Marido da atriz Elisabeth Bergner, Czinner (1890-1972), nascido em Budapeste, Austria-Hungria, hoje Hungria, desfrutou de uma carreira de cinquenta anos no teatro e no cinema, trabalhando na Áustria, Alemanha, Grã-Bretanha e Estados Unidos.
Filho de um industrial, criança prodígio do violino, obteve seu doutorado em teoria literária e filosofia, antes de se tornar um dramaturgo no Deutsches Volkstheater em Budapeste. Em 1914, mudou-se para Viena, Austria onde trabalhou como jornalista e conheceu Carl Meyer, com quem colaboraria regularmente em roteiros de filmes. Czinner também escreveu peças como “Satans Maske” e dirigiu seus primeiros filmes, os influenciados pelo expressionismo, Homo Immanis e Inferno, ambos de 1919.
Em Berlim a partir de 1924, dirigiu uma série de filmes estrelados pela atriz treinada por Max Reinhardt, Elizabeth Bergner: Maridos ou Amantes / Nju / 1924; Der Geiger von Florenz / 1926; Amores de Duquesa / Liebe / 1927 (baseado no romance de Balzac “La Duchessse de Langeais”); Doña Juana / 1928; Fräulein Else / 1929; Ariane / 1931; Der Träumende Mund / 1932. Doña Juana, como roteiro de Béla Balázs, e Fraulein Else com roteiro de Arthur Schnitzler, foram produzidos pela sua própria companhia, Poetic-Film GmbH.
Em 1932 Czinner e Bergner viajaram para Londres a fim de participar de uma produção da London Films de Alexander Korda, A Rainha Imortal / The Rise of Catherine the Great, co-protagonizado por Douglas Fairbanks Jnr. Após a ascenção dos nazistas ao poder na primavera de 1933, como ambos eram judeus, o casal decidiu continuar sua carreira na Inglaterra. Eles haviam se casado em 9 de janeiro de 1933 e se tornaram cidadão britânicos em 1938. Na Inglaterra Czinner fez ainda: Contudo És Meu / Escape Me Never / 1935; Como Gosteis / As You Like It /1936; Lábios Pecadores / Dreaming Lips / 1937, Vida Roubada / Stolen Life / 1938, todos com Elizabeth Bergner no papel principal feminino. Ela recebeu uma indicação para o Oscar por seu trabalho como Rosalind em Como Gosteis, baseado na peça de Shakespeare, no qual Laurence Olivier era seu parceiro no papel de Orlando.
Logo depois do começo da Segunda Guerra Mundial, o casal partiu para Hollywood, porém os produtores não estavam interessados em Bergner, enquanto Czinner se recusava a trabalhar sem ela. Os dois se transferiram para Nova York, onde Czinner se tornou produtor teatral e foi capaz de incluir Bergner na Broadway em algumas produções, inclusive o thriller de suspense de Martin Vale, “The Two Mrs. Carroll” (levado à tela em 1947 como Inspiração Trágica com Humphrey Bogart e Barbara Stanwyck) e “The Duchess of Malfi”, adaptação da peça de John Webster por W. A. Auden e Bertold Brecht. Bergner apareceu em apenas um filme, Paris Está Chamando / Paris Calling / 1941, dirigido por Edwin L Marin e ao lado de Randolph Scott.
Czinner retornou à Austria em 1949 e depois para Londres em 1950, onde fundou uma nova companhia chamada Poetic Fims, que produzia filmes de ópera e balé para a Organização Rank. Em 1967 ele recebeu o “FiImband in Gold”, por sua contribuição para o cinema germânico.
Elisabeth Bergner (1897-1986) nasceu em Drohobycz, Austria-Hungria hoje Drogobych, Ucrânia. Treinada no Conservatório de Viena entre 1912 e 1915 nos próximos dez anos apareceu no teatro em Innsbruck, Zurique, Viena e Munique, mas foi em Berlim que obteve seu maior sucesso. Sua Rosalind na produção de Max Reinhardt em 1923 de “As You Like It” no Deutsches Theater foi festejada como um triunfo da técnica moderna de teatro, e uma associação com Reinhardt e este palco continuou por muitos anos.
O filme de estréia de Bergner foi num papel secundário em Der Evangelimann / 1924 (Dir: Holger-Madsen). Entretanto, ela logo surgiu exclusivamente como estrela sob a direção de Paul Czinner em vários filmes, que já citamos ao falarmos sobre este diretor. O filme silencioso deles mais exitoso foi Fräulein Else e seu primeiro filme falado, Ariane, seria refilmado por Billy Wilder em 1957 como Amor na Tarde / Love in the Afternoon com Audrey Hepburn no antigo papel de Bergner.
Bergner voltou para Londres em 1951, onde atuou no teatro, no cinema e na televisão. A partir de 1954 tez também certo número de apresentações no teatro na Alemanha Ocidental. Ela ganhou um “Filmband in Gold’ pelo seu papel em The Glücklichen Jahre Der Thorwalds / 1921, a saga familiar de John Olden e Wolfgang Staudte e apareceu frequentemente na televisão alemã entre os anos sessenta e oitenta. Em 1978 recebeu o “Filmband in Gold” por sua contribuição para o cinema germânico.