Earle (Humphrey Bogart), criminoso envelhecido e amargurado e ela soube criar com perfeição o retrato de uma mulher que manifesta um sentimento de lealdade e amor pelo único homem que lhe havia tratado com bondade. Magnificamente dirigido por Raoul Walsh, O Último Refúgio foi um dos melhores filmes da carreira de Ida.

No mesmo ano, ela integrou a equipe de O Lobo do Mar / The Sea Wolf / 1941, (Dir: Michael Curtiz) ao lado de Edward G. Robinson e John Garfield. Antes da filmagem, o  Breen Office informou a Warner que o personagem de Ida não podia ser uma prostituta e os roteiristas tiveram que transformá-la em “uma fugitiva da justiça”. Como era esperado, Edgar G. Robinson como Wolf Larsen, o capitão brutal e tirânico do navio batizado de “Fantasma”, dominou o filme; mas, embora ofuscada pela brilhante interpretação de Robinson, Ida recebeu elogios da crítica pela excelente atuação como “a garota com um passado”.

Quando Barbara Stanwyck recusou o papel de Stella, a jovem telefonista seduzida por Harold Goff, um malfeitor de fala macia e arrogante em Quando a Noite Cai / Out of the Fog / 1941 (Dir: Anatole Litvak), Ida assumiu-o com entusiasmo, porque a peça na qual o filme se baseava, obtivera um grande êxito, ao ser encenada pelo Group Theater com Franchot Tone e Silvia Sidney como atores principais. Ida se debruçou sobre o roteiro, encantada com o drama de Irwin Shaw – uma descrição de injustiça social, um estudo sobre pessoas simples e gentís (na trama dois pescadores interpretados por John Qualen e Thomas Mitchell), atormentadas a tal ponto, que acabam se unindo para exterminar seu agressor – e chegou a propor algumas sugestões que, segundo ela, contribuiriam para melhorar algumas cenas. O ator coadjuvante veterano, John Qualen  gostava de ficar espiando nas sombras enquanto Ida atuava diante da câmera. Eis o que ele disse: “Quando ela entra em um personagem, é como se ela não estivesse representando. É como se ela fosse aquela pessoa”.

Como o contrato de um ano que assinara com a Warner lhe permitia trabalhar também como free lancer em outras companhias, Ida fêz Mistério de uma Mulher / Ladies in Retirement / 1941 (Dir: Charles Vidor) para a Columbia e Brumas / Moontide / 1942 (Dir: Archie Mayo) para a Twentieth Century-Fox.  No primeiro filme, como Ellen Creed, a acompanhante de uma atriz aposentada, Mrs.  Leonora Fiske (Isobel Elsom) que, para amparar suas duas irmãs doentes mentais (Elsa Lanchester, Edith Barrett), assassina a patroa, Ida teve um de seus melhores desempenhos. A cena mais lembrada é aquela na qual Ellen estrangula a velha pelas costas a sangue frio com uma corda enquanto esta está tocando piano: as pérolas do colar de Mrs. Fiske caem no assoalho, uma a uma tal como gotas de sangue. No segundo filme, como Ada, uma garçonete recolhida por um estivador das docas (Jean Gabin), quando tentara o suicídio, Ida está linda, notadamente em uma cena de forte discussão com o chantagista (Thomas Mitchell), ambos – e o filme todo – focalizados em extraordinária fotografia em claro-escuro (de Charles Barnes), a principal atração do espetáculo.

Durante o intervalo entre um e outro filme, Ida renegociou seu contrato com a Warner. Seu salário subiu para três mil dólares semanais e ela continuou com o direito de aparecer em quatro filmes produzidos em outras companhias. Porém logo vieram os aborrecimentos. Quando o estúdio a designou para o papel de Cassandra em Em Cada Coração um Pecado / King’s Row / 1942, ela respondeu que o papel era muito pequeno e a posição de seu nome nos letreiros muito baixa. Nesta ocasião, Ida machucou o joelho e o estúdio mandou o seu próprio médico examiná-la em casa, suspeitando que se tratava de uma simulação para não fazer o papel indesejado. Ida ficou furiosa e logo depois ela não quís participar de Corsários das Nuvens / Captain of the Clouds / 1942  (com James Cagney), queixando-se de que o papel que lhe atribuíram era insignificante. O estúdio tentou convencê-la mais uma vez a integrar o elenco de Em Cada Coração um Pecado e ela mais uma vez recusou. A Warner aplicou-lhe uma suspensão e Betty Field interpretou Cassandra.

Nova recusa por parte de Ida, desta vez com relação à sua participação em Pés Inquietos / Juke Girl / 1942 (no papel que depois coube a Ann Sheridan), levou o estúdio a pensar em cancelar seu contrato. O desentendimento entre o estúdio e a atriz começou a se dissipar quando Ida obteve permissão para aparecer  (como uma criada, no terceiro episódio) em Para Sempre e um Dia / Forever and a Day / 1943, tributo recheado de astros à coragem do povo britânico no tempo de guerra. Um dos diretores do filme, Cedric Hardwicke, convidou-a para a produção e foi pedir pessoalmente a aprovação de Jack Warner. Este concordou desde que ela trabalhasse de graça e os rendimentos que lhe coubessem, fossem doados para caridade.

A crise com a Warner terminou quando o estúdio ofereceu a Ida (depois de cogitadas Ginger Rogers, Rosalind Russell e Olivia de Havilland) o  papel de Helen Chernen em É Difícil Ser Feliz / The Hard Way / 1942  (Dir: Vincent Sherman), mulher ambiciosa e dominadora que impele sua irmã mais moça e talentosa, Katherine (Joan Leslie), para o mundo do entretenimento, a fim de que ambas possam sair da pobreza. Entretanto, durante a filmagem, achando que  o público não iria aceitar personagens tão desajustados, exausta e abalada emocionalmente por causa do seu mau relacionamento com o diretor e também pela morte do seu querido pai ao 48 anos de idade, Ida teve que ser internada em um hospital.

Uma semana após a morte do pai, ela voltou para frente das câmeras. Ida chegou ao estúdio às 9.15 horas da manhã e logo teve uma crise de histeria. Quando pôde continuar seu trabalho, as desavenças com Sherman aumentaram. Durante uma cena, quando Sherman tentava lhe explicar o que ele queria, ela explodiu: “Este filme fede”, Ida gritou, “e eu vou ficar fedendo nele”.

Na estréia do filme, Ida saiu no meio da projeção, porém seu desempenho como Helen Chernen era soberbo (notadamente na cena em que Helen revela seu anseio por amor e afeição e retribui com paixão o beijo que lhe deu Paul Collins (Dennis Morgan) e, logo depois, recebe um fora dele e lhe dá um tapa, furiosa por ter exposto o seu lado fraco), e ela ganhou o New York Film Critics Award. Compreendendo muito bem as atrizes temperamentais, Sherman telefonou para Ida em busca de uma reconciliação. Ida estava encantadora, como se eles nunca tivessem brigado. ”Oh, querido, como você está?”, ela perguntou. Sherman congratulou-a. Depois disso, eles se tornaram grandes amigos.

Ida ficou muito animada com o seu próximo projeto, Ao Levantar o Pano / Life Begins at 8.30 / 1942, baseado em uma peça de Emlyn Williams sôbre um ator alcoólatra, outrora famoso, que entrou em decadência, tendo que se sujeitar a se fantasiar de Papai Noel em uma loja de departamentos. Monty Woolley seria Madden Thomas, o tal ator, e Ida faria a sua filha, Kathy, que era coxa. Na Twentieth Century-Fox, ela se sentia mais relaxada e se entendeu bem com Monty. Ida foi muito elogiada pelo momento mais pungente da trama, quando diz a verdade para o pai, que ele fôra responsável por seu defeito físico, porque havia deixado a filha ainda bebê cair enquanto estava bêbado.

Depois de marcar presença em dois filmes “patrióticos”, Graças à Minha Boa Estrela / Thank Your Lucky Stars / 1943 (com Olivia de Havilland em uma sátira  das Irmãs Andrews)  e Um Sonho em Hollywood / Hollywood Canteen / 1944, ambos com um elenco all-star, ela fêz um drama e uma comédia de guerra, respectivamente, Viveremos Outra Vez / In Our Time / 1944 e Que Falta faz um Marido / Pillow to Post / 1945. No primeiro filme, Ida é Jennifer Whittredge, acompanhante de uma dama inglesa em busca de antiguidades na Polônia, que se casa com um conde polonês (Paul Henreid) no limiar da invasão de Varsóvia pelos nazistas; no segundo filme, é Jean Howard, vendedora itinerante de uma companhia petrolífera que, devido à escassez de moradias durante a guerra, precisa de um marido militar para conseguir um lugar para ficar na cidade em que está; o Tenente Mallory (William Prince) concorda em se fazer passar por  seu marido e as confusões começam.

Devoção / Devotion já havia sido filmado em 1942-1943, porém o filme só foi lançado em 1946, com Ida Lupino, Olivia de Haviland e Nancy Coleman como as famosas escritoras e irmãs Emily, Charlotte e Anna Bronte, que tentam ajudar seu irmão Bramwell (Arthur Kennedy), pintor talentoso, cuja vida está sendo destruída pelo alcoolismo. É uma biografia muito romanceada, mostrando essencialmente a devoção da irmãs pelo irmão atormentado e a paixão de Emily e Charlotte pelo mesmo homem, o Reverendo Arthur Nicholls (Paul Henreid), com quem Charlote se casa após a morte de Bramwell e Emily. Ida e Olivia protestaram em vão contra essa imprecisão histórica.

A Warner pensou levar à tela Meu Único Amor / The Man I Love com Ann Sheridan mas Ida acabou substituindo-a sob a direção de Raoul Walsh. No início da filmagem ela parecia fraca e irritadiça, queixando-se da sua maquilagem e vestuário. Ida ganhava na época quatro mil dólares semanais e, quando começou a chegar atrasada no set, os executivos se alarmaram. Logo Ida caiu doente e, ao retornar ao trabalho, desmaiou durante uma cena dramática por causa do calor intenso e pelo vestido bastante apertado que Milo Anderson havia concebido para a sua personagem.

Porém sua interpretação nesse “women’s film” – como Petey Brown, mulher solteira muito independente e cantora de uma boate de Nova York (dublada por Peg la Centra), que procura ser a base sólida de sua família e a amante compreensiva de um pianista fracassado, que no final a deixa -, foi impecável. Os críticos acharam a história lacrimosa, reminiscente das novelas radiofônicas porém as fãs da atriz, enfrentaram as filas dos cinemas para vê-la. Quando aquela mulher, Petey Brown, forte mas vulnerável emocionalmente, se vê sozinha quando seu homem parte, um sentimento correspondente ao dela bateu no coração de muitas espectadoras.

2 Responses to “IDA LUPINO I”

  1. Ótimo texto sobre essa atriz que até agora eu só conhecia pelo nome, e assim como ela existem tantas outras grandes atrizes que hoje estão esquecidas pelas novas gerações. Grande abraço, professor.

  2. Espero que consiga ver os melhores filmes de Ida. Não vai se decepcionar. Abs

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