Arquivo do Autor: AC

MAURICE TOURNEUR

Ele foi, juntamente com Rex Ingram, Herbert Brenon, Fred Niblo e Clarence Brown,   um dos grandes pictorialistas do cinema mudo americano, cineasta importante e respeitado em Hollywood e um bom realizador de filmes do cinema francês sonoro dos anos 30 e 40, capaz de dominar os mais diferentes gêneros. Como resumiu o New York Times no seu obituário, “seu talento influenciou o desenvolvimento do cinema assim como os filmes e os realizadores contemporâneos, sobretudo no que diz respeito a fotografia, aos cenários, a iluminação e a composição”.

Maurice Tourneur

Maurice Félix Thomas  (1876 – 1961) nasceu em Paris no bairro Épinettes, filho de Marie Dubois e do fabricante de bijuteria Eugène Thomas. Ele estudou no Liceu Condorcet e, por intermédio de seu amigo Francis Jourdain, arrumou emprego como aprendiz do pintor Adrien Karbowsky. Depois trabalhou com outro pintor, Puvis de Chavannes e no ateliê de Auguste Rodin, tornando-se grafista-ilustrador e decorador de interiores, antes de tentar sua chance no Théâtre des Bouffes du Nord sob recomendação do autor-dramático Jean Joseph-Renaud, um de seus antigos colegas do Liceu.

O jovem Maurice deu seus primeiros passos no palco aos vinte e quatro anos em uma adaptação de “La Tour de Nesle” de Alexandre Dumas e permaneceu no Bouffes du Nord por uma temporada, atuando em outros melodramas populares em voga na época como “Les Pirates de la Savanne” de Ferdinand Dugué ou “Marie ou l’inondation” de Francis Cornu. Foi sua primeira escola de teatro. Quando a temporada chegou ao fim, o rapaz conseguiu ingressar na companhia da famosa atriz Gabrielle Réjane, que preparava uma tournée pela América do Sul (Brasil, Montevidéo, Buenos Aires) e estava recrutando atores. Maurice trabalhou como ator e diretor. Na volta a Paris, passou por uns tempos difíceis, apresentando-se nos subúrbios ou na província.

Felizmente, ele conhecia o comediante Georges Grand, que o apresentou a André Antoine, uma das grandes figuras do teatro do seu tempo. O exigente Antoine contratou Maurice como diretor e, em 7 de junho de 1903, toda a trupe embarca para a América do Sul. Entre os vinte e três atores e atrizes que partem, além de Antoine e Tourneur, encontra-se a jovem atriz Fernande Petit (conhecida pelo nome artístico de Mme. Van Doren), futura esposa de Maurice e mãe de Jacques Tourneur, filho único do casal. Este período feliz teve seu fim quando, em 1906, confiaram a Antoine o comando do Théâtre de L’Odeon no Quartier Latin. Após certo tempo, Tourneur teve uma discussão com Antoine, e foi procurar outro emprego, tornando-se diretor geral no Casino de Nice e depois no Théâtre de la Renaissance, então administrado por Abel Tarride. Nesta época, Tourneur conheceu o realizador Émile Chautard, que o convidou para ser seu assistente na firma Éclair, a terceira firma cinematográfica francêsa logo atrás da Gaumont e da Pathé entre 1908 e 1918.

Em 1913, Tourneur já era diretor, mas é difícil identificar formalmente os filmes que ele realizou na Éclair, pois antes de 1914 os diretores não eram identificados. Christine Leteux, na sua magnífica biografia (muito útil na elaboração deste artigo) “Maurice Tourneur Réalisateur sans Frontières” (La tour verte, 2015), calcula que Tourneur dirigiu cerca de uma dezena de filmes e menciona na sua filmografia (por ordem cronológica da data de exibição): 1913 – Le Mystère de la chambre jaune (co-realizado com Émile Chautard); La Bergère d’Ivry; Jean la Poudre; Les Gaités de l’escadron; Mademoiselle cent millions; Le Système du docteur Goudron. 1914 – Le Friquet; Le Puits Mitoyen; Le Camée; Les Ruses de l’amour; Figures de Cire; Monsieur Lecoq; Le Parfum de la dame en noir ou La dernière incarnation de Larsan. 1915 – Souerette.

Cena de Jimmy Valentine

Após dois meses exercendo as funções de diretor, Tourneur recebeu um convite inesperado por parte de Chautard: trabalhar na sucursal americana da Éclair em Fort Lee, New Jersey, chefiada pelo diretor Étienne Arnaud, onde já estavam os fotógrafos Georges Benoît, Lucien Andriot e René Guissart e os cenógrafos Benjamin Carré e Henri Ménassier. Os filmes de Tourneur na Éclair americana (depois absorvida pela World Film Corporation) foram: 1914 – Mother; The Man of the Hour;The Wishing Ring: An Ydill of Old England (comédia sofisticada muito elogiada pelo seu encanto e beleza visual); O Poder do Ouro / The Pit (no novo estúdio Peerless, erguido a dois passos do velho estúdio Éclair) 1915 – Jimmy Valentine / Alias Jimmy Valentine (drama criminal que impressionou os críticos pela sua técnica inovadora); The Cub; The Ivory Snuff Box; Lágrimas e Risos da  Boemia / Trilby; A Butterfly on the Wheel. 1916 – The Pawn of Fate (inaugurando  um novo estúdio, o Paragon); A Mão do Perigo / The Hand of Peril; The Closed Road; The Rail Rider; The Velvet Paw, os quatro últimos estrelados pelo ator House Peters.

Tourneur dirige Mary Pickford em Rica e Pobre

Depois dessas quatro produções com House Peters, Tourneur ganhou tal estatura  que lhe permitiu dirigir dois filmes com a estrela número um do cinema americano, Mary Pickford: Raça de Heróis / The Pride of the Clan e Rica e Pobre ou A Pobre Rica / The Poor Little Rich Girl, ambos produzidos pela Artcraft em 1917. No mesmo ano, Tourneur fez mais dois filmes no Paragon, A Girl’s Folly e  O Chicote / The Whip, antes do estúdio e a World Film Corporation serem comprados pela Famous Players-Lasky, na qual ele permaneceu,  apesar da mudança de proprietários.

Devido ao grande sucesso de Rica e Pobre, Jesse Lasky contratou Tourneur para realizar nove filmes em um ano e assim ele se encarregou de: 1917 – Chama D’Alma / The Undying Flame; The Law of the Land; Exílio / Exile; A Canção do Deserto / Barbary Sheep; Fidelidade / The Rise of Jennie Cushing. 1918 – Cadeias de Amor / The Rose of the World; O Pássaro Azul / The Blue Bird; Prunella Prunella; A Casa de Bonecas / A Doll’s House. Com O Pássaro Azul e Prunella, Tourneur começou a se firmar como um dos grandes estilistas do cinema mudo, devendo ser reconhecida a preciosa colaboração de seu diretor de arte Ben Carrée e de seu fotógrafo John van den Broek (que morreria afogado aos 23 anos de idade em 1918 durante a filmagem de Mulher). Eles souberam combinar uma narrativa encantadoramente ingênua com uma sofisticação pictórica, que explorava a cor, silhuetas, cenários deliberadamente fantasiosos e trajes singulares. Entretanto, os filmes não tiveram bom resultado comercial.

Cena de O Pássaro Azul

Cena de Prunella

Respeitado como um dos melhores na sua profissão, Tourneur decide se tornar seu próprio produtor e, com o apoio financeiro de Jules Brulatour, funda a Maurice Tourneur Productions, onde poderá trabalhar com total liberdade. Para a sua empresa ele fez: 1918 – Vida Esportiva / Sporting Life; Mulher / Woman. 1919 – O Segredo de Silvia / The White Heather; Luta pelo Amor ou A Linha da Vida / The Life Line; The Broken Butterfly; Vitória / Victory. 1920 – My Lady’s Garter; A Ilha do Tesouro / Treasure Island; O Sinal dos Carbonários The White Circle; Águas Perigosa ou Martírio de um Mergulhador / Deep Waters.

Shirley Mason em A Ilha do Tesouro

Em julho de 1920, Tourneur rompe com Brulatour e passa a trabalhar para a Associated Producers uma nova companhia independente  (nos moldes da United Artists), que fôra criada em 1919 e da qual participam vários diretores, além de Tourneur: Thomas H. Ince, Mack Sennett, Marshall Neilan, Allan Dwan, George Loane Tucker e J. Parker Read Jr.   Para a Associated Producers Tourneur fez O Último dos Moicanos / The Last of the Mohicans (co-dirigido por Clarence Brown); Mulheres Levianas / The Foolish Matrons (co-dirigido por C. Brown). 1923 – Enquanto Paris Dorme / While Paris Sleeps, realizando em dois intervalos, 1921 – A Isca Humana / The Bait para a Hope-Hampton Prod. – Paramount e 1922 – O Mais Lindo Amor / Lorna Doone para a Thomas H. Ince Corp. -Associated First National. A Maurice Tourneur Productions realizou ainda The County Fair, rodado simultaneamente com Vitória. Edmund Mortimer foi mencionado como diretor pela imprensa, porém Clarence Brown, em uma entrevista para Kevin Brownlow, afirmou que foi ele quem dirigiu o filme,  afinal lançado sem um nome do diretor nos créditos.

Neste período, creio que os melhores filmes de Tourneur foram O Último dos Moicanos e provavelmente o filme perdido A Ilha do Tesouro, a julgar pelas fotografias de cena magnificas, que podem ser vistas hoje, ambos louvados na época por sua beleza pictórica. Na sua adaptação da história famosa de Robert Louis Stevenson, Tourneur colocou uma atriz, Shirley Mason, no papel de Jim Hawkins e contou com Charles Ogle como Long John Silver e Lon Chaney em dois papéis: o do cego Pew e o de Merry.

Os únicos filmes dessa fase do diretor que pude ver foram Vítória e O Último dos Moicanos e falei sobre este último no meu post sobre Clarence Brown (15 de abril de 2016), acentuando a fidelidade ao romance célebre de James Fenimore Cooper,

a exploração magnífica da paisagem ao ar livre do Big Bear Valley e do Yosemite National Park; os planos de silhuetas e de interiores escuros enquadrados em contraste com a luz e apontando as sequências mais emocionantes: o massacre no Fort Williams e a perseguição de Cora (Barbara Bedford) por Magua (Wallace Beery) e o seu salto para a morte do alto de uma colina. Já Vitória não é tão bom, mas é um filme interessante com personagens que fogem do convencional, detalhes pitorescos, e interpretações marcantes de Seena Owen, Jack Holt, Wallace Beery, Bull Montana e Lon Chaney que, na época, ainda não era o Homem das Mil Caras.

Cena de A Ilha dos Navios Perdidos

Em 1923, Tourneur realizou O Apóstolo / The Christian para a Goldwyn Pictures e depois se ofereceu para trabalhar com Mike C. Levee, que acabara de criar uma unidade de produção no seu United Studios. Com a McLeve e Prod, e distribuição da First National, Tourneur fez: 1923 – A Ilha dos Navios Perdidos / The Isle of Lost Ships; A Garrafa Mágica / The Brass Bottle; Jealous Husbands. 1924 – Amor eTormento / Torment; A Mariposa Branca/ The White Moth. Outro filme do qual não resta mais nenhuma cópia, A Ilha dos Navios Perdidos, a julgar pelas fotos que ví de uma ilha no mar dos Sargaços cujo cenário são destroços de um navio e também pelos comentários nas revistas da época citados por C. Leteux, parece ter sido o melhor dos filmes que Tourner fez para Mike Levee. Em entrevista concedida a Kevin Brownlow em 1969, Jacques Tourneur o considerava como um dos melhores filmes de seu pai.

Em junho de 1924, Jacques deixou a escola secundária e seu progenitor lhe perguntou se ele queria cursar uma faculdade ou começar a trabalhar. Ele respondeu: “Prefiro começar a trabalhar porque no cinema a gente não precisa de formação!”. Assim, Jacques se tornou um script-boy na filmagem deTaméia ou A Filha do Oriente / Never the Twain Shall Meet / 1925, rodado por Tourneur no Tahiti para a Cosmopolitan Pictures de William Randolph Hearst.

Dos derradeiros filmes de Tourneur nos Estados Unidos, 1925 – Vida Esportiva / Sporting Life (refilmagem da produção de 1918) para a Universal, O Pirata / Clothes Make the Pirate e 1926 – Amor Beduíno / Old Loves and New para o produtor Sam E. Rock e A Conquista da Felicidade / Aloma of the South Seas– outro filme presumidamente perdido – produzido pela Paramount, somente este mereceu o aplauso dos resenhistas, uns dizendo que era “um filme, fotograficamente falando, magnífico e que certos planos eram obras de arte por sua composição” (Variety), outros dizendo que era “um filme de uma beleza extraordinária” (Photoplay). De Aloma também só conheço as fotos, entre elas, uma da bela Gilda Gray, que dividiu o estrelato com Percy Marmont, Warner Baxter e William Powell.

Ainda em 1926, Tourneur foi contratado pela MGM para realizar uma adaptação de “L’Île Misterieuse” de Jules Verne e a produção parecia dotada de um orçamento importante, porque ele deveria rodar cenas submarinas em Nassau, nas Bahamas em “cores naturais”, quer dizer, em Technicolor bicolor.  O que ele não sabia era que, segundo a nova política do estúdio, cada diretor deveria ser supervisionado por um produtor. Tourneur não acatou esta nova diretriz e abandonou a filmagem, sendo substituído pelo diretor dinamarquês Benjamin Christensen, tendo sido mais tarde convocado Lucien Hubbard para fazer alguns retoques.

Cenas de A Conquista da Felicidade

Cena de Aloma

Em 11 de agosto de 1926, Tourneur e Fernande partem para a França, mas Jacques prefere ficar em Hollywood, onde recebeu ajuda de Clarence Brown, que lhe arranjou emprego como figurante na MGM. Em dezembro de 1926, Tourneur assina um contrato com a Lutèce Film de Charles Schneider e, depois de se separar de Fernande (sua aventura com Barbara Bedford, a estrela de O Último dos Moicanos certamente contribuiu para a deterioração de suas relações, mas eles nunca se divorciaram), inicia a filmagem de L’Équipage / 1928, drama baseado no romance de Joseph Kessel, que contava a vida dos aviadores da Primeira Guerra Mundial. Entretanto, começam a circular rumores sobre ele no meio cinematográfico a respeito de sua atitude durante aquela guerra, qual seja, a de não ter se alistado para lutar por sua pátria. Em sua defesa, Tourneur mentiu, dizendo que havia se naturalizado americano antes da França entrar na guerra; porém, descoberta sua mentira, foi preso e expulso de seu país natal. Antes disso, para estancar a campanha contra ele na imprensa, havia concordado em permanecer anônimo nos créditos do filme e em qualquer campanha publicitária feita com o seu nome.

Em janeiro de 1929, Tourneur conseguiu assinar um contrato com o produtor Max Glass em Berlim e começou a filmar Homens sem Lei / Das Schiff der verlorenen Menschen, cujo roteiro ele mesmo escreveu, baseado em um romance de F. Keremen. Seu filho Jacques funcionou como seu assistente e participou da montagem do filme. O elenco internacional contou com o francês Gaston Modot, o britânico Robin Irvine, os russos Vladimir Sokoloff e Boris de Fast e os alemães Fritz Kortner e Marlene Dietrich, que não era ainda uma estrela; porém os críticos não gostaram do resultado.

Gaby Morlay em Acusada Levante-se

Gaby Morlay em Acusada, Levante-se!

A esta altura, o cinema falado irrompera nas telas e Tourneur, que estava em negociação com a sociedade de produção Pathé-Natan, conseguiu finalmente permissão para residir na França. Seu primeiro filme para a Pathé-Natan foi  Acusada,Levante-se! /  Accusée, Levez-vous!/ 1930, seguindo-se: 1930 – Maison des Danses; Partir. 1932 – Em Nome da Lei / Au Nom de la Loi; Les Gaîtés de L’Escadron. 1933 – As Duas Órfãs / Les Deux Orphelines; Lidoire(curta-metragem); Obsession(curta-metragem, com a atriz Louise Lagrange, que se tornara companheira de Tourneur). 1934 – Voleur (teatro filmado baseado na peça de Henry Bernstein, feito excepcionalmente para os produtores Marcel Vandal e Charles Delac, com Madeleine Renaud, Victor Francen e Jean-Pierre Aumont). 1935 – Justin de Marseille. Entre estes, distinguem-se Em Nome da Lei e Justin de Marseille.

Charles Vale (no centro) em Em Nome da Lei

No primeiro filme, um inspetor de polícia, que estava atrás de traficantes de drogas, é assassinado. Os inspetores Lancelot (Charles Vanel) e Ludovic (Pierre Labry) seguem a pista do assassino. Eles encontram o criminoso graças a Marcel (Jean Marchat), um jovem policial encarregado de se infiltrar entre os traficantes. Porém ele se apaixona pela bela Sandra (Marcelle Chantall) que faz parte do bando e prefere se suicidar do que ir para a prisão. Com esta trama, Tourneur realizou um filme policial exemplar, quase um documentário, no qual predomina uma descrição minuciosa e realista do meio social, feita em um ritmo fluente e apreciável qualidade pictórica. Uma das cenas mais marcantes é o interrogatório na polícia do chofer de taxi abrutalhado, interpretado por Gabriel Gabrio.

No segundo filme, baseado em um roteiro de Carlo Rim, o mafioso Justin (Antonin Berval) chefia um bando de traficantes de drogas, mas é amado e estimado por todos, porque protege os fracos. Seu maior inimigo é Esposito (Alexandre Rignault), um gangster líder de outro grupo de criminosos, que ele acaba matando. A primeira cena do filme é muito lembrada: um caixão que chegou de Saigon, sendo transportado em um carro fúnebre, acompanhado por vários gangsters de luto pesado. Só que o caixão não contém a pobre Félicie, morta em Saigon, mas oitenta quilos de ópio, cuja posse os dois chefes mafiosos vão disputar avidamente. Esta guerra de gangues nas ruas do Velho Porto marselhês, ao mesmo tempo risonha e cruel, é vista por Tourneur com um olhar de pintor e um senso aguçado do pitoresco.

Justin de Marseille marcou o fim de uma época. Sem conseguir crédito dos bancos a Pathé-Natan entrou em estado de falência, no que foi acompanhada por outra grande firma, Gaumont-Franco-Film-Auber. O cinema francês passou a sobreviver com pequenas  sociedades de produção, que produziam somente um ou  dois filmes por ano, antes de correr o mesmo perigo. Assim, os próximos filmes de Tourneur na década de trinta foram feitos para vários produtores: 1935 – Koegnismark na versão francesa e Cavaleiros da Rainha na versão inglesa Koenigsmark (Films Roger Richebé). 1936 – Samson Samson (Paris Film Production); Com um Sorriso / Avec le Sourire (Films Marquis); 1938 – O Patriota / Le Patriote(F. C. L. Farkas); Katia / Katia (Metropa Films).

Elissa Landi e Pierre Fresnay em Koegnismark

Extraído do romance famoso de Pierre Benoît, Koegnismark começou a ser rodado por Léonce Perret, mas ele faleceu durante a filmagem e Tourneur foi chamado com urgência para substituí-lo. Foi portanto uma simples encomenda, da qual Tourneur se encarregou corretamente, mas sem muita convicção, alternando as cenas pomposas como as da da recepção na côrte de Lautenbourg com as cenas intimistas entre a Princesa Aurora (Elissa Landi) e o professor Raoul Vignerte (Pierre Fresnay), que agradaram o público.

Gaby Morlay, Maurice Tourneur e Harry Baur na filmagem de Samson

Em Samson, baseado na peça de Henri Bernstein, uma jovem, Anne-Marie d’Andeline (Gaby Morlay), se casa sem amor com o banqueiro Jacques Brachart (Harry Baur), para salvar sua família da miséria. Anne-Marie torna-se amante de Jerôme Le Govain (André Luguet), um estroina sem escrúpulos; mas ela voltará, para os braços do marido, depois que ele perdeu toda a sua fortuna, para destruir seu rival. Este drama mundano assumiu um brilho particular nos olhares, nos subentendidos dos dois atores e contou ainda com coadjuvantes de elite como Gabrielle Dorziat, André Lefaur e Suzy Prim.  A revista Cinémonde sentenciou: “Um grande filme humano e sincero, um êxito magistral”.

Tourneur passou do drama para a comédia, oferecendo-nos Com um Sorriso um espetáculo bastante divertido, escrito por Louis Verneuil e Carlo Rim, mostrando um personagem, Victor Larnois (Maurice Chevalier) que, partindo do nada, logra atingir as mais altas posições sociais, mercê de mil e um ardís e de um sorriso irresistível. Na sua ascenção, Larnois cuida da carreira de Gisèle (Marie Glory), corista sem grande talento que ele, fabricando um golpe publicitário, a propulsiona ao status de vedete. Larnois acaba diretor da Ópera ao fim de seu último sortilégio, antes de ajudar seu ex-patrão (André Lefaur), homem íntegro, porém pouco afável, que, com seus princípios demasiadamente rígidos, fôra conduzido para a miséria. Por meio de uma sucessão de cenas curtas e muito engraçadas, Tourneur conduz a ação em um ritmo rápido e Chevalier encarna com muita verve o arrivista sem escrúpulos.

John Poder e Danielle Darrieux em Katia

Em 1938, Tourneur dedicou-se novamente aos filmes de época com dois dramas históricos: O Patriota e Katia. O enredo de O Patriota, que tinha como tema central o conflito entre a lealdade e o dever, já havia sido brilhantemente tratado por Ernst Lubitsch no cinema mudo, extraindo uma soberba interpretação de Emil Jannings. Segundo os que puderam ver esta refilmagem, o trabalho de Harry Baur como o tsar louco Paulo I foi muito bom e a direção de Tourneur não deixou a desejar, ajudado pela fotografia de Armand Thirard, a música de Jacques Ibert, a reconstituição faustosa da côrte russa e presença de coadjuvantes bem escolhidos como Pierre Renoir (herdando o papel de Pahlen entregue a Lewis Stone na primeira versão), Josette Day, Colette Darfeuil, Suzy Prim. Katia, é uma evocação romanceada dos amores e do casamento morganático do tsar Alexandre II (John Loder) e de Catherine Dolgouky (Danielle Darrieux), que termina em uma tragédia: Alexandre é morto em um atentado. Há muito luxo nos cenários e figurinos neste filme de orcamento vultoso dirigido sob contrôle rígido de Tourneur, mas quem brilha mesmo é Dannielle Darrieux que trouxe sua presença delicada para este grande papel dramático.

Harry Baur em Volpone.                      

Nos anos 40, Tourneur fez seus oito filmes derradeiros: 1941 – Volpone / Volpone; Péchés de JeunesseMademoiselle    Bonaparte / Mam’zelle Bonaparte. 1942 – A Mão do Diabo / La Main du Diable. 1943 – Le Val d’enfer; 1944 – (na TV: Crime na Polícia) / Cécile est Morte! 1948 – Après l’amour; Impasse des Deux-Anges. Produzido pela Île-de-France Films de Élisabeth Soutzo, Volponehavia sido iniciado sob a direção de Jacques de Baroncelli mas, após três semanas de filmagem, a produção foi interrompida por falta de dinheiro e de compromissos anteriores dos atores no teatro ou no cinema. Somente no final de março de 1940 a filmagem foi retomada sob a direção de Tourneur. Esta farsa, cujo tema é a ganância, foi adaptada por Stefan Zweig e Jules Romain de uma peça do dramaturgo elizabetano Ben Johnson e valeu sobretudo pela presença de três monstros sagrados do palco e da tela dos anos 30, que foram Louis Jouvet, Harry Baur e Charles Dullin. Outros dois grandes atores, Fernand Ledoux e Jacqueline Delubac, completam o elenco deste teatro filmado, filmado mas plasticamente soberbo.

Durante a Ocupação, Tourneur foi contratado pela Continental Films, a produtora destinada a produzir na França filmes com capital alemão e mão de obra francesa. Imediatamente após a sua criação, a nova companhia selecionou os realizadores e técnicos francêses mais eficazes e rápidos, e Tourneur estava entre os cinco primeiros, juntamente com Marcel Carné, Christian Jaque, Georges Lacombe e Léo Joannon. Nesta firma ele fez os seus quatro filmes seguintes.

Péchés de Jeunesse versa sobre um velho celibatário, rico e solitário, Monsieur Lacalade (Harry Baur), que parte em busca do seus quatro filhos ilegítimos, concebidos durante a sua juventude. Em quatro episódios, o roteirista Charles Spaak traça com causticidade e humor, o retrato de uma classe social, Tourneur fornece algumas belas imagens e Harry Baur encontra um papel perfeitamente à sua altura; Mademoiselle Bonaparte é uma biografia inspirada livremente na vida de Cora Pearl (Edwige Feuillère), cortesã do Segundo Império, amante do príncipe, Jérôme Bonaparte (Guillaume de Sax), que se envolve amorosamente com um conspirador elegante e romântico, o marquês Philipe de Vaudrey (Raymond Rouleau). Foi uma das produções mais custosas da Continental com seus cenários imensos, vestuário luxuoso e uma multidão de figurantes, e Tourneur conduziu o espetáculo com pulso firme.

Pierre Fresnay em A Mão do Diabo

 A Mão do Diabo, é uma obra estranha, transpondo para o mundo moderno o tema da possessão demoníaca e Tourneur criou um clima de angústia permanente. Essa angústia  aumenta quando, durante o carnaval, sete homens mascarados, que são os diversos possuidores da mão encantada desde o século XVIII, constituídos em tribunal, revelam ao pintor sem talento Roland Brissot (Pierre Fresnay) a impostura do diabo (que, por meio de um cozinheiro italiano, Melissa (Nöel Roquevert), lhe vendeu um talismã, (uma certa mão mumificada que deveria lhe trazer glória e  felicidade) e ele tem mais uma chance de se salvar. Tourneur então se esmera em uma série de vinhetas, cada qual mais surpreendente que a outra, fechando com brilhantismo formal – apoiado na oposição expressionista da luz com as trevas e no uso de halos e silhuetas – a inquietante aventura do artista aprisionado em uma armadilha infernal.

Edouard Delmont, Gabrielle Fontan e Ginette Leclerc em Le Val d’enfer

Le Val d’enfer é um melodrama com uma intriga simples e forte, exposta com eficácia dramática e economia de meios por Tourneur, certamente inspirado pela qualidade humana e sincera dos personagens (criados por Carlo Rim). A escolha dos intérpretes foi muito feliz e contribuiu enormemente para que a história capturasse imediatamente a atenção do espectador. Ela pode ser resumida assim: Noel Bienvenu (Gabriel Gabrio) vive com seus pais idosos (Edouard Delmont, Gabrielle Fontan) perto da pedreira, da qual é contramestre. Ele é viúvo e seu filho Bastien (André Reybaz) foi condenado a um ano de prisão e seu pai, indignado por sua má conduta, rompeu com ele. Um dia após o falecimento de seu amigo Romieux, Noel aceita abrigar em sua casa a filha dele, Marthe (Ginette Leclerc) e se apaixona por ela, apesar de seu passado de prostituição. Marthe aceita se casar com Noel mas, diante da solidão e do tédio, cai nos braços de Barthélemy (Lucien Gallas), que também é casado. Os pais de Noel, sentindo que sua presença desagrada a Marthe, retiram-se para um asilo. Grávida de seu amante, ela morre na pedreira após a explosão de uma mina. O que parecia um acidente fôra de fato provocado por um operário, Le Sauvage (Georges Patrix), que quis livrar Noel de sua esposa infiel. Ninguém saberá de nada e Noel reencontra seus pais, se reconcilia com seu filho e  recupera a alegria de viver. Os críticos sempre apontam A Mão do Diabo como o melhor filme falado de Tourneur, mas eu prefiro Le Val d’enfer, destacando o desempenho emocionante de E. Delmont e C. Fontan e também de Gabriel Gabrio, perfeito na composição daquele homem maduro, rude e solitário, que encontra o sorriso com a jovem noiva.

Albert Préjean em Cécile est Morte

Cécile est Morte! é uma adaptação satisfatória do romance de Georges Simenon. No enredo, uma certa Cécile Pardon (Santa Relli), vai regularmente à Polícia Judiciária se queixar de visitas noturnas de alguém no apartamento que ela ocupa com sua velha tia, Juliette Boynet (Germine Kerjean). O comissário Maigret não presta atenção ao que ele acha que é apenas um devaneio da moça. Porém um dia, enquanto investiga a morte de uma mulher encontrada decapitada, Maigret fica espantado ao saber que se trata de Hélène Pardon (France Asselin), a irmã de Cécile. Pior, Juliette e Cécile vêm a ser vítimas de assassinato pouco tempo depois. Albert Préjean é um Inspetor Maigret bem diferente do personagem imaginado pelo escritor, tanto pelo físico como pelo comportamento; mas o ator faz um trabalho digno, dando vigor à figura do famoso comissário.

Em Après l’amour (Prod: Les Films Modernes), traído por sua mulher Nicole (Simone Renant) com seu amigo Robert (Fernand Fabre), François Mézaule (Pierre Blanchar), escritor de sucesso e ganhador do prêmio Nobel, encontra Germaine (Gisèle Pascal), jovem estudante da Sorbonne, e vive um grande amor com ela. A esposa tem um filho de seu amante no mesmo dia em que a estudante dá à luz uma criança, cujo pai é o escritor . François decidira repartir sua vida com Germaine no momento em que sua esposa deveria partir com Robert para a América, mas este havia repudiado Nicole, ao saber de sua gravidez. A estudante morre no parto. Por vingança, o marido injuriado substitui um ao outro os récem-nascidos. Nicole educa sem saber, o filho de sua rival enquanto o seu filho fica aos cuidados de uma criada.  Mais tarde o lar se reconciliará  e os dois meninos serão criados juntos. Um retrospecto nos faz descobrir pouco a pouco a verdade sobre a vida dupla de François. Este melodrama romântico extraído de uma peça de Henri Duvernois e Pierre Wolff, escrita em 1924 e já levado à tela em 1931 pela Pathé-Natan sob direção de Léonce Perret, era um tanto antiquado no pós-guerra, mas Tourneur soube manter o espectador interessado no desenrolar da trama, que compreeende vários retrospectos e mistura crueldade e ternura com equilíbrio.

Paul Meurisse e Simone Signoret em L’ Impasse de Deux Anges

Em L’Impasse des deux Anges (produzido pela B.U.P. – British Unity Pictures Francaise), Marianne (Simone Signoret), vedete do music-hall, vai abandonar o mundo do teatro, para se casar com o riquíssimo marquês Antoine de Fontaine (Marcel Herrand). Na recepção das núpcias, ela se depara com Jean (Paul Meurisse), seu antigo amante, especialista em abrir cofres, encarregado de roubar o valioso colar de diamante que lhe foi oferecido pelo seu futuro esposo. Marianne decide acompanhá-lo em um passeio nostálgico por Paris, inclusive o antigo hotel de sua primeira noite de amor situado no Impasse des Deux-Anges (ruazinha do Quartier Latin próxima da igreja Saint-Germain des Prés) e o café, onde bebem seu último copo de vinho, antes dele partir para a prisão (o que Marianne ignorava). Eles são perseguidos pelos capangas do chefe do bando criminoso, que ordenou o roubo. Finalmente, ele levará Marianne de volta para casa, onde ela reencontrará seu marido aristocrata enquanto que Jean irá conscientemente se deixar matar pelos bandidos. Neste relato, elementos ao mesmo tempo psicológicos e policiais se combinam para formar um filme muito lento, pois Tourneur não soube lidar com essas duas tendências: o filme é vagaroso para um drama policial e pouco profundo para um estudo psicológico. Entretanto, com a ajuda da cenografia de Jean d’Eaubonne e da fotografia de Claude Renoir, o diretor conseguiu criar uma atmosfera melancólica (que é a principal característica do espetáculo), utilizando inclusive um recurso muito sugestivo: nosflashbacksdo passado, ele filmou os protagonistas com sua silhuetas em sobreimpressões, como se fossem fantasmas, fazendo com que as cenas em que podemos vê-los juntos e felizes pareçam etéreas e irreais.

Pouco depois do lançamento do seu último filme, Maurice Tourneur foi vítima de um acidente grave. Ele viajava de automóvel na companhia de Pierre Blanchar, quando uma mala se desprendeu do teto do carro. Tourneur desceu para apanhá-la e foi atropelado por outro veículo. Levado para o hospital, teve uma perna amputada. Sem poder trabalhar, o diretor veterano ficou com dificuldades financeiras e quem o ajudou foi seu antigo assistente, Clarence Brown, que sempre o visitava e lhe mandou um cheque até o fim de sua vida. Desde pouco antes do acidente e depois, até 1954, Tourneur se dedicou à tradução francesa de romances policiais  americanos para a Série Noire de Marcel Duhamel. Faleceu em 4 de agôsto de 1961, aos 85 anos, quase esquecido.

 

 

 

SUCESSOS DE PÚBLICO NO RIO DE JANEIRO NOS ANOS 30-40

Nos anos 1930-40, no Rio de Janeiro, cinco filmes ficaram em cartaz por dez ou mais semanas no seu lançamento. Por incrível que pareça, somente um era de procedência norte-americana e não se tratava de um dos grandes filmes produzidos por Hollywood nas referidas décadas.

1º SANTA ou O DESTINO DE UMA PECADORA / SANTA / 1943.

Baseado no romance de Federico Gamboa. Produção: Minerva. Dir: Norman Foster, Alfredo Gómez de la Vega. Rot: Francisco Cabrera, Alberto B. Crevenna. Foto: Agustin Martinez Solares. Mús: Gonzalo Curiel, Mario Ruiz Armengol. El: Esther Fernández, José Cibrián, Ricardo Montalban, Victor Manuel Mendoza, Stella Inda, Fanny Schiller, Manuel Arvide, Emma Roldán, Elías Jarber, Carolina Barret. 27 semanas em cartaz. Lançado em 29 de janeiro de 1945 nos Cinemas Odeon e Ipanema; depois passou para o Império.

Após ser engravidada por um militar, Marcelino (Victor Manuel Mendoza) e perder seu filho, Santa (Esther Fernández) chega ao bordel de D. Elvira (Fanny Schiller). As mulheres do local então lhe ensinam boas maneiras e lá conhece o pianista cego, Hipólito (José Cibrian), que se apaixona por ela. Convertida em amante de El Jarameño (Ricardo Montalban), famoso toureiro, Santa está prestes a partir com ele para Espanha, quando Marcelino reaparece em sua vida.

Em janeiro de 1946 foi ao ar uma novela da Rádio Nacional, com o título de Santa, O Destino de uma Pecadora, transmitida às 20hs.

2º SEMPRE EM MEU CORAÇÃO/ ALWAYS IN MY HEART / 1942.

Adaptação da peça “Fly Away Home” de Dorothy Bennett e Irving White. Prod: Warner Bros. Dir: Jo Graham. Rot: Adele Comandini. Foto: Sidney Hickox. Mús: Heinz Roemheld. El: Kay Francis, Walter Huston, Gloria Warren, Patti Hale, Frankie Thomas, Una O’Connor, Sidney Blackmer, Armida, Borrah Minevictch e seus Harmonica Rascals. 22 semanas em cartaz. Lançado em 3 de junho de 1943 simultaneamente nos cinemas Rian e Vitória, indo logo para o Capitólio e depois também para São Luis e Carioca.

O músico Mackenzie Scott (Walter Huston) foi condenado à prisão perpétua por um crime que não cometeu. Sua esposa Marjorie (Kay Francis) disse para seus filhos (Gloria Warren, Frankie Thomas) que ele morrera e ela agora tem a chance de se casar com um homem rico, Philip Ames (Sidney Blackder). Pensando na segurança financeira de sua família, Mackenzie, durante uma visita que recebe de sua mulher, aconselha-a a se casar com Philip.  No dia seguinte, McKenzie fica sabendo que foi indultado e decide passar por sua cidade, apenas para rever os filhos e depois, partir. Ele se aproxima de sua filha Victoria (Gloria Warren), sem que a jovem o reconheça, e percebe na jovem um grande talento para a música, incentivando-a a cantar. No final, apesar de seus protestos, sua mulher e filhos insistem que McKenzie deve permanecer com eles e Philip libera Marjorie de seu noivado.

A canção  “Always in my Heart” de Ernesto Lecuona e Kim Gannon, concorreu ao Oscar, mas perdeu para “White Christmas” de Irving Berlin. O sucesso do filme nos cinemas foi reproduzido no Cine-Rádio Teatro da emissora Mayrink Veiga – PRA-9 com a radiofonização de Celestino Silveira e um elenco do qual participaram: Olga Nobre, Edmundo Maia, Jair de Thaumaturgo, Sarah Nobre, Acacia Pais dos Santos, Sagramor de Scuvero, Armando Louzada, Antonio Nobre, Luis Ayala, Simone de Morais, Paulo Moreno. Em uma segunda transmissão, Maria Sampaio, Cesar Ladeira, Souza Filho e Lidia Matos substituiram respectivamente Sagramor de Scuvero, Armando Louzada, Urbano Loes e Olga Nobre. O maestro A. Lazzoli, com a orquestra da emissora, deu também a sua contribuição, registrando-se ainda a participação de Babi Oliveira, que fez acompanhamentos ao piano e de Edú e sua gaita. Gloria Warren veio ao Brasil em agosto de 1945, onde se apresentou no Cassino Atlântico  e no Cassino Palace Hotel de Poços de Caldas.

3º SINFONIA INACABADA / LEISE FLEHEN MEINE LIEDER. / 1933.

Prod: Cine-Allianz.  Dir: Willi Forst. Rot:  W. Forst, Walter Reisch.  Foto: Albert Benitz, Franz Planer. Sup. Mús: Willy Schmidt-Gentner. El: Mártha Eggerth, Luise Ullrich, Hans Jaray, Hans Moser, Otto Tressler, Hans Olden, Os Meninos Cantores de Santo Estevão, Côro da Ópera Nacional de Viena, Orquestra Cigana Gyula Horvath. 20 semanas em cartaz. Lançado em 23 de julho de 1934 no Cinema Alhambra, onde foi exibido por 10 semanas. Depois passou sucessivamente no Glória, Pathé, Ipanema, Parisiense e outros cinemas, ficando em cartaz até janeiro de 1935

Episódio amoroso da vida do célebre compositor austríaco Franz Schubert (Hans Jaray) envolvendo a jovem condessa Esterahzy (Mártha Eggerth). Namorados apaixonados, eles curtem horas de profunda amargura, porque o pai da linda aristocrata não permitiu que seus corações se unissem pelo matrimônio.

Martha Eggerth e Hans Jaray

Em dezembro de 1934 estreou no Teatro Recreio  a revista Voto Secreto com Aracy Côrtes à frente do elenco. Um  dos números mais aplaudidos foi a paródia de Sinfonia Inacabada que os autores intitularam de Samba Inacabado, “onde Aracy pôs  à prova todo o valor de artista inigualável no gênero”.

Em agosto de 1940, Martha Eggerth e seu marido o tenor Jan Kiepura estiveram no Brasil ele, para se apresentar na temporada lírica do Teatro Municipal e ela no Cassino da Urca. Em 1941 a Cia. Dulcina-Odilon encenou a peça de Alejandro Casona “Sinfonia Inacabada”, baseada em um episódio da vida de Franz Schubert.

4º OS FILHOS MANDAM / LOS CHICOS CRECEN / 1942. Baseado na peça de Camilo Darthés e Carlos S. Damel. Prod: Lumiton. Dir: Carlos Hugo Christensen. Rot: C. H. Christensen, Francisco Oyarzábal, Julio Porter. Foto: Alfredo Traversa. Mús: George Andreani. El: Arturo Garcia Burh, Pepita Serrador, Santiago Gómes Cou, Maria Duval, Miguel Gómez Bao, Maruja Gil Quesada, Marina Marti, Quico Moyano, Aurelia Ferrer. 19 semanas em cartaz. Lançado em 28 de novembro de 1945 para inaugurar o novo Cinema São Carlos na rua Alcindo Guanabara (antigo Rio e Cineac OK que depois seria o Rivoli e finalmente Orly).

Arturo Garcia Burt e as crianças em Os Filhos Mandam

Um homem casado, Enrique Zapiola (Santiago Gomes Cou) aproveita da amizade do simplório Casenave (Arturo Garcia Burh), para fazê-lo passar por pai dos filhos que teve fora de seu matrimônio enquanto se faz passar por padrinho das crianças. Cazenave, que era um fracassado na vida e sonhava em ter um lar, se apaixona pelas três lindas criaturas, realizando-se como pai. Ele passa a viver na casa da amante de Enrique, Cristina (Pepita Serrador), que, embora contrariada, aceita sua presença por causa dos filhos. Quando o verdadeiro pai, após a morte da esposa, resolve recuperar os filhos e a amante, esta prefere ficar com Cazenave.

Em outubro de 1943, a peça espanhola de Darthés e Damel, traduzida por Armando Louzada, foi encenada no Teatro Regina do Rio com o título de “Serão Homens Amanhã”, tendo como intérprete principal Procópio Ferreira. Depois de mais de 500 representações no palco, foi transmitida com grande êxito pela Rádio Globo em forma de novela.  Na Rádio Bandeirantes foi ao ar, no programa Cinema para Você, uma radiofonização de Ivani Ribeiro.

5º CASA DE BONECAS / CASA DE MUÑECAS / 1943. Baseado na peça do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen. Prod: Estudios San Miguel. Dir: Ernesto Arancibia. Rot: Alejandro Casona. Foto: José Maria Beltrán. Mús: Julián Bautista. El: Delia Garces, Jorge Rigaud, Sebastián Chiola, Orestes Caviglia, Angelina Pagano, Alita Roman, Olga Casares Pearson, Mirtha Reid e as crianças: Jeannette Morel, Federico Iribarren e Emilio Casas Novas. 15 semanas em cartaz. Lançado em 30 de outubro de 1945 no Cinema Pathé.

Desafiando as convenções sociais do século dezenove, uma mulher casada, Nora (Delia Garcés) abandona a casa, os filhos e o marido Oswaldo (Jorge Rigaud), ao perceber que foi sempre reprimida, primeiro pelo pai  e depois pelo marido. Ela se dscobre como pessoa e se recusa a continuar a ser apenas uma boneca. O adaptador, A. Casona, preferiu utilizar um final feliz alternativo com a volta de Nora ao lar.

Os outros dois filmes que ficaram em cartaz por longo tempo nos cinemas lançadores do Rio, nas décadas acima referidas, foram grandes produções norte-americanas.

6º POR QUEM OS SINOS DOBRAM / FOR WHOM THE BELLS TOLL / 1943. Baseado no romance de Ernst Hemingway. Prod: Paramount. Dir: Sam Wood. Rot: Dudley Nichols. Foto: Ray Rennahan, Mús: Victor Young. El: Gary Cooper, Ingrid Bergman, Arturo de Córdova, Akim Tamiroff, Vladimir Sokoloff, Mikhail Rasumny, Fortunio Buonanova, Victor Varconi, Katina Paxinou, Joseph Calleia. 9 semanas em cartaz. Lançado em 6 de setembro de 1944 em pré-estréia no Cinema Pathé.

Durante a Guerra Civil Espanhola, o americano Robert Jordan (Gary Cooper) combate na Brigada Internacional contras as forças do General Franco. Como tem  muita experiência como dinamitador, é desginado para atravessar as linhas inimigas e destruir um ponte com a ajuda de um grupo de guerrilheiros anti-franquistas. Durante a missão, ele se apaixona pela jovem Maria (Ingrid Bergman), cujos pais foram mortos pelos franquistas. No desenlace, Jordan, ferido gravemente na perna, despede-se de Maria, assegura-se de que ela encontre a segurança com os guerrilheiros sobreviventes, e fica sozinho, armado de uma metralhadora, aguardando os soldados franquistas.

O filme foi indicado para o Oscar em nove categorias (Melhor Filme, Melhor Ator e Atriz, Melhor Ator e Atriz Coadjuvantes, Direção de Arte, Montagem, Canção), mas somente Katina Paxinou foi laureada como atriz coadjuvante.

7º … E O VENTO LEVOU / GONE WITH THE WIND / 1939. Baseado no romance de Margaret Mitchell. Prod: Selznick International Pictures – M-G.M. Dir: Victor Fleming. Rot: Sidney Howard. Foto: Ernest Haller, Ray Rennahan. Mús: Max Steiner. El: Vivien Leigh, Clark Gable, Leslie Howard, Olivia De Havilland, Thomas Mitchell, Hattie McDaniell, Butterfly McQueen, Evelyn Keyes, Ann Rutherford, Barbara O’Neil, Ona Munson, Laura Hope Crews, Victor Jory, George Reeves, Eddie “Rochester” Anderson, Jane Darwell, Ward Bond, Oscar Polk. 8 semanas em cartaz. Lançado em pré-estréia em 12 de setembro de 1940 no Cinema Metro (na rua do Passeio). Foi reapresentado comercialmente nos cinemas nos anos cinquenta, sessenta, setenta, oitenta e noventa (em Metroscope e depois em 70mm) sempre com muito sucesso. A ação se passa no período da Guerra da Secessão Americana e da era da Reconstrução dos Estados Unidos, contando a história de Scarlett O’ Hara (Vivien Leigh), jovem de temperamento forte, filha de Gerald O’Hara, proprietário de uma plantação na Georgia (Thomas Mitchell), sua perseguição romântica de Ashley Wilkes (Leslie Howard), que se casa com sua prima Melanie Hamilton (Olivia de Havilland), e seu subsequente casamento com Rhett Butler (Clark Gable).

O filme ganhou o Oscar em oito categorias: Melhor Filme, Diretor (VIctor Fleming), Atriz (Vivien Leigh), Atriz Coadjuvante (Hattie McDaniell), Roteiro (Sidney Howard), Fotografia em Cores (Ernest Haller, Ray Rennahan), Direção de Arte (Lyle Wheeler), Montagem (Hal C. Kern, James E. Newcom). Foram concedidos um Prêmio Especial para William Cameron Menzies pelo emprego da cor na dramatização das cenas  e um Prêmio Técnico para Don Musgrave e Selznick International Pictures “pelo pioneirismo no uso de equipamentos coordenados na produção de … E O Vento Levou”.

Lima Duarte e Maria Fernanda

Em maio de 1942, a Rádio Mayring Veiga levou ao ar, no Programa Romance do Mês, uma radiofonização de … E O Vento Levou feita por Carlos Medina. Em 1956, a TV Tupi São Paulo transmitiu ao vivo no teleteatro TV de Vanguarda, uma versão do mesmo filme com direção de Dionísio de Azevedo e Luiz Gallon e texto de D. Azevedo. No elenco: Maria Fernanda (Scarlet O’Hara); Lima Duarte (Rhett Butler), Lia de Aguiar (Melanie Hamilton), Fábio Cardoso (Ashley Wilkes), Jaime Barcelos (Gerald O’Hara).

Vicente Celestino em O Ébrio

Adendo: Graças a Eustáquio Nardini, que me honra sempre com sua visita, tenho a oportunidade de fazer um esclarecimento. Minha intenção foi abordar somente os filmes estrangeiros, mas devia ter mencionado isto no título do artigo.  Mea culpa. Eustáquio estranhou a ausência do filme brasileiro O Ébrio, lançado em 28 de agosto de 1946 nos cinemas Vitória, América, Madureira, Floriano e Pirajá. Nos cinemas lançadores o filme nã.o ficou mais de 5 semanas, porém continuou sendo exibido por vários anos em outros cinemas por todo o país. Em setembro de 1946, Vicente Celestino e Gilda de Abreu encenaram a peça O Ébrio no Teatro João Caetano.  Em 1996, o filme foi restaurado e relançado pela Riofilme.

JOÃO VILLARET

Ele foi uma das maiores figuras do teatro e do cinema português, apresentando-se também em boates, rádio e televisão (onde costumava ser acompanhado ao piano pelo seu irmão Carlos Villaret). Ator e declamador dotado de uma sensibilidade e intensidade de expressão notáveis, dominou admiravelmente a difícil arte de recitar poesia. “Não digo versos; procuro reproduzir o momento de angústia, de alegria, de revolta que o poeta sentiu ao escrever o seu poema. Recitando, encontro a plena libertação, pois dou-me esse infinito gosto de interpretar aquilo que amo e que me tocou profundamente”.

João Villaret

João Henrique Pereira Villaret (1913 – 1961) nasceu em Lisboa, filho do médico Frederico Villaret e de D. Josefina Gouveia da Silva Pereira. A vocação artística manifestou-se nele em tenra idade, mas não sem se deparar com a incompreensão da família e depois da diretora do Anglo-Portuguese College, que resolveu excluí-lo, na última hora, de uma récita escolar,  alegando total falta de jeito para representar o papel que lhe fôra atribuído.

Concluída a instrução primária, ele ingressou no Liceu Passos Manuel, onde teve, por sorte, uma professora, D. Amália, que reconheceu sua capacidade ao ouví-lo ler Os Lusíadas. Em 1928, ainda antes de completar quinze anos de idade, tomou a decisão de concorrer ao curso de representação dramática do Conservatório Nacional de Lisboa, onde se diplomou em julho de 1931. Em outubro, foi convidado a ingressar na companhia Rey Colaço-Robles Monteiro (Amélia Rey Colaço e seu marido Robles Monteiro), concessionária do Teatro Nacional (então denominado Almeida Garrett) e estreou no palco em 16 de outubro de 1931 na peça Leonor Teles de Marcelino Mesquita, interpretando o papel do cronista Fernão Lopes, contracenando com Palmira Bastos, Raul de Carvalho e Antônio Pinheiro.

João Villaret

Villaret permaneceu nessa companhia até 1944, atuando em uma quantidade enorme de espetáculos dos mais variados autores (v. g. Ciclone de Somerset Maugham; Frei Luis de Souza de Almeida Garrett, Guerras do Alecrim e da Manjerona de Antonio José da Silva, o Judeu; Auto da Barca do Inferno e Todo Mundo e Ninguém de Gil Vicente; A Ceia dos Cardeais de Julio Dantas; A Dama das Camélias de Alexandre Dumas Filho; Maria Stuart de Friedrich Schiller; o Conde Barão de Ernesto Rodrigues; Sonho de Uma Noite de Verão de William Shakespeare; A Madrinha de Charley de Brandon Thomas; Electra e os Fantasmas de Eugene O’Neill; As Sabichonas de Molière).

João Villaret

Em 1939, Villaret partiu com a companhia para o Brasil em uma temporada em São Paulo e Rio de Janeiro, encenando no Rio: São João Subiu ao Trono de Carlos Amaro, O Segredo de Henry Bernstein, Topaze de Marcel Pagnol, Um Judeu de Raimundo Magalhães Junior; A Conspiradora de Vasco de Mendonça Alves. Em 1941, de volta a Portugal, Villaret fez um grande recital de poesia no palco do Teatro Nacional, obtendo enorme sucesso e ganhando fama como declamador. No mesmo ano, iniciou-se como ator de revista, tendo sido co-autor de algumas delas (v. g. A Nossa Revista em parceria com Maria Clementina; Diz-se por Música em co-autoria com Lucien Donnat).   Em 1942, ele acaba o ano no Teatro Avenida com a revista do empresário Rosa Mateus, Belezas de Hortaliça de Fernando Santos, Almeida Amaral e Lourenço Rodrigues. É um novo sucesso especialmente em um número evocativo de velhos êxitos da canção francesa em que Villaret piscava o olho para o público e cantava, em malicioso subentendido, “Aquele a quem dou tudo, tudo a sorrir, c’est mon homme, e a quem dou la chemise, se ele um dia ma pedir, c’est mon homme” (alusão  dissimulada a Salazar).

Em setembro de 1944, Villaret transferiu-se para o Teatro Trindade, seduzido pela companhia Os Comediantes de Lisboa, erguida por Francisco Ribeiro e Antonio Lopes, sem no entanto abandonar as revistas. A mais popular de todas foi Tá Bem Ou Não Tá? (Teatro Avenida, 1947), onde popularizou o Fado Falado, um recitativo sobre melodia de fado onde a letra, em vez de ser cantada, era declamada. Na Comediantes ele fez, entre muitas outras, as peças Miss Ba de Rudolf Besier; Fanny de Marcel Pagnol; A Mensageira dos Deuses de Jean Giraudoux; Pigmaleão de Bernard Shaw; O Urso de Anton Tchecov; Não o Levarás Contigo de Moss Hart e Kaufmann; O Cadáver Vivo de Leon Tolstoi; Casa de Boneca de Henrik Ibsen; Rebeca de Daphne du Maurier.

Em 1948, Villaret voltou ao Brasil integrando (com Irene Isidro, Ribeirinho, Antonio Silva, Saluquia Rentini, Carlos Alves e outros) a Companhia Portuguêsa de Revistas e Operetas do Teatro de Variedades de Lisboa, que apresentou as revistas Alto Lá Com o Charuto, Se Aquilo Que a Gente Sente (na qual Villaret interpretava o número “O Fantasma da Ópera” em que D. Carlos I, o velho rei assassinado, comenta a atualidade), Tiro-Liro-Liro, Tá Bem ou Não Tá e as operetas Nazaré e Ribatejo.

Além de atuar no teatro, Villaret executou vários recitais de poesia e até um programa na Rádio Globo PRE-3 intitulado Teatro do Sonho, revelando-se excelente rádio-ator ao lado de Maria Sampaio na peça Ciúmes de Amaral Gurgel. Nos seus recitais, Villaret declamava poemas em vários idiomas de autores de várias épocas como D. Diniz, Camões, Ovidio, Gonçalves Crespo, Eugenio de Castro, Catulo da Paixão Cearense, Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira, Garcia  Lorca, Augusto Gil; Kipling; Antonio Lopes Ribeiro; Antero de Quental; Luis de Gongora; Fernando Pessoa; Miguel Torga, Augusto Gil, Antonio Boto; Mario de Sá Carneiro; Antonio Nobre etc.

A respeito de um de seus recitais, escreveu Bandeira Duarte, crítico do Diário da Noite, o seguinte: “Não foi apenas um artista que tivemos conosco no pequeno tablado da Casa do Estudante . Foi um conjunto de figuras dramáticas, uma para  cada número do programa. Nós o ouvimos de joelhos, porque é de joelhos que se ouvem as vozes como a sua. E aplaudimo-lo de pé porque é assim que se aplaudem os artistas de sua altura”.

Irene Izidro

Apenas para dar uma idéia do conteúdo das revistas e do seu êxito em nosso país, vejamos o que escreveu o comentarista de teatro de A Scena Muda, João José, na época: “A Companhia Portuguêsa de Revistas estreou no Carlos Gomes com grande successo. A revista Alto Lá Com o Charuto nada tem que justifique o título, mas agradou inteiramente a platéia que tem ido ao Carlos Gomes. O público divertiu-se bastante com Ribeirinho e seu tambor, João Villaret cantando “C’est mon homme” e Irene Isidro fazendo com graça muito especial o número Franklin de Oliveira. Os melhores números da revista são, indiscutivelmente, o baile regional “O Corridinho”, verdadeira maravilha de dinamismo, de exatidão, de perfeição coreográfica, bisado ruidosamente pela platéia; o “Fado Falado”, numa interpretação dramática de João Villaret, mestre da boa declamação; A Mulher dos Ruídos” por Irene Isidro; “Margarida vai à fonte”, em esplêndido arranjo orfeônico, também bisado; e “Drama de Amor, um engraçadíssimo “sketch” cine-teatral, cuja idéia é de ser facilmente  ser identificada pelos fãs do velho cinema no filme de Buster Keaton, Sherlock Junior, história de um operador cinematográfico que “entra” na tela para salvar a mocinha em perigo e para descobrir o criminoso, quando a projeção  já vai bastante avançada … Mas também foram engraçados esse dois artistas em outros números, inclusive no “travesti” das criadas. Ribeirinho é um primo-germano de Oscarito, possuindo mais ou menos os mesmos méritos histriônicos e a mesma escola de fazer rir. Carlos Alves, no “compère”, fez um esforço físico e artístico tremendo. Maria Adelina com uma linda cara de boneca; Saluquia Rentini, que se esforça para seguir os passos de Beatriz Costa; Eunice Colbert, muito bonita e elegante, lembrando a nossa Regina Maura de outrora; Virginia de Noronha, uma figura morena e simpática, também se destacaram no espetáculo. A fadista, Marcia Condessa, como as outras, que nos tem visitado. O tenor Domingos Marques, um Vicente Celestino lusitano … No intervalo, entre o primeiro e o segundo ato, Maria Sampaio fez um breve discurso em nome dos seus colegas da Companhia Portuguesa de Revistas, pedindo uma salva de palmas para David Serrador, o empresário que a trouxe ao Rio, para satisfação da colônia portuguêsa e da nossa platéia. Foi também aclamado o diretor da companhia, Sr. Piero e calorosas ovações foram feitas a Irene Isidro, João Villaret, Antonio Silva e Ribeirinho. Uma noite de sucesso. E o início de uma temporada que será sensacional.”

De volta a Portugal, em 1949, Villaret aparece na revista Feira da Avenida, a última a ser produzida por Piero, antes de fugir do país deixando sua empresa na falência.  E o ator-declamador volta a partir: recitais na Madeira, nos Açores e de novo no Brasil, onde expôs seu talento no Teatro Glória em Guitarras e Violões ao lado do cantor italiano Bonino, do imitador Carlos Gil, de Catalano e Jurema Magalhães. Depois, parte para uma tournée por Angola e Moçambique, que dura de julho a novembro de 195O. A poesia é agora o seu modo de vida primordial, com colossal sucesso, onde quer que atue.

Villaret, Samaritana Santos e Fernanda Montenegro em Está Lá Fora um Inspetor

Só regressa ao teatro em abril de 1951 com Está Lá Fora Um Inspetor de J. B. Priestley e logo depois com Andam Ciúmes no Ar de José Lopez Rubio, ambas encenadas no Teatro Avenida. Em novembro ele está no elenco que inaugura o Teatro Monumental com a opereta As Três Valsas de Albert Willemetz e Leopold Marchand. Em 1952, faz também a primeira revista desse novo teatro – Lisboa Nova, de Fernando Santos e Almeida Amaral, onde criará um outro número que se tornou célebre: “A Vida É Um Corridinho”. Ainda nesse ano interpreta, sempre no Teatro Monumental, O Homem Que Veio Para Jantar de Moss Hart e George Kaufman – e volta a partir para o Brasil.

Em 1952, Villaret assinou contrato com a Cia. Comédia Carioca, estreando no Teatro Serrador em Loucuras do Imperador de Paulo de Magalhães, tendo como companheiros de cena Fernanda Montenegro, Lucilia Peres, Samaritana Santos, Osvaldo Louzada, Idala Barros. Seguiram-se duas apresentações inesquecíveis: Le Roi David, no Teatro Municipal, salmo sinfônico de Arthur Honegger no qual Villaret era o narrador e Está Lá Fora Um Inspetor de J. B. Priestley, encenada no Teatro Serrador, na qual Villaret é o Inspetor Goole, acompanhado no elenco por Sadi Cabral, Fernanda Montenegro, Samaritana Santos, Osvaldo Louzada, Antonio Patino e Natalio Cruz. Nessa ocasião, o renomado ator trabalhou também na Boate Casablanca no espetáculo Como É Diferente o Amor em Portugal, produzido por Carlos Machado, tendo a seu lado Silvia Fernanda e Grande Otelo e no Teatro Follies em Carroussell de 1953, no qual participaram Colé, Nelia Paula e Anilza Leoni. Em dezembro de 1953, encanta a platéia do Teatro Municipal juntamente com outros dois grandes atores Sergio Cardoso e Jaime Costa em A Ceia dos Cardeais de Julio Dantas. Vilaret fez o Cardeal Gonzaga de Castro; Sergio Cardoso foi o Cardeal Montmorency e Jaime Costa o Cardeal Rufo.

Cena de A Ceia dos Cardeais

Dessa viagem trouxe o texto de uma peça  – Esta Noite Choveu Prata, de Pedro Bloch uma das representações mais marcantes de sua enorme versatilidade e que mais fascinou o público, interpretando três papéis distintos (um em cada ato): Francisco Rodrigues -comerciante português; Pedro Bonardi – músico italiano; e Camilo – ator brasileiro.

Em 1955 e 1956 continuou a fazer declamações no âmago das revistas como ocorreu em Melodias de Lisboa e Não Faças Onda, dois grandes sucessos. Em 1957, ele parte para uma excursão na Argentina, representando Esta Noite Choveu Prata em castelhano e, na viagem de regresso, passa vários meses no Brasil, fazendo recitais, televisão e também representações dessa mesma peça no Teatro Copacabana. No mesmo ano e no mesmo teatro, fez Ardèle ou le Marguerite de Jean Anouilh (traduzida por Elsie Lessa como É De Amor Que Se Trata) com Morineau, Delorges Caminha e Laura Suarez, repetiu Esta Noite Choveu Prata em uma só récita e participou de um espetáculo na Boite Beguin ao lado de Mimi Gaspar.  Em 16 de outubro de 1957, Villaret recebeu no Itamarati a insígnia da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.

Villaret em A Ratoeira

Em 1959, mais uma vez na sua pátria natal, ele atua na sua última revista – Champagne Saloio – no Teatro Variedades e interpreta Patate de Marcel Achard no Teatro Avenida. Em 1960, estréia a sua peça derradeira, A Ratoeira de Agatha Christie, no Teatro Monumental. João Villaret faleceu prematuramente no auge da glória  em Lisboa a 21 de janeiro de 1961.

No cinema, Villaret participou de 8 filmes de longa-metragem: Bocage / 1936 de Leitão de Barros no qual coube-lhe o papel do príncipe regente D. João (futuro rei D, João VI); O Pai Tirano / 1941 de Antônio Lopes Ribeiro, em uma breve aparição como um pedinte mudo; O Violino do João / 1944 de José Braz Alves no papel do russo Pedro Derminova; Inês de Castro / 1945 de Leitão de Barros, onde fez o bobo Martim; Camões/ 1946, também de L. de Barros, onde desempenhou o papel de outro rei, D, João III;Três Espelhos / 1947, co-produção luso-espanhola realizada por Ladislao Vajda, surgindo como o inspetor Moisés; Frei Luis de Souza / 1950 de Antônio Lopes Ribeiro, no qual interpretou o aio Telmo Pais; A Garça e a Serpente / 1952 de Arthur Duarte, como Cristovão de Miranda; e O Primo Basílio / 1950 de João Mendes, no papel do bom Sebastião. No documentário Mar Português / 1950 de João Mendes, recitou (em voz-off) poemas de Luís de Camões, Antônio Nobre, Guerra Junqueiro, Fernando Pessoa e Alberto Rebelo de Almeida.

Cena de Frei Luis de Souza

Jorge Leitão Ramos no seu Dicionário do Cinema Português 1895-1961 (Editorial Caminho, 2011), de onde colhí informações sobre as atividades de Villaret em Portugal, disse com toda razão que ele “era um gigante da arte de representar e nada do que fêz no cinema testemunha isso; porém creio que os papéis que lhe deram, salvo o de Telmo Pais em Frei Luis de Souza, não lhe permitiram grandes vôos.

ROBERT FLOREY

Como uma lista de seus filmes demonstra claramente, ele não era um grande cineasta, mas não se pode negar sua contribuição para a História do Cinema Americano. Durante quase meio século de atividade cinematográfica, de 1916 a 1963, dirigiu 65 filmes de longa-metragem e 225 filmes de televisão, sobressaindo na sua carreira a criação de alguns dos primeiros filmes de vanguarda americanos; a contribuição para o primeiro tratamento de Frankenstein / Frankenstein / 1931 de James Whale; co-direção com Joseph Santley do primeiro filme dos Irmãos Marx, No Hotel da Fuzarca / The Cocoanuts / 1929 e de Monsieur Verdoux / Monsieur Verdoux / 1947 com Charles Chaplin; direção de clássicos do horror como Os Assassinatos da Rua Morgue / Murders of the Rue Morgue / 1932, A Máscara de Fogo / Face Behind the Mask / 1941, Os Dedos da Morte / The Beast With Five Fingers / 1946; direção de bons filmes de vários gêneros realizados com poucos recursos (assinalados mais adiante por um asterisco); episódios de Twilight Zone, Alfred Hitchcock Presents, Outer Limits e inúmeras outras séries. Além disso, ele foi o primeiro diretor-historiador de Hollywood (v. g. “Hollywood D’Hier et D’Aujord’Hui”) e trabalhou em vários países – México, Inglaterra, França, e Alemanha – e na maioria dos grandes estúdios de Hollywood.

Robert Florey

Robert Florey (1900-1979) nasceu em Paris. Seu pai faleceu pouco depois de seu nascimento. Sua mãe casou-se de novo, porém morreu dentro de poucos anos, deixando o menino sem parentes, a não ser a família de seu padrasto. Este cuidou de sua educação e, quando Florey teve problemas de saúde, ele o matriculou na École Professionelle de Géneve.  Quando fez dezesseis anos, o padrasto faleceu, e o rapaz teve que deixar a escola.

O cinema ainda estava na sua infância na Suiça, mas Florey logo se envolveu na indústria cinematográfica, primeiramente trabalhando na colocação de intertítulos em filmes estrangeiros da Select Film de Genebra (além de exercer o jornalismo, trabalhar no teatro e ainda encontrar tempo para interpretar um detetive no filme de Alfred Lind, Le Cirque de la Mort /  1916) e depois formando uma companhia produtora com um grupo de amigos e a ajuda do produtor-cameraman-ator Leon Tombet, que tinha muita experiência na filmagem de travelogues sobre a paisagem campestre da Suiça.

Durante a Primeira Guerra Mundial, os filmes de Charles Chaplin faziam successo e a Tombet Films decidiu fazer um filme imitando o estilo de Chaplin. O papel principal foi entregue ao acrobata Walter Gfeller, conhecido como o “Carlitos Suiço”. Tombet dirigiu e Florey forneceu o roteiro deste filme burlesco em dois atos, intitulado Isidore a la Deveine, atuando também como ator e cameraman. Após dois meses de cuidadosa preparação, a Tombet Films realizou Une Heureuse Intervention, provavelmente o primeiro filme de longa-metragem suiço. Apesar de seus cinco rolos de duração, o filme foi completado em apenas oito dias com um orçamento de 350 dólares. Florey escreveu o roteiro deste melodrama sentimental sobre um jovem esportista que, salvando uma jovem de um bando de ladrões, começa a conquistá-la, libertando-a de um noivo covarde. O crédito oficial da direção coube a Tombet, mas Florey, além de atuar mais uma vez também como ator e cameraman, dirigiu algumas cenas. No mês seguinte, foi feito um novo filme chapliniano, Isidore Sur le Lace, desta vez, Florey foi autorizado a dirigir seu próprio roteiro.

Ansioso por aprender mais em uma firma líder na indústria de cinema, Florey deixou Genebra e, em 1921, arranjou emprego no estúdio Gaumont em Nice com Louis Feuillade, que estava dirigindo L’Orphelinee Saturnin ou le Bon Allumeur. Florey foi uma espécie de faz-tudo, percorrendo diversos bairros para despertar os atores, geralmente mal humorados; entrando nos bares para escolher figurantes; correndo para o estúdio a fim de transmitir para os aderecistas as novas ordens do diretor; ou substituindo algum ator ou figurante que estivesse faltando no último minuto antes do início da filmagem.

Enquanto trabalhava no estúdio, Florey continuou sua carreira jornalística, escrevendo na revista Cinemagazine. O conhecimento e o interesse do jovem pelo cinema impressionou aqueles que ele entrevistava, inclusive Max Linder, que o incentivou a tentar a sorte nos Estados Unidos. Prometendo escrever artigos sobre os astros de Hollywood, Florey obteve ajuda financeira de seu editor, Jean Pascal, e partiu para a América.

John Gilbert, Lillian Gish e o diretor King Vidor na filmagem de Monte Cristo

Ao chegar em Hollywood, Florey dirigiu-se ao estúdio da Fox e, como não havia guardas no portão, foi entrando, Quando parou para ver a equipe de Monte Cristo (filme de 1922 com John Gilbert) em ação, ficou tão desapontado pela incorreção da atmosfera francêsa, que se colocou em frente das duas câmeras e interrompeu a filmagem. Por sorte, o fotógrafo era um outro emigrado francês Lucien Andriot. Entendendo o protesto do jovem, Andriot conseguiu convencer o diretor, Emmett J. Flynn, de que Florey não deveria ser expulso do set, mas contratado como consultor técnico.

Quando a filmagem de Monte Cristo terminou, Florey tornou-se um gag writer para as Comédias Sunshine de Al St. John e algumas vêzes era chamado para fazer umas breve aparições como, por exemplo, o xerife em Straight to the Farm / 1922. Ele logo se tornou amigo dos astros que entrevistava para a Cinemagazine e de toda a colônia francêsa. Em novembro de 1922, foi contratado como diretor de publicidade internacional de Mary Pickford e Douglas Fairbanks, encarregando-se das cartas dos fãs, escrevendo os intertítulos francêses de Robin Hood / Robin Hood / 1922 e escrevendo mais tarde o livro “Douglas Fairbanks, sa vie, ses films, ses aventures” (Paris, Ed. Jean Pascal, 1926). Florey ficou íntimo da dupla famosa, do fotógrafo Paul Ivano e de Rudolph Valentino, que o convidou para ser seu assessor de imprensa. Nesta função, Florey viajou pelos Estados Unidos e pela Europa.

Ao retornar para Hollywood, Florey e Paul Ivano, com o auxílio financeiro do empresário Humphrey Birge, fundaram uma produtora independente, Imperial Films, cujo primeiro filme, Fifty-Fifty / 1923, comédia de dois rolos com o ator francês Maurice de Canonge, ficou poucos dias em cartaz em Los Angeles e não encontrou distribuidor. A esta altura, Florey havia escrito mais dois livros sobre Hollywood (“Filmland – Los Angelès et Hollywood les capitales du cinéma” e “Deux ans dans les studios américains”) e iniciou uma série de biografias sobre Pola Negri, Charles Chaplin e Adolphe Menjou, todas escritas em francês e publicadas em Paris. Florey então tornou-se assistente de direção de Louis J. Gasnier no filme Vinho Capitoso / Wine / 1924 da Universal e, em junho do mesmo ano, foi para o Canadá com Charles de Rochefort, para produzir peças curtas e esquetes em francês.

Robert Florey e Charles Chaplin

Voltando ao cinema em outubro, ele foi assistente do diretor Alfred Santell em Noites Parisienses / Parisian Nights na F.B.O., onde conheceu Josef von Sternberg e, pelos próximos anos, continuou trabalhando como assistente de diretor e consultor técnico. Seu cuidado e atenção para o detalhe ao criar atmosferas européias, particularmente na Metro-Goldwyn-Mayer, mereceu muitos elogios. Entrementes, von Sternberg, que havia sido contratado pela MGM, pediu a Florey que fosse seu assistente em Amor, Vício e Virtude / The Masked Bride com Mae Murray; porém o estúdio não gostou do trabalho de Sternberg e Christy Cabanne terminou o filme. De todos os diretores dos quais foi assistente, von Sternberg foi que mais exerceu influência sobre Florey, principalmente no que concerne à iluminação e ao uso de sombras.

Durante os oito meses seguintes, Florey dirigiu testes e serviu como consultor técnico na MGM. Ele prestou assistência a Christy Cabanne em Monte Carlo / Monte Carlo / 1926; Edmund Goulding em Uma Aventura em Paris / Paris / 1926; Robert Z. Leonard em A Vida é uma Comédia / Time the Comedian / 1925 e Vingança da Esposa / Dance Madness / 1926; Phil Rosen em Ele e a Cigana / The Exquisite Sinner / 1926; John M. Stahl em O Adorável Mentiroso / The Gay Deceiver / 1926 e King Vidor em O Grande Desfile / The Big Parade / 1925, La Bohème / La Bohème / 1926 e O Cavalheiro dos Amores  / Bardelys the Magnificent / 1926.

Com sua variada experiência, Florey sentiu-se capaz de se tornar um diretor de longas-metragens e solicitou uma promoção aos executivos da MGM. Estes, no entanto, aconselharam-no a começar com uma produção independente, e lhe arrumaram uma posição na Tiffany. Chegando lá, foi informado de que, o que estavam precisando mais, era de um roteirista. Ele escreveu o roteiro de O Direito de Viver / That Model from Paris / 1926, mas quando o diretor, Louis J. Gasnier, ficou doente, foi chamado para substituí-lo – sem receber crédito por nenhuma de suas duas intervenções. Satisfeito com o seu trabalho, os executivos da companhia lhe entregaram a direção de Conquistado à Força / One Hour to Love / 1927, estrelado por Jacqueline Logan, um dos filmes mais importantes do estúdio.

Como o programa da Tiffany para o ano já estava quase completo, não havia mais trabalho diretorial disponível no estúdio e assim Florey decidiu aceitar um trabalho na Fox, ajudando Frank Borzage a preparar o clima da Paris na Primeira Guerra Mundial para O Sétimo Céu / 7thHeaven / 1927. Depois disso, foi para a Samuel Goldwyn Company, tornando-se primeiro assistente do diretor Henry King em Chama do Amor / The Magic Flame. Em seguida, preparou uma adaptação do romance “The Houseboat on the Styx”, a qual envolvia uma multidão de personagens históricos, que seriam interpretados pelos top stars da companhia: Douglas Fairbanks como D’Artagnan; Mary Pickford como Mary Stuart; Charles Chaplin, Hamlet; John Barrymore, François Villon; Gloria Swanson, Cleopatra; Norma Talmadge, Madame du Barry. Florey ainda sugeriu que Ernest Lubitsch interpretasse Napoleão, porém o projeto não vingou, porque o diretor Emmett Flynn, dono dos direitos de adaptação, pediu um preço muito alto.

A Idade Romântica / The Romantic Age, feito para a Columbia, marcou o retorno de Florey à direção, seguindo-se Face Value na Sterling Pictures, companhia independente chefiada por Joe Rock e baseada na Universal. Florey continuou na Universal, tornando-se gagman e assistente de William Beaudine na comédia Forasteiros em Paris / The Cohens and the Kellys in Paris / 1928 (atuando também como diretor de segunda unidade) e voltou  a ser assistente de direção de Henry King em  Pecadora sem Mácula / The Woman Disputed / 1928.

Life and Death of 9413

Os quatro curtas experimentais que Florey fez entre 1927 e 1929  – The Life and Death of 9413 – a Hollywood Extra e seus três sucessores, The Loves of Zero, Johann the Coffin Maker e Skyscraper Symphony – marcaram o início de sua carreira como diretor com uma evidente influência do expressionismo e da vanguarda. Em The Life and Death of 9413, o melhor dos três, Florey assinou a direção e a montagem com Slavo Vorkapich e ambos cuidaram da fotografia juntamente com Paul Ivano e Gregg Toland.

The Love of Zero

O sucesso de Florey com os filmes de vanguarda despertou a atenção dos executivos da Paramount-Famous Players Lasky, que estavam à procura de novos talentos para realizar seus primeiros filmes falados. Como virtualmente ninguém tinha experiência com o novo meio do cinema sonoro, Florey tornou-se subitamente tão qualificado como diretor  quanto os outros colegas mais antigos na indústria. Assim, foi contratado e enviado para o velho estúdio Astoria em Long Island, que fôra reaberto para facilitar as filmagens com os astros e estrelas dos palcos de Nova York. O supervisor do estúdio, Monta Bell, precisava de um jovem diretor capaz de descobrir rostos fotogênicos com vozes adequadas aos filmes, para substituir os atores que não pudessem mais serem “utilizados”. O próximo passo seria testar alguns dos aprovados em um ou até dois shorts de um ou dois rolos. Florey filmou duas dúzias deles e finalmente recebeu a incumbência de filmar:  Night Club / 1928, musical dramático com mais de vinte astros da Broadway; The Pusher-in-the-Face / 1928, comédia dramática baseada em um conto de F. Scott Fitzgerald; e um travelogue, Bonjour New York / 1928, mostrando Maurice Chevalier e sua esposa Yvonne Vallée, descobrindo as maravilhas de New York City.

Cena de O Grilhão Eterno

Cena de O Hotel da Fuzarca

O primeiro filme falado de Florey, O Grilhão Eterno / The Hole in the Wall, envolvendo gângsteres e espiritualismo, impulsionou as carreiras de Claudette Colbert e Edward G. Robinson. O segundo filme falado dele, Hotel da Fuzarca, trouxe os Irmãos Marx para a tela. Embora este filme seja visto hoje quase que exclusivamente por causa dos Marx, igualmente importante em 1929 eram as sequências musicais acompanhando várias melodias de Irving Berlin, o que obrigou Florey a dividir o crédito diretorial com Joseph Santley, um dos muitos talentos do teatro contratados pelo estúdio para trabalhar no cinema durante a transição para o som. Muitas das inovações na fotografia de sequências musicais, tradicionalmente creditadas a Rouben Mamoulian e Busby Berkeley podem ser encontradas em No Hotel da Fuzarca.

Cena de A Batalha de Paris

Após ter filmado A Batalha de Paris / The Battle of Paris / 1929 sem entusiasmo, porque o script era muito fraco, salvando-se apenas as quatro canções de Cole Porter, interpretadas pela atriz inglêsa Gertrude Lawrence, Florey voltou para a Europa, onde fez três filmes para os produtores Pierre Braunberger e Roger Richebé: A Estrada da Glória / La Route est Belle / 1929 com o barítono francês André Baugé; L’Amour Chante / 1930 com Pierre Bertin da Comédie-Française; Le Blanc et Le Noir / 1931, baseado em uma peça de Sacha Guitry com Raimu e Alerme. Enquanto dirigia A Estrada da Glória, ele supervisionou a versão espanhola, El Professor de mi Mujer e escreveu o roteiro da versão alemã, Komm zu mir zum Rendez-Vous, juntamente com o diretor Carl Boese. Quase no final da filmagem de Le Blanc et le Noir, Florey desentendeu-se com Richebé por questão de salário e foi substituído por Marc Allégret.

Cena de Os Assassinatos na Rua Morgue

Insatisfeito com o tratamento que recebeu por parte de Braumberger-Richebé, Florey voltou para os Estados Unidos e prosseguiu sua carreira americana colaborando (sem ser creditado) no roteiro de Frankenstein / Frankenstein / 1931, filme que ele esperava dirigir, mas a Universal deu preferência para James Whale. Como compensação pela perda da direção de Frankenstein, Florey recebeu a incumbência de dirigir Assassinatos da Rua Morgue / Murders in the Rue Morgue / 1932 * que, em termos de intriga, pouco tinha a ver com a obra de Edgar Allan Poe: foi inventado o personagem do Dr. Mirakle, cientista louco interpretado por Bela Lugosi e o de Pierre Dupin, jovem estudante de medicina. Da narrativa à cenografia e à fotografia nenhum outro longa-metragem de Florey foi tão influenciado pelo estilo expressionista e a colaboração com o fotógrafo Karl Freund também foi significativa, notadamente no que diz respeito à movimentação da câmera.

Florey continuou trabalhando por dois mêses na Universal, colaborando na redação de alguns scriptsde horror com Garrett Fort. No início de 1932, aceitou o convite do produtor Sam Bischoff, o novo chefão da Tiffany (rebatizada de K.B.S. e depois comprada pela World Wide), e dirigiu dois filmes nesta companhia: The Man Called Back, melodrama versando sobre a reabilitação de um médico desacreditado com Conrad Nagel, Doris Kenyon, John Halliday e Those We Love, história sentimental sobre um triângulo amoroso com Mary Astor, Kenneth MacKenna, Lilyan Tashman, sendo que o primeiro recebeu mais o aplauso dos comentaristas pela sua esplêndida atmosfera, fotografia e valores de produção.

Gene Raymond, Florey e Bette Davis na filmagem de Amante de seu Marido

Quando Bischoff comprou os direitos de uso do título do primeiro romance de Conan Doyle sobre Sherlock Holmes, Florey foi encarregado de escrever uma narrativa original que se ajustasse ao título e servisse como um meio de promoção para Anna May Wong e para o personagem Sherlock Holmes, interpretado por Reginald Owen; porém, tal como aconteceu com Frankenstein, o script caiu nas mãos de outro diretor, Edwin L. Marin. Só que, desta vez, foi o próprio Florey o responsável pela mudança, pois já estava se comprometendo com a Warner Bros., onde fez 13 filmes: 1933 – A Esposa Desaparecida / Girl Missing*; Amante de seu Marido / Ex-Lady. 1934 – Presa do Destino / The House on 56thStreet; O Nome é Tudo / BedsideAbnegação Registered Nurse; Smarty; I Sell Anything; Ladrões Internacionais / I Am a Thief. 1935 – A Mulher de Vermelho / The Woman in Red; O Punhal dos Bórgia / The Florentine Dagger*; Going Highbrow; Don’t Bet on Blondes; Liquidando Contas / The Pay-Off.

Em 1935, Florey voltou para a Paramount, assumindo a direção de 17 filmes até 1940: 1935 – Café Concerto / Ship Café. 1936 – Em Pleno Espetáculo / The Preview Murder Mystery *; Amantes Inimigos / Till We Meet Again *; Boulevard de Hollywood / Hollywood Boulevard; Vencida a Calúnia / Outcast *. 1937 – O Amor é como o Jogo / King of Gamblers *; Mountain Music; Amor nos Bastidores / This Way Please; Tráfico Humano / Daughter of Shanghai *; Verdugo de Si Mesmo / Dangerous to Know. 1938 – O Tirano de Alcatraz / King of Alcatraz *; Eva no Tribunal / Disbarred; Hotel Imperial / Hotel Imperial. 1939 – Caviar para Sua Excelência / The Magnificent Fraud *;Quem Matou o Campeão / Death of a Champion. 1940 – Mercadores do Crime / Parole Fixer *; Mulheres sem Nome Women Without Names.

Virginia Dabney, Florey, Anna May Wong e Evelyn Brent na filmagem de  Tráfico Humano

Ensaio de Amantes Inimigos

Ray Milland e Isa Miranda em Hotel Imperial

Cena de O Tirano de Alcatraz

Evelyn Keyes e Peter Lorre em A Máscara de Fogo

Cena de Rastro nas Trevas

Nas décadas de 40 e 50, Florey trabalhou para vários estúdios: Columbia: 1941 – A Máscara de Fogo / The Face Behind the Mask *; Rastro nas Trevas / Meet Boston Blackie *; Two in a Taxi. Warner Bros.: 1941 – Alarme no Atlântico / Dangerously They Live *. 1942 – Mulher Gângster / Lady Gangster (Florey considerava este o seu pior filme e tentou esconder seu envolvimento nele, usando o pseudônimo de Florian Roberts). 1943 – A Canção do Deserto / The Desert Song. 1945 – A Mão que nos Guia / God is My Co-Pilot; Sinal de Perigo / Danger Signal. 1946 – Os Dedos da Morte / The Beast With Five Fingers *. Twentieth Century-Fox: 1944 – O Último Gângster / Roger Touhy-Gangster*. Republic: 1944 –O Homem Fenomenal / Man from Frisco. United Artists: 1949 – Posto Avançado em Marrocos / Outpost in Moroco; Afrontando a Morte / The Crooked Way *; Ladrão com Alma / Johnny One Eye. RKO Radio Pictures: Tarzan e as Sereias / Tarzan and the Mermaids. Universal-International: 1948 – Legião Sinistra / Rogue’s Regiment. Emerald-Film Classics-Monogram: 1950  – The Vicious Years.

Florey e Peter Lorre na filmagem de Os Dedos da Morte

Cena de Afrontando a Morte

Florey dirigiu ainda porções de seis filmes sem receber crédito: O Direito de Viver / That Model from Paris (Tiffany, 1926, Dir: Louis Gasnier); Casino de Paris / Go Into Your Dance (First National-Warner Bros. 1935 Dir: Archie Mayo); Rosa do Rancho / Rose of the Rancho (Paramount, 1936 Dir: Marion Gering); Noites Perigosas / Bomber’s Moon (Twentieth Century-Fox. 1943 Dir: Charles Fuhr); Areias Escaldantes / Escape in the Desert (Warner Bros. / 1945 Dir: Edward A. Blatt); Aventuras do Capitão Fabian / Adventures of Captain Fabian (Republic-Silver Films, 1951 Dir: William Marshall) e foi diretor de segunda unidade de: Forasteiros em Paris / The Cohens and Kellys in Paris (Universal-Super-Jewel, 1928 Dir. William Beaudine; Glorificação da Beleza / Glorifying the American Girl (Paramount-Famous-Lasky, 1929) Dir: Millard Webb; Com Byrd no Polo Sul /  With Bird At the South Pole( Paramount, 1930);  Anna Christie / Anna Christie (Metro-Goldwyn- Mayer, 1930 Dir: Clarence Brown);  Amor por Telefone / I’ve Got Your Number (Warner Bros. , 1934 Dir: Ray Enright;  Óleo para as Lâmpadas da China / Oil for the Lamps of China / (First National-Warner Bros. / 1935 Dir: Mervyn LeRoy). Na sua folha corrida constam também duas contribuições não creditadas no desenvolvimento inicial dos scripts de Good-bye Again/ 1933 (Warner Bros., 1933 Dir: Michael Curtiz) e As Aventuras de Don Juan The Adventures of Don Juan (Warner Bros., 1948 Dir: Vincent Sherman).

Esse currículo fílmico indica que Florey merecia  ter sido ser objeto de mais atenção  do que a que vinha recebendo até pouco tempo quando, finalmente. surgiu um livro magnífico sobre o diretor:  “Robert Florey, The French Expressionist” (publicado originariamente pela Scarecrow Press, 1987 e republicado em 2014 pela Bearmanor Media) de autoria de Brian Taves (Ph.D. University of Southern California e arquivista da Library of Congreess). Foi nele que colhí informações para elaborar este post juntamente com as reminiscências do próprio Florey, em “Hollywood D’Hier et D’Aujourd’hui” (Prisma, 1948), especialmente o capítulo intitulado “Ma carrière a Hollywood”.

FORMAÇÃO DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA AMERICANA II

Os industriais que organizaram o comércio de filmes achavam que estavam fabricando um produto e esperavam que o consumidor os procurassem pelo nome de sua marca. Não reconheciam a presença do ator no cinema. Por volta de 1910, ficou óbvio que os espectadores gostavam mais de certos atores e começaram a expressar suas preferências. Mesmo assim, a identidade dos atores continuou mantida no anonimato, porque os produtores tinham receio de que o reconhecimento e o clamor do público resultasse em um pedido de aumento de salário por parte de seus contratados. Por outro lado, certos atores esperavam que sua participação nos filmes não fosse notada, com medo de que os produtores teatrais lhes pagassem menos ou não lhes dessem mais emprego, ao saberem de sua atuação em um estúdio de cinema. Foi sob a pressão dos espectadores que os produtores começaram a revelar o nome de seus intérpretes.

Florence Lawrence

Centenas de cartas pediam cotidianamente o nome da Biograph Girl (Florence Lawrence), da Vitagraph Girl (Florence Turner), da Little Mary (Mary Pickford) ou do Dimples (Maurice Costello), e outros favoritos. Até que Carl Laemmle atraiu a atriz Florence Lawrence da Biograph para a sua companhia e colocou seu nome verdadeiro nos créditos dos filmes, nascendo assim a primeira estrela de cinema. Laemmle conduziu pessoalmente a campanha de publicidade de outra aquisição sua, Mary Pickford, que se tornaria a atriz mais popular do cinema mudo americano. Essa prática tomou conta de toda a indústria pois, como se constatou, a presença de um astro reduzia os riscos do financiamento, garantindo um certo retorno do capital investido nos filmes.

Mary Pickford

Maurice Costello

Enquanto os estúdios disputavam entre si por astros, os atores e atrizes viram o valor de seus salários elevar-se à razão vertiginosa de 5 a 15 dólares por dia antes de 1910, para 250 mil dólares por semana em 1914. Em seguida, todos os produtores passaram a incorporar o star system, fazendo vastas campanhas publicitárias para seus principais contratados e fornecendo suas fotografias para serem expostas nos saguões dos cinemas. Alguns exibidores vendiam cartões-postais com as fotos dos astros e estrelas para os espectadores; outros promoviam bailes com a presença dos artistas. As revistas de fãs surgiram logo em seguida, criando colunas para responder à correspondência dos leitores, publicando artigos sobre a vida particular dos artistas, ilustrando com fotos o resumo da história de seus próximos filmes etc. As duas primeiras foram fundadas em 1911: a Motion Picture Story e a Photoplay. Em 1915, surgiu a Motion Picuture Classic que, assim como as outras, contém artigos de valor considerável para os historiadores.

Os produtores não foram os únicos a perceber a importância econômica do estrelismo. Mary Pickford, Charles Chaplin e Douglas Fairbanks usaram seu poder de atração como instrumento para ganhar o controle do seu trabalho e compartilhar totalmente os lucros de seus filmes. De artistas contratados eles passaram a produtores independentes. Em 1919, juntaram forças com D. W. Griffith para formar a United Artists Corporation, uma companhia distribuidora e operaram por conta própria em competição com as grandes firmas. A fundação da United Artists marcou o ápice do star system em uma das linhas do seu desenvolvimento.

David Ward Griffith-Mary Pickford-Douglas Fairbanks- Charles Chaplin formam a United Artists

O filme de um rolo (single reel film) tornara-se o produto padrão da indústria por causa da crença de que o público não teria paciência para assistir um filme mais longo do que 10 minutos. Os primeiros filmes de dois, três, quatro e até cinco rolos foram primeiramente exibidos em rolos separados, ou seja, um rolo por semana em sequência. A peculiaridade deste sistema, aliás, preparou o terreno para o advento dos seriados (serials), filmes nos quais a trama continuava em outros episódios, terminando cada qual por um lance de suspense (v. g. As Aventuras de Catarina / The Adventures of Kathlyn / 1913; A Rapariga Misteriosa / Lucille Love / 1914; As Aventuras de Elaine / The Perils of Pauline / 1914).

Quando alguns donos de cinema passaram a exibir todos os rolos de só uma vez, houve resistência. Se um filme curto do programa não agradasse – diziam os opositores -, havia a possibilidade de ser substituído por um outro melhor, mas, se o filme longo fosse ruim, o espetáculo não poderia ser salvo. A falta de dois projetores era outro fator que dificultava a exibição dos longas-metragens. No caso do filme curto, o tempo necessário para a mudança de rolo era preenchido com uma canção ilustrada ou um número de vaudeville; porém, tratando-se de um filme longo, isso significava uma perda de continuidade. Além disso, a mudança diária de filmes no sistema de distribuição-exibição, então vigente, teria de ser alterada, pois os filmes longos custavam muito caro para serem exibidos apenas em um dia. O filme de múltiplos rolos (multireel film), que veio a ser chamado de feature no sentido vaudeviliano de atração principal (e de special quando tinha mais de sete rolos), começou a ganhar aceitação geral quando Adolph Zukor trouxe o filme francês de quatro rolos, Elizabeth, Rainha da Inglaterra / La Reine Elizabeth / 1912 (Dir: Henri Desfontaines, Louis Mercanton) estrelado pela célebre atriz Sarah Bernhardt. O êxito estrondoso desta produção convenceu a indústria da viabilidade comercial desses filmes na América.

Cena de Elizabeth, Rainha da Inglaterra

Ainda mais persuasivo do que o sucesso de Elizabeth, Rainha da Inglaterra, foi o do filme italiano de nove rolos, Quo Vadis? / Quo Vadis? / 1913 (Dir: Enrico Guazzoni). Este filme apresentava cenas tão grandiosas, que deixavam a platéia extasiada durante todo o tempo de projeção de mais de duas horas. Quo Vadis? estabeleceu um outro precedente importante: foi exibido exclusivamente em teatros de primeira classe em vez de nickelodeons, atraindo assim um público mais sofisticado. Finalmente, Cabiria / Cabiria / 1914 (Dir: Giovanni Pastrone) e depois O Nascimento de uma Nação / The Birth of a Nation / 1915 (Dir: D. W. Griffith) provariam, de uma vez por todas, que o futuro do cinema estava, pelo menos em parte, nos filmes de longa-metragem.

Na medida em que a “febre do longa metragem” tomou conta do país, outras distribuidoras nacionais entraram no mercado: World Film Corporation (E. Mandelbaum, Philip Gleichman e alguns banqueiros de Wall Street); Triangle Film Corporation (Harry Aitken, Adam Kessel, Charles Baumann), para distribuir os filmes de D. W. Griffith, Thomas Ince e Mack Sennett; V-L-S-E (que distribuía o produto Vitagraph, Lubin, Selig e Essanay, ex-membros do MPCC que passaram a fazer features); Metro Pictures Corporation (Richard Rowland) etc.

Um longa-metragem era qualquer filme de mais de três rolos, ou cerca de 30 minutos – tempo que foi se expandindo e chegou a 80 ou 90 minutos na década de 20. Em 1913 -1915, foram fundadas as companhias produtoras Bosworth, Inc. (Hobart Bosworth), Fox Film (William Fox); Peerless (Jules Brulatour); Vim Comedy Company (Louis Burstein, Mark Dintenfass); Educational (George A. Skinner, Earl Wooldrige Hammons); Oliver Morosco Photoplay Company (Oliver Morosco, Frank E. Garbutt) e sua associada Pallas Pictures. Em 1916, foi fundada a Goldwyn Pictures Corporation (Samuel Goldfish / Goldwyn), Edgar e Archibald Selwyn), a Lewis J. Selznick Productions (Lewis J. Selznick) e a Christie Film Company (Al Christie).

Em 1917, Adolph Zukor compra 50 % das ações da Lewis J. Selznick Productions e a denominação desta é mudada para Select Pictures Corporation. No mesmo ano foram formadas: Paralta Plays, Inc. (Carl Anderson, Robert T. Kane); Sunshine Comedy Company (presidente William Fox; vice-presidente Harry “Pathé” Lehrman); Comique Film Corporation (Joseph Schenck), para produzir os filmes de Fatty Arbuckle e Buster Keaton; e a Jewel Productions (Harry M. Berman, Leon J. Bamburger). Em 1918, surgiram a Robertson-Cole Company (Harry F. Robertson, Rufus Sidman Cole), a Cosmopolitan Productions (William Randolph Hearst) e a Micheaux Film Corporation (Oscar Micheaux), a mais conhecida das companhias independentes de proprietários negros.

 

Harry e Jack Cohn e Joe Brandt

 

Samuel Goldwyn

Em 1919, foram constituídas a Selznick Pictures Corporation (Myron Selznick), a Louis B. Mayer Pictures (Louis B. Mayer), e o Hal Roach Studios, Inc. (Hal Roach). Em 1920, nasceram a CBC Sales Corporation, que se tornou a Columbia Pictures a partir de 1924 (Harry e Jack Cohn e Joe Brandt) e a Preferred (B.P. Schulberg, J. G. “Jack” Bachmann, Al Litchman). Em 1921, emergiram a Inspiration Pictures (Charles H. Duell, J. Royce Smith Jr.) e a Tiffany Productions, depois conhecida como Tiffany-Stahl Productions, quando o diretor John M. Stahl foi associado à companhia. Em 1922, Samuel Goldwyn, destituido da presidência da Goldwyn Pictures Corporation, deixa a companhia e forma a Samuel Goldwyn, Inc. São formadas: a Buster Keaton Productions (Joseph Schenck) como sucessora da Comique Film Corporation e a Principal Productions (Sol Lesser). Em 1924, formadas a Warner Bros. Pictures, a Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), a Producers Distributing Corporation – PDC, a Harold Lloyd Film Corporation (Harold Lloyd) e o Disney Bros. Cartoon Studio (Walt Disney e seu irmão Roy e Ub Iwerks). Em 1925, foi fundada a Astor Pictures, que nos anos 30 operou com três subsidiárias: Vigilant Pictures, B n’ B Film Corporation e Promotional Films, Inc.. O star system e os longas-metragens aumentaram sensivelmente o custo das produções por causa dos altos salários dos astros e também porque a maior duração dos filmes exigia cenários mais elaborados e realizadores mais bem pagos. As produções mais caras provocaram uma especialização intensa e uma diferenciação das organizações técnicas, administrativas e comerciais. As companhias criaram numerosos departamentos.

Jesse L. Lasky

O filme tornou-se uma grande indústria, que começou a caminhar para a integração vertical, ou seja, o envolvimento nos três ramos do seu negócio: fabricação (produção), venda por atacado (distribuição) e venda a varejo (exibição). O primeiro passo deu-se quando Zukor, que estava à frente da produtora Famous Players Film Company, resolveu acumular as funções de produtor e de distribuidor. Seus filmes eram distribuídos pela Paramount Pictures, a primeira distribuidora nacional de filmes de longa-metragem, fundada por W. W. Hodkinson, que também cuidava dos filmes da Feature Play Company, de Jesse L. Lasky e de outras produtoras menores (v. g. Bosworth e Oliver Morosco). A tremenda expansão do negócio cinematográfico convenceu Zukor de que a Paramount e seus produtores deveriam unir-se, porém Hodkinson não aprovou a idéia. Zukor e Lasky então adquiriram secretamente muitas ações da Paramount e depuseram Hodkinson. Depois, em 1916, compraram as ações de Bosworth e Morosco e promoveram a fusão dessas firmas com a Famous Players e a Feature Play, constituindo a Famous Players-Lasky, presidida por Zukor. A Paramount ficou como distribuidora subsidiária da nova companhia. Com sua organização agrupando produção e distribuição, Zukor enfrentou um novo desafio: assegurar um mercado estável para seus filmes. Como o mercado estava representado por milhares de cinemas e não havia como monopolizá-lo, Zukor tentou uma nova manobra, explorando a fundo o star system. Sua companhia contratou 75% dos maiores astros existentes e esse controle de talentos lhe permitiu desenvolver uma prática antiga da indústria do cinema: o aluguel por lote ou pacote de filmes ainda não produzidos (block and blind booking).

Por exemplo: ele obrigava os exibidores que desejassem os filmes de Mary Pickford, agora sua contratada, a alugar um grupo de 13 a 52 e até 104 filmes. Esta prática inquietou os exibidores e, em 1917, 26 dos mais importantes donos de cinema do país criaram a First National Exhibitors Circuit Inc., marcando uma segunda etapa no processo de integração da indústria. Enquanto Zukor partia da produção para se ocupar da distribuição, e depois da exibição, a First National trabalhava na direção oposta. Os exibidores se lançaram na produção e distribuição e fizeram Zukor perder o seu monopólio do talento. A First National contratou grandes artistas – Chaplin (antes da fundação da United Artists), Mary Pickford (“roubada” da Famous Players) etc. – deixando-lhes a possibilidade de serem seus próprios produtores. Em 1921, a First National uniu-se à distribuidora Associated Producers, assumindo o novo nome de Associated First National Pictures. Em 1922, construiu seu primeiro estúdio em Burbank. O controle por parte da First National dos maiores cinemas nas principais áreas metropolitanas constituiu-se uma ameaça para o resto da indústria. Estes cinemas eram de primeiro lançamento (first-run) e tinham uma importância enorme por sua proximidade com grandes concentracões de população e porque os filmes eram exibidos nesses cinemas, e só depois de certo tempo em outros. Além disso, a publicidade conseguida por uma carreira de sucesso em um cinema de primeiro lançamento facilitava sua aceitação pelos donos de cinemas de lançamentos subsequentes.

Em consequência, Zukor entrou no ramo da exibição, motivado não apenas pelo medo da concorrência da First National, mas também porque este setor havia se tornado o mais solidamente lucrativo da indústria cinematográfica. Com a ajuda financeira do banco de investimentos Kuhn, Loeb & Company, Zukor começou a comprar cinemas, obtendo inclusive o controle do poderoso circuito de Balaban e Katz, que operava em Chicago e era uma das forças da First National. Zukor agora possuía ou controlava mais de mil cinemas, que ele reuniu sob a denominação de Publix Theaters Corporation. Acrescentando a exibição às suas atividades de produção e distribuição, a companhia de Zukor ficou completamente integrada. Em 1930, seu nome seria mudado para Paramount Publix Corporation.

Adolph Zukor

Marcus Loew

Louis B, Mayer

William Fox

Outros empresários foram obrigados a fazer o mesmo, surgindo mais três companhias integradas verticalmente. Marcus Loew, que possuía uma cadeia de cinemas, comprou a produtora-distribuidora Metro Pictures Corporation em 1920, a Goldwyn Pictures Corporation em 1924 e, logo em seguida, a Louis B. Mayer Pictures, unificando-as sob a denominação Metro-Goldwyn-Mayer, controlada pela matriz, Loew’s Inc.; quando Marcus Loew faleceu em 1927, o comando passou para seu principal colaborador, Nicolas Schenck. William Fox, que já era produtor (Fox Film Corporation, fundada em 1915), distribuidor (Box Office Attraction Film Rental Company), e exibidor, adquiriu várias cadeias de cinemas, incrementando a sua rede de exibição. Os irmãos Albert, Harry, Sam e Jack Warner, que haviam incorporado a Warner Bros. em 1923, compraram a Vitagraph e assumiram o controle do circuito de cinemas da Stanley Company of America e da First National.

Carl Laemle

Uma quinta grande companhia, a RKO (Radio-Keith-Orpheum), nasceu juntamente com o cinema sonoro. De 1930 aos meados dos anos 50, a Paramount, Loew’s, Fox, Warner Bros. e RKO dominariam a indústria. Porém, no início dos anos 20, as grandes companhias conhecidas coletivamente como The Big Three, eram a Famous Players-Lasky, a Loew’s, e a First National, seguidas pelas Little Five: Fox; Warner Bros.; Producers Distributing Corporation – PDC, fundada em 1924 por Jeremiah Milbank; Film Booking Office – FBO, ex-Robertson-Cole (1922); e Universal Pictures formada em 1921 pela fusão da IMP (Carl Laemmle) com outras companhias menores.

A estupenda recepção aos filmes de longa-metragem pelas classes mais prósperas e intelectualizadas e o consequente aumento do preço dos ingressos, fez com que os exibidores se tornassem mais preocupados com a qualidade dos filmes. Para agradar a esse tipo de público, os estúdios voltaram a recorrer aos clássicos do teatro e da literatura, já utilizados nos filmes curtos, porque os produtores haviam percebido que os espectadores reconheciam as obras com as quais estavam familiarizados. Agora, porém, a filmagem dos clássicos servia para assegurar a respeitabilidade e o nível cultural dos filmes. Os gostos e as expectativas de uma audiência refinada requeriam uma atmosfera de elegância que somente um novo tipo de cinema poderia proporcionar.

Cinema Regent

A era dos grandes cinemas (movie palaces) começou com a inauguração, em 1913, do Cinema Regent, de 2.400 lugares, na Rua 116 com a 7a Avenida em Nova York. Este cinema quase fracassou, porque exibia apenas filmes curtos produzidos pelas companhias do truste. Isso amendrontou os proprietários de um novo cinema ainda em construção, o Strand, de 3.500 lugares, situado na Rua 47 com Broadway. Antes da inauguração, eles pensaram em transformar o futuro cinema em um teatro de vaudeville ou de ópera; porém, no último minuto, desistiram da idéia. Quem os convenceu foi Samuel Lionel “Roxy” Rothapfel, o primeiro grande showman no ramo da exibição. Rothapfel havia sido contratado como gerente do Regent e o salvou da ruína exibindo filmes de longa-metragem, sendo imediatamente chamado para fazer a mesma “mágica” no Strand. O lema de Rothapfel era “Não dar ao público o que ele quer – dar-lhe algo melhor”, e ele fez isso com um faro espetacular. “Roxy” continuaria a providenciar shows cada vez maiores e melhores em uma série de cinemas de Nova York, como o Rialto, de 1.900 lugares (construído em 1916), Rivoli, de 2.100 lugares (1917), Capitol, de 5. 300 lugares (1919) e, finalmente, o Roxy, de 6.200 lugares, verdadeira “catedral do filme”, localizado na Rua 50 com a 7a Avenida, e inaugurado com toda a pompa em 11 de marco de 1927.

Samuel Lionel Rothapfel

Cinema Roxy

O luxo e a magnitude do Roxy eram impressionantes: este cinema tinha seis bilheterias, foyers e lobby imensos, decoração deslumbante com mármores, tapeçarias e candelabros de cristal, grandes escadarias, poltronas muito confortáveis (entre as quais uma pessoa podia passar sem incomodar a que estava sentada) e tapetes de pelúcia, elevadores espaçosos para o balcão, ar-condicionado, banheiros esplêndidos, grupo coral de cem vozes, corpo de balé com cinquenta dançarinos, grande orquestra, 14 pianos Steinway, um colossal órgão Kimball (tocado por três organistas em três consolos separados), mini-hospital pronto para atender a qualquer emergência, pequeno estúdio de estação de rádio, cabines telefônicas, sistema de iluminação perfeito, equipe de lanterninhas bem uniformizados e militarmente disciplinados sob o comando de um coronel reformado do Corpo de Fuzileiros Navais etc.

Sid Grauman

Million Dollar Cinema

Egyptian Theatre (interior)

 

Chinese Theatre

Em Los Angeles, o empresário Sid Grauman seguiu o exemplo de “Roxy”, inaugurando grandes cinemas, cada qual mais luxuoso que o outro. Grauman inventou o “Prólogo”, que era um espetáculo no estilo das revistas da Broadway, tematicamente relacionado com o filme, apresentado antes da projeção. Seu império de cinemas começou com o cinema Million Dollar (2.100 lugares) em 1917, seguindo-se o Egyptian (1.900) em 1922, o Metropolitan (3.458) em 1923 e o famoso Chinese (2.500) em 1927. Como os nomes Egyptian e Chinese sugerem, os movie palaces dos anos 20 adotavam modelos arquitetônicos exóticos para criar um clima romântico, dentro do qual a platéia pudesse consumir as fantasias que passavam nas telas. A história da origem das famosas impressões em frente do cinema é controvertida, mas parece que Grauman teve a idéia quando, em visita à United Artists, pisou em um cimento úmido em frente ao camarim de Mary Pickford.

A primeira atriz a colocar as mãos na “calçada da fama” foi Norma Talmadge (cf. Beth Day em This Was Hollywood – An Affectionate History of filmland’s Golden Years, 1960). Havia duas escolas principais de arquitetura de grandes cinemas ”a standard (ou hard-top), que tinha seu precedente nos teatros de ópera e de vaudeville, mas que foi se tornando cada vez mais exótica no decorrer da década de 1920, e a atmospheric (ou stars and clouds), que se inspirava na natureza e nos paisagistas extravagantes do passsado. Seus representantes máximos foram, respectivamente, os arquitetos Thomas W. Lamb e John Eberson. Os cinemas chamados de “atmosféricos” usavam o Brenograph Junior, um aparelho que produzia efeitos cênicos animados, para completar a ilusão de que os filmes estavam sendo vistos debaixo de um céu noturno. O auditório era um magnífico anfiteatro, um jardim italiano, uma corte persa ou um paço espanhol, aparentemente a céu aberto, onde as estrelas cintilantes sucediam nuvens fofas sob um luar esplêndido.

WurlitzerHope-Jone Unit Orchestra

Mais sensacional ainda era o Wurlitzer Hope-Jones Unit Orchestra, basicamente um órgão cujos sons imitavam todos os instrumentos de uma orquestra e outros sons como, por exemplo, o de rouxinóis, canários, cavalos galopando, apitos de barcas e de trens, sirenes de carros de polícia ou de bombeiros, campainhas de telefone e de porta, ondas na rebentação, louça se quebando etc. – tudo com uma verossimilhança espantosa. Se o filme fosse muito longo, o gerente tinha três opções: reduzir o número de atrações do programa, encurtar o filme ou projetar o filme em uma velocidade mais rápida que a normal. Curiosamente, ele nunca pensava em esticar o tempo de duração de todo o programa, pois o programa padrão de duas horas – que incluía um filme de atualidades e uma comédia curta, além das atrações ao vivo – já entrara no hábito do público. Em 1916, apenas 3% dos cinemas exibiam o mesmo programa durante toda a semana. A média de mudanças por semana era de cinco, um número que foi decrescendo para três em 1922, quando 10% dos cinemas mantinham um filme durante a semana inteira. Com as mudanças freqüentes de programa, a publicidade boca a boca não funcionava. As revistas mensais de fãs podiam ser capazes de criar algum interesse prévio, porém os resenhistas diários tinham pouca influência. A propaganda na época dos filmes mudos dava ênfase aos pôsteres (de uma, três, seis e 24 folhas) e aos cartazes pequenos destinados às salas de espera (lobby cards) e às vitrines das lojas (window cards). Outro expediente usado eram os golpes de publicidade.

Harry Reichenbach

Para promover o filme A Virgem de Istambul / The Virgin of Stamboul / 1920 (Dir: Tod Browning), Harry Reichenbach, considerado o rei dos agentes de imprensa do começo dos anos 20, convenceu vários jornais de Nova York de que um grupo de turcos que ele havia registrado em um hotel de Manhattan estava realmente na cidade para procurar uma virgem desaparecida. Em outra ocasião, para divulgar um filme de Tarzan, Reichenbach teve a audácia de introduzir um leão no Hotel Belleclaire de Nova York, deixando à gerência o problema de retirá-lo de lá. Na promoção de outro filme do Rei das Selvas ele fotografou um macaco de smoking.

Hugo Riesenfeld

Um aspecto curioso foram as experiências de hibridização cinema-rádio, que começaram em 1922. Um projeto chamado Radiophone retransmitia programas de rádio para cinemas, onde os espectadores podiam ouvir música de concerto, antes do início do filme. Havia também o Radio Film, que tornava possível apresentar um filme em centenas de cinemas com uma preleção explicativa vinda de uma única estação transmisssora. Uma experiência em 1925 testou essa idéia em larga escala. O filme de Fritz Lang, Os Nibelungos / Die Nibelungen / 1923, foi exibido no Cinema Century de Nova York com um score de Hugo Riesenfeld. Por um acordo com a Ufa e a estação de rádio WJY da RCA, o score foi transmitido para uma platéia de quinhentas pessoas no Briarcliff Lodge, localizado a mais de cinco quilômetros de distância.

Em 1909, os grandes centros de produção de filmes eram Nova York, Chicago e Filadélfia. Devido à constante demanda de filmes, as companhias tinham de produzí-los regularmente. Os longos meses de inverno naquelas cidades traziam problemas, notadamente para as firmas que não possuiam um estúdio bem equipado e com luz artificial adequada. Para dar conta dos pedidos, os principais produtores enviavam equipes para filmagem em locações por todo o país ou fora dele, procurando cenários ideais e tempo ensolarado. Várias companhias experimentaram lugares como Jacksonville, Flórida; San Antonio, Texas; Santa Fe, Novo Mexico; e até Cuba – porém o local definitivo da indústria de cinema americana foi o sul da Califórnia, mais especificamente o subúrbio de Los Angeles chamado Hollywood. Os atrativos dessa área eram óbvios: dias de sol durante quase todo o ano e topografia variada – montanhas, vales, lagos, ilhas, praias, floresta, deserto, próximos um dos outros e a pouca distância do centro da cidade. Outras vantagens diziam respeito à facilidade de se encontrarem atores de teatro experientes, à existência de baixos impostos, à presença de mão-de-obra e de terras abundantes e baratas. Este último fator permitiu que as companhias produtoras pudessem comprar dezenas de milhares de acres de excelentes imóveis, nos quais instalaram seus estúdios.

Entre 1908 e 1912, muitos independentes transferiram-se para Holywood, assim como algumas firmas associadas à MPPC. As instalações construídas em Hollywood para a produção de filmes durante os anos 10 (a primeira foi o estúdio da Nestor Company, localizado na esquina da Gower and Sunset) eram a forma embrionária do “sistema de estúdio”, institucionalizado nos anos 20. Os primeiros estúdios, que utilizavam geralmente antigos armazéns, foram ficando cada vez mais parecidos com pequenas cidades (com escritórios, palcos, laboratórios, e extensas áreas externas para a filmagem de cenas exteriores), cujos nomes (v. g., Inceville, Universal City, Culver City) enfatizavam ainda mais a sua condição especial. As estruturas de produção e administração foram transformadas, mudando do director unit system (pelo qual os diretores eram individualmente responsáveis pelos seus filmes) para o central producer system (pelo qual um produtor era responsável por toda a produção de um estúdio).

William S. Hart em Inceville

O sistema centralizado de produção, que coincidiu com a emergência do filme de longa-metragem, trouxe um novo nível de eficiência para o processo de produção e permaneceu como o modelo dominante de administração de estúdio até os anos 30. A ascenção de Hollywood foi assegurada pela Primeira Guerra Mundial, que temporariamente eliminou a competição européia (principalmente a francesa e a italiana) e deu aos Estado Unidos o domínio sobre o mercado mundial de filmes. Entre 1914 e 1918, todo o mundo, incluindo Ásia e África (mas com exceção da Alemanha beligerante), só viu filmes americanos ou não viu nenhum. Em 1919, imediatamente após o Tratado de Versalhes, 90% de todos os filmes exibidos na Europa eram americanos, e a percentagem para a América do Sul chegou (e permaneceu durante anos) quase a 100%. No decorrer dos anos 20, os percentuais europeus diminuíram na medida em que a Alemanha e a União Soviética se tornaram grandes forças no cinema mundial e outras nações tentaram proteger suas indústrias. Todavia, a Primeira Grande Guerra colocou a indústria americana em uma posição de incontestável liderança econômica e artística – que ela manteria até o advento do som e, em certos aspectos, para sempre.

FORMAÇÃO DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA AMERICANA I

No dia 14 de abril de 1894, o primeiro salão de cinetoscópios foi inaugurado pelos irmãos Holland no nº 1155 da Broadway em Nova York, marcando o início comercial da indústria do cinema nos Estados Unidos.

Thomas Alva Edison

William Kennedy Laurie Dickson

O cinetoscópio era uma máquina na qual um filme de 50 pés (=15,25m) de comprimento e 35 mm de largura, com duração de mais ou menos 20 segundos, podia ser visto por uma pessoa de cada vez, olhando pela abertura de uma caixa de 1,40m de altura. Essa máquina e a câmera que a supria de filmes, denominada cinetógrafo, foram aperfeiçoadas nos laboratórios de Thomas Alva Edison perto de West Orange, New Jersey, pelo seu assistente William Kennedy Laurie Dickson, que foi auxiliado por Charles A. Brown e depois William Heise.

O Cinetoscópio

Entre os primeiros filmes, feitos no estúdio apelidado de “Black Maria” (porque diziam que se assemelhava a um carro de presos ou camburão), incluiam-se: Blacksmith Scene, mostrando três empregados de Edison martelando em uma bigorna e passando uma garrafa de cerveja entre si enquanto trabalham; Edison Kinetoscopic Record of a Sneeze, um close-up de outro empregado de Edison, Fred Otto, encarando a câmera no processo de espirrar; Sandow the Strongman, o famoso homem forte austríaco Eugene Sandow exercitando seus músculos privilegiados em várias posições; Annabelle Butterfly Dance e Annabelle Serpentine Dance executadas por Annabelle Moore; Carmencita Spanish Dance, com a espanhola Carmencita (que havia se tornado uma estrela no vaudeville) exibindo-se em uma dança provocante diante da câmera etc.

Black Maria

Blacksmith Scene

Record of a Sneeze

Eugene Sandow

Annabelle Butterfly Dance

Carmencita

Os salões de cinetoscópios continham duas fileiras de cinco máquinas. O espectador pagava 25 centavos, e ia passando de uma máquina para outra, cada qual com um filme diferente. Se quisesse ver os filmes das dez máquinas, pagava o dobro do ingresso, que logo foi substituído por um sistema automático, no qual o espectador colocava uma moeda na máquina para fazê-la funcionar. Os filmes eram bem primitivos, tanto no conteúdo quanto na forma, mostrando, na sua maioria, performances rápidas de artistas do vaudeville ou do circo, captadas por uma câmera estática. Os cinetoscópios também foram instalados em galerias, verdadeiros centros de diversão (penny arcades) nos quais outros dispositivos de entretenimento, inclusive fonógrafos e máquinas caça-níqueis, custavam um penny, ou seja, um centavo.

Salão de cinetoscópio

A Edison Manufacturing Company começou vendendo os cinetoscópios no mercado aberto. Após algum tempo, um consórcio de empreendedores, que se tornou conhecido como Kinetoscope Company, tendo à frente Norman C. Raff e Frank R. Gammon, adquiriu os direitos para a venda de franquias territoriais nos Estados Unidos e Canadá. Ao mesmo tempo, Frank Z. Maguire e Joseph D. Baucus obtiveram permissão para vender e explorar os cinetoscópios no exterior. Eles fundaram a Continental Commerce Company e iniciaram suas atividades em Londres, expandindo-as em seguida para outras cidades européias.

Corbett x Courtney

Um terceiro grupo, denominado Kinetoscope Exhibition Company, formado por Woodville Latham, seus filhos Otway e Gray e Enoch J. Rector, entrou em negociação com Edison para mostrar lutas de boxe nos cinetoscópios. Utilizando máquinas maiores, com a capacidade aumentada para 150 pés (=45,72m), a firma alcançou muito sucesso com a apresentação do combate entre o campeão de pesos pesados James Corbett e Peter Courtney – cada máquina exibindo um assalto. Corbett, o pugilista bonitão e elegante apelidado de Gentleman Jim, foi a primeira celebridade do mundo a assinar um contrato de exclusividade para o cinema (ou quase-cinema). Ficou decidido que a luta deveria ter precisamente seis assaltos de um minuto cada um e que o sexto assalto deveria ser concluído com um belo nocaute dado pelo astro, James Corbett. Este combate arranjado com antecedência foi o predecessor da construção dramática de um filme, o primeiro passo para fazer as coisas acontecerem para a câmera, em vez de simplesmente filmar os acontecimentos.

Cinetofone

Os negócios com o cinetoscópio prosperaram durante algum tempo, mas logo as vendas começaram a cair. Edison tentou reerguê-las com o lançamento do cinetofone, combinando o cinetoscópio como o fonógrafo, também inventado por ele em 1877. No cinetofone, o espectador olhava as imagens e escutava simultaneamente, através de um fone de ouvido, uma gravação mal sincronizada de um acompanhamento musical. Os assuntos eram sempre danças ou números musicais. Por exemplo, em um filme nunca exibido comercialmente, identificado como Dickson Experimental Sound Film, vemos W. K. L. Dickson tocando violino e dois homens dançando. Entretanto, o cinetofone não obteve o sucesso esperado.

As encomendas do cinetoscópio diminuiram não somente porque o invento deixara de ser uma novidade como também porque outros interesssados na sua exploração, tanto no âmbito doméstico quanto no exterior, haviam obtido imitações das máquinas e as venderam a preços baixos, causando prejuízo aos investidores originais.

Os Irmãos Lumière

Àquela altura, pelos esforços simultâneos dos irmãos Auguste e Louis Lumière (cinematógrafo) na França; Robert William Paul (teatrógrafo, depois denominado animatógrafo) na Inglaterra; Max Skladanowsky (bioscópio) na Alemanha; Woodville Latham, seus filhos Otway e Gray e Enoch J. Rector, auxiliados por W.K.L. Dickson e Eugene Lauste (eidoloscópio); C. Francis Jenkins e Thomas Armat (fantoscópio / vitascópio); W.K.L. Dickson (biógrafo), Edison (projetoscópio ou cinetoscópio projetor) nos Estados Unidos, o projetor de filmes se tornou uma realidade comercial dois anos depois da inauguração do cinetoscópio, surgindo ainda outros  projetores no mercado norteamericano como: magniscope (Edward Hill Amet), kalatechnoscope (William Paley), cineograph (Lubin), polyscope (Selig), optigraph (Enterprise Optical Company), cameragraph (Nicholas Power), projectograph (Nicholas Dresser) etc.

A primeira apresentação de filmes projetados nos Estados Unidos deu-se no dia 21 de abril de 1895, na Frankfort Street em Nova York, nos escritórios da Lambda Company (depois denominada Eidoloscope Company), que passou a explorar o eidoloscópio. Este invento teve o mérito de utilizar um pequeno dispositivo, que resolveu o problema prático da ruptura dos filmes de um certo tamanho, porém a qualidade da projeção era insatisfatória e, abalada por divergências internas, a empresa não conseguiu sobreviver.

VItascópio

Koster and Bial’s Music Hall

O primeiro projetor de sucesso no país foi o vitascópio, que estreou no dia 23 de abril de 1896 no Koster and Bial’s Music Hall na rua 34 com Broadway em Nova York. Entre as seis cenas mostradas, salientou-se Rough Sea at Dover, filmada  na Inglaterra por Birt Acres. Embora anunciado como a “última maravilha” de Edison, ele fora na verdade inventado por C. Francis Jenkins e Thomas Armat. Após uma desavença entre esses dois inventores, Armat se tornou dono exclusivo da patente do fantoscópio – como era denominado o aparelho, antes de ser aperfeiçoado por Armat  e receber a denominação de vitascópio – e fez um acordo com Raff, Gammon e Edison. Este comprometeu-se a fabricar as máquinas e a fornecer os filmes. Raff e Gammon, entendendo que os investidores e o público aguardavam pelo projetor que Edison lhes prometera em várias ocasiões, queriam ligar o nome do famoso inventor ao vitascópio, porque assim teria melhores condições de prosperar comercialmente. Armat e Edison concordaram. Doravante o aparelho ficou conhecido como o “vitascópio de Edison” e um dos filmes mais populares foi The May Irwin Kiss, com dois atores do teatro, May Irwin e John C. Rice, reencenando o climax da comédia musical “The Widow Jones”, quando a viúva e Billie Bikes se beijam.

Thomas Armat

Francis Jenkins

May Irwin Kiss

Em 29 de junho, apenas dois meses após a estréia do vitascópio, o cinematógrafo dos irmãos Lumière foi lançado no Keith’s Union Square Theatre. A máquina inventada por Auguste e Louis Lumière e exibida publicamente pela primeira vez em 28 de dezembro de 1895 no Grand Café do Boulevard des Capucines em Paris, era mais versátil (usada como câmera, projetor e copiadora) e portátil (relativamente leve e acionada manualmente, não dependendo de uma fonte de eletricidade). A facilidade de deslocamento do cinematógrafo permitia a filmagem de cenas de regiões distantes e exóticas e personagens importantes de todo o mundo. Por outro lado, com a câmera / projetor / copiadora, os cinegrafistas dos Lumière podiam filmar instantâneoss nos próprios lugares onde estivessem, tirar cópia dos filmes e exibí-los no mesmo dia, à noite. Esses filmes “de viagens” e de “atualidades locais” deram à firma francesa uma evidente vantagem em termos de competição.

Cinematógrafo

Ainda no mesmo ano, em 12 de outubro, foi lançado o biógrafo, pela American Mutoscope Company, depois renomeada American Mutoscope and Biograph Company, e frequentemente chamada de Biograph. Essa companhia foi fundada em 1895 por Elias B. Koopman, Harry N. Marvin, Herman Cassler e o ex-empregado de Edison, W.K.L. Dickson, e fabricou uma máquina denominada mutoscópio (que usava cartões com imagens fotográficas em vez de tiras de filmes), para competir com o cinetoscópio. Quando o negócio dos cinetoscópios começou a enfrentar dificuldades, o grupo K.M.C.D. (como eles se intitulavam usando as iniciais de seus últimos nomes), construiu o biógrafo, um projetor capaz de mostrar imagens significativamente maiores (70 mm) e mais nítidas do que as de seus precursores.

Mutoscópio

Biógrafo

No momento em que a viabilidade comercial da projeção de filmes ficou comprovada, Edison construiu o seu próprio projetor (projetoscópio ou cinetoscópio projetor) e se separou de Raff e Gammon, vendendo seu aparelho para qualquer pessoa e sem restrições geográficas. Este lance audacioso assinalou o retorno de um Edison mais agressivo. Seus advogados propuseram uma série de ações judiciais contra os concorrentes, alegando que todos os inventores e fabricantes de equipamentos fílmicos e todos os produtores dos Estados Unidos estavam operando com infringência dos direitos de patente que seu constituinte havia assegurado para o cinetoscópio. As principais companhias produtoras (além da Edison e da Biograph surgiram a Vitagraph, Selig, Lubin, Kalem, Essanay etc.), por sua vez, possuíam suas patentes e sustentavam que poderiam continuar operando sem o consentimento de Edison. Elas contestaram as ações de Edison e ao mesmo tempo litigaram entre si, resultando uma enxurrada de processos. Assim se iniciou a chamada Guerra das Patentes, que duraria 11 anos, de 1897 a 1908.

O vitascópio e o cinematógrafo foram inaugurados em teatros de vaudeville como uma das atrações do espetáculo – uma dúzia de filmes, ainda bem curtos, compondo um dos oito números de variedades do programa. Nos anos 1890, foram formados os circuitos tipo Keith, Pantages, Orpheum etc. que, para manterem seus teatros cheios, buscavam sempre novidades.  Como os números que agradavam mais eram os espetáculos visuais – marionetes, produção de sombras com as mãos, “atores” imóveis em poses recriando quadros ou estátuas famosos, apresentação de lanternas mágicas – era natural que os filmes fossem incluídos nos programas.

As companhias que exploravam os projetores foram atraídas pelo vaudeville porque este permitia acesso fácil a um grande público receptivo, notadamente da classe média. Centenas de teatros de costa a costa divertiam mais de um milhão de pessoas por semana, dispensando aquelas empresas de gastarem seu capital de investimento na construção de prédios. O vaudeville ajudou a popularizar os filmes através dos Estados Unidos e serviu como campo de experimentação para os futuros líderes da indústria do cinema.

Historiadores – como Tom Gunning – descrevem esse “cinema e atrações”como um cinema essencialmente “exibicionista”, pois dava mais ênfase à exibição do que à narração.  A maioria dos filmes feitos nesse período eram atualidades ou filmes de truques, nos quais as técnicas da câmera lenta, movimento invertido, substituição etc. eram usadas para encenar núneros de “mágica”. Somente em 1906 a percentagem de filmes narrativos (story films) começou a crescer. Ao contrário dos filmes de atualidades, que dependiam da ocorrência ocasional de acontecimentos reais, os filmes que continham elementos ficcionais podiam ser criados pelos próprios estúdios, garantindo a regularidade da produção. Em 1908, 98% dos filmes contavam histórias.

É preciso esclarecer que os teatros de variedades não foram os únicos locais de projeção de filmes. Exibidores itinerantes percorriam as cidades do interior, exibindo filmes em tendas, circos, parques de diversão, escolas, clubes etc.  Em 1896, Lyman H. Howe organiza a primeira exibição itinerante de fimes pelo interior do país. O maior problema (salvo no caso do cinematógrafo) era o da eletricidade, pois a corrente ou voltagem do motor que fazia o projetor funcionar era quese sempre incompatível como o sistema elétrico de determinadas municipalidades. Em certos casos, a força tinha de ser puxada das linhas de bonde. Como os bondes necessitavam de uma voltagem alta, o projetor ficava sobrecarregado, submetendo o projecionista a choques dolorosos. Em muitas cidades simplesmente não havia eletricidade.

Tallys Electric Theater

Nos grandes centros urbanos, outros empreendedores preferiram transformar os antigos salões de cinetoscópios nos chamados electric theaters, theatoriumse, mais frequentemente, nickelodeons(uma referência ao preço da entrada de cinco centavos), que foram os primeiros cinemas, dedicados exclusivamente à exibição de filmes. Em 1902, Thomas L. Tally inaugurou o Electric Theater em Los Angeles e logo outros cinemas “elétricos” se espalharam pelo país. Entretanto, em 1905, inicialmente nas cidades industriais do Meio-Oeste como Pittsburgh e Chicago, foram abertas, respectivamente por Harry Davis e Eugene Cline, as primeiras salas que ficaram conhecidas como nickelodeons. Muitos futuros magnatas da indústria de cinema (incluindo Carl Laemmle, Louis B. Mayer, Adolph Zukor e William Fox) começaram suas carreiras como donos ou gerentes de nickelodeons.

Hale’s Tour

Uma outra forma de exibição de filmes, que surgiu simultâneamente como os nickelodeons, foi idealizada por George C. Hale, ex-comandante do Corpo de Bombeiros de Kansas City. Hale construiu uma sala como se fosse um vagão ferroviário, decorada internamente como um carro de passageiros, incluindo o bilheteiro. Essa atração, chamada Hale’s Tour and Scenes of the World, começava com uma batida de sinos e o balanço mecânico da sala, simulando o movimento de um trem. As luzes se apagavam e filmes de paisagens, que haviam sido filmadas da plataforma traseira de uma composição verdadeira em alta velocidade, apareciam na tela.  A ilusão de viagem então era produzida para o deleite dos espectadores.

O espetáculo no nickelodeon durava cerca de uma hora e começava em geral com canções ou hinos patrióticos, ilustrados por slides coloridos de lanterna mágica (stereopticon), mostrando as letras das canções e poses de modelos representando trechos das mesmas. Quando um cantor cantava o estribilho dos hinos, a platéia era convidada a participar. Após essas illustrated songs, vinha uma série de filmes de um rolo (10 minutos), alguns já contando uma história ou condensando contos, poemas, óperas ou clássicos da literatura.

 

A música dos nickelodeons era executada ao vivo, geralmente por um pianista / organista ou por pianos, órgãos ou orquestras mecânicos, controlados da cabine de projeção. Algumas salas melhores tinham ainda um pequeno conjunto de cordas e uma equipe de contra-regras providenciando os efeitos sonoros. Outras, apresentavam o filme com atores atrás da tela, recitando os diálogos sincronizados com as imagens (havia uma companhia especializada neste serviço, a Humanophone Company) ou ao lado da tela, explicando a narrativa. Os gerentes que não podiam pagar narradores colocavam à disposição do público, no saguão, as sinopses enviadas pelos produtores na forma de boletins impresssos.

O pianista ou organista, acompanhava a ação do filme, antecipando uma cena de amor, uma perseguição cômica, uma cena de morte ou a corrida para o resgate do herói ou heroína no final da trama. Quando os produtores começaram a distribuir partituras para os músicos acompanharem os filmes, muitos músicos as rejeitaram e continuaram a tocar de acordo como o seu própro gosto ou da platéia. Os músicos e a platéia podiam assim alterar inteiramente o clima e o significado de uma cena. Um drama sério podia ser transformado em uma farsa.

O programa costumava ser interrompido por slides pedindo “As mulheres que estejam de chapéu, queiram por favor retirá-los, para que os outros possam ver. Ou: “Por favor, não ande pesadamente – o assoalho pode ceder”. Ou ainda: Não é permitido falar alto ou assobiar”. No intervalo, um outro aviso comunicava aos espectadores que não seria permitido o assédio a mulheres desacompanhadas: “Se você for molestada enquanto estiver aqui, por favor informe à gerência”. Havia também frequentes interrupções para reparar o filme que se rompia  – acompanhadas por vaias, aplausos e o barulho de pés batendo no chão.

A maioria dos nickelodeons  empregava apenas um projecionista, que trabalhava 12 horas por dia em condições insalubres (a cabine era uma verdadeira fornalha) e perigosas (o nitrato dos filmes inflamava-se facilmente) e ainda tinha de varrer a sala, colocar os cartazes de propaganda na rua antes de começar a sessão, apanhar os filmes na distribuidora ou na estação de trem, e devolver os que já tinham sido usados. Algumas vezes, o projecionista mudava a velocidade do filme ou o passava de trás para a frente, para divertir o público. O projecionista não somente desepenhava um papel criativo crucial, como também era um técnico altamente habilidoso, que podia facilmente se tornar um cameraman: Edwin S. Porter, Billy Bitzer e Albert Smith, por exemplo, estavam entre os muitos projecionistas americanos que mais tarde se tornaram operadores de câmera.

Cabine Projeção em um Nickelodeon

O preço baixo dos ingressos e a duração breve do programa atraíram para os nickelodeons as classes trabalhadoras, nas quais se incluiam os imigrantes. Elas, que haviam conhecido apenas as galerias dos teatros, subitamente sentavam-se na platéia, compartilhando uma experiência coletiva em igualdade de condições com as diferentes classes socioeconômicas de que se compunha o público.

Entretanto, os donos das salas preferiam acolher as classes de maior renda e com mais tempo livre para o lazer, que só viam os filmes nos espetáculos de vaudeville suntuosos (big time vaudeville), em museus de curiosidades como o Eden Musee de Nova York, em programas patrocinados por organizações religiosas ou nas palestras ilustradas (geralmente sobre viagens) de certos conferencistas. Alguns empresários construíram espaços mais limpos e confortáveis que, pelo preço de 10 centavos ou mais, ofereciam um programa misto de filmes e números de vaudeville bem simples, executados por um ou dois artistas por causa da exiguidade de espaço (small time vaudeville). Como vimos anteriormente, já havia existido vaudeville com filmes. A mudança agora estava nas proporções: os filmes foram cada vez mais ocupando a maior parte do programa.

Enoch J. Rector

Corbett x Fitzsimmons

Quando o programa único se tornou comum durante os anos 1897-1898, dois gêneros distintos se impuzeram: lutas de boxe e representações dramáticas da paixão de Cristo (passion plays). O filme de luta de boxe mais famoso foi The Corbett-Fitzsimmons Fight rodado por Enoch. J. Rector com 3 câmeras usando um filme de 63mm (tela larga) e exibido pelo projetor Veriscope, construído especialmente para esta filmagem. Muito conhecida foi a reprodução do drama bíblico tradicionalmente encenado em Ober-Ammergau na Alemanha, produzida por Richard Hollaman (presidente do Eden Museen), dirigida por Henry C. Vincent e fotografada por William Paley no terraço do Grand Central Palace em Nova York.

Passion Play

Até 1912, o cinema ainda era uma pequena indústria, e não se podia distinguir uma organização da produção, da distribuição e da exibição. Os filmes eram vendidos diretamente aos exibidores. Um exibidor pagava 50 dólares ou mais por um filme, que ele exibia até que saturasse o mercado ou que o filme ficasse danificado. Esse método de distribuição obviamente não encorajava a expansão da indústria, pois os custos dos filmes permaneciam relativamente altos em comparação como o seu potencial para gerar renda. Quando a demanda aumentou, os exibidores perceberam que tinham de mudar seus produtos várias vezes por semana e até diariamente. Um meio de superar o problema foi trocar filmes entre eles, para dividir os custos; mas a solução final só ocorreu quando foram criadas as distribuidoras. Harry e Herbert Miles, em San Francisco, organizaram a primeira distribuidora em 1903. Eles compravam um lote de filmes e o alugavam aos exibidores por um quinto do preço do catálogo. A idéia funcionou, para satisfação de todos, e, em 1907, 150 distribuidoras estavam em operação, servindo a todas as áreas do país.

Além das grandes empresas, havia centenas de firmas empenhadas em produzir filmes, importá-los da Europa, ou ainda distribuir e comercializar os filmes domésticos  ou estrangeiros. Outras firmas e particulares se consagraram a inventar  e vender câmeras, projetores e outros instrumentos para fotografar, revelar, copiar e exibir filmes.Uma das práticas comuns era o duping de negativos: um distribuidor ou exibidor alugava uma cópia positiva, mandava para um laboratório clandestino e tirava um negativo fotografado do positivo. Para evitar essa prática, alguns produtores tentaram por algum tempo o expediente de pintar suas marcas nos cenários (e até em árvores, quando a cena era filmada em exteriores) e fotografá-las nas suas produções, esperando – em vão – que o reconhecimento pelo público do seu produto pudesse amendrontar os “espertos”. A marca da Vitagraph era um “V” alado; a da Lubin, uma campainha; a Biograph usava um AB; a Kalem, um sol etc.

Outros exibidores ardilosos, que possuíam mais de um nickelodeon, alugavam um filme para exibição em uma de suas salas, mas planejavam a programação de duas ou mais salas de modo que um boy pudesse ir de bicicleta de uma sala para outra com o filme debaixo do braço. Assim, a sala A exibia um filme às sete horas; a sala B, às oito; a sala C, às nove e, com sorte, o filme chegava à sala D às dez. Ou seja, eles só pagavam o aluguel referente à exibição em uma sala.

Em dezembro de 1908, depois de muitas brigas envolvendo centenas de processos, os representantes das nove companhias principais – Edison, Biograph, Vitagraph (J. Stuart Blackton, Albert E. Smith, William T. Rock), Essanay (George K. Spoor, Gilbert M. Anderson), Kalem (George Kleine, Samuel Long, Frank Marion), Selig (William N. Selig), Lubin (Sigmund Lubin) e as firmas francesas Pathé Frères e Star Film / Méliès (pois os Lumière já haviam saído do Mercado) – juntamente com a Kleine Optical de George Kleine, um importador de filmes, compreendendo que estavam gastando uma fortuna com custos judiciais e que com essa guerra a indústria não podia progredir, assinaram um acôrdo de paz.

Líderes da Motion Picture Patents Company

Sob a liderança conjunta de Edison-Biograph, as companhias se associaram em um consórcio intitulado Motion Picture Patents Company – MPPC e fizeram um pool de 16 patentes pertencentes a todos os produtores, que cobriam filmes, câmeras e projetores, estabelecendo o pagamento de royalties em troca de licenças para o uso dessas patentes. O consórcio entrou em acordo com a Eastman Kodak, a única fabricante de filme virgem de 35 mm de qualidade comercial nos Estados Unidos, que passou a vender sua matéria-prima somente para as produtoras licenciadas. Estas só poderiam alugar (a MPPC acabou com a venda, inclusive para evitar a circulação de cópias estragadas) seus filmes para as distribuidoras licenciadas. As distribuidoras, por sua vez, só poderiam relocar os filmes para os exibidores licenciados. E estes só poderiam usar os projetores patenteados. Toda distribuidora  e exibidor que infringisse essas regras seria excluído do consórcio.

Apesar dessa primeira tentativa de concentração, os produtores e distribuidores independentes continuaram seus negócios, facilitados pela procura crescente de filmes. Um distribuidor de Chicago, Carl Laemmle, desligou-se do truste, importando filmes de produtores europeus não comprometidos com a MPPC e formando sua companhia produtora, Independent Motion Picture Company (IMP), na qual usava o filme virgem dos Lumière então disponível nos Estados Unidos. Além da IMP, surgiram outras companhias independentes como a Centaur (David Horsley); Crescent (Fred Balshofer); New York Motion Picture Company (Fred Balshofer, Adam Kessel, Charles Bauman) com as marcas registradas Bison e depois Kay Bee; Thanhouser (Edwin Thanhouser); Powers (Pat Powers); Nestor (David Horsley); Defender (Wiliam Swanson, Edwin S. Porter, Joseph Engel) com a marca Rex Pictures; American Film Manufacturing (John R. Freuler, Samuel Hutchinson) com a marca Flying A, oferecendo também as comédias Beauty e Vogue, os westerns Mustang e os dramas Clipper; Champion (Mark Dintenfass); Solax (Alice e Herbert Blaché); Majestic (Harry Aitken, Thomas Cochrane); Reliance (Charles Baumann, Adam Kessel); Keystone (Mack Sennett) etc.

Para entrar no mercado, o movimento independente decidiu enfrentar o truste nos seus próprios termos, ou seja, oferecendo programas completos de filmes de um rolo aos cinemas. Foi criada uma distribuidora nacional, Motion Picture Distributing and Sales Company, que depois se dividiria em duas distribuidoras rivais, a Mutual-Film Supply Company (organizada por John R. Freuler e Harry Aitken) e a Universal Film Manufacturing Company (sob a liderança de Carl Laemmle), cada qual com uma dúzia de produtores alinhados com elas, garantindo o suprimento regular do produto. Os programas podiam ser compostos por uma comédia, um western, possivelmente um documentário, e um drama – fornecidos pelos diversos produtores, cada qual especializado em um tipo de filme.

 

Pouco antes da criação da distribuidora dos independentes, o truste havia constituído a General Film Company, uma subsidiária para organizar, em base nacional, a distribuição de filmes licenciados. A General Film comprou a maioria das distribuidoras e eliminou muitas outras, cassando a liberação de filmes para elas. Apenas uma distribuidora resistiu – a Greater New York Film Rental Company, de William Fox. Fox recusou-se a vender sua firma, começou a produzir filmes e entrou com uma ação contra a MPPC. Esta ação não foi decisiva para a derrota do truste, porém desencadeou o caso United States vs. Motion Pictures Patents Company, que iria dissolver formalmente o monopólio em 1918 com base na Lei Sherman Antitruste.

A decisão final, porém, foi quase irrelevante, pois o truste já havia sido derrotado por outros fatores: 1. A deserção da Eastman Kodak, que voltou a vender seus filmes virgens também para os independentes; 2. A perda de suas receitas no exterior devido ao início das hostilidades da Primeira Guerra Mundial; 3. A sua política de não aceitar financiamento dos banqueiros de Wall Street, confiando demais nos próprios recursos; 4. A animosidade entre os licenciados; 5. A competição acirrada com os independentes.

A batalha entre o truste e os independentes para controlar um mercado imensamente lucrativo e em crescimento gerou resultados positivos para o desenvolvimento de toda a indústria cinematográfica: 1. A introdução do estrelismo (star system) e do filme de longa-metragem (feature film); 2. A construção de cinemas maiores e mais luxuosos (movie palaces); e 3. A transferência do centro de produção para Holywood.

 

 

CONTRIBUIÇÃO HÚNGARA PARA O CINEMA MUNDIAL CLÁSSICO II

ATRIZES:

Elisabeth Bergner

Elisabeth Bergner (1897-1986). Trabalhou na Alemanha, Inglaterra, quase sempre sob a direção de seu marido Paul Czinner. Fimes:  Nju-Eine unverstande Frau/ 1924 com Emil Jannings, Conrad Veidt; Der Geiger von Florenz/ 1926 com Conrad Veidt, Nora Gregor; Amores de Duquesa/ 1927 com Agnes Esterházy; Doña Juana/ 1938 com Walter Rilla; Fräulein Else/ 1929 com Albert Basserman; Catarina , a Grande/ The Rise of Catherine the Great/ 1934 com Douglas Fairbanks Jr., Flora Robson; Contudo És Meu/ Escape Me Never/ 1935 com Hugh Sinclar; Como Gosteis/ As You Like It/ 1936 com Laurence Olivier; Lábios Pecadores/ Dreaming Lips/ 1937 com Raymond Massey; Vida Roubada / Stolen Life / 1939 com Michael RedgaveParis Está Chamando/ Paris Calling  /1941 com Randolph Scott (Dir: Edwin L. Marin).

Eva Gabor

Eva Gabor (1919-1995). Nome verdadeiro: Éva Gábor.  Trabalhou nos EUA. Filmes: Aterrisagem Forçada/ Forced Landing/ 1941 com Richard Arlen (Dir: Gordon Wiles); Pecado de Amor/ Song of Surrender/1949 com Wanda Hendrix, Claude Rains (Dir: Mitchell Leisen ; A Máscara do Mágico/ The Mad Magician/ 1954 com Vincent Price (Dir: John Brahm); A Última Vez Que Ví Paris/ The Last Time I SawParis/ 1954 com Elizabeth Taylor, Van Johnson, Walter Pidgeon (Dir: Richard Brooks); Artistas e Modelos/ Artists and Models/ 1955 com Jerry Lewis, Dean Martin, Shirley MacLaine (Dir: Frank Tashlin);  aparição não creditada em A Marca da Maldade/ Touch of Evil/ 1958  (Dir: Orson Welles).

Eva Todor

Eva Todor (1919-2017). Nome verdadeiro: Éva Fodor. A grande estrela do teatro brasileiro, trabalhou em Portugal, Brasil. Filmes: Os Dois Ladrões/ 1960 com Oscarito, Cyll Farney (Dir: Carlos Manga); Pão Amor e …  Totobola/ 1964 com Perla Cristal (Dir: Henrique Campos). Nos anos 2003 e 2008 (que estão fora do período clássico de que estamos tratanto, mas, só por curiosidade), Eva participou ainda de Xuxa Abracadrabra com Xuxa Meneghel (Dir: Moacyr Góes) e Meu Nome Não é Johnny/ 2008 com Selton Melo (Dur: Mauro Lima).

Franciska Gaal

Franciska Gaal (1903-1973). Nome verdadeiro: Franciska Silberspitz. Trabalhou na Alemanha, Áustria, EUA. Filmes: Pimenta Malagueta/ Paprika/ 1932 com Paul Hörbiger (Dir: Carl Boese); Mãezinha / Kleine Mutti / 1935 com Bandi (Dir: Herman Kösterlitz; Desfile de Primavera/ Früjahrsparade/ 1934 com Paul Hörbiger (Dir: Géza von Bolváry); Eva de Calças/ Peter/ 1934 com Felix Bressart (Dir: Herman Kösterlitz); A Pequena Encantada/ Csibi der Fratz/ 1934 com Herbert Hubner (Dir: Max Neufeld, Richard Eichberg); A Pequena Endiabrada/ Fräulein Lilli/1936 com Hans Jaray (Dir: Hans Behrendt); Lafitte, o Corsário/ The Buccaneer/ 1938 com Fredric March (Dir: Cecil B. DeMille); Três Horas de Amor/ The Girl Downstairs/ 1938 com Franchot Tone (Dir: Norman Taurog); Lua de Mel em Paris/Paris Honeymoon/ 1939 com Bing Crosby, Shirley Ross, Edward Everett Horton (Dir: Frank Tuttle).

Ica von Lenkeffy

Ica von Lenkeffy (1896-1955). Trabalhou na Alemanha, Austria, França. Filmes: Boccacios Liebesnächte/ 1920 com Paul Lukas (Dir: Michael Kertesz); Othello/ 1922 com Emil Jannings, Werner Krauss (Dir: Dimitri Buchowetzki); Die Erbin vonTordis/ 1924 com Paul Hartmann (Dir: Robert Dinesen); Fräulein Fran/ 1928 com Renati Renee, Albert von Kestern (Dir: Hans Theyer); Yvette/ 1928 com Thomy Bourdelle, Blanche Bernis (Dir: Alberto Cavalcanti); Souris d’Hôtel/ 1929 com Suzanne Delmas, Arthur Pusey (Dir: Adelqui Millar).

Ilona Massey

Ilona Massey (1910-1974). Nome verdadeiro: Ilona Hajmássy. Trabalhou na Áustria, EUA. Anunciada como “a nova Dietrich”. Filmes: Der Himmel auf Erden/ 1935 com Heinz Rühman (Dir: E. W. Emo); Zirkus Saran/ 1935 com Leo Slezak (Dir: E. W. Emo);Rosalie/ Rosalie/ 1937 com Nelson Eddy, Eleanor Powell   (Dir: W. S. Van Dyke); Balalaika/ Balalaika/ 1939 com Nelson Eddy (Dir: Reinhold Schunzel): Serenata do Amor/ New Wine/ 1941 com Alan Curtis  (Dir: Reinhold Schunzel); Sedutora Intrigante/ International Lady/ 1941 com George Brent (Dir: Tim Whelan); Espião Invisível/ Invisible Agent/ 1942 com John Hall, Peter Lorre; Frankenstein  encontra o Lobishomem/ Frankenstein Meets the Wolf Man/ 1943 com Patrick Knowles, Bela Lugosi, Lon Chaney Jr. (Dir: Roy William Neill); Romance no México/ Holiday in Mexico/ 1947 com Walter Pidgeon, Jane Powell (Dir: George Sidney);   Canção de Duas Vidas/ Northwest Outpost/ 1947  com Nelson Eddy (Dir: Allan Dwan); Os Salteadores/ The Plunderers/ 1948 com Rod Cameron (Dir: Joseph Kane); Loucos de Amor/ Love Happy/ 1949 com os Irmãos Marx (Dir: David Miller).

Kate von Nagy

Käthe von Nagy (1904-1973). Nome verdadeiro: Ekaterina Nagy von Cziser. Trabalhou na Itália, Alemanha, França, Áustria. Filmes: Rotaie / 1929 com Mauricio D’Ancora(Dir: Mario Camerini); Noite / Ich bei Tag und du bei Nacht/ 1932 com Willy Fritsch (Dir: Ludwig Berger); Quero Ser Uma Grande Dama/ Un Jour Viendra/ 1934 com Jean-Pierre Aumont – versão francesa de Einmal eine grosse Dame sein/ 1934 (Dir: Gerhard Lamprecht); Rosas Vienenses/ Der juge Baron Neuhaus  / 1934 com Viktor de Kowa (Dir: Gustav Ucicky); Turandot / Turandot / 1935 com Pierre Blanchar – versão francêsa de Prizessin Turandot/ 1934 (Dir: Gerhard Lamprecht); Glória de um Império/ La Route Imperiale/ 1935 com Pierre Richard-Willm (Dir: Marcel L’Herbier);  Cargaison Blanche/ 1937 com Jean-Pierre Aumont, Jules Berry (Dir: Robert Siodmak).

Lucy Doraine

Lucy Doraine (1898-1989). Nome verdadeiro: Ilona Kovács. Trabalhou na Áustria. Alemanha, EUA. Filmes: Cherchez la Femme/ Herzogin Satanellacom Alphons Fryland (Dir: Michael Curtiz como Michael Kertész); Sodoma e Gomorra/ Sodom und Gomorrha/ 1922 com Victor Varconi (Dir: Michael Curtiz como Mihaly Kertész); Desilusão/ Finale der Liebe/ 1925 com Nils Asher (Dir: Felix Basch); Der Prinz und die Tänzerin/ 1926 com Hans Albers (Dir: Richard Eichberg); A Última Cartada/ Eheskandal im House Fromont/ 1927 com Nora Gregor (Dir: A. W. Sanberg); Adoração/ Adoration  / 1928 com Billie Dove, Antonio Moreno (Dir: Frank Lloyd); Christina / Christina/ 1929 com Janet Gaynor, Charles Morton (Dir: W. K. Howard).

Lya de Putti

Lya de Putti (1897 -1931. Nome verdadeiro: Amália Putti. Trabalhou na Alemanha, Inglaterra, EUA. Filmes: Othello/Othelllo/ 1922 com Emil Jannings (Dir: Dimitri Buchowetski); Phantom/ 1922 com Alfred Abel, Lil Dagover (Dir: F. W. Murnau); Terra em Fogo/ Der brennende Acker/ 1922 com Werner Krauss, Eugen Klöpfer (Dir: F. W. Murnau); Varieté/Varieté/ 1925 com Emil Jannings (Dir: E.A. Dupont); Romance de Comediantes/ Komödianten/ 1925 com Eugen Klöpfler (Dir: Karl Grune); Tristezas de Satanás/ The Sorrows of Satan/ 1926 com Adolphe Menjou, Carol Dempster (Dir: D. W. Griffith); Manon Lescaut/ Manon/ 1926 com Vladimir Bajdarov (Dir: Arthur Robinson); A Dama Escarlate/ The Scarlet Lady/ 1928 com Don Alvarado, Warner Oland (Dir: Alan Crosland); Almas das Ruas/ The / 1929 com Lars Hanson (Dir: Arthur Robison).

Maria Corda

Maria Corda (1898-1976). Nome verdadeiro: Mária Antónia Farkas. Trabalhou na Áustria, Itália, Alemanha, Inglaterra, EUA. Filmes: Samson und Delila/ 1922 com Franz Herterich (Dir: Alexander Korda); Lua de Israel/ Die Slavenkönigin/ 1924 com Adelqui Millar, Arlette Marchal  (Dir: Michael Curtiz como Michael Courtice); Os Últimos Dias de Pompéia/ Gli Ultimi Giorni di Pompei/ 1926 com Victor Varconi, Rina De Liguoro (Dir: Carmine Gallone, Amleto Palermi);  A Vida Privada de Helenade Tróia/ The Private Life of Helen of Troy/ 1927 com Lewis Stone, Ricardo Cortez  (Dir: Alexander Korda); O Amor e o Demônio/ Love and the Devil  / 1929 com Milton Sills (Dir:  Alexander Korda).

Marika Rokk

Marika Rokk (1913-2004). Nascida no Cairo, mas criada em Budapeste. Nome verdadeiro: Marie Karoly Charlotte Rökk. Trabalhou na Inglaterra, Alemanha. Filmes: Why Sailors Leave Home/ 1930 com Leslie Fuller (Dir: Monty Banks); O Estudante Mendigo/ Der Bettelstudentcom Fritz Kemper (Dir: Georg Jacoby); Gasparone/ Gasparone  / 1937 com Johannes Heesters (Dir: Georg Jacoby); Ritmo Ardente/ Und du maien Schatz fährst mit (de)/ 1937 com Hans Sönker (Dir: Georg Jacoby); Alô, Janine !/ Hello Janine/ 1939 com Johannes Heester (Dir: Carl Boese); Noite de Baile/ Es war eine raushende Ballnacht/ 1939 com Zarah Leander, Hans Stüwe (Dir: Carl Froelich); Kora Terry/ 1940 com Will Quadflieg (Dir: Georg Jacoby); Frauen sind doch bessere Diplomaten/ 1941 com Willy Fritsch (Dir: Georg Jacoby).

Sacy von Blondell

Sacy von Blondel(1897-1983). Nome verdadeiro: Megyery Sári. Trabalhou na Alemanha. Filmes: Ramara(série Phantomas)/ 1916 com Erich Kaiser-Titz (Dir: Ernst Matray); Im Reich der Zwerge/ 1916 com Grete Weixler (Dir: Louis Neher); Verworrene Wege/ 1918 com Bruno Ziener (Dir: Eugen Illés); Das Testament des Joe Sivers/ 1922 com Hans Albers (Dir: Conrad Wiene); Der böse Geist/ 1922 com Hans Albers (Dir: Carl Wilhelm); Jeremias/ 1922 com Carl de V. Hundt (Dir: Eugen Illés).

Vilma Banky

Vilma Bánky (1910-1991). Nome verdadeiro: Vilma Koncsics. Trabalhou na   Alemanha, EUA. Filmes:Das schöne Abenteuer / 1924 com Manfred Noa (Dir: Georg Alexander); O Anjo das Sombras/ The Dark Angelcom Ronald Colman (Dir: George Fitzmaurice); O Águia / The Eagle/ 1925 com Rudolph Valentino (Dir: Clarence Brown); O Filho do Sheik/ Son of the Sheik/ 1926 com Rudolph valentine (Dir: George Fitzmaurice); Beijo Ardente/ The Winning of Barbara Worth/ 1926 com Ronald Colman, Gary Cooper (Dir: Henry King); A Noite de Amor/ The Night of Love/ 1927 com Ronald Colman (Dir: George Fitzmaurice); A Chama do Amor/ The Magic Flame/ 1927 com Ronald Colman (Dir: Henry King); Dois Amantes/ TwoLovers/ 1928 com Ronald Colman (Dir: Fred Niblo); O Despertar de uma Mulher/ The Awakening/ 1928 com Walter Byron (Dir: Victor Fleming); Mulher Ideal/ Lady to Love/ 1930 com Edward G. Robinson (Dir: Victor Sjostrom).

Zsa Zsa Gabor

Zsa Zsa Gabor (1917-2016). Nome verdadeiro: Sári Gábor. Trabalhou nos EUA, Alemanha, França, Inglaterra. Filmes: Moulin Rouge/ Moulin Rouge/ 1952 com Jose Ferrer (Dir: John Huston);Lili/ Lili/ 1953 com Leslie Caron (Dir: Charles Walters); O Inimigo Público nº1/ L’Enemi Public nº1 / 1953 com Fernandel (Dir: Henri Verneuil); Luz e Sangue/ Sang et Lumières/ 1953 com Daniel Gélin (Dir: Georges Rouquier); O Rei do Circo / Three Ring Circus / 1954 com Dean Martin, Jerry Lewis(Dir: Joseph Pevney);Destruí Minha Própria Vida/ Death of a Scoundrel/ 1956 com George Sanders, Yvonne De Carlo (Dir: Charles Martin); The Man Who Wouldn’t Talk/ 1957 com Anna Neagle (Dir: Herbert Wilcox); A Marca da Maldade/ Touch of Evil/ 1958  com Charlton Heston, Janet Leigh (Dir: Orson Welles); Rebelião dos Planetas/ Queen of Outer Space/ 1958 com Eric Fleming (Dir: Edward Bernds); Pela Primeira Vez/ For The First Time/ 1959 com Mario Lanza (Dir: Rudoph Mate).

ATORES:

Bela Lugosi

Bela Lugosi (1882-1956). Nome verdadeiro: Béla Ferenc Dezsö Blaskó. Trabalhou na Alemanha e EUA. Filmes: Der Januskopf / 1920 com Conrad Veidt (Dir: F. W. Murnau); Drácula / Dracula/ 1932 com Helen Chandler, David Manners (Dir: Tod Browning); Chandu, o Mágico/ Chandu the Magician/ 1932 com Edmund Lowe, Irene Ware (Dir: William Cameron Menzies);O Gato Preto/ The Black Cat/ 1934 com Boris Karloff (Dir: Edgar G. Ulmer); A Volta de Chandu/ The Return of Chandu/ 1934 com Maria Alba (Dir: Ray Taylor); As 12 Moedas de Confúcio/ The Mysterious Mr. Wong/ 1934 com Wallace Ford (Dir: William Nigh); A Marca do Vampiro/ Mark of the Vampire/ 1935 com Lionel Barrymore, Elizabeth Allan (Dir: Tod Browning); O Corvo/ The Raven/ 1935 com Boris Karloff (Dir: Lew Landers); O Filho de Frankenstein/ Son of Frankenstein/ 1939 com Boris Karloff, Basil Rathbone (Dir: Rowland V. Lee); Ninotchka/ Ninotchka/ 1939 com Greta Garbo, Melvyn Douglas (Dir: Ernst Lubitsch); O Lobishomem/ The Werewolf/ 1941  com Claude Rains, Lon Chaney Jr. (Dir: George Waggner); O Túmulo Vazio/ The Body Snatcher/ 1945 com Boris Karloff, Henry Daniell (Dir: Robert Wise).

Cornel Wilde

Cornel Wilde (1912-1989). Nome verdadeiro: Kornél Lajos Weisz. Trabalhou nos EUA., Itália. Filmes: À Noite Sonhamos/ A Song to Remember/ 1945 com Merle Oberon, Paul Muni (Dir: Charles Vidor), Aladim e a Princesa de Bagdad/ A Tousand and One Nights/ 1945 com Evelyn Keyes (Dir: Alfred E. Green): Amar Foi Minha Ruína/ Leave Her To Heaven/ 1945 com Gene Tierney, Jeanne Crain (Dir: John M. Stahl); O Filho de Robin Hood/ The Bandit of Sherwood Forest/ 1946 com Anita Louise (Dir:  Henry Levin, George Sherman); Noites de Verão/ Centennial Summer/ 1946 com Jeanne Crain, Linda Darnell (Dir: Otto Preminger); Entre o Amor e o PecadoForever Amber/ 1947 com Linda Darnell (Dir: Otto Preminger); A Taverna do Caminho/ Road House/ 1948  com Ida Lupino, Richard Widmark  (Dir: Jean Negulesco): O Maior Espetáculo da Terra/ The Greatest Show on Earth/ 1952 com Betty Hutton (Dir: Cecil B. DeMille): Os Filhos dos Mosqueteiros/ At Swords Point/ 1952 com  Maureen O’Hara (Dir: Lewis Allen); O Império do Crime/ The Big Combo/ 1955 com Richard Conte, Jean Wallace  (Dir: Joseph H. Lewis); As Aventuras de Omar Khayyam/ Omar Khayyam/ 1957  com Depra Paget, Michael Rennie (Dir: William Dierterle); Constantino e a Cruz/ Costantino il grande/ 1961 com Belinda lee, Massimo Serato (Dir: Lionello De Felice); A Prova do Leão/ The Naked Prey/ 1965 (Dir: Cornel Wilde); Desembarque Sangrento / Beach Red/ 1967 (Dir: Cornel Wilde). Além destes dois últimos filmes, Cornel Wilde dirigiu mais seis:  Ódio Entre Irmãos/ Storm Fear/ 1955; O Trampolim do Diabo/ The Devil’s Hairpin/ 1957, Fogo em Maracaibo / Maracaibo/ 1958; Lancelot, o Cavaleiro de Ferro/ Lancelot and Guinevere/ 1963; A Mais Cruel Batalha/ No Blade of Grass/ 1970 e O Tesouro dos Tubarões/ Shark’s Treasure/ 1975.

Harry Houdini

Harry Houdini (1874-1926). Nome verdadeiro: Erik Weisz. Trabalhou nos EUA. Filmes: O Homem de Aço/ The Master Mystery/ 1918; O Salto da Morte/ The GrimGame/ 1919; A Ilha do Terror/ Terror Island/ 1920; O Imortal/ The Man fromBeyond/ 1921. Houdini dirigiu e atuou em Holdane of the Secret Service/ 1923.

Joe Penner

Joe Penner (1904-1941). Nome verdadeiro: József Pintér. Trabalhou mos EUA. Filmes: Mocidade e Música/ College Rhthym/ 1934 com Jack Oakie (Dir: Norman Taurog); Colégio do Sapequismo/Collegiate/ 1936 com Jack Oakie, Frances Langford (Dir: Ralph Murphy); Caras Novas de 1937/ New Faces of 1937com Milton Berle (dir: Leigh Jason); A Alma da Festa/ The Life of the Party/ 1937 com Gene Raymond (Dir: William A. Seiter): Um Susto e Uma Corrida/ Go Chase Yourself/ 1938 com Lucille Ball (Dir: Edward F. Cline); Na Reta de Chegada/ The Day the Bookies Wept/ 1939 com Betty Grable (Dir: Leslie Goodwins); Os Gregos Eram Assim/ The Boys from Syracuse/ 1940 com Allan Jones, Irene Hervey, Martha Raye (Dir: Edward Sutherland).

Paul Horbiger

Paul Hörbiger (1894-1981). Trabalhou na Alemanha, Áustria, Inglaterra. Filmes: Redenção/ Liebelei / 1927 com Magda Schneider (Dir: Max Ophuls); Os Espiões/ Spione/ 1928 com Rudolf Klein- Rogge, Willy Fritsch (Dir: Fritz Lang); Rapsódia Húngara/ Ungarishe Rhapsodie/ 1928 com Lil Dagover, Willy Fritsch (Dir: Hans Schwarz); Flor do Asfalto/ Asphalt / 1929 com Gustav Frölich (Dir: Joe May); Dois Corações ao Compasso de Valsa/ Zwei Hergzen im ¾ Takt/1934 com Willi Forst, Walter Jenssen (Dir: Géza von Bolváry); O Congresso Dança/ Der Kongress tanzt/ 1931 com Lilian Harvey, Willy Fritsch, Conrad Veidt (Dir: Erik Charrell); A Princesa das Czardas/ Die Czardas fürstin/ 1934 com Martha Eggerth (Dir: Georg Jacoby);  Meu Coração Te ChamaMein Herz ruft nach dir/ 1934 com Jan Kiepura, Mártha Eggerth (Dir: Carmine Gallone); Valsa do Amor/ Königwalzer/ 1935 com Curd Jurgens, Carola Höhn (Dir: Herbert Maish); Wen die Götter lieben/ 1936 com Hans Holt (Dir: Karl Hartl);   Die Grosse Liebe/ 1942 com Zarah Leander, Viktor Staal (Dir: Rolf Hansen); As Três Meninas de Schubert/ Drei Mäderl um Schubert/ 1936 com Greti Theimer (Dir: E. W. Emo); O Terceiro Homem/ The Third Man/ 1948 com Joseph Cotten, Orson Welles, Alida Valli (Dir Orson Welles).

Paul Lukas e Jennifer Jones

Paul Lukas (1894-1971). Nome verdadeiro: Pál Lukács. Trabalhou na Áustria, Alemanha, Inglaterra, EUA. Filmes: Samson und Delila/ 1922 com Maria Corda (Dir: Alexander Korda); Anjo Pecador/ Shopworn Angel com Nancy Carroll, Gary Cooper (Dir: Richard Wallace); Ruas da Cidade/ City Streets/ 1930 com Gary Cooper, Sylvia Sidney (Dir: Rouben Mamoulian); A Dama Errante/ A Passport to Hell/ com Elissa Landi (Dir: Frank Lloyd); Fogo de Outono/Dodsworth/ 1936 com Walter Huston, Ruth Chatterton (Dir: William Wyler); A Dama Oculta/ The Lady Vanishes/ 1938 com Michael Redgrave, Margaret Lockwood (Dir: Alfred Hitchcock); Confissões de um Espião Nazista/ Confessions of a Nazi Spy/ 1939  com Edward G. Robinson, George Sanders, Francis Lederer; Horas deTormentaWatch on the Rhine/ 1943 com Bette Davis (Dir: Herman Shumlin); Endereço Desconhecido/ Address Unknown/ 1944 com Mady Christians (Dir: William Cameron Menzies); Expresso para Berlim / Berlin Express/ 1948 com Merle Oberon, Robert Ryan (Dir: Jacques Tourneur);  Vinte Mil Léguas Submarinas/ 20.000 Miles Under the Sea/ 1954 com Kirk Douglas, James Mason (Dir: Richard Fleischer); Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse/ The Four Horsemen of the Apocalypse/ 1962 com Glenn Ford, Ingrid Thulin, Paul Henreid, Charles Boyer (Dir: Vincente Minnelli); Lord Jim/ Lord Jim/ 1965 com Peter O’Toole (Dir: Richard Brooks).

Peter Lorre

Peter Lorre (1904-1964). Nome verdadeiro: Lásló Löwenstein. Trabalhou na Alemanha, Inglaterra, EUA. Filmes:  M- O Vampiro de Dusseldorf  / M- Eine stadt sucht einem Mörder/ 1931 com Otto Wernicke (Dir: Fritz Lang); O Homem Que Sabia Demais/ The Man Who Knew Too Much/ 1934 com Leslie Banks (Dir: Alfred Hitchcock); Dr.Gogol, o Médico Louco/ Mad Love/ 1935 com Frances Drake, Colin Clive (Dir: Karl Freund); Assassino sem Culpa/ Crime and Punishment/ 1935 com Edward Arnold (Dir: Josef von Sternberg); Relíquia Macabra/ The Maltese Falcon/ 1941 com Humprey Bogart, Mary Astor (Dir: John Huston); Máscara de Fogo/ Face Behind the Mask/ 1941 com Evelyn Keyes (Dir: Robert Florey); Casablanca/ Casablanca/ 1942 com Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid (Dir: Michael Curtiz): Máscara de Dimitrios/ The Mask of Dimitrios/ 1944 com Sidney Greenstreet, Zachary Scott (Dir: Jean Negulesco); Três Desconhecidos/ Three Strangers/ 1946 com Sidney Greenstreet, Geraldine Fitzgerald (Dir: Jean Negulesco); Justiça Tardia/ The Verdict/ 1946 com Sidney Greenstreet (Dir: Don Siegel). Lorre protagonizou a série Mr. Moto e dirigiu um filme: Der Verlorene/ 1951, no qual atuou também como ator.

Humphrey Bogart e S.Z. Sakall

S. Z. Sakall (1883-1965). Nome verdadeiro: Szöka Szakáli. Trabalhou na Alemanha, EUA. Filmes: Familientag im Hause Prellstein/ 1927 com Erika Glässner (Dir: Hans Steinhoff); Dois Corações ao Compasso de Valsa/ Zwei Herzen im Dreiviertel-Takt/ 1930 com Willi Forst, Walter Janssen (Dir: Géza von Bolvary); Frühlingsstimmen / 1933 com Adele Kem (Dir: Paul Fejos); Sinfonia do Amor/ Kaiserwalzer/ 1933 com Martha Eggert (Dir: Frederik Zelnik); Parada da Primavera/ Spring Parade/ 1940 com Deanna Durbin (Dir: Henry Koster); Uma Noite no Rio/ That Night in Rio/ 1941 com Alice Faye, Don Ameche , Carmen Miranda (Dir: Irving Cummings); Bola de Fogo/ Ball of Fire/ 1941 com Gary Cooper, Barbara Stanwyck (Dir: Howard Hawks); Sete Noivas/ Seven Sweethearts/ 1942 com Kathryn Grayson, Van Heflin, Marsha Hunt (Dir: Frank Borzage); As Irmãs Dolly/ The Dolly Sisters/ 1945 com Betty Grable, June Haver, John Payne (Dir: Irving Cummings); Bonequinha Linda/ Oh, You Beautiful Doll/ 1949 com Mark Stevens, June Haver (Dir: John M. Stahl); No, No Nanette/ Tea for Two/ 1950 com Doris Day, Gordon MacRae (Dir: David Butler); Montana, Terra Proibida/ Montana/ 1950 com Errol Flynn, Alexis Smith (Dir: Ray Enright).

Victor Varconi

Victor Varconi (1891-1976). Nome verdadeiro: Mihály Várkonyl. Trabalhou na Alemanha, Austria, Itália, EUA. Filmes: Herren der Mere/ 1922 com Maria Corda (Dir: Alexander Korda); Sodoma e Gomorra/ Sodom und Gomorrah/ 1922 com Lucy Doraine  (Dir: Mihály Kertész): Os Últimos Dias de Pompéia/ Gli Ultimi Giorni diPompei/ 196 com Rina De Liguoro (Dir: Carmine Gallone); O Barqueiro do Volga/ The Volga Boatman/ 1926 com William Boyd, Elinor Fair (Dir: Cecil B. DeMille); Rei dos Reis/ The King of Kings/ 1927 com H. B. Warner (Dir: Cecil B. DeMille);  A Divina Dama / The Divine Lady / 1929 com Corinne Griffith (Dir; Frank Lloyd);  Amor Eterno / Eternal Love/ 1929 com John Barrymore, Camilla Horn (Ernst Lubitsch); Der Rebell / 1932 com Luis Trenker, Luise Ullrich (Dir: Kurt Bernhardt, Edwin H. Knopf, Luis Trenker.

MÚSICOS:

Joseph Kosma

Joseph Kosma (1905-1969). Nome verdadeiro: József Kozma. Trabalhou na França. Filmes:  A Grande Ilusão/ La Grande Illuson/ 1937 com Pierre Fresnay, Erich von Strohein, Jean Gabin (Dir: Jean Renoir); A Besta Humana/ La Bête Humaine/ 1938 com Jean Gabin, Simone Simon (Dir: Jean Renoir); A Regra do Jogo / La Règle du Jeu/ 1939 com Marcel Dalio, Nora Gregor, Jean Renoir (Dir: Jean Renoir);Os Visitantes da Noite / Les Visiteurs du Soir/ 1942 com Alain Cuny, Arletty, Marie Déa, Jules Berry (Dir: Marcel Carné); Portas da Noite/ Les Portes de la Nuit/ 1946 com Pierre Brasseur, Yves Montand, Serge Reggiani (Dir: Marcel Carné); História de um Pecado/ Bethsabée / 1947 com Danielle Darrieux, Georges Marchal (Dir: Léonide Moguy); Os Amantes de Verona/ Les Amants de Vérone/1949 com Pierre Brasseur, Serge Reggiani, Anouk Aimée (Dir: André Cayatte); Lembranças do Pecado/ Souvenirs Perdus/ 1950 com Pierre Brasseur, Danièle Delorme, Edwige Feuillère, Gérard Philipe (Dir: Christian-Jaque); Mães Modernas/ Le Cas du Docteur Laurent/ 1957 com Jean Gabin, Nicole Courcel (Dir: Jean-Paul le Chanois).

Karl Hajos

Karl Hajos (1889-1950). Trabalhou nos EUA. Filmes: O Capanga de Hitler/ Hitler’s Madman/ 1943 com John Carradine, Patricia Morison, Alan Curtis (Dir: Douglas Sirk); O Que Matou Por Amor /Summer Storm/ 1944 com Linda Darnell, George Sanders (Dir: Douglas Sirk); Nevoeiro/ Fog Island/ 1945 com George Zucco, Lionel Atwill (Dir: Terry Morse); dois filmes da série The Falcon: Encontro com a Morte/ Appointment with Murder/ 1948 e Search for Danger/ 1949 ambos com John Calvert e direção de Jack Bernhard; Kill or Be Killed/ 1950 com Lawrence Tierney (Dir: Max Nossek).

Miklos Rosa

Miklós Rósza (1907-1995). Trabalhou na França, EUA, Inglaterra, EUA. Filmes: As Quatro Penas Brancas/ The Four Feathers/ 1939 com John Clements, June Duprez, Raph Richardson (Dir: Zoltan Korda); O Ladrão de Bagdad/ The Thief of Bagdad / 1940 comSabu, Conrad Veidt, John Justin, June Duprez (Dir: Ludwig Berger, Michael Powell, Tim Whelan);Cinco Covas no Egito / Five Graves to Cairo /1943 comFranchot Tone, Erich Von Stroheim, Anne Baxter (Dir: Billy Wilder);Pacto de Sangue/ Double Indemnity/ 1944 com Edward G. Robinson, Fred MacMurray, Barbara Stanwyck (Dir: Billy Wilder); Farrapo Humano/ The Lost Weekend/ 1945 com  Ray Milland. Jane Wyman (Dir: Billy Wilder); Quando Fala o Coração/ Spellbound/ 1945 com Gregory Peck, Ingrid Bergman (Dir: Alfred Hitchcock);Assassinos/ The Killers/ 1946 com Burt Lancaster, Ava Gardner, Edmond O’Brien (Dir: Robert Siodmak);Fatalidade/ A Double Life  / 1947 com Ronald Colman, Signe Hasso, Edmond O’Brien (Dir: George Cukor); O Segredo da Porta Fechada/ Secret Beyond the Door/ 1947;com Michael Redgrave, Joan Bennett (Dir: Fritz Lang);  Cidade Nua/ The Naked City/ 1948 com Don Taylor, Barry Fitzgerald, Howafrd Duff (Dir: Jules Dassin); Baixeza/ Criss Cross/ 1949 com Burt Lancaster, Yvonne De Carlo, Dan Duryea (Dir: Robert Siodmak); A Sedutora Madame Bovary/ Madame Bovary/1949 com Jennifer Jones, Van Heflin, James Mason (Dir: Vincente Minnelli);  O Segredo das Jóias / The Asphalt Jungle/ 1950 com  Sterling Hayden, Jean Hagen, Louis Calhern, Sam Jaffe (Dir: John Huston); Quo Vadis/ Quo Vadis/ 1951 com Robert Taylor, Deborah Kerr, Peter Ustinov (Dir: Mervyn Le Roy); Ivanhoé, o Vingador do Rei/ Ivanhoe/ 1952 com Robert Taylor, Elizabeth Taylor, George Sanders, Joan Fontaine (Dir: Richard Thorpe); O Tesouro de Barba Rubra/ Moonfleet/ 1955 com Stewart Granger, George Sanders (Dir: Fritz Lang); Sede de Viver/ Lust forLive/ 1956 com Kirk Douglas, Anthony Quinn (Dir: Vincente Minnelli); Ben-Hur/ Ben-Hur/ 1959 com Charlton Heston, Stephen Boyd, Jack Hawkins (Dir: William Wyler); El Cid  / El Cid/ 1961 com Charlton Heston, Sofia Loren, Raf Vallone, Geneviève Page (Dir: Anthony Mann); O Rei dos Reis/ King of Kings/ 1961 com Jeffrey Hunter, Siobhan McKenna, Hurd Hatfield, Viveca Lindfors (Dir: Nicholas Ray); A Vida Íntima de Sherlock Holmes/ The Private Life ofSherlock Holmes/ 1970 com Robert Stephens, Colin Blakely, Christopher Lee, Geneviève Page (Dir: Billy Wilder).

DIRETORES DE ARTE:

Alexandre Trauner

Alexandre Trauner (1906-1993). Nome verdadeiro: Sandór Trau. Trabalhou na França, EUA. Filmes:  A Dama de Malaca/ La Dame de Malacca/ 1937 com Edwige Feuillère, Pierre Richard Willm (Dir: Marc Allégret); Família Exótica / Drôle de Drame / 1937 com Louis Jouvet, Françoise Rosay, Michel Simon; Cais das Sombras/ Quai des Brumes/1938 com Jean Gabin, Michèle Morgan, Michel Simon, Jean-Louis Barrault; Hotel do Norte/Hotel du Nord/ 1938 com Louis Jouvet, Annabella, Arletty, Jean-Pierre Aumont (os três dirigidos por Marcel Carné); Águas Tempestuosas/ Remorques/1941 com Jean Gabin, Michèle Morgan, Madeleine Renaud (Dir: Jean Grémillon); O Boulevard  do Crime / Les Enfants du Paradis/ 1945 com Jean-Louis Barrault, Arletty, Pierre Brasseur ;  Portas da Noite/ Les  Portes de la Nuit/ 1946 com Yves Montand, Pierre Brasseur, Serge Reggiani (ambos dirigidos por Marcel Carné); A Cínica/ Manèges / 1950 com Simone Signoret, Bernard Blier (Dir: YvesAllégret); Paixão Abrasadora /La Marie du Port/  1950 com Jean Gabin, Blanchette Brunoy, Nicole Courcel;  Juliette ou La Clef des Songes/ 1951 com Gérard Philipe, Suzanne Cloutier  (ambos dirigidos por Marcel Carné);  Otelo/ Othelo/ 1951 com Orson Welles, Suzane Cloutier, Michéal MacLiammóir (Dir: Orson Welles); Mais Forte que a Morte/ Act of Love/ 1953 com Kirk Douglas, Dany Robin, Gabrielle Dorziat (Dir: Anatole Litvak); Rififi/ Du Rififi Chez les Hommes/ 1955 com Jean Servais, Janine Darcey (Dir: Jules Dassin); A Voz do Sangue/ Behold a Pale Horse  / 1964 com Gregory Peck, Anthony Quinn, Omar Shariff (Dir: Fred Zinnemann); A Noite dos Generais/ The Night of the Generals/ 1967 com Peter O’ Toole, Omar Sharif (Dir: Anatole Litvak);  A Vida Íntima de Sherlock Holmes/ The Private Life of Sherlock Holmes/ 1970 com Robert Stephens, Colin Blakely, Christopher Lee, Geneviève Page (Dir: Billy Wilder); O Homem Que Queria Ser Rei /The Man Who Would be King / 1975 com Sean O’Connery, Michael Caine, Christopher Plummer (Dir: John Huston).

Ernö Metzner

Ernö Metzner (1892-1953). Trabalhou na Alemanha, Inglaterra, EUA. Filmes: Sumurun/ Sumurun/ 1920 com Pola Negri, Paul Wegener, Jenny Hasselquist (Dir: Ernst Lubitsch); Amores de Faraó/ Das Weib des Pharao/ 1922 com Emil Jannings, Dagny Servaes, Harry Liedtke (dir: Ernst Lubitsch); Geheimnisse einer Seele/ 1926 com Werne Krauss (Dir: G. W. Pabst); Tagebuch einer Verlorenen/ 1929 com Louise Brooks, Fritz Rasp (Dir: G. W. Pabst); Die weisse Hölle vom Piz Palú  / W. Pabst); Guerra! Flagelo de Deus/ Westfront 1918/ 1930 com Fritz Kampers, Gustav Diesel (Dir: G. W. Pabst); Kameradschaft/ 1931 com Alexander Granach, Fritz Kampers (Dir: G. W. Pabst); Atlântida/ L’Atlantide/ 1932 com Brigitte Hellm, Pierre Banchar (Dir: G. W. Pabst); O Tempo é uma Ilusão/ It Happened Tomorrow/ 1944 com Dick Powell, Linda Darnel, Jack Oakie (Dir: René Clair); Covardia/ The Macomber Affair/ 1947 com Gregory Peck, Joan Bennett, Robert Preston (Dir: Zoltan Korda).

Vincent Korda

Vincent Korda (1897-1979). Nome verdadeiro: Vincze Kellner. Irmão de Alexander e Zoltan Korda. Trabalhou na Inglaterra, França, EUA. Filmes: Marius/ 1931 com Pierre Fresnay, Raimu (Dir: Alexander Korda); Os Amores de Henrique VIII/ The Private Life of Henry VIII/1933 com Charles Laughton, Robert Donat (Dir: Alexander Korda); Catarina, a Grande / The Rise of Catherine the Great / 1934; O Pimpinela Escarlate/ The Scarlet Pimpernel/1934 com com Leslie Howard, Merle Oberon, Raymond Massey (Dir: Harold Young); Um Fantasma Camarada/ The Ghost Goes West/ 1935 cm Robert Donat, Jean Parker (Dir: René Clair); Rembrandt/Rembrandt/ 1936 com Charles Laughton, Gertrude Lawrence, Elsa Lanchester (Dir: Alexander Korda); Daqui a Cem Anos/ Things to Come/ 1936 com Raymond Massey, Ralph Richardson ( Dir: William Cameron Menzies);  As Quatro Penas Brancas/ The Four Feathers/ 1939 com Ralph Richardson, John Clements, June Duprez (Dir: Zoltan Korda); O Ladrão de Bagdad/ The Thief of Bagdad/ 1940 com Sabu, Conrad Veidt,  John Justin, June Duprez (Dir: Ludwig Berger, Michael Powell, Tim Whelan); O Ídolo Caído/ The Fallen Idol/ 1948 com Ralph Richardson, Michèle Morgan (Dir: Carol Reed); O Terceiro Homem/ The Third Man/ 1949 com Joseph Cotten, Alida Valli, Trevor Howard, Orson Welles (Dir: Orson Welles); Quando o Coração Floresce/ Summertime/ 1955 com Katharine Hepburn, Rossano Brazzi, Isa Miranda (Dir: David Lean).

William S. Darling

William S. Darling (1882-1963). Nome verdadeiro: Wilmos Béla Sandorház. Trabalhou nos EUA. Filmes: Sua Majestade a Mulher / Fig Leaves/ 1926 com George O’Brien, Olive Borden (Dir: Howard Hawks); Uma Garota em Cada Porto/ A Girl in Every Port/ 1928 com Victor MacLaglen, Louise Brooks (Dir: Howard Hawks); Os Quatro Diabos/ Four Devils/ 1928 com Janet Gaynor, Mary Duncan, Barry Norton (Dir: F. W. Murnau); O Passaporte Amarelo/ The Yellow Ticket/ 1931 com Elissa Kandi, Lionel Barrymore, Laurence Olivier (Dir: Raoul Walsh); Cavalgada/ Cavalcade/ 1933 com Diana Wyniard, Clive Brook (Dir: Frank Lloyd); Um Romance em Budapeste/ Zoo in Budapest/ 1933 com Loretta Young, Gene Raymond (Dir: Rowland V. Lee); Peregrinação/ Pilgrimage/ 1933 com Henrietta Grossman (Dir: John Ford); Paixão de Zíngaro/ Caravan/ 1934 com Charles Boyer, Loretta Young (Dir: Erik Charell); Nas Águas do Rio/ Steamboat by the Bend/ 1935 com Will Rogers, Anne Shirley (Dir: John Ford); O Prisioneiro da Ilha dos Tubarões/ The Prisoner of Shark Island/ 1936 com Warner Baxter, Gloria Stuart (Dir: John Ford); Sob Duas Bandeiras/ Under Two Flags/ 1936 com Ronald Colman, Claudette Colbert, Victor MacLaglen (Dir: Frank Lloyd); Lloyd’s de Londres/ Lloyds of London/ 1936 com Tyrone Power, Madeleine Carroll (Dir: Henry King); Na Velha Chicago/ In Old Chicago/ 1938 com Tyrone Power, Alice Faye, Don Ameche (Dir: Henry King); As Chuvas Chegaram/ The Rains Came/ 1939 com Tyrone Power, Myrna Loy, George Brent (Dir: Clarence Brown); As Chaves do Reino/ The Keys of the Kingdom/ 1944 com Gregory Peck, Thomas Mitchell, Vincent Price (Dir: John M. Stahl); Anna e o Rei do Sião/ Anna and the King of Siam/1946 com Irene Dunne, Rex Harrison, Linda Darnell (Dir: John Cromwell).

 

CONTRIBUIÇÃO HÚNGARA PARA O CINEMA MUNDIAL CLÁSSICO I

A primeira sessão de cinema na Hungria teve lugar em uma antiga loja de chapéus em Budapest no dia 13 de junho de 1896. Ela ocorreu devido à iniciativa do dono do estabelecimento, Arnold Sziklai que, em visita a Paris, assistiu a uma projeção de filmes dos irmãos Lumière. Sziklai ficou tão entusiasmado por este espetáculo que quís a todo preço trazer o cinematógrafo mas, como não conseguiu, mandou construir um aparelho semelhante por um artesão de Lyon chamado Manoussen, e alguns filmezinhos foram feitos e projetados em uma sala de Budapeste. Em 1898, Mor Ungerleilern, diretor do Cafe Velence e Jozsef Neumann, negociante, fundaram a Projectograph, primeira companhia produtora húngara.

Durante a Primeira Guerra Mundial, os filmes americanos, francêses e italianos foram proibidos no país e, consequentemente, a indústria de cinema húngara começou a florescer. Por volta de 1917-1918, a Hungria firmou-se, juntamente com  a Dinamarca, Estados Unidos, Alemanha e Itália, como uma das maiores nações produtoras de filmes. Em 1918, cem filmes de longa metragem foram realizados e exibidos na Hungria e no exterior, e produziram astros e estrelas internacionais como Vilma Bánky, Lia Putty (Lya de Putti), Kató Nagy (Käthe von Nagy), Mihály Várkonyi (Victor Varconi).

Adolph Zukor e Mary Pickford

William Fox

A fundação da indústria cinematográfica americana nasceu da contribuição de imigrantes húngaros Adolph Zukor e William Fox e em 1926 abrigou um grande diretor húngaro: Michael Curtiz. Joe Pasternak, eficiente produtor na Universal e na MGM, foi outro húngaro abrigado por Hollywood. Nos anos subsequentes, o Cinema Clássico Mundial beneficiou-se de uma quantidade impressionante de diretores, atores, produtores, roteiristas e argumentistas, fotógrafos, diretores de arte e compositores húngaros.

Joe Pasternak e Deanna Durbin

Estimulado pelo cuidadoso e confiável pesquisador Fernando Moretzsohn, relaciono – em ordem alfabética pelo primeiro nome – os nomes desses artistas formidáveis que emprestaram sua arte para o cinema mundial clássico, de uma forma bem sucinta, citando apenas alguns de seus filmes mais conhecidos ou aclamados.

DIRETORES:

Alexander Esway (1895-1947). Nome Verdadeiro: Sándor Ezry. Trabalhou na Alemanha, Inglaterra, França e EUA. Filmes:  Horas do Diabo/ Mauvaise Graine/ 1934 (co-dir. Com Billy Wilder); Éducation du Prince/ 1938 com Louis Jouvet; Hercule/ 1938 com Fernandel;Monsieur Brotonneau/ 1939 com Raimu;Nosso Sacrifício Nossa Glória/ Le Bataillon du Ciel/ 1947 com Pierre Blanchar. Nos EUA foi um dos roteiristas de A Cruz de Lorena/ The Cross of Lorraine/ 1943 (Dir: Tay Garnett).

Merle Oberon e Alexander Korda

Alexander Korda (1893-1956). Nome verdadeiro: Sándor László Kellner. Trabalhou na Áustria, Alemanha, Estados Unidos, França e Inglaterra, onde fundou a London Films e, após a Segunda Guerra Mundial, foi dono da distribuidora British Lion Films. Filmes: Samson und Delila/ 1922 com Maria Corda;Marius/ 1931 com Raimu;Os Amores de Henrique VIII/ The Private Lives of Henry VIII/ 1933 eRembrandt /Rembrandt / 1936, ambos com Charles Laughton; Lady Hamilton, a Divina Dama/ That Hamilton Woman/ 1941 com Laurence Olivier e Vivien Leigh. Destacou-se como produtor de numerosos clássicos britânicos.

Andre de Toth e Veronica Lake

Andre de Toth (1913-2002). Nome verdadeiro: Sâsvári Farkasfalvi Tóthfalusi Tóth Endre Antel Mihály). Trabalhou na Inglaterra (como assistente de Alexander Korda) e EUA. Filmes: Ninguém Escapará ao Castigo/ None Shall Escape/ 1944 com Alexander Knox; Caminho daTentação/ Pitfall/ 1948 com Dick Powell, Lizabeth Scott, Museu de Cera/ House of Wax/ 1953 com Vincent Price; e numerosos westerns, muitos com Randolph Scott (v. meu post “Os Westerns de Andre de Toth” de 28/11/2014).

Andrew Marton

Andrew Marton (1904-1992). Nome verdadeiro: Endre Marton. Trabalhou na Áustria, Alemanha, Inglaterra, EUA. Foi o principal montador da companhia germânica Tobis. Filmes: As Minas do Rei Salomão/ King Solomon’s Mines/ 1950 com Stewart Granger, Grace Kelly; O Mais Longo dos Dias/ The Longest Day/ 1962 (co-diretor); Ben-Hur/ Ben-Hur/ 1959 e Cleópatra/ Cleopatra/ 1963 (diretor de segunda unidade).

Charles Vidor , Jennifer Jones e Rock Hudson

Charles Vidor (1900-1959). Nome verdadeiro: Karóly Vidor. Trabalhou na Alemanha (para a Ufa como montador e assistente de direção) e nos EUA. Filmes: The Bridge ou The Spy/ 1929 (filme curto baseado em história famosa de Ambrose Bierce); Mistério de uma Mulher/ Ladies in Retirement/ 1941 com Ida Lupino, Louis Hayward; À Noite Sonhamos/ A Song to Remember/ 1945 com Cornel Wilde, Merle Oberon; Gilda/ Gilda/ 1946 e Carmen/ The Loves of Carmen/ 1948, ambos com Rita Hayworth, Glenn Ford; Adeus às Armas/ A Farewell to Arms / 1957 com Jennifer Jones, Rock Hudson.

 Didier Hamsa ou D. A. Hamsa (1903-1993), Nome Verdadeiro: Hamsa Dezsö Ákos. Trabalhou na França (como assistente de direção), Itália, e no Brasil. Filmes: Strano Apuntamento/ 1950 com Umberto Spadaro, Leda Gloria, Rossana Podestà; Quem Matou Anabella?/ 1956 com Ana Esmeralda, Procópio Ferreira, Jaime Costa, Nydia Lícia.

Emeric Pressburger e Michael Powell

Emeric Pressburger (1902-1988). Nome Verdadeiro: Imre József Pressburger. Trabalhou como roteirista na Alemanha e França, e na Inglaterra ficou mais conhecido pela série de filmes como colaborador de Michael Powell na companhia The Archers. Filmes: Invasão de Bárbaros/ 49thParalel / 1941 com Laurence Olivier, Leslie Howard, Anton Walbrook, Raymond Massey; Neste Mundo e noOutro/ A Matter of Life and Death/ 1946 com David Niven, Kim Huner; Narciso Negro/ Black Narcissus/ 1947 com Jean Simmons, Sabu; Os Sapatinhos Vermelhos/ Red Shoes / 1948 com Moira Shearer, Anton Walbrook (v. meu post “Michael Powell” de 5 / 12/ 2010).

Eugen Illés

Eugen Illés (1877-1951). Nome verdadeiro: Jenö Illés. Trabalhou na Alemanha. Filmes: No inicio de carreira fez oito filmes com a atriz Erna Morena; Die Dame mitder Maske/ 1913 com Karin Gillberg; Monna Vanna / 1916 com Ika von Lenkeffy; Mania, Die geschichte einer Zigarettenarbeiterin  / 1918 com Pola Negri; Seelen inSturm  / 1920  com Esther Carena; Jeremias / 1922 com Carl V. de Hundt, Sacy von Blondel; Die Todgeweihten/ 1924 com Bernd Aldor, Sasha Gura, Erich Kaiser-Titz; Das gefährliche Alter / 1927 com Asta Nielsen, Bernhard Goetzke.

Jules White

Jules White (1900-1985). Nome verdadeiro: Julius Weiss. Trabalhou nos EUA, ficando mais conhecido como o diretor das comédias curtas com Os Três Patetas/ The Three Stooges  (1945 a 1957). Foi figurante em O Nascimento de Uma Nação/ The Birth of a Nation/ 1916 de D.W. Griffith; montador das comédias da Educational Pictures; co-dirigiu (com Zyon Myers) as Dogville Comedies(1929-1931) – conhecidas aquí como Comédias Caninas -, usando cães treinados para parodiar filmes em cartaz  (v. g. Trader Hound, parodiando Trader Horn/ 1931) e Os Goofy Movies – produzidos por Pete Smith e exibidos no Brasil como Cine Malucos -, comédias  de um rolo parodiando melodramas silenciosos. Jules era o chefe da Short Subjects Division da Columbia.

Gabriel Pascal

Gabriel Pascal (1894-1954). Nome verdadeiro: Gábor Lehel. Trabalhou na Alemanha (produtor de Der Hauptman von Köperkick/ 1931 (Dir: Richard Oswald) e Inglaterra, onde ficou conhecido como produtor-diretor de adaptações das peças de Bernard Shaw: Pigmalião/Pygmalion/1939 com Leslie Howard e Wendy Hiller (nesta somente como produtor; o diretor foi Anthony Asquith), Major Barbara/ Major Barbara/ 1941 com Wendy Hiller, Rex Harrison, Robert Morley e César e Cleópatra/ Caesar and Cleopatra/1945 com Vivian Leigh, Stewart Granger, Claude Rains. Nos EUA, produziu Androcles e o Leão/ Androcles and the Lion/ 1952 (Dir: Chester Erskine).

George Pal

George Pal (1908-1980). Nome verdadeiro: György Päl Marczincsak. Trabalhou na Alemanha (onde fundou o Trickfilm-Studio GmbH Pal und Wittke, Tchecoslováquia, França, EUA. Como animador, realizou a série Puppetoons – conhecida no Brasil como Bonecos Móveis tendo à frente o pretinho Gasparim (Jasper) – nos anos 40 e depois dedicou-se a produzir principalmente filmes de ficção científica e fantasia como Destino à Lua/ Destination Moon/ 1950 com John Archer (Dir: Irving Pichel); O Fim do Mundo/ When Worlds Collide/ 1951 com Richard Derr, Barbara Rush (Dir:  Rudolph Maté); O Pequeno Polegar/ Tom Thumb/ 1958 com Russ Tamblyn (Pal também diretor); A Máquina do Tempo/ The Time Machine/ 1960 com Rod Taylor (Pal também diretor). Outros filmes: Houdini, o Homem Miraculoso/ Houdini/ 1953 com Tony Curtis, Janet Leigh (Dir: George Marshall); A Selva Nua/ The Naked Jungle/ 1954 com Charlton Heston, Eleanor Parker (Dir: Byron Haskin).

Geza Von Bolvary

Geza von Bolvary (1897-1961). Nome verdadeiro: Géza Maria von Bolváry-Zahn. Trabalhou na Alemanha, Inglaterra, Áustria, Itália. Especializado em operetas vienenses e comédias musicais. Em 1954 tornou-se chefe de produção da firma Starfilm de Munich. Filmes: Luar no Bósforo/ Die Nacht der grossen Liebe/ 1933 com Gustav Frölich, Jarmila Novotna; Chateau de Rêve/ 1933 (co-diretor com H. G. Clouzot) com Edith Méra, Danielle Darrieux, Lucien Baroux; Se Não Houvese Amor/ Das Schloss im Süden/ 1933 com Liane Held; Noite de Valsa/Ich Kenn’Dich nicht und liebe Dich/ 1934 com Magda Schneider, Willi Forst; A Valsa do Adeus/Abschiedwalzer/ 1934 com Wolfgang Liebeneiner, Sybille Schmitz; Stradivarius/ Stradivarius/ 1935 com Gustav Frölich, Sybille Schmitz; Um Sonho de Valsa/ Das Schloss in Flandern/ 1936 com  Márta Eggerth; Premiere/ Premiere/ 1937 com Zarah Leander; La Bohème/ Zauber desBohème/ 1937.

Geza Von Radványi

Géza von Radványi (1907-1986). Nome verdadeiro: Géza Grosschmid. Trabalhou na Itália, França, Alemanha, Áustria. Filmes: Mulheres sem Nome/ DonneSenza Nome/ 1950 com Simone Simon, Vivi Gioi, Françoise Rosay, Irasema Dillian; L’Etrange Désir de Mr. Bard/ 1954 com Michel Simon; Das Schloss in Tirol/ 1957 com Karlheinz Böhm, Erika Remberg; Senhoritas de Uniforme/ Madchen in Uniform/ 1958 com Lili Palmer, Romy Schneider. Seu filme húngaro, Valahol Európában/ 1948, reportagem sobre os órfãos da Segunda Guerra Mundial, foi considerado por Georges Sadoul como um dos melhores filmes do período do pós-guerra.

John H. Auer

John H. Auer (1906-1975). Trabalhou no México e nos EUA, onde prestou serviço sempre para a Republic com uma única passagem pela RKO. Filmes:  O Crime do Dr. Crespi/ The Crime of Dr Crespi / 1935 com Erich von Stroheim; O Promotor Acusa/ I Stand Accused/ 1938 com Robert Cummings, Helen Mack; Um Drama em Cada Vida /Gangway for Tomorrow / 1943 com Margo, John Carradine, Robert Ryan; Tentação Selvagem/ Angel on the Amazon/ 1948 com George Brent, Vera Ralston, Brian Aherne; Um Pedaço do Inferno /Hell’s Half Acre/ 1954 com Wendell Corey, Evelyn Keyes. Sua melhor realização foi um filmenoir, A Cidade Que Não Dorme/ City That Never Sleeps/1953 com Gig Young, Mala Powers, William Talman.

John Halas

John Halas (1912-1995). Nome verdadeiro: János Halász. Discípulo de George Pal no seu país natal, foi um dos fundadores em 1932 do primeiro estúdio de animação húngaro: Coloriton. Em 1940, na Inglaterra, fundou com sua esposa, a inglesa Joy Batchelor, a companhia Halas and Batchelor que se dedicou primeiramente à criação de filmes de informação e propaganda de guerra para o governo britânico. Filmes: série de três filmes com o personagem de um menino árabe, Abu, “seduzido e desencaminhado pelas forças de Hitler e Mussolini” (Abu and the Poisoned Well/ 1943, Abu’s Harvest/ 1944 e Abu Builds a Dam/ 1944, tendo como roteirista Alexander Mackendrick; Handling Ships/ 1945, primeiro filme de animação britânico de longa-metragem; The Owl and the Pussycat/ 1952, primeiro cartoon em 3-D; A Revolução dos Bichos/ Animal Farm/ 1954, baseado na obra alegórica de George Orwell.

Ladislao Vajda

Ladislao Vajda (1906-1965). Nome verdadeiro: Weisz László. Trabalhou na Itália,Espanha, Portugal, Inglaterra. Filmes: Uma Intriga na China / Wife of General Ling/ 1937 com Griffith Jones; Rua Sem Sol/ Viela, Rua Sem Sol/ 1947 com Milú, Barreto Poeira; Marcelino Pão e Vinho/ Marcelino Pan y Vino/ 1955 com Rafael Rivelles; O Garoto e o Vagabundo/ Mi Tio Jacinto/ 1956 com Pablito Calvo; Tarde de Touros/ Tarde de Toros/ 1956 com Manuel Arbó; Un Angelo è Scesso a Brooklyn/ 1957 com Peter Ustinov, Pablito Calvo; Es Geschah amhellichten Tag/ 1958 com Heinz Rühmann.

Laszlo Benedek

Laszlo Benedek (1905-1992). Nome verdadeiro: Benedek László. Trabalhou na Alemanha, Inglaterra, EUA, França. Filmes: Beijou-me um Bandido/ The Kissing Bandit/ 1948 com Frank Sinatra, Kathryn Grayson; Porto de Nova York/ Port of New York/ 1949 com Scott Brady, Yul Brynner; A Morte do Caixeiro Viajante/ Death of a Salesman/ 1951 com Fredric March, Mildred Dunnock; O Selvagem/ The WildOne/1953 com Marlon Brando, Mary Murphy, Rifles para Bengala/ Bengal Rifles/ 1954 com Rock Hudson, Arlene Dahl; Málaga/ Moment of Danger/ 1960 com Trevor Howard, Dorothy Dandridge; Recours en Grâce/ 1960 com Raf Vallone, Emmanuele Riva, Annie Girardot.

Michael Curtiz

Michael Curtiz (1886-1962). Nome verdadeiro: Manó Kaminer depois hungarizado para Mihály Kertész. Trabalhou na Áustria, Alemanha, EUA. Dirigiu o primeiro filme dramático da Hungria para a Projectograph: Ma és holnap/ 1912. Foi responsável por muitos dos melhores filmes da Época de Ouro de Hollywood. Filmes: Sodoma eGomorra / Sodom und Gomorrha/ 1922 com Victor Varconi, Lucy Doraine; Lua de Israel/ Die Slavenkönigin/ 1924 com Maria Corda; Capitão Blood/ Captain Blood/ 1935 e As Aventuras de Robin Hood/ The Adventures of Robin Hood/ 1938, ambos com Errol Flynn, Olivia de Havilland; Anjos de Cara Suja/ Angels with Dirty Faces/ 1938 com James Cagney e Humphrey Bogart; O Lobo do Mar/ The Sea Wolf/ 1941 com Edward G. Robinson, Ida Lupino, John Garfield; Casablanca/ Casablanca/ 1942 com Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid; A Canção da Vitória/ Yankee Doodle Dandy/ 1942 com James Cagney, Joan Leslie; Alma em Suplício/ Mildred Pierce/  1945 com Joan Crawford; Redenção Sangrenta/ The Breaking Point/1950 com John Garfield (v. meu post Michael Curtiz de 16/2/2012 e  8/3/2012).

Paul Fejos

Paul Fejos (1897-1961). Nome verdadeiro: Fejös Pál. Trabalhou nos EUA, França, Áustria, Dinamarca. Filmes: The Last Moment/ 1927 com Otis Matieson; Solidão/ Lonesome/ 1928 com Glenn Tryon, Barbara Kent; Cena Final/ The Last Performance/ 1929 com Conrad Veidt, Mary Philbin, Leslie Fenton; Broadway/ Broadway/ 1929 com Glenn Trion, Evelyn Brent; A Marselhesa/ Captain of the Guard/ 1930 com  Laura La Plante, John Boles; Fantomas/ 1932 com Jean Galland; Tavarszi Zápor/ 1932 filme húngaro cuja versão francesa, Marie Legende Hongroise, com Annabella, foi exibido no Brasil como Lenda de Amor (v. meu post “Paul Fejos, Cineasta e Cientista” de 28/1/2016).

Steve Sekely

Steve Sekely (1899-1979). Nome verdadeiro: Székely István. Trabalhou na Alemanha, EUA, Inglaterra. México. Filmes: Skandel in Budapest/ 1933 com Franciska Gaal; Quando Manda o Coração/ Rakockzy-Marsch/ 1933 com Gustav Frölich, Camilla Horn; Baile no Savoy/ Ball im Savoy/ 1935 com Gitta Alpar, Hans Jaray; A Cicatriz/ Hollow Triumph/ 1945 com Paul Henreid, Joan Bennett; Baluarte de Heróis/ Stronghold/ 1951 com Arturo de Cordova, Veronica Lake, Zachary Scott (obs. Foi rodada uma outra versão, intitulada Furia Roja, com Arturo de Cordova mas com Sarita Montiel substituindo Veronica Lake e Carlos López Moctezuma no papel que coube a Zachary Scott).

Leslie Kardos e Jane Powell

Leslie Kardos (1905-1962). Nome verdadeiro: László Kardos. Genro de Joe Pasternak. Trabalhou nos EUA. Filmes: Ruas do Oriente/ Dark Streets of Cairo/ 1940 com Sigrid Curie, Ralph Byrd; Amei e Errei/ The Strip / 1951  com Mickey Rooney, Sally Forrest; Senhorita Inocência/ Small Town Girl/ 1953 com Jane Powell, Farley Granger, Ann Miller; Fronteiras do Pecado/ The Tijuana Story/ 1957 com Rodolfo Acosta, James Darren; Médico Vampiro/ The Man Who Turned to Stone/ 1957 com Victor Jory.

Zoltan Korda

Zoltan Korda (1895-1961). Nome verdadeiro: Kellner Zoltán. Irmão de Alexander Korda. Trabalhou na Alemanha, Inglaterra, EUA Filmes: Die elf Teufel/ 1927 com Gustav Frölich;Bosambo / Sanders of the River / 1935com Paul Robeson; O Menino e o Elefante/ Elephant Boy/ 1937 e A Legião da Índia/ The Drum/ 1938, ambos com Sabu; As Quatro Penas Brancas/ The Four Feathers/ 1939 com John Clements, June Duprez, Ralph Richardson; Sahara/ Sahara/ 1943 com Humphrey Bogart; Alma Russa/ Counter-Attack/ 1945 com Paul Muni; Vingança Pérfida/ A Woman’s Vengeance/ 1947 com Charles Boyer, Ann Blyth, Jessica Tandy; Os Deserdados/ Cry the Beloved Country/ 1951 com Canada Lee, Sidney Poitier.\

ROTEIRISTAS / ARGUMENTISTAS:

György Luckács e Béla Balász

Béla Bálasz(1884-1949). Nome Verdadeiro: Herbert Bauer. Romancista, dramaturgo, poeta, crítico e teórico do cinema. Trabalhou na Alemanha e nos EUA. Filmes: Das Mädchen mit den fúnf Nullen / 1927 com Marcel Salzer, Viola Garden (Dir: Kurt Bernhardt); Doña Juana/ 1927 com Elisabeth Bergner (Dir: Paul Czinner); Die Dreigroschenoper/ 1931 (Dir. G. W. Pabst) exibida no Brasil a versão francêsa, A Ópera dos Pobres  / L’Opéra de Quat’sous com Florelle, Albert Préjean, Gaston Modot; Das blaue Licht/ 1932 com Leni Riefenstsahl (Dir: Leni Riefenstahl); co-roteirista não creditado em Grande Hotel/ Grand Hotel/ 1932 com John Barrymore, Greta Garbo, (Dir: Edmund Gouding);Valahol Europóbán/ 1949 (Dir: Geza von Radványi).

Lajos Biró

Lajos Biró (1889-1948). Trabalhou na Áustria, Alemanha, Inglaterra, EUA. Filmes: Paraiso Proibido/ Forbidden Paradise/ 1924 com Pola Negri, Rod La Roque (Dir: Ernst Lubitsh); Hotel Imperial/ Hotel Imperial/ 1927 com Pola Negri, James Hall (Dir: Mauritz Stiller); Eine Dubarry von heute/ 1927 com Maria Corda (Dir: Alexander Korda);Tentação da Carne/ The Way of All Flesh com Emil Jannings (Dir: Victor Fleming); A Última Ordem/ The Last Command/ 1928 com Emil Jannings, Evelyn Brent (Dir: Josef von Sternberg); O Amor Nasceu do Ódio/ Knight Without Armour/ 1937 com Marlene Dietrich, Robert Donat (Dir: Jacques Feyder);  O Ladrão de Bagdad/ The Thief of Bagdad/ 1940 com Sabu, John Justin, June Duprez (Dir: Ludwig Berger/ Michael Powell, Tim Whelan); Cinco Covas no Egito/ Five Graves to Cairo/ 1943 com Franchot Tone, Erich von Stroheim, Anne Baxter (Dir: Billy Wilder).

Ernest Vajda

Ernest Vajda (1886-1954). Nome verdadeiro: Ernö Vajda. Trabalhou na Áustria, Alemanha, EUA, principalmente nos filmes de Ernst Lubitsch: Alvorada do Amor/ The Love Parade/ 1929 com Maurice Chevalier, Jeanette MacDonald; Monte Carlo/ Monte Carlo/ 1930 com Jack Buchanan, Jeanette MacDonald; O Tenente Sedutor/ The Smiling Lieutenant/1931 com Maurice Chevalier, Miriam Hopkins, Claudette Colbert; Não Matarás/ Broken Lullaby/ 1932 com Lionel Barrymore, Phillips Holmes, Nancy Carroll; A Víuva Alegre/ The Merry Widow/ 1934 com Maurice Chevalier, Jeanette MacDonald. Outros filmes: Mentiras!/ The Crown of Lies/ 1926 com Pola Negri (Dir: Dimitri Buchowetski); Reunião em Viena/ Reunion in Vienna/ 1933 com John Barrymore, Diana Wynyard (Dir: Sidney Franklin); A Família Barrett/ The Barretts of Wimpole Street/ 1934 com Fredric March, Norma Shearer, Charles Laughton (Dir: Sidney Franklin); Maria Antonieta/ Marie Antoinette/ 1938 com Norma Shearer, Tyrone Power, Robert Morley (Dir: W. S. Van Dyke).

Ivan Tors

Ivan Tors (1916-1983). Nome verdadeiro: Iván Törzs. Trabalhou nos EUA. Filmes: Sonata de Amor/ Song of Love/ 1947 com Katharine Hepburn, Paul Henreid, Robert Walker (Dir: Clarence Brown); A Glória de Amar/ That Forsythe Woman/ 1949 com Errol Flynn, Greer Garson, Walter Pidgeon (Dir: Compton Bennett); A Noiva Desconhecida/ In the Good Old Summertime/ 1949 com Judy Garland, Van Johnson (Dir: Robert Z. Leonard); O Homem das Calamidades/ Watch the Birdie/ 1950 com Red Skelton, Arlene Dahl, Ann Miller (Dir: Jack Donohue);Muralha da Esperança/ The Glass Wall/ 1953 com Vittorio Gassman Gloria Grahame (Dir: Maxwell Shane).

Melchior Lengyel

Melchior Lengyel (1880-1974), Nome verdadeiro: Lebovics Meyhért. Trabalhou na Alemanha, França, EUA, principalmente nos filmes de Lubitsch: Paraíso Proibido/ Forbidden Paradise/ 1924 com Pola Negri, Adolphe Menjou, Rod La Rocque; Anjo/ Angel/ 1937 com Marlene Dietrich, Melvyn Douglas, Herbert Marshall; Ninotchka/Ninotchka / 1939 com Greta Garbo, Melvyn Douglas; Ser ou Não Ser/ 1942 com Jack Benny, Carole Lombard, Robert Stack. Outros filmes: Lírio de Granada/ Die berühmyre frau/ 1927 com Lili Damita (Dir: Robert Wiene); O Barão dos Ciganos/ Der Zigeunerbaron/ 1927 com Lya Mara, Michael Bhonen, William Dieterle (Dir: Friedric Zelnik); Antonia, Romance Húngaro/ Antonia, Romance Hongroise/ 1935 com Marcelle Chantal, Fernand Gravey (Dir: Jean Boyer e Max Neufeld).

FOTÓGRAFOS:

Adalberto Kemeny (1901-1969). Trabalhou na Alemanha (UFA) e no Brasil. Filmes: Coisas Nossas/ 1931 com Alvarenga, Francisco Alves, Sebastião Arruda (Dir: Wallace Downey; O Caçador de Diamantes/ 1933 com Elmo Califontes, Reginaldo Calmon;Fazendo Fita/ 1935 com Alvarenga, Alzirinha Camargo; Luar do Sertão/ 1949 com Fernando Baleroni, Nena Batista (Dir: Tito Batini, Mario Civelli). Co-dirigiu (com Rodolfo Rex Lustig) e fotografou o documentário São Paulo, Sinfonia da Metrópole/ 1929.

Ernest Laszlo

Ernest Laszlo (1898-1984). Nome verdadeiro: Ernö László. Trabalhou nos EUA. Filmes:  Com as Horas Contadas/ D. O. A/ 1950 com Edmond O’Brien (Dir: Rudolph Mate); O Último Bravo/ Apache/ 1954 com Burt Lancaster;Vera Cruz / Vera Cruz / 1954 com Gary Cooper, Burt Lancaster;A Grande Chantagem/ The Big Knife/ 1955   com Jack Palance, Ida Lupino; A Morte um Beijo/ Kiss me Deadly/ 1955 com Ralph Meeker; A Dez Segundos do Inferno/ Ten Seconds to Hell/ 1959 com Jack Palance, Jeff Chandler, todos dirigidos por Robert Aldrich; O Vento Será Tua Herança/ Inherit the Wind/ 1960 com Spencer Tracy, Fredric March, Gene Kelly; Julgamento em Nuremberg/ Judgement at Nuremberg  / 1961 com Spencer Tracy, Burt Lancaster, Richard Widmark, Maximilian Schell; Deu a Louca no Mundo/ It’s a Mad, Mad, Mad, Mad World/ 1963 com Spencer Tracy, Milton Berle;  A Nau dos Insensatos/ Ship of Fools/ 1965 com Vivien Leigh, Simone Signoret, todos dirigidos  por Stanley Kramer; Viagem Fantástica/ Fantastic Voyage/ 1966 com Stephen Boyd (Dir: Richard Fleischer);  A Estrela/ Star!/ 1968 com Julie Andrews (Dir: Robert Wise); Aeroporto/Airport/ 1970 com Burt Lancaster, Dean Martin (Dir: George Seaton); Fuga no Século 23/ Logan’s Run/ 1976 (Dir: Michae Anderson). 

Ferenc Fekete (1914-1981). Trabalhou no Brasil. Filmes: Simão, o Caolho/ 1952 com Mesquitinha, Raquel Martins (Dir: Alberto Cavalcanti); Toda uma Vida em Quinze Minutos/ 1953 com Jaime Costa, Mara Rúbia, Delorges Caminha (Dir:  Pereira Dias); Carnaval em Caxias/ 1954 com José Lewgoy, Doris Monteiro, Ariston (Dir: Paulo Vanderley); Carnaval em Lá Maior/ 1955 com Randal Juliano, Sandra Amaral, Walter D’Avila (Dir: Adhemar Gonzaga); A Pensão de Dona Stella/ 1956 com Jaime Costa, Maria Vidal, Liana Duval (Dir: Alfredo Palácios, Ferenc Fekete). Fekete foi somente diretor de Doutora é Muito Viva/ 1956 com Eliana, Francisco Negrão.

George Fanto (1911-2000). Trabalhou na Itália, Argentina e Brasil. Filmes: O Corsário Negro/ Il Corsaro Nero com Ciro Verrati, Silvana Jachini (Dir: Amleto Palermi; 24 Horas de Sonho/ 1941 com Dulcina e Odilon (Dir: Chianca de Garcia); Direito de Pecar/ 1942 com Cesar Ladeira, Nilza Magrassi (Dir: Leo Marten); Samba em Berlim/ 1943 com Mesquitinha, Laura Suarez (Dir: Luiz de Barros); Anjo Nú/ El Angel Desnudo/ 1946 com Olga Zubarry (Dir: Carlos Hugo Christensen);Inocência/ 1949 (Dir: Fernando de Barros, Luiz de Barros) e Caminhos do Sul/ 1949 (Dir: Fernando de Barros) ambos com Maria Della Costa; Vendaval Maravilhoso/ 1949 com Paulo Maurício, Amália Rodrigues (Dir: Leitão de Barros);OteloOthello/1951 com Orson Welles, Suzanne Clothier (Dir: Orson Welles); Almas Adversas/ 1952 com Bibi Ferreira, Graça Mello (Dir: Leo Marten). Fanto colaborou com Welles no documentário inacabado It’s All True/ 1943.

John Alton

John Alton (1901-1996). Nome verdadeiro: Johann Jacob Altmann. Trabalhou na França, Argentina, EUA. Iniciou sua carreira no cinema em 1923 como técnico de laboratório da MGM e depois passou a ser assistente de câmera.  Na qualidade de operador de câmera partiu para a Europa com Ernst Lubitsch a fim de filmar algumas cenas de fundo para O Príncipe Estudante/ The Student Prince/ 1927 e acabou ficando na França por um ano, chefiando o departamento de câmera no estúdio da Paramount em Saint Maurice-Joinville. Em 1932, transferiu-se para a Argentina, onde montou dois estúdios sonoros, um para a Lumiton e outro para a Argentina Sono-Film. Neste país, dirigiu El Hijo de Papá/ 1933. Em 1939 voltou para Hollywood, onde se destacou notadamente nos filmes noirque fêz em colaboração com Anthony Mann: Moeda Falsa/ T-Men/ 1947 com Dennis O’Keefe; Demônio da Noite/ He Walked By Night/ 1948 com Richard Basehart; Entre Dois Fogos/ Raw Deal/ 1948 com Dennis O’Keefe, Claire Trevor: Mercado Humano/ Border Incident/ 1949 com Ricardo Montalban. Outros filmes: A Cicatriz/ Hollow Triumph/ 1948 com Paul Henreid, A Noite de 23 de Maio/ Mystery Street/ 1950 com Ricardo Montalban; O Império do Crime/ The Big Combo/ 1954 com Cornel Wilde, Os Irmãos Karamazov/ Brothers Karamazov/ 1958 com Yul Brynner, Maria Schell; Entre Deus e o Pecado/ Elmer Gantry/ 1960 com Burt Lancaster; sequência do longo balé final de Sinfonia de Paris/ An American in Paris/ 1951. Alton publicou o livro “Painting with Light”, cujo título sintetiza bem sua arte (v. meus posts: “Diretores de Fotografia do Filme Noir” de 10/5/2014 e “Pintando com a Luz: John Alton de 23/2/2016).

Rodolfo Icksey (1905-1986), Nome verdadeiro: Rudolf Icksey. Trabalhou no Brasil, destacando-se nos seis filmes sob direção de Walter Hugo Kouri: Estranho Encontro com Mario Sérgio, Andrea Bayard; Na Garganta do Diabo/ 1960 com Luigi Pichi, Odete Lara; A Ilha/ 1963 com Luigi Pichi, Eva Wilma; Noite Vazia/ 1964 com Norma Benguell, Odete Lara; O Corpo Ardente/ 1966 com Barbara Laage; As Deusas/1972 com Lilian Lemmertz, Mario Benvenutti). Outros filmes: Quem Matou Anabela/ 1956 com Ana Esmeralda, Procópio Ferreira, Jaime Costa, Nydia Lícia (Dir: Ferenk Fekete); Curucu, o Terror do Amazonas/ 1956 com John Bromfield, Beverly Garland, Tom Payne (Dir: Curt Siodmak); Arara Vermelha com Anselmo Duarte, Odete Lara (Dir: Tom Payne); Cara de Fogo/ 1957 com Alberto Ruschel (Dir: Galieu Garcia); ACompadecida/ 1969 com Armando Bogus, Antonio Fagundes, Regina Duarte (Dir: George Jonas; Moral em Concordata  / 1959 com Odete Lara, Maria Della Costa, Jardel Filho (Dir: Fernando de Barros); Jeca Tatu/ 1960 com Amâncio Mazzaropi, Geny Prado (Dir: Milton Amaral); Independência ou Morte/ 1972  com Tarcísio Meira, Gloria Menezes (Dir: Carlos Coimbra).

Rudolph Lustig

Rudolf (Rodolfo) Rex Lustig (1901-1970). Nome verdadeiro: Rezsö Icsey. Trabalhou no Brasil. Filmes: Coisas Nossas/ 1932 com Alvarenga, Francisco Alves, Sebastião Arruda (Dir: Wallace Downey);O Caçador de Diamantes/ 1934 com Elmo Califontes, Reginaldo Calmon (Dir: Vittorio Capellaro). Fotografou e co-dirigiu (com Adalberto Kemeny) o documentário São Paulo, Sinfonia da Metrópole/ 1929.

GRANDES COADJUVANTES DO CINEMA FRANCÊS

Sempre admirei os atores de segundo plano, mais notadamente os character actors, caratteristi, acteurs de composition que, pelo seu físico, interpretam de um filme a outro papéis típicos, pois estes atores de complemento são tão indispensáveis ao poder de evocação dos filmes quanto os astros e muitas vêzes chamam mais atenção do que os primeiros, fazendo carreiras extraordinárias, tornando-se alguns deles, podemos assim dizer, uns quase-astros.

Todas as cinematografias contém grandes atores e atrizes característicos, mas tenho uma particular predileção por aqueles que Raymond Chirat e Olivier Barrot denominaram “les excentriques du cinema français” em um livro memorável publicado em 1983 pela Henri Veyrier. Por iniciativa minha de adquirir os filmes em dvd das coleções René Chateau, Gaumont, Les Classiques Français, Les Documents Cinématograhiques, Studio Canal, LCJ Editions etc., e com a ajuda de Sergio Leemann, que me manda sempre filmes gravados da televisão européia, pude ver uma quantidade enorme de filmes francêses do período 1920-1960 e assim conhecer melhor os coadjuvantes ilustres relacionados pelos dois eminentes autores. É com base neste conhecimento, que escolhí os meus favoritos, os quais homenageio com um coração de cinéfilo e doce nostalgia.

Tal como fizeram Chirat-Barrot, excluí nomes que se tornaram astros como Lucien Coëdel, Fernand Ledoux, Jules Berry, Rellys, Bernard Blier e Ginette Leclerc. Em cada verbete faço referência apenas aos papéis de cada ator ou atriz que mais me impressionaram.

Aimos e Jean Gabin em A Bandeira

AIMOS, RAYMOND 1889-1944). Mulot, um dos dois companheiros de Pierre Gilieth (Jean Gabin) em A Bandeira/ La Bandera/1935 (Dir:  Julien Duvivier)); o mendigo Quart-Vittel, hospedado na taverna onde está o desertor Jean (Jean Gabin) em Cais das Sombras/ Quai des Brumes/ 1938 (Dir: Marcel Carné); Agénor em Eram Nove Solteirões/ Ils Étaient Neuf Celibataires/ 1939 (Dir: Sacha Guitry); o mordomo do arquiduque François Ferdinand (John Lodge) em De Mayerling a Sarajevo/ De Mayerling à Sarajevo/ 1940 (Dir: Max Ophüls); o mendigo Cupidon, companheiro de Monsieur La Souris (Raimu) em Monsieur La Souris / 1942 (Dir: Georges Lacombe); e, principalmente, Raymond vulgo “Tintin”, o operário que cai do telhado do restaurante ao ar livre em Camaradas / La Belle Equipe/ 1936 (Dir: Julien Duvivier).

Bernard Lancete e Alerme em A Quermesse Heróica

ALERME (1877-1960). Gaston Noblet, o marido da dona da pensão (Françoise Rosay) em Pensão Mimosas/Pension Mimosas/ 1934 (Dir: Jacques Feyder); Monsieur Serval, o pai da jovem advogada (Danielle Darrieux) em Uma Dupla do Barulho/ Un Mauvais Garçon/ 1936 (Dir: Jean Boyer); Albert Letournel, o viúvo quinquagenário prometido em casamento para a frívola heroína (Danielle Darrieux) em Senhorita Minha Mãe/ Mademoiselle ma Mère/ 1937 (Dir: Henri Decoin); e, principalmente, o burgomestre covarde em Quermesse Heróica/ La Kermesse Héroique/ 1935 (Dir: Jacques Feyder).

Daniele Delorme e Lucienne Boagaert em Sedução Fatal

BOGAERT, LUCIENNE (1895-1983). A jovem provocante em Sombra do Pavor / Le Corbeau/ 1943 (Dir: Henri-Georges Clouzot); Europe em Vautrin/ 1943 (Dir: Pierre Billon); Mme. D, a mãe de Agnès (Elina Labourdette) em As Damas do Bois de Boulogne/ Les Dames du Bois de Boulogne/ 1945 (Dir: Robert Bresson); Anaïs Le Berre, a mãe desequilibrada de Joseph (Daniel Gélin) e morta por ele em Deus Necessita de Homens/ Dieu a Besoin des Hommes/ 1950 (Dir: Jean Delannoy); Adèle Maurin, mãe de Marcel (Jean Desailly) em Assassino de Mulheres/ Maigret Tend un Piège/ 1958; e, principalmente, Gabrielle, a ex-esposa de André Chatelin (Jean Gabin) e mãe de Catherine (Daniele Delorme) em Sedução Fatal/ Voici les Temps des Assassins/ 1956.

 

 

Jean Gabin, Julien Carette e Simone Simon em A Bêsta Humana

CARETTE, JULIEN (1897-1966). Yves Calubert, colega de Arlette (Danielle Darrieux) na escola de batedores de carteira em Battement de Coeur/ 1933 (Dir: Henri Decoin); Cartier-o ator, prisioneiro com Maréchal (Jean Gabin) na fortaleza alemã em A Grande Ilusão/ La Grande Illusion/ 1937 (Dir: Jean Renoir); Pecquex, o foguista ajudante do maquinista da locomotiva, Jacques Lantier (Jean Gabin) em A Bêsta Humana/ La Bête Humaine/ 1938 (Dir: Jean Renoir); Pochet, o pai de Amélie (Danielle Darrieux) em Meu Amigo, Amélia e Eu/Occupe-toi d’Amélie/1949 (Dir: Claude Autant-Lara); Pierre Martin, o hospedeiro assassino em A Estalagem Vermelha/ L’Auberge Rouge/ 1951 (Dir: Claude Autant-Lara); e, principalmente, Marceau, o caçador furtivo em A Regra do Jôgo/ La Règle du Jeu/ 1937 (Dir: Jean Renoir).

Orane Demazis e Fernand Charpin em Marius

CHARPIN, FERNAND (1884-1944). Bravida, o amigo de Tartarin (Raimu) em Tartarin de Tarascon/ 1934 (Dir: Raymond Bernard); Régis, o informante, em O Demonio da Argélia/ Pepele Moko/ 1936 (Dir: Julien Duvivier); o tio de Iréné (Fernandel) em Le Schpountz/ 1938 (Dir: Marcel Pagnol); o Marquês Castan de Venelles em A Mulher doPadeiro/ La Femme du Boulanger; o prefeito Adrien Beaumont em Les Otages/ 1939 (Dir: Raymond Bernard); Monsieur Mazel em La Fille du Puisatier/ 1940 (Dir: Marcel Pagnol); Francet Mamai, pai do jovem suicida (Louis Jourdan) perdidamente apaixonado por uma jovem sempre referida como a arlesiana em L’Arlésienne/ 1942 (Dir: Marc Allégret); e, principalmente o Honoré Panisse da trilogia Marius/ 1931 (Dir: Alexander Korda),  Fanny/ 1932 (Dir: Marc Allégret),César / 1936 (Dir: Marcel Pagnol).

Marcel Dalio e Simone Signoret em Escraas do Amor

DALIO, MARCEL (1899- 1983). L’Arbi, o informante em O Demônio da Argélia/ Pépéle Moko/ 1935 (Dir: Julien Duvivier); o editor Steiner em O Grande Amor de Beethoven / Un Grand Amour de Beethoven/ 1936 (Dir: Abel Gance); Rosenthal em A Grande Ilusão/ La Grande Illusion/ 1937 (Dir: Jean Renoir); o vagabundo Matteo, poeta e contador de histórias apaixonado por Sofia (Viviane Romance) em Pecadoras de Túnis/ La Maison du Maltais/ 1938 (Dir: Pierre Chenal); Barel, o chantagista amigo da excêntrica cantora de cabaré (Arletty) em Tempête/ 1940 (Dir: Bernard Deschamps); Marco, o porteiro cafetão de Dedée (Simone Signoret) em Escravas do Amor/ Dedée D’Anvers/ 1948 (Dir: Marc Allégret); e, principalmente, o marquês Robert de la Chesnaye  em A Regra do Jôgo/ La Règle du Jeu/ 1939 (Dir: Jean Renoir).

Gabrielle Dorziat e Harry Baur em Mollenard

DORZIAT, GABRIELLE (1879-1979). Imperatriz Élisabeth em Mayerling / Mayerling / 1936 (Dir: Anatole Litvak); Mme. Mollenard em Mollenard/ 1938  (Dir: Robert Siodmak); Madame Chabert, uma velha atriz, em La Fin du Jour/ 1939 (Dir: Julien Duvivier); Arquiduquesa Marie-Thèrese em De Mayerling a Sarajevo/ De Mayerling a Sarajevo/ 1940  (Dir: Max Ophüls); a presidente Groussault em O Capelão das Galeras/ Monsieur Vincent/ 1947 (Dir: Maurice Cloche); a duquesa de Albuquerque em Entre o Amor e o Trono/ Ruy Blas/ 1948 (Pierre Billon); Madame D’Otermont em Amor Traído/ La Verité sur Bébé Donge / 1952 (Dir: Henri Decoin); e, principalmente, a tia Léo em O Pecado Original/ Les Parents Terribles/ 1948 (Dir: Jean Cocteau).

Gastom Modot e Paulete Dubost em A Regra do Jogo

DUBOST, PAULETTE (1910-2011). Ginette em Hotel do Norte/ Hotel du Nord/ 1938 (Dir: Marcel Carné); Victoire em Roger la Honte/ 1946 (Dir: Andre Cayatte); Virginie, a mãe de Henriette (Dany Robin) em A Festa do Coração/ La Fête à Henriette/ 1952 (Dir: Julien Duvivier); Mauricette Barberot, a mulher do açougueiro em Assassino de Mulheres/ Maigret Tend un Piège/ 1959 (Dir: Jean Delannoy); Madame Fernande em O Prazer/ Le Plaisir/ 1952; Josephine, a criada em Lola Montez/ Lola Montès/ 1955 (Dir: Max Ophüls); e, principalmente  Lisette, a camareira de Christine de Chesnaye (Nora Gregor) disputada por seu marido, o guarda de caça Schumacher (Gaston Modot) e Marceau, o caçador furtivo  (Julien Carette) em A Regra do Jôgo/ La Règle du Jeu/ 1939 (Dir: Jean Renoir).

Charles Dullin e Louis Jouvet em Volpone

DULLIN, CHARLES (1885-1949). Louix XI em O Milagre dos Lobos/ Miracle des Loups/ 1924 (Dir: Raymond Bernard); Barão de Kempelen em O Jogador de Xadrez/ Le Joueur d’Échecs  / 1926 (Dir: Raymond Bernard); Olivier Maldone em Maldone / 1928 (Dir: Jean Grémillon); o cego, testemunha implacável em O Crime do Correio de Lyon/ L’Affaire du Courrier de Lyon / 1937; o usurário Corbaccio em Volpone/ Volpone/ 1941 (Dir: Maurice Tourneur); Brignon, o velho produtor libidinoso em Crime em Paris/ Quai des Orfévres/ 1947 (Dir: Henri-Georges Clouzot); e, principalmente, Thénardier em Os Miseráveis/ Les Misérables / 1934 (Dir: Raymond Bernard).

Saturnin Fabre e Danielle Darrieux em Battement de Coeur

FABRE, SATURNIN (1889-1961). Le Grand Père em O Demônio da Argélia/ Pépé le Moko/ 1936 (Dir: Julien Duvivier); Thalès, o ilusionista em La Nuit Fantastique/ 1942 (Dir: Marcel L’Herbier); Monsieur Sénéchal, o empresário ex-colaboracionista em Les Portes de la Nuit/ 1946 (Dir: Marcel Carné); Bourdillat, o antigo ministro que inaugura o mictório público da cidade em Primavera de Escândalos/ Clochemerle/1948 (Dir:  Pierre Chenal); o bizarro Marquês de la Tour Mirande em Miquette et sa Mère/ 1949 (Dir: Henri-Georges Clouzot); e, principalmente Monsieur Aristide, o professor da escola de punguistas em Battement de Coeur/ 1939 (Dir: Henri Decoin) e Prunier, um dos loucos do hospital psiquiátrico que expõe a sua alienação respondendo arrogantemente ao oficial  alemão sem o menor temor do inimigo em Alguém Virá Esta Noite/ Un Ami Viendra Ce Soir/1946 (Dir: Raymond Bernard).

Pierre Fresnay e Pierre Larquey em Sombra do Pavor

LARQUEY, PIERRE (1884-1962). Hippolyte, o rapaz de pé torto operado malogradamente por Charles Bovary (Pierre Renoir) em Madame Bovary/ Madame Bovary/ 1934 (Dir: Jean Renoir); Gustin, o clarim da legião em A Última Cartada/ Le Grande Jeu/ 1934; Colin, o fabricante de marionetes em O Assassino Mora no 21/ L’Assassin Habite au21/ 1941 (Dir: Henri-Georges Clouzot); o Pai Goriot em Le Père Goriot/ 1945 (Dir: Robert Vernay); o velho chofer de taxi, testemunha “forçada” em Crime em Paris/ Quai des Orfèvres/ 1947; M. Drain, um dos professores em As Diabólicas / Les Diaboliques/ 1954; e, principalmente,  o médico  perverso Dr. Michel Vozet (o Corvo) em  Sombra do Pavor/ Le Courbeau/ 1943 (Dir: Henri-Georges Clouzot).

Annabella, Jean Gabin e Robert Le Vigan em A Bandeira

LE VIGAN, ROBERT (1900-1972). Lheureux, o usurário em Madame Bovary/ Madame Bovary/ 1934 (Dir: Jean Renoir); Fernando Lucas o policial que segue a pista de Pierre Gilieth (Jean Gabin) até a Legião Estrangeira em A Bandeira/ La Bandera / 1935 (Dir: Julien Duvivier); Jesus Cristo em Gólgota/ Golgotha/ 1935 (Dir: Julien Duvivier); o ator alcoólatra em Bas-fonds/ Les Basfonds/ 1936 (Dir: Jean Renoir); o pintor suicida em Cais das Sombras/ Quai des Brumes/ 1938 (Dir: Marcel Carné); César, o homem invisível em O Mistério do Colégio/ Les Disparus deSaint-Agil/ 1938 (Dir: Christian-Jaque); o professor Villard em O Assassinato dePapai Noel/ L’ Assassinat du Père Noël/ 1961 (Dir: Christian-Jaque); o chantagista em Paixão Criminosa/ Le Dernier Tournant/ 1939 (Dir: Pierre Chenal);  e, principalmente Tonkin, o neurótico obcecado com a Indochina em Mãos Vermelhas/ Goupi Mains Rouges/ 1938 (Dir: Jacques Becker).

MARKEN, JANE (1895-1976). Prudence em A Dama das Camélias/ La Dame Aux Camélias/ 1934 (Dir: Fernand Rivers, Abel Gance); Madame Dufour em Partie deCampagne/ 1936 (Dir: Jean Renoir); Louise Lecouvreur em Hotel do Norte/ Hotel du Nord/ 1938 (Dir: Marcel Carné); Louise Martinet em Lumière d’Été/ 1942 (Dir: Jean Grémillon); Anne em Além da Vida/ L’Éternel Retour/ 1943 (Dir: Jean Delannoy); Mme. Boissac em Estranha Coincidência/ Copie Conforme/ 1947 (Dir: Jean Dréville); a belicosa baronesa de Courtebiche em Primavera de Escândalos/ Clochemerle/ 1948 (Dir: Pierre Chenal); Germaine em Escravas do Amor/ Dédée d’Anvers/ 1948 (Dir: Yves Allégret); e, principalmente, Mme. Hermine com seus sorrisos nervosos e suspiros em O Boulevard do Crime/ Les Enfants du Paradis/ 1945 (Dir: Marcel Carné) e a mãe de Dora (Simone Signoret) em A Cínica/ Manèges/  1950 (Dir: Yves Allégret).

Jean-Louis Barrault e Gaston Modot em O Boulevard do Crime

MODOT, GASTON (1887-1970). O Homem (papel principal de L’Age D’Or/ 1930 (Dir: Luis Buñuel) ao lado de Lia Lys (A Mulher); Peachum, o rei dos mendigos em A Ópera dos Pobres/ L’Opéra de Quat’sous/ 1931 (Dir: G. W. Pabst); o legionário Muller em A Bandeira/ La Bandera/ 1935 (Dir: Julien Duvivier); Jimmy em O Demônio da Argélia/ Pépé le Moko/ 1937 (Dir: Julien Duvivier); o engenheiro, um dos prisioneiros na fortaleza alemã em  A Grande Ilusão/ La Grande Illusion/ 1937 (Dir: Jean Renoir); o cego Fil de Soie em O Boulevard do Crime / Les Enfants du Paradis/ 1945 (Dir: Marcel Carné); Danard em Amores de Apache/ Casque D’or/ 1952 (Dir: Jacques Becker); e, principalmente, o guarda de caça Schumacher em A Regra do Jôgo/ La Règle du Jeu/ 1939 (Dir: Jean Renoir).

Odette Joyeux e Marguerite Moreno em Paixão de uma Noite

MORENO, MARGUERITE (1871-1948). La Thénardier em Os Miseráveis/ Les Miserables/ 1934 (Dir: Raymond Bernard); Condessa Beauchamp du Bourg de Catinax em A História de um Trapaceiro/ Le Roman d’un Tricheur/ 1936 (Dir: Sacha Guitry); Catarina de Médicis e Imperatriz Eugenia idosa em As Pérolas da Corôa/ Les Perles de la Couronne/ 1936 (Dir: Sacha Guitry); Condessa Tomski, emA Dama de Espadas/ La Dame de Pique/ 1937 (Dir: Fedor Ozep); a cigana em Os Amores deCarmen/Carmen/ 1944 (Dir: Christian-Jaque); a generala Elisabeth Prokovievna Epantchine em O Idiota/ L’Idiot / 1946 (Dir: Georges Lampin); tia Jeanne em Un Revenant/ 1946 (Dir: Christian-Jaque); Madame de Bonafé, avó de Douce (Odette Joyeux) em Dulce, Paixão de uma Noite/ Douce/ 1943 (Dir: Claude Autant-Lara) e, principalmente, La Mamèche, a velha italiana meio louca de Regain/ 1937 (Dir: Marcel Pagnol).

Gina Lollobrigida e Noel Roquevert em Fanfan la Tulipe

ROQUEVERT, NOEL (1892-1973). Dr. Linz, médico colonial em O Assassino Mora no 21/ L’ Assassin Habite au 21/ 1942 (Dir: Henri-Georges Clouzot); Melissa, o cozinheiro italiano em A Mão do Diabo/ La Main du Diable/ 1942 (Dir: Maurice Tourneur); Comissário Binet em Les Inconnus dans la Maison/ 1942 (Dir: Henri Decoin); Jagu, fiel companheiro de Du Guesclin (Fernand Grevey) em Lanceiro Invencível/ Du Guesclin/ 1949 (Dir: Bernard de Latour); Théodore Andrieux, o sexto jurado em O Direito de Matar/ Justice est Faite/ 1950 (Dir: André Cayatte); antigo resistente em Marie Octobre/ 1958 (Dir: Julien Duvivier); e, principalmente, Fier-à-Bras, espadachim irascível em  Fanfan la TulipeFanfan LaTulipe / 1952 (Dir: Christian-Jaque).

Pierre Brasseur, Marcel Herrnad e Louis Salou em O Boulevard do Crime

 

SALOU, LOUIS (1902-1948). Inspetor Sorbier em Viagem sem Esperança/ Voyage sans Espoir/ 1943 (Dir: Christian-Jaque); Fifi, o tenente prussiano de Anjo Pecador/ Boule de Suif/ 1945 (Dir: Christian-Jaque); Comissário Lacroix em Roger La Honte/ 1946 (Dir: André Cayatte); Príncipe Ernest IV em Amantes Eternos ou A Sombra do Patíbulo / La Chartreuse de Parme / 1948 (Dir: Christian-Jaque); Ettore Maglia, magistrado corrupto fascista em Os Amantes de Verona/ Les Amants de Verone/ 1948 (Dir: André Cayatte); e, principalmente o conde Edouard de Montray, o protetor de Garance (Arletty) em O Boulevard do Crime/ Les Enfants du Paradis/ 1945  (Dir: Marcel Carné).

Louis Seigner e Henri Crémiex em A Festa do Coração

SEIGNER, LOUIS (1903-1991). O maestro que sabota a ópera de Berlioz (Jean-Pierre Aumont) em La Symphonie Fantastique/ 1942 (Dir: Christian-Jaque); M. de Nuncigen em Vautrin / 1943 (Dir: Pierre Billon); Dr. Bertrand em Sombra do Pavor/ Le Corbeau/ 1943 (Dir: Henri-Georges Clouzot); o diretor da prisão em Anjos das Ruas/ Les Anges du Peché/ 1943 (Dir: Robert Bresson); Edmond Gonin em Un Revenant/ 1946 (Dir: Christian-Jaque); Grillo, o guardião da Tour Farnese em Amantes Eternos ou A Sombra do Patíbulo / La Chartreuse de Parme/ 1947 (Dir: Christian-Jaque); Levase, o professor de arte dramática em Eterna Ilusão/ Rendez-vousde Juillet/ 1949 (Dir: Jacques Becker); Lavoisier em Se Versalhes Falasse/ Si Versailles M’Était Conté/ 1954 (Dir: Sacha Guitry); o presidente do tribunal em A Verdade/ La Verité/ 1960 (Dir: Henri-Georges Clouzot); e, principalmente, o roteirista imaginoso  e volúvel  que organiza as perípécias  em A Festa do Coração/ La Fête à Henriette/ 1952 (Dir: Julien Duvivier).

Pierre Blanchar e Sylvie em Um Carnet de Baile

SYLVIE, LOUISE (1885-1970). Catherine Ivanova em Assassino sem Culpa/ Crime etChâtiment/ 1935 (Dir: Pierre Chenal); Gaby, a amante de Thierry, o médico que pratica abortos (Pierre Blanchar) e é assassinada por ele em Um Carnet de Baile/ Un Carnet de Bal/ 1937 (Dir: Julien Duvivier); Madame Tusini em La Fin du Jour/ 1939 (Dir: Julien Duvivier); a mãe do canceroso (Roger Blin) que, advertido pelo Corvo da gravidade de seu estado de saúde, corta a garganta com uma navalha em Sombra do Pavor/ Le Corbeau/ 1943 (Dir: Henri-Georges Clouzot); a Madre Superiora em Anjos das Ruas/ Les Anges du Peché/ 1943 (Dir: Robert Bresson); Madame Ivolvine em O Idiota/ L’Idiot/ 1946 (Dir: Georges Lacombe); a mãe de Maurice (Michel Bouquet), o irmão bastado do conde Julian de Kériadec (Paul Bernard), apelidado de “Patas Brancas” em Mulher Cobiçada/ Pattes Blanches/ 1949 (Dir: Jean Grémillon);“La Karabassen”, a criada do sacristão Thomas Gouvernnec (Pierre Fresnay) em Deus Necessita de Homens/ Dieu a Besoin des Hommes/ 1950 (Dir: Jean Delannoy);e,principalmente, Madame Raquin, a paralítica que sabe tudo o que se passou e se confronta com Thérèse (Simone Signoret) em Thérèse Raquin/ 1953 (Dir: Marcel Carné).

Jean Tissier em O Assassino Mora no 21

TISSIER, JEAN (1896-1973). Roland Médeville, antigo diplomata sem dinheiro em Battement de Coeur/ 1939 (Dir: Henri Decoin); Paulo, um dos escroques cúmplices da condessa russa (Edwige Feuillère) em J’étais une aventurière  / 1938 (Dir: Raymond Bernard); Comissário Binet em Inconnus dans la Maison/ 1941 (Dir: Henri Decoin); Mascouvin, o chantagista em Picpus/ 1942 (Dir: Richard Pottier); guia do castelo em Se Versalhes Falasse/ Si Versailles m’était Conté/ 1954 (Dir: Sacha Guitry); Louis XI em O Corcunda de Notre Dame/ Notre Dame de Paris/ 1956 (Dir: Jean Delannoy); e, principalmente, Tricket, também conhecido como o faquir Lalah-Poor, em O Assassino Mora no 21/ L’Assassin Habite au 21(Dir: Henri-Georges Clouzot).

CHICO BÓIA

Depois de Charles Chaplin, ele era o comediante predileto de todo mundo. No Brasil, desfrutava de uma imensa popularidade. Nos Estados Unidos chamavam-no de Fatty, desde seus tempos de colégio. Aqui, deram-lhe o apelido de Chico Bóia. Roscoe Arbuckle não foi apenas um grande comediante, mas também um habilidoso diretor de comédias que treinou Buster Keaton na arte de fazer filmes  – e Keaton se tornou um dos maiores diretores de comédias de todos os tempos.

Roscoe “Fatty”Arbuckle, o Chico Bóia

Roscoe Conkling Arbuckle (1887-1933), nasceu  em Smith Center, Kansas , filho de Mary E. “Mollie” Gordon e William Goodrich Arbuckle. Quando Roscoe estava quase com dois anos de idade, sua família mudou-se para Santa Ana, Califórnia. O menino tinha uma voz de cantor maravilhosa e era extremamente ágil. Aos oito anos de idade, com o incentivo de sua mãe, atuou pela primeira em um palco na Companhia Frank Bacon, quando esta se apresentou em Santa Ana. Roscoe gostou de representar e continuou no tablado até a morte de sua mãe em 1899, quando ele tinha doze anos de idade. Seu pai, que sempre o tratara severamente, recusou-se a sustentá-lo, e Roscoe foi trabalhar em um hotel, prestando serviços ocasionais.

Fatty cercado de belezas

O rapaz tinha o hábito de cantar enquanto trabalhava e foi ouvido por um hóspede, que era  cantor profissional. O hóspede convidou-o para atuar em um espetáculo de calouros, que consistia no seguinte: o público julgava as performances batendo palmas  ou vaiando e, neste caso, o calouro era expulso do palco por alguém que saia dos bastidores do teatro, segurando um cajado. Roscoe cantou, dançou, e fez algumas palhaçadas, mas não conseguiu impressionar a platéia. Ele viu a pessoa com o cajado sair dos bastidores e, para evitá-lo, deu uma cambalhota no poço da orquestra em óbvio pânico. A platéia veio abaixo, e ele não somente ganhou a competição, como iniciou uma carreira no vaudeville.

Em 1904, Sid Grauman convidou-o para cantar no seu novo Unique Theater em San Francisco, começando uma longa amizade entre os dois. Arbuckle então juntou-se ao Pantages Theatre Group em tournéepela Costa Oeste dos Estados Unidos e, em 1906, trabalhou no Orpheum Theater em Portland, Oregon, com uma trupe de vaudeville organizada por Leon Errol, tornando-se a principal atração do espetáculo.

Minta Durfee e Fatty

Em 6 de agosto de 1908, casou-se com Minta Durfee – sua companheira em inúmeras comédias no cinema – e ingressou na companhia de vaudeville Morosco Burbank Stock. Em julho de 1909, iniciou sua carreira cinematográfica na Selig Polyscope Company, aparecendo em Ben’s Kid.

Depois de surgir em mais três comédias de um rolo e/ou split reel (aproximadamente metade de um rolo), produzidas pela Selig Polyscope, Arbuckle foi para a Keystone Film Company, onde ascendeu a astro e diretor. Entre 1913 a 1916, atuou nas comédias da Keystone e em uma da Nestor, Almost a Rescue / 1913. Em 1914, a Paramount Pictures lhe fez uma oferta, até então inédita, de mil dólares por dia mais 25% dos lucros e controle artístico completo para fazer filmes estrelados por ele próprio e Mabel Normand. Em 1916, Arbuckle fundou com Joseph M. Schenck a Comique Film Corporation, para produzir suas comédias, que seriam distribuídas pela Paramount. Em 1918, Arbuckle transferiu suas ações para Buster Keaton, e aceitou a oferta da Paramount  de 3 milhões de dólares, para fazer 18 filmes em três anos.

Em 5 de setembro de 1921, no fim–de-semana do feriado do Dia do Trabalho, para celebrar a assinatura de seu contrato com a Paramount, Arbuckle, acompanhado de dois amigos, Lowell Sherman e Fred Fischbach, deu uma festa no Saint Francis Hotel em San Francisco. Entre os presentes estava uma starlete modelo chamada Virginia Rappe. Ela passou mal, foi hospitalizada, e morreu quatro dias depois. Virginia foi trazida para a festa por uma cafetina e chantagista, Maude Delmont. Esta jurou perante o Promotor Público, Matthew Brady, que Arbuckle arrastou Virginia Rappe para seu quarto, fechou a porta e, apesar de seus gritos desesperados, estuprou-a brutalmente.

Virginia Rappe

No dia seguinte à morte de Virginia, rumores escandalosos começaram a se espalhar e a imprensa marron lhes deu cobertura. Exemplo: furioso, por causa de sua impotência  etílica, Arbuckle teria violentado Virginia com uma garrafa de Coca-Coca ou de champanha. Ou: Virginia foi  encontrada esmagada sob os cento e trinta quilos de Fatty. William Randolph Hearst, dono do San Francisco Examiner, diria mais tarde que o caso Arbuckle vendeu mais jornais do que qualquer outro evento desde o afundamento do Lusitania. A reação da opinião pública foi súbita e brutal, rotulando Arbuckle como um desquilibrado sedento de sexo.

Fatty e seus advogados

No dia 17 de setembro de 1921, Roscoe “Fatty” Arbuckle foi preso sob acusação de homicídio doloso. No dia 28 de setembro, o juiz Sylvain J. Lazarus, estimando que as provas apresentadas contra Arbuckle eram insuficientes, transformou a acusação de homicídio para homicídio culposo e ele foi libertado no dia 29 depois do pagamento de uma fiança de cinco mil dólares. Arbuckle se apresentou livre na audiência do primeiro julgamento, que se iniciou no dia 14 de novembro de 1921. Após numerosos testemunhos contraditórios e 43 horas de deliberação, o Júri se pronunciou mas, como houve um impasse, foi necessário um segundo julgamento com novo Júri.  No segundo julgamento, que teve lugar em 9 de janeiro de 1922, também houve impasse.

Libertado sob fiança, Fatty foi obrigado a vender sua casa de Los Angeles bem como sua coleção de carros de luxo, para pagar os custos advocatícios. Os jurados do terceiro julgamento pronunciaram em seis minutos o seu veredicto no dia 12 de abril de 1922: Arbuckle foi absolvido. Os peritos médicos diagnosticaram que a bexiga de Virginia se rompeu e que ela apresentava sinais de inflamação crônica. Eles concluiram que a causa da morte foi natural e que nenhuma força exterior interveio. O Júri pediu desculpas ao acusado, algo inédito nos Anais da Justiça Americana.

Alguns dias após sua absolvição, Arbuckle foi banido oficialmente dos estúdios  por uma decisão da Motion Picture Producers and Distributors of America (MPPDA).  Ao ser anunciada a suspensão dessa interdição em dezembro de 1922, o escândalo fôra tão grande que Roscoe Arbuckle não conseguia arranjar emprego como ator e se refugiou no alcoolismo. Minta Durfee pediu o divórcio que, após uma reconciliação, foi finalmente decretado em dezembro de 1924. Em 16 de maio de 1925, Roscoe casou-se com Doris Deane, de quem se divorciou em 1929. Em 21 de junho de 1931, ele contraiu matrimônio com Addie Oakley Sheldon.

Doris e Roscoe

Roscoe e Addie

Buster Keaton tentou ajudar Arbuckle, oferecendo-lhe trabalho nos seus filmes. Arbuckle escreveu (não creditado) o argumento de uma comédia curta de Keaton, Sonho e Realidade  / Daydreams / 1922 e teria colaborado na direção de Bancando o Águia / Sherlock Jr. / 1924. De 1924 a 1932, Arbuckle funcionou como diretor para a Educational sob o pseudônimo de William Goodrich Finalmente, em 1932, assinou contrato com a Warner Bros. para ser o astro, sob seu próprio nome, de uma série de seis comédias de dois rolos produzidas pela Vitaphone. Em 28 de junho de 1933, Arbuckle acabara de terminar a filmagem do último desses filmes, quatro dos quais já haviam sido lançados. No dia seguinte, ele assinou contrato com a Warner para estrelar um filme de longa-metragem mas, à noite, sofreu um ataque cardíaco e morreu dormindo. Tinha 46 anos de idade.

FILMOGRAFIA COMO ATOR (Nos filmes assinalados  com um asterico Arbuckle trabalhou também como diretor)

Selig Polyscope: 1909 – Ben’s Kid; Mrs. Jones Birthday; Making it Pleasant for Him; The Sanitarium.

Keystone: Principalmente com Mabel Normand, Ford Serling, Minta Durfee, Charles Chaplin. Mack Sennett, Henry Lehrman, Wilfred Lucas e George Nichols revezavam-se como diretores. 1913 -The Gangsters; Alas! Poor Yorick!; Help! Help! Hydrophobia!; Safe in Jail; Passions, He Had Three; The Waiter’s Picnic; Peeping Pete; Love and Rubbish; Rastus and the Game Cock; A Bandit; For the Love of Mabel; The Telltale Light; The Milk We Drink; A Noise from the Deep; Love and Courage; A Small Time Ac; Professor Bean’s Removal; Almost a Rescue (na Nestor/ Dir: Al Christie); The Riot; Mabel’s New Hero; Mabel’s Dramatic Career; The Gypsy Queen; The Faithful Taxicab; When Dreams Come True; Mother’s Boy; Fatty’s Day Off; Two Old Tars; A Quiet Little Wedding; The Speed Kings; Fatty at San Diego; Wine; Fatty Joins the Force; The Woman Haters; A Ride for a Bride; Fatty’s Flirtation; His Sister’s Kids; Some Nerve; He Would a Hunting Go. 1914 – A Misplaced Foot; Caught in a Flue; The Under-Sheriff; A Flirt’s Mistake; In the Clutches of the Gang; Rebecca’s Wedding Day; A Robust Romeo; The Bowery Boys; Bombs and Bangs; Fatty’s Wild Night; Twixt Love and Fire; Joãozinho na Película ou Dia de Estréia / A Film Johnnie (com Charles Chaplin); Carlito Dançarino / Tango Tangle (com Charles Chaplin); Carlito entre o Bar e o Amor / His Favorite Pastime (com Charles Chaplin); A Rural Demon; Barnyard Flirtations *; Chicken Chaser *; A Bath House Beauty ou A Bathing Beauty *; Where Hazel Met the Villain *; A Suspended Ordeal *; The Water Dog *; The Alarm *; Our Country Cousin; Dois Heróis  / The Knockout (com Charles Chaplin); Fatty and the Heiress *; Fatty’s Finish *; Love and Bullets *; A Rowboat Romance *; The Sky Pirate *; Those Happy Days *; That Minstrel Man *;Those Country Kids *; Fatty’s Gift *; Carlito Coquette / The Masquerader (com Charles Chaplin); Nova Colocação de Carlito / His New Profession

Fatty e Chaplin em Carlitos na Farra

(com Charles Chaplin); A Brand New Hero *; Bombs and Bangs *; Carlitos na Farra ou Que Farra! / The Rounders (com Charles Chaplin); Lover’s Luck *; Fatty’s Debut *, Fatty Again *; Their Ups and Downs *, Zip, the Dodger *; Lover’s Post Office *; An Incompetent Hero *; Fatty’s Jonah Day *; Fatty’s Wine Party *l; The Sea Nymphs; Leading Lizzie Astray *; Shotguns That Kick *; Fatty’s Magic Pants *; Fatty and Minnie He-Haw *. 1915 – Mabel and Fatty’s Married Life *; Mabel and Fatty‘s Wash Day *; Mabel, Fatty and the Law *; Mabel and Fatty’s Simple Life *; Fatty and Mabel at the San Diego Exposition *; Fatty’s New Role *; Hogan’s Romance Upset; Fatty’s Reckless Fling *; Fatty’s Chance Acquaintance *; Fatty’s Faithful Fido *; That Little Band of Gold *; Wished on Mabel; When Love Took Wings *; Mabel’s Wilful Way; Miss Fatty’s Seaside Lovers*; Fatty’s Plucky Pup *; The Little Teacher; Fatty’s Tintype Tangle *; Fickle Fatty’s Fall *; Fatty and the Broadway Stars *. 1916 – Chico Bóia, Bóia Mesmo / Fatty and Mabel Adrift *; He Did and he Didn’t *; Bright Lights  *; His Wife’s Mistakes *; The Other Man; The Waiter’s Ball *; A Creamput Romance *

Fatty e Mabel Norman em Fatty and Mabel Adrift

Fatty e Mabel Normand em He Did and He Didn’t

Comique: Principalmente com Buster Keaton, Al St. John (sobrinho de Roscoe na vida real), Alice Lake. 1917 – Com Culpa no Cartório / The Butcher Boy *; Romeu de Esquina / A Reckless Romeo *; A Casa do Senhor Pancho / The Rough House *; A Noite do Casamento / His Wedding Night *; O Dr. Jalapa / Oh Doctor! *; Fatty em Coney Island / Coney Island *; A Country Hero *. 1918 – A Scrap of Paper *; Out West *; The Bell Boy *; Moonshine *; Boa Noite, Nurse ou Boa Noite, Santa / Good Night, Nurse! *; Parodiando Salomé / The Cook *; The Sheriff *. 1919 – Camping Out *; The Pullman Porter *; Love *; The Bank Clerk *; Herói do Deserto ou Um Herói no Deserto / A Desert Hero *; Fazendo Carreira Torta / Back Stage *; The Hayseed *. 1920 – O Vendedor de Automóveis / The Garage *.

Mabel Normand, Fatty e Buster Keaton em Fatty em Coney Island

Buster Keaton- Fatty- Al St. John

Keaton, Fattyv e Al St. John em Out West

Paramount: James Cruze e Joseph Henaberry revezando-se como diretores. Chico Bóia Bancando William Hart ou Valente Protetor / The Round Up; Aceitando o Desafio / Life of the Party. 1921 – Elas e Eles / Leap Year; Chico Bóia Arranja Frete / The Fast Freight; Os Milhões de Miguel Brewster / Brewster’s Millions; Gozos e Torturas / The Dollar-a-Year Man; Caixeiro Viajante / Traveling Salesman; Bochechudo Barulhento / Gasoline Gus; Com Vontade de Casar / Crazy to Marry. 1923 – Hollywood  (breve aparição como ele mesmo.)

Fatty e Mary Thurman em The Leap Year

Buster Keaton Prod. / MGM: 1925 – Vaqueiro Avacalhado / Go West (ponta).

Educational: 1931 – The Back Page *.

Warner Bros / Vitaphone: Ray McCarey e Alfred Goulding revezavam-se como diretores. 1932 -Comendo e Aprendendo / Hey, Pop!; Com a Mão Na Massa / In the Dough. 1933 – Quem Paga os Pratos? / Buzzin’ Around; How’ve You Bean?; Que Parentes / Close Relations; Por Uns Olhos Negros / Tomalio.

OBS: Relaciono abaixo títulos em português dos filmes de Roscoe Arbuckle, que pude encontrar, infelizmente sem a correspondência com o título original. Alguns títulos podem ser reintitulação de um título já mencionado na filmografia.

O Anarquista Fatty; Carlito e Fatty no Café; Fatty no Teatro; O Livro de Fatty; Fatty Vai ao Baile; Casamento de Fatty e Isabel; O Vizinho de Izabel; Fatty Faz uma Conquista; O Cão de Fatty; Fatty Aviador; Isabel e Fatty na Festa; Chico Bóia Encalacrado; CB na Dansa; CB Na Lagosta do Diabo ou Lagosta do Diabo; CB no Banho; CB Por Sua Dama; CB Em Duplicata; CB e sua Troupe; CB Bilontra; CB No Mar ou Peixão … no Mar!; CB no Colégio; Os Três Heróis; CB De Copeiro; CB Em Maus Lençóis; CB e seu Cachorro; CB Boróró; CB Almofadinha; CB Piratão; CB e sua Família; CB e seus Colegas; Ótima Operação; Querer é Poder; O Ajudante de Cozinheiro; O Delicado Delegado ou Delegado Delicado; Cozinheiro Cleopatra; Sorte Caprichosa; Uma Conquista Amorosa; Uma Cabeçada; Aceitando o Desafio; Férias de Verão; Lucro sem Proveito; Ações e Reações; CB Cozinheiro; Bochechudo Barulhento; Dia de Chuva; Gosos e Torturas; Nunca Mais; Eles e Elas; CB no Luna Park.

Curiosidade: Gastão Tojeiro escreveu a revista excêntrica, “Carlito e Chico Bóia (com João de Deus como Carlito e Alfredo Silva como Chico Bóia), cuja estréia no Teatro São José do Rio de Janeiro se deu em 3 de setembro de 1920.\

FILMOGRAFIA SOMENTE COMO DIRETOR:

Fox: 1922 – Special Delivery

Paramount: 1924 – Elas e Eles /  Leap Year

Educational: 1924 – His First Car; Stupid, But Brave; Lovemania; Dynamite Doggie.  1925 – The Iron Mule; Curses!; The Tourist; The Movies; Cleaning Up; The Fighting Dude. 1926 – My Stars; Home Cured; Fool’s Luck; His Private Life; One Sunday Morning.

Cosmopolitan: 1927 – Moinho Vermelho / The Red Mill com Marion Davies; Peaceful Oscar.

 Paramount: 1927 – Encomenda Postal / Special Delivery com Eddie Cantor

Educational: 1930 -Si Si Senor; Won by a Neck; Up a Tree . 1931 – Three Hollywood Girls; Marriage Rows; Pete and Repeat; Ex-Plumber; Crashing Hollywood; Windy Riley Goes Hollywood com Louise Brooks; The Back Page; The Lure of Hollywood.

 RKO-Pathé: 1931 – That’s My Line’

Educational: 1931 – Honeymoon Trio; Up Pops the Duke.

RK0-Pathé: 1931 -Beach Pajamas; Take’em and Shakeem.

Educational: 1931 -That’s My Meat; One Quiet Night; Queenie of Hollywood; Once a Hero; The Tamale Vendor; Idle Roomers;  Smart Work. 1932 -Moonlight and Cactus; Keep Laughing; Anybody’s Goat; Bridge Wives; Hollywood Luck; Hollywood Lights; Mother’s Holliday; Gigolettes; It’s a Cinch. 

RKO-Pathé: 1932 -Niagara Falls.

.

.