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ESTUDIOS BRITÂNICOS III

A Gaumont Company começou em Londres em 1898 quando dois irmãos, A. C. (Alfred Claude) e R. C. (Reginald Claude) Bromhead decidiram distribuir os filmes feitos por Léon Gaumont na França. Embora a maior parte do seu negócio fosse a distribuição / aluguel de filmes na época, eles resolveram entrar no ramo da produção em um pequeno estúdio em Shepherd’s Bush e, por volta de 1912, adquiriram outras propriedades próximas, construindo depois um estúdio maior, Lime Grove, inaugurado em 1913.

Em 1922, após longas negociações e a ajuda financeira dos irmãos Ostrer (Isidore, Maurice, Mark, David), os Bromhead compraram a participação acionária francêsa na agência Gaumont da Inglaterra, e esta se tornou uma companhia exclusivamente britânica. Antes de 1915, os Bromhead haviam se concentrado na produção de “atualidades” e desenhos animados mas, com a abertura do novo estúdio, decidiram investir nos longas-metragens. Eles contrataram Thomas Welsh como gerente geral e este, por sua vez, empregou George Pearson, que havia trabalhado para a Samuelson Film Company.

Ex-professor e diretor de escola, educado em Oxford, Pearson foi o Pai do Cinema Britânico assim como D.W. Griffith foi o Pai do Cinema Americano. Em A Study in Scarlet / 1914 e depois com a série Ultus: The Man from the Dead (1915-1917), planejada para rivalizar com a congênere francêsa Fantomas, ele demonstrou aptidão para o gênero, sendo comparado a Louis Feuillade. Em 1918, Pearson e Welsh deixaram a Gaumont e formaram a Welsh-Pearson Film Company, abrindo um estúdio minúsculo, Craven Park em Harlesden, Brent, onde Pearson introduziu na tela Betty Balfour, que ele colocou em uma série de comédias Squibs como a jovem vendedora de flores Squibs Hopkins, transformando-a em estrela no filme Réveille / 1924, espetáculo muito elogiado, mostrando-a como mãe de três filhos durante a Primeira Guerra Mundial.

George Pearson no seu escritório

Cena de Réveille

Em 1926, em virtude de dificuldades financeiras, Pearson e Welsh foram obrigados a vender Craven Park. Durante uma de suas visitas à América para obter financiamentos, Pearson interessou-se pelo desenvolvimento da tecnologia do som e, em 1930, supervisionou a gravação sonora de Journey’s End de James Whale em Hollywood. A Welsh-Pearson acabou falindo e, durante a Segunda Guerra Mundial, Pearson trabalhou com Alberto Cavalcanti na GPO Film Unit, sendo depois nomeado Diretor da Colonial Film Unit, onde ajudou a abrir escolas de cinema em países emergentes da Comunidade Britânica.

A saída de Pearson de Lime Grove causou uma crise de produção para a Gaumont-British e, embora algumas comédias “Brimston and Eve” com Eileen Molyneaux tivessem sido produzidas, o estúdio teve que aguardar até 1918, para realizar filmes mais importantes como Bonnie Prince Charlie / 1923 (Ivor Novello, Gladys Cooper, que se distinguiria como coadjuvante em Hollywood nos anos quarenta).

Eileen Molyneaux

Em 1926, os Bromheads, com o apoio dos irmãos Ostrer, Simon Rowson da Ideal Films e do distribuidor C. M. Woolf fizeram uma operação gigantesca, registrando uma nova firma, Gaumont-British Picture Corporation, que incorporava produção, distribuição e exibição, modelo que J. Arthur Rank iria seguir nos anos trinta. Maurice Elvey (o mais prolífico dos diretores do cinema britânico) foi contratado, para estimular a produção e, entre os filmes que ele dirigiu, incluíam-se: Mademoiselle de Armentieres / Mademoiselle from Amermentières / 1927 (John Stuart, Estelle Brody); Hindle Wakes / 1927 (John Stuart, Estelle Brody); Rosas de Picardia / Roses of Picardy / 1927 (John Stuart, Lillian Hall-Davis, Marie Ault): Quinneys / 1927 (Alma Taylor, Cyril McLaglen, Ursula Jeans).

Maurice Elvey

Cena de Hindle Wakes

Em 1929, com a chegada dos “talkies”, a Gaumont decidiu reconstruir seu estúdio em Lime Grove e, enquanto essa obra estava sendo feita, a Gainsborough, com seu estúdio em Islington, serviu como um ramal da produção da Gaumont-British. Em torno de 1930, Michael Balcon estava dividindo suas responsabilidades como produtor entre Islington e Shepherd’s Bush. Ele permaneceu como chefe da produção até 1936 e, durante esses anos, desenvolveu contatos com realizadores e técnicos, muitos dos quais o acompanharam no final da década para o Ealing Studios. Entre os filmes feitos no “novo” Lime Grove Studios em Shepherd’s Bush, sob a gestão de Balcon, destacavam-se: Rome Express / 1932 (Conrad Veidt, Esther Ralston); The Constant Nymph / 1933 (Victoria Hoper, Brian Aherne); Eu fui uma Espiã / I Was a Spy / 1933 (Madeleine Carroll, Herbert Marshall); O Vagabundo Milionário / The Guv’nor / 1933 (George Arliss, Viola Keats, Gene Gerrard); O Judeu Suss e na reprise O Homem Que não Podia Morrer / Jud Suss / 1934 (Conrad Veidt, Benita Hume, Cedric Hardwicke); O Duque de Ferro / The Iron Duke / 1934 (George Arlisss, Galdys Cooper, Emlyn Williams); Destino Glorioso / Forever England / 1935 (Betty Balfour, John Mills); O Homem Que Sabia Demais / The Man Who Knew Too Much / 1935 (Edna Best, Leslie Banks, Peter Lorre, Nova Pilbeam); Ao Serviço de Sua Majestade / O.H.M.S. / 1937 (Wallace Ford, Anna Lee, John Mills).

Anunciada como a “Divindade Dançante”, Jessie Matthews ficou conhecida em revistas musicais no final dos anos vinte e, no início dos anos trinta, atingiu o auge de sua popularidade no cinema. Embora tivesse feito The Good Companions / 1933 com o jovem John Gieguld e Edmund Gwenn, seus filmes mais famosos foram Sempre Viva / Evergreen / 1934; o delicioso Mulher Acima de Tudo / First a Girl / 1935; e Ainda o Amor / It’s Love Again / 1936, todos dirigidos por Victor Saville e com Sonnie Hale. Jessie foi a grande estrela de Lime Grove.

Jessie Mathews e Barry MacKay

Jessie Mathews, Sonnie Hale e Griffith Jones em Mulher Acima de Tudo

No começo de 1937, Isidore Ostrer revelou que a Gaumont-British tinha uma dívida de quase 100 milhões de libras, o Lime Grove Studios iria ser fechado, e um número limitado de filmes continuariam a ser feitos pela Gainsborough em Islington. Então J. Arthur Rank e C. M. Woolf (cuja companhia, General Film Distributors, já era proprietária da metade do Pinewood Studio) prepararam um pacote de auxílio para a Gaumont-British, conforme o qual eles assumiriam a distribuição dos filmes da mesma juntamente com seu estúdio e, em contrapartida, a produção da Gaumont-British seria transferida para Pinewood. Entre as produções transferidas de Lime Grove para Pinewood estavam:  Young and Innocent / 1937 (Nova Pilbeam, Derrick De Marney, Percy Marmont), Gangway / 1937 e Navegando em Ritmo / Sailing Along / 1938 (ambos com Jessie Matthews e Barry MacKay).

Isidore Ostrer

Quando irrompeu a Segunda Guerra Mundial em 1939, muitos estúdios foram requisitados pelo Ministério da Guerra, inclusive Pinewood. O gerente-produtor do estúdio, Edward “Ted” Black, (que havia assumido este cargo em Islington após a partida de Michael Balcon em 1936), anunciou que, como havia uma possibilidade da chaminé do prédio ser destruída por um ataque aéreo, a produção teria que ser transferida para o Lime Grove Studios em Shepherd’s Bush.

No final de 1941, J. Arthur Rank havia se tornado presidente do Gaumont-British Group e também adquirido (de Isidore Ostrer, antes deste se aposentar), os 251 cinemas da Gaumont-British. O outro protagonista na direção da firma, C. M. Woolf, morreu em 1942.

Michael Redgrave em Kipps

Anteriormente ao início da guerra, a 20thCentury-Fox resolveu fechar seu pequeno estúdio em Wembley e alugar o Lime Grove Studios, onde fez Kipps / 1941 (Michael Redgrave, Phyllis Calvert, Diana Wyniard, Michael Wilding) e O Jovem Mr. Pitt / The Young Mr. Pitt / 1942 (Robert Donat, Phyllis Calvert, Robert Morley, John Mills). O acordo da Fox com o estúdio expirou em 1942 e, apesar da dificuldade relacionamento entre os dois, coube a Edward Black e Maurice Ostrer expandir a produção de filmes. Ostrer estava convencido de que aquilo que o público mais queria em tempo de guerra era escapismo e instigou a realização de uma quantidade de melodramas de época sob a marca Gainsborough.

James Mason e Margaret Lockwood em O Homem de Cinzento

O primeiro filme neste gênero foi O Homem de CinzentoThe Man in Grey / (James Mason, Margaret Lockwood, Stewart Granger, Phyllis Calvert), cujo sucesso criou nova perturbação na balança de poder entre Edward Black e Maurice Ostrer, resultando a saída de Black da companhia, para se juntar a Alexander Korda na MGM. Com o acréscimo de Jean Kent e Patricia Roc, Ostrer desenvolveu uma espécie de companhia de repertório e fez: Amor das Sombras / Fanny by Gaslight / 1944 (Phyllis Calvert, James Mason, Stewart Granger); Madona das Sete Luas / Madonna of the Seven Moons / 1945 (Phyllis Calvert, Stewart Granger, Patricia Roc); Malvada / The Wicked Lady / 1945 (Margaret Lockwood, James Mason, Patrícia Roc, Michael Rennie); Espadas e Corações / Caravan / 1946 (Stewart Granger, Jean Kent, Dennis Price); Jassy, a Feticeira / Jassy / 1947 (Margaret Lockwood, Patricia Roc, Dennis Price) – obs. ver meu artigo de 4 de abril de 2010, “Melodramas de Época da Gainsborough”.

O mais exitoso comercialmente foi Malvada, dirigido por Leslie Arliss, que se passava no reinado de Carlos II e contava a história da perversa Lady Barbara Skelton, interpretada por Margaret Lockwood, que fazia amizade com um ladrão de estrada (James Mason), e enveredava pelo crime. O filme teve problemas com a censura nos Estados Unidos, quando o Hays Office bloqueou sua distribuição, desaprovando os decotes muito ousados de Patricia Rock e Margaret Lockwood. J. Arthur Rank, dono do Shepherd’s Bush Studios em 1945, buscava desesperadamente um sucesso de bilheteria americano, e ordenou que as cenas ofensivas fossem refilmadas; mas, explorando habilmente a publicidade, garantiu um número de filas ainda maior em torno dos cinemas no Reino Unido.

James Mason e Margaret Lockwood em Malvada

O contrato de Maurice Ostrer encerrou-se em 1946 e ele foi substituido por Sydney Box. Sydney e sua esposa Muriel, produziam, escreviam e dirigiam seus filmes e já tinham prestígio na indústria cinematográfica britânica, quando Sydney assumiu a Chefia de Produção da Gainsborough. Ele se queixava da pouca produtividade da companhia e se gabava de que iria ser capaz de produzir doze filmes por ano comparado aos três produzidos por Ostrer. Entre as suas produções incluiram-se: Cupido em Férias / Holiday Camp / 1947 (Jack Warner, Flora Robson, Dennis Price, Hazel Court, Kathleen Harrison); The Man Within / 1947 (Michael Redgrave, Jean Kent, Joan Greenwood, Richard Attenborough); Easy Money / 1948 (Jack Warner, Masrjorie Fielding); The Calendar / 1948 (Greta Gynt, John McCallum); The Bad Lord Byron / 1949 (Dennis Price, Mai Zetterling, Joan Greenwood).

Dennis Price e Joan Greenwood em The Bad Lord Byron

No final dos anos quarenta, o império Rank estava começando a ruir e John Davis, um contador que havia entrado na empresa em 1939, teve que tomar medidas extremas para que o Pinewood sobrevivesse. Ele cortou orçamentos, fechou os estúdios da Gainsborough em Islington e Lime Grove em Shepherd’s em 1949 e, no mesmo ano, os vendeu para a BBC Television.

SHEPPERTON

Em 1931, um homem de negócios escocês, Norman Loudon, comprou Littleton Park, uma casa construída no século XVII, e a área circundante (que incluia um trecho muito bonito do Rio Ash) em Shepperton, Surrey, com a finalidade de usá-las como sede de sua nova companhia, Sound City Film Producing & Recording, fundada em 1932. No final deste ano, a Sound City registrou cinco produções: três curtas-metragens para a MGM e dois longas-metragens, Watch Beverly (Henry Kendall, Dorothy Bartlam, Francis X. Bushman) e Reunion (Stewart Rome, Anthony Holles, Fred Schwartz).

Sound City/ Shepperton

Sound City, como o estúdio ficou conhecido, atraiu vários jovens diretores entusiasmados como George King, W. P. Lipscombe, John Baxter, Ralph Ince e John Paddy Carstairs. Em 1936, após um breve período fechado para sua modernização, o estúdio reabriu produzindo entre outros: Sweeney Todd, The Demon Barber of Fleet Street / 1936 (Tod Slaughter, Stella Rho); Mill on the Floss / 1937 (Geraldine Fitzgerald, James Mason); The Last Adventurers / 1937 (Niall MacGinnis, Linden Travers ); Wake Up Famous / 1937 (Nelson Keys, Gene Gerrard); Life of Chopin / 1938 (curta-metragem (36’) de James A. FitzPatrick); Sexton Blake and the Hooded Terror / 1938 (Tod Slaughter, Greta Gynt); Caçadora de Corações / French Without Tears / 1940 (Ray Milland, Ellen Drew, Janine Darcey).

Tod Slaughter em Sweeney Todd

Na Segunda Guerra Mundial, o Ministério da Guerra considerou o Shepperton Studios um local seguro, pois estava afastado do centro de Londres. Porém os militares se esqueceram de que a enorme fábrica de aviões Vickers-Armstrong ficava próxima e a filmagem tinha que ser interrompida continuamente por causa das bombas extraviadas que caíam dos ataques aéreos alemães no terreno do estúdio. Eventualmente, a fábrica foi atingida e parte de sua operação foi transferida para o Walton-on-Thames Studios. A esta altura, o Ministério da Guerra requisitou imediatamente o Shepperton Studios e a habilidade de seus artífices para fabricar réplicas de aviões, que seriam usados no Oriente Médio como chamariz, armas de mentira, e pistas de pouso e decolagem.

Michael Wilding e Paulette Goddard em An Ideal Husband

Kieron Moore e Vivien Leigh em Anna Karenina

Michèle Morgan e Ralph Richardson em O Ídolo Caído

Robert Donat em Um Caso de Honra

Em 1946, a British Lion de Alexander Korda (que já possuía 50% do Worton Hall Studios em Isleworth) adquiriu 74% da Sound City Film juntamente com seu estúdio em Shepperton e os 50% restantes do Worton Hall Studios. Estas novas aquisições preencheram o lugar do estúdio da British Lion em Beaconsfield, que fora alugado ao governo por vinte e um anos. Entre os filmes realizados em Shepperton sob o novo regime incluíam-se: Uma Mulher no Meu PassadoAn Ideal Husband /1947 (Paulette Goddard, Michael Wilding, Glynis Johns, Diana Wyniard, Hugh Williams); Anna Karenina / Anna Karenina / 1948 (Vivien Leigh, Ralph Richardson, Kieron Moore); Encontro Inesperado / The Courtneys of Curzon Street / 1947 e Loucuras da Primavera / Spring in Park Lane / 1948 (ambos com Anna Neagle e Michael Wilding); O Ídolo Caído / The Fallen Idol / 1948 (Ralph Richardson, Bobby Henrey, Michèle Morgan); Um Caso de Honra / The Winslow Boy / 1948 (Robert Donat, Cedric Hardwicke, Margaret Leighton); O Terceiro Homem / The Third Man / 1949 (Orson Welles, Joseph Cotten, Alida Valli, Trevor Howard); O Pária das Ilhas / An Outcast of the Islands / 1951 (Ralph Richardson, Trevor Howard, Robert Morley); Sem Barreira no Céu / The Sound Barrier / 1953 (Ralph Richardson, Nigel Patrick, Ann Todd, Dinah Sheridan); O Outro Homem / The Man Between / 1953 (James Mason, Claire Bloom, Hildegarde Neff); Papai é do Contra / Hobson’s Choice / 1954 (Charles Laughton, John Mills, Brenda de Banzie); A Rua da Esperança / A Kid for Two Farthings / 1955 (Celia Johnson, Diana Dors); O Nosso Homem em Havana / Our Man in Havana / 1959 (Alec Guiness, Maureen O’Hara, Noel Coward, Ralph Richardson, Burl Ives). Na mesma década, Hollywood chegou em Shepperton: Pandora / Pandora and the Flying Dutchman / 1951 (Ava Gardner, James Mason, Nigel Patrick); Uma Aventura na África / The African Queen / 1951 (Humphrey Bogart, Katharine Hepburn, Robert Morley); Moulin Rouge / Moulin Rouge / 1952 (José Ferrer, Zsa Zsa Gabor, Colette Marchand).

Orson Welles em O Terceiro Homem

José Ferrer em Moulin Rouge

Em 1948, a British Lion estava à beira da falência, mas a agência governamental récem-formada, National Film Finance Corporation, lhe concedeu empréstimos de alguns milhões de libras. A British Lion não saldou os empréstimos e, em 1954, o governo pediu a liquidação da devedora, tendo sido nomeado um liquidante. Duas novas companhias foram criadas: British Lion Films Limited e uma subsidiária, British Lion Studio Company Limited, para gerir as atividades da British Lion na área de distribuição e o estúdio de Shepperton (o de Worton Hall já tinha sido vendido em 1952 por motivo de economia). A NFFC reestruturou a diretoria, designando os irmãos Boulting (Roy e John), Frank Launder e Sidney Gilliat para compô-la, com a condição deles realizarem seus filmes futuros exclusivamente para a British Lion (e assim foi feito vg. Roy e John Boulting: Ultimatum / Seven Days to Noon / 1950 (Barry Jones); Sidney Gilliat: O Passado me Condena / The Constant Husband / 1955 (Rex Harrison, Kay Kendall); Frank Launder: Geordie / 1955 (Bill Travers, Alastair Sim).

Laurence Olivier e Ralph Richardson em Ricardo III

Charles Chaplin em Luzes da Ribalta

Laurence Harvey e Simone Signoret em Almas em Leilão

Entre outras produções britânicas feitas em Shepperton nos anos cinquenta e sessenta, sobressaíram: Ricardo III / Richard III / 1955 (Laurence Olivier, Ralph Richardson, John Gieguld, Claire Bloom); Vida de Artista / The Entertainer / 1960 (Laurence Olivier, Brenda de Banzie, Roger Livesey, Alan Bates, Albert Finney); Um Rei em Nova York / A King in New York / 1957 (Charles Chaplin, Dawn Adams); Bom Dia, Tristeza / Bonjour Tristesse / 1958 (Jean Seberg, David Niven, Deborah Kerr);  The Entertainer / 1960 (Laurence Olivier, Brenda de Banzie, Roger Livesey, Alan Bates, Albert Finney); Momentos de Angústia / The Angry Silence / 1960 ( Richard Attenborough, Pier Angeli); A Mulher que Pecou / The L-Shaped Room / 1962 (Leslie Caron, Tom Bell); Othello / 1965 (Laurence Olivier, Maggie Smith, Frank Finley); e filmes da “New Wave” inglesa: Almas em Leilão / Room at the Top / 1959 (Laurence Harvey, Simone Signoret, Heather Sears); Ainda Resta uma Esperança / A Kind of Loving / 1962 (Alan Bates, June Ritchie); O Mundo Fabuloso de Billy Liar / Billy Liar / 1963 (Tom Courtnenay, Julie Christie); Darling – A Que Amou Demais / Darling / 1965 (Julie Christie, Dirk Bogarde, Laurence Harvey).

Em 1964, a NFFC vendeu a British Lion para um consórcio presidido por Michael Balcon. O estúdio continuou em funcionamento (com a realização de grandes filmes), passando por outros donos (entre eles um consórcio presidido por Ridley e Tony Scott), e hoje faz parte do Pinewood Studios Group.

TEDDINGTON

Em 1914, Charles Urban, pioneiro anglo-americano do filme documentário, educativo, propagandístico e científico, adquiriu uma mansão isolada à beira de um rio em Teddington, chamada de Weir House, para fazer – na sua estufa – filmes usando o processo de coloração aperfeiçoado por seu sócio, George Albert Smith.

Charles Urban

Em 1918, a Weir House foi alugada, e mais tarde comprada, pela Master Films Limited, que transformou a estufa em um verdadeiro estúdio com paredes de vidro, camarins, oficinas, local para guardar os adereços e cenários, e uma sala de projeção minúscula. Em 1927, a Ideal Film Company, que havia anteriormente alugado o Neptune Studios em Elstree, fundiu-se com a Gaumont-British, e alugou o estúdio por pouco tempo, porque ele foi destruído em parte por um incêndio em 1929. No final dos anos vinte, o ator Henry Edwards e E. G. Norman compraram o Weir House Studios em Teddington e construiram outro no local instalando o sistema RCA de som no filme. Edwards produziu filmes falados sob o nome Teddington Film Studios e também alugou o complexo para produtores independentes.

Irving Asher e Jack Warner

Em 1931, a Warner Bros. primeiro alugou e depois comprou o Teddington Studios, para produzir seus “quota quickies” britânicos, modernizou o estúdio, e de 1931 a 1939, Irving Asher dirigiu-o com muita eficiência. Os “quota quickies” serviram como um campo de treinamento para produtores, diretores, técnicos e atores (vg. o futuro produtor e diretor Mario Zampi trabalhou na Warner como montador; Ida Lupino (High Finance / 1933) e Errol Flynn (Murder at Monte Carlo / 1935) atuaram no início de suas carreiras; Michael Powell dirigiu The Girl in the Crowd / 1935 ainda novato).

Errol Flynn em Murder at Monte Carlo

No começo da Segunda Guerra Mundial, o estúdio fechou, mas reabriu novamente alguns meses depois sob a administração de Doc Salomon. Até que o prédio fosse atingido diretamente por uma bomba voadora em 1944, entre as produções ali completadas estavam: The Night Invader / 1943 (Anne Crawford, David Farrar, Marius Goring); Dark Tower / 1943 (Ben Lyon, Anne Crawford, David Farrar, Herbert Lom, William Hartnell, Ben Lyon); The Hundred Pound Window / 1943 (Anne Crawford, David Farrar, Richard Attenborough); Flight from Folly / 1945 (Pat Kirkwood, Hugh Sinclair, Sydney Howard).

David Farrar e Anne Crawford em The Night Invader

David Farrar, Anne Crawford e William Hartnell em Dark Tower

A produção foi suspensa após o bombardeio, porém o estúdio, devidamente reconstruído, voltou a funcionar em 1948. Entrementes, em 1946, a Warner Bros. havia adquirido do espólio de John Maxwell uma parte expressiva da Associated British Picture Corporation e, pouco depois, toda a produção da Warner transferiu-se para o estúdio da ABPC em Elstree.

Burt Lancaster e Eva Bartok em O Pirata Sangrento

Teddington fechou mais uma vez em 1952, sendo a última produção ali realizada O Pirata Sangrento / The Crimson Pirate (Burt Lancaster, Eva Bartok, Nick Cravat). Em 1955, a ABC Television Limited comprou o estúdio e em 1968, a ABC e a Rediffusion Television se fundiram para formar a Thames Television, resultando daí uma maior expansão das instalações do Teddington Television Studos.

AC

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