Arquivo do Autor: AC

EDWARD EVERETT HORTON

Ele foi um dos primeiros grandes atores característicos do cinema sonoro americano.  Dotado de uma voz especial e de uma dicção refinada, criou um tipo  pomposo com maneirismos nervosos, cuja marca registrada era o impagável “double take” (seu personagem sorria agradavelmente e fazia um aceno de cabeça indicando aquiescência com o que acabara de ouvir; então, quando percebia com atraso o que realmente fôra dito, sua expressão facial caia em colapso, mostrando perturbação). Algumas vêzes, Horton acrescentava um “triple-take”: ele parecia não compreender o que parecia ter entendido. Outra peculiaridade sua era a maneira como ele dizia a frase “Oh, Dear!”, como se o mundo estivesse acabando.

Edward Everett Horton

Edward Everett Horton Jr. (1886 – 1970) nasceu no Brooklyn, Nova York, filho de Edward Everett Horton, tipógrafo do The New York Times e Isabella S. (nascida Diak) Horton. Seu pai tinha ascendência inglesa e alemã e sua mãe nascera em Matanzas, Cuba, filha de escocêses. Ele estudou em uma escola secundária no Brooklyn e na faculdade Oberlin no Ohio, da qual foi expulso depois que subiu no alto de um edifício e jogou um boneco lá do alto fazendo com que a multidão que se aglomerara frente ao prédio, pensasse que fôra ele que havia se atirado. Posteriormente, cursou a Brooklyn Polytechnic e a Columbia University, ocasião em que estreou como ator em peças da faculdade.

Em 1906, Horton iniciou sua carreira no palco, cantando e dançando, e interpretando pequenos papéis no vaudeville e produções da Broadway. Em 1919, fixou-se em Los Angeles, alugando com seu irmão George o Majestic Theater, onde atuaram por várias temporadas. Em 1922, Horton estreou no cinema estrelando três comédias da Vitagraph dirigidas por Jess Robbins, Too Much Business, The Ladder Jinx e, A Front Page Story e se distinguiu como o mordomo Ruggles em Ele Sabe Do Que Eu Gosto / Ruggles of Red Gap (Dir: James Cruze para a Paramount) papel que Charles Laughton tornaria mais conhecido mais tarde na segunda versão realizada pela mesma companhia, Vamos à América, dirigida por Leo McCarey em 1935.

 O ator usou de início o nome de Edward Horton, porém depois seu pai o convenceu de adotar seu nome completo profissionalmente, alegando que poderiam surgir outros atores com o nome de Edward Horton, mas somente um chamado Edward Everett Horton.

Horton em Epidemia do Jazz

No período silencioso, Horton participou também como ator principal em filmes de curta-metragem realizados pela Hollywood Productions de Harold Lloyd ou pela Educational e, entre seus papéis mais importantes nas produções mais longas destacaram-se o do compositor Neil McRae em Epidemia do Jazz / Beggar on Horseback / 1925  (Dir: James Cruze, baseado na peça de Marc Connelly e George S. Kaufman) ao lado de Esther Ralston e o de Colline em La Bohème / La Bohème / 1926 (Dir: King Vidor, inspirado na obra de Henri Murger) contracenando com Lillian Gish e John Gilbert).

Horton em Alice no País das Maravilhas

Marlene Dietrich e Horton ( ao centro) em Mulher Satânica

Horton entre H. B. Warner, isabel Jewel, Thomas Mitchell e Ronald Colman em Horizonte Perdido

Entretanto, seus trabalhos na fase sonora são mais lembrados, sobressaindo nos anos trinta, suas atuações como o repórter Roy V. Bensinger em Última Hora / The Front Page / 1931 (Dir: Lewis Milestone); o chapeleiro louco em Alice no País das Maravilhas / Alice in Wonderland / 1933 (Dir: Norman Z. McLeod); Governador Don Paquito em Mulher Satânica / The Devil is a Woman / 1934 (Dir: Josef von Sternberg); o paleontologista excêntrico Alexander P. Lovett em Horizonte Perdido / Lost Horizon / 1936 (Dir: Frank Capra); Nick Potter em Bôemio Encantador / Holiday / 1938 (Dir: George Cukor), repetindo o mesmo papel que interpretara na versão de 1930 (Dir: Edward H. Griffith);

Robert Greig, Charles Ruggles e Horton em Ladrão de Alcova

Horton e Miriam Hopkins em Sócios no Amor

Gary Cooper, Horton e Claudette Colbert em A Oitava Esposa do Barba Azul

e, principalmente suas deliciosas intervenções nos filmes de Ernst Lubitsch (François Filep, aristocrata roubado por Herbert Marshal em um hotel de Veneza e pretendente à mão de Kay Francis em disputa com Charles Ruggles em Ladrão de Alcova / Trouble in Paradise / 1932; Max Plunkett, agente publicitário patrão e depois marido (sem que o casamento seja consumado) de Miriam Hopkins em Sócios no Amor / Design for Living / 1933; Embaixador Popoff da Ruritânia, seguindo os passos de Maurice Chevalier na cidade luz em A Víuva Alegre / The Merry Widow / 1935; o camareiro Graham em Anjo Angel / 1937; Marquês De Loisell, o nobre francês arruinado pai de Claudette Colbert, em A Oitava Esposa do Barba Azul / Bluebeard’s Eighth Wife / 1938

Betty Grable com Horton em A Alegre Divorciada

Fred Astaire e Horton em O Picolino

e nos musicais da dupla Fred Astaire-Ginger Rogers dirigidos por Mark Sandrich (Egbert “Pinky” Fitzgerald emA Alegre Divorciada / The Gay Divorcee 

Eric Blore e Horton em Vamos dançar?

Horton e as meninas em Vamos Dançar?

/ 1934; Horace Hardwick em O Picolino / Top Hat / 1935; Jeffrey Baird em Vamos Dançar? / Shall We Dance / 1936)., respectivamente advogado, patrocinador e empresário do personagem de Fred Astaire. Em uma sequência de A Alegre Divorciada, Horton (de bermuda e sandália com meia) e Betty Grable (no frescor de seus 18 anos) dançando sob o som de “Let’s Knock Knees”,acompanhados por um côro afinadíssimo, entusiasmaram o público em um número bastante animado, coreografado por Dave Gould e Hermes Pan. Nos outros dois musicais, Horton não dançava, mas marcava sempre sua presença de modo hilariante.

Jeanette MacDonald, Horton e maurice Chevalier em A Víuva Alegre

A primeira aparição de Horton no filme A Viúva Alegre, o encontro de Popoff com Danilo (Maurice Chevalier) – o esbarro, a briga, a troca de cartões para um duelo, os nomes e, logo, sorrisos e abraços – mostra como Horton era uma figura tipicamente lubitscheana. Neste mesmo momento, Popoff pergunta para Danilo: “Você já teve relações diplomáticas com uma mulher?”. Como se vê, suas falas também tinham o toque do grande cineasta alemão. A certa altura, quando Popoff se desespera por ter falhado na sua missão em Paris, ele chama um criado e diz: “Adamovitch, vá até o meu quarto. No armário atrás do retrato de Sua Majestade tem uma garrafinha marron com veneno. Joga ela fora por medida de segurança”. Tinha razão quem disse que a mera presença de Horton tornava todo filme em que trabalhava, melhor e, nos filmes de Lubitsch, ele roubava todas as cenas nas quais aparecia.

Na década de trinta Horton ainda fez cinco filmes na Inglaterra: Soldiers of the King / 1933 (Dir: Maurice Elvey); It’s a Boy! / 1933 (Dir: Tim Whelan); The Private Secretary / 1935 (Dir: Henry Edwards); The Man in the Mirror / 1936 (Dir: Maurice Elvey); e The Gang’s all Here / 1939, lançado nos EUA como The Amazing Mr. Forrest (Dir: Thornton Freland).

Camen Miranda, Horton, Alice Faye e Eugene Pallette em Entre a Loura e a Morena.

Dos anos quarenta e diante, até 1970, quando deixou definitivamente a tela no ano de sua morte aos 84 de idade, Horton chamou mais atenção como: Peyton Potter em Entre a Loura e a Morena / The Gang’s All Here / 1943 (Dir: Busby Berkeley); Conde “Piggy” Volsky em O Que Matou Por Amor / Summer Storm / 1943 (Dir: Douglas Sirk); Mr. Witherspoon em Este Mundo é um Hospício / Arsenic and Old Lace  / 1941 (Dir:  Frank Capra); Mensageiro 7013 em Que Espere o Céu / Here Comes Mr. Jordan  / 1941 (Dir: Alexander Hall); o mordomo Hudgins em Dama por um Dia / Pocketful of Miracles / 1961 (Dir: Frank Capra).

Horton, Josephine Hull e Jean Adair em Este Mundo é um Hospício

Horton permaneceu como free lancer durante toda a sua longa carreira, nunca se submetendo a um contrato de longa duração com qualquer estúdio. Ele também não se afastou do teatro – sendo sempre lembradas as suas quase três mil apresentações como Henry Dewlip em “Springtime for Henry” – e aderiu à televisão, onde emprestou sua voz para uma série de animação e interveio em outras, sendo a mais famosa, Batman (1966-1968), na qual contracenou com o vilão Egghead (Cabeça de Ovo), interpretado por Vincent Price, em dois episódios, O Ovo / An Egg Grows in Gotham e O Ovo Gorou / The Yegg Foes in Gotham. O personagem de Horton chamava-se Chief Screaming Chicken, um cacique fantoche do Cabeça de Ovo na sua tentativa da assumir o contrôle de Gotham City.

Vincent Price, Horton e Adam West no Batman da TV

Quem acompanhou constantemente a série I Love Lucy (1951-1957) deve ter visto o episódio Lucy Banca o Cupido / Lucy Plays Cupid, no qual Lucy (Lucille Ball), sabendo que sua vizinha, Miss Lewis (Bea Benadaret) está de ôlho no dono da mercearia, Mr. Ritter (Horton), tenta bancar o cupido; porém Mr. Ritter pensa que é ela que está atraída por ele e Lucy tem que se fazer um pouco menos atraente, para se livrar do seu atrevido pretendente. Horton, sempre admirável!

FILMOGRAFIA

1922 – Too Much Business, The Ladder Jinx; A Front Page Story. 1923 – Ele Sabe Do Que Eu Gosto / Ruggles of Red Gap; The Vow of Vengeance; Viva o Belo Sexo ! / To the Ladies. 1924 – Flapper Wives; Try and Get It; Um Homem de Honra / The Man Who Fights Alone; Os Filhos de Helena / Helen’s Babies. 1925 – Epidemia do Jazz; / Beggars on Horseback; Uma Desventura Feliz / Marry Me; The Business of Love. 1926 – La Bohème / La Bohème; Uma Noite de Apuros / Poker Faces; Que Escândalo / The Whole Town’s Talking. 1927 – Taxi! Taxi! / Taxi! Taxi!; No Publicity (curta); Find the King (curta) 1928 – O Terror / The Terror; Sonny Boy / Sonny Boy; Dad’s Choice (Curta); Behind the Counter (curta); Miss Information (curta); Horse Shy (curta); Scrambled Weddings (curta); Vacation Waves (curta);  Call Again (curta). 1929 –

Horton (de camisa listrada) em O Hotentote

O Hotentote / The Hottentot; O Covarde / The Sap; O Aviador / The Aviator; Take the Heir; Wide Open; The Eligible Mr. Bangs (curta); Ask Dad (curta); The Right Bed (curta); Trusting Wives (curta); Prince Gabby (curta); Good Medicine (curta); 1930 – Holiday; Once a Gentleman; O Príncipe dos Dólares / Reaching for the Moon. 1931 – Beija-me Outra Vez / Kiss Me Again; Lonely Wives; Última Hora / The Front Page; Six Cylinder Love; Smart Woman; A Idade do Amor / The Age of Love; The Great Junction Hotel (curta). 1932 – Conquistador Irresistível / But the Flesh is Weak;

Horton (à esquerda) em Roar of the Dragon

Mary Astor, Horton e Genevieve Tobin em Fácil de Amar

Roar of the Dragon; Ladrão de Alcova / Trouble in Paradise. 1933 – Soldiers of the King; Beijos Para Todos / A Bedtime Story; It’s a Boy! ; Lição de Amor / The Way to Love; Sócios no Amor/ Design for Living; Alice no País das Maravilhas / Alice in Wonderland. 1934 – Fácil de Amar / Easy to Love; Os Tapeadores / The Poor Rich; Paixão do Dinheiro / Success at Any Price; Brincando com Fogo / Uncertain Lady; Canto Chorado / Sing and Like It; Smarty; Templo da Beleza / Kiss and Make-Up; Mulher em Tudo / Ladies Should Listen; A Viúva Alegre / The Merry Widow; A Alegre Divorciada / The Gay Divorcee. 1935 – Confissões de uma Solteira / Biography of a Bachelor Girl; Um Noite Encantadora / The Night is Young; Os Cavaleiros do Rei / All The King’s Horses; Mulher Satânica / The Devil is a Woman; Um Simplório Afortunado / $10 Raise; Por Uns Olhos Negros / In Caliente; Going Highbrow; O Picolino; The Private Secretary; A Pequena Ditadora / Little Big Shot; Neurastenia de Arromba / His Night Out; Your Uncle Dudley.

1936 – Marido Incógnito / Her Master’s Voice; Canta e Serás Feliz / The Singing Kid; Camarada Ambicioso / Nobody’s Fool; Corações Divididos / Hearts Divided; The Man in the Mirror; Let’s Make a Million. 1937 – Horizonte Perdido / Lost Horizon; O Rei e a Corista / The King and the Chorus Girl; Solidão / Oh, Doctor; Vamos Dançar? / Shall We Dance; O Pão Duro / Wild Money; Quando o Amor Trabalha / Danger – Love at Work; Anjo / Angel; O Homem Pefeito / The Perfect Specimen; O Grande Garrick / The Great Garrick; Nas Asas da Fama / Hitting a New High. 1938 – A Oitava Esposa do Barba Azul / Bluebeard’s Eighth Wife; Jazz Academia / College Swing; Boêmio Encantador / Holiday; Os Bambas na Alta Sociedade / Little Tough Guys un Society. 1939 – Lua-de-Mel em Paris; The Gang’s All Here; Isso mesmo, Está Errado / That’s Right – You’re Wrong; You’re the One; O Mundo é um Teatro / Ziegfeld Girl; Sunny. 1941 – Papaizinho Solteirão / Bachelor Daddy; Que Espere o Céu / Here Comes Mr. Jordan; Hóspede do Pagode / Week-End for Three; The Body Disappears.

Horton (à esquerda, Henry Fonda e Dom Ameche em Assim Vivo Eu

1942 – Assim Vivo Eu / The Magnificent Dope; Casei-me com um Anjo / I Married an Angel; Minha Secretária Brasileira / Springtime in the Rockies. 1943 – Para Sempre e um Dia / Forever and a Day; Graças à Minha Boa Estrela / Thank Your Lucky Stars; Entre a Loura e a Morena / The Gang’s All Here; 1944 – O Varão Primitivo / Her Primitive Man; O Que Matou Por Amor / Summer Storm; Esse Mundo é um Hospício / Arsenic and Old Lace; De Todo o Coração / San Diego, I Love You; Brasil / Brazil; Por Favor, Não se Afobe / The Town Went Wild.  1945 – Juiz Malandro / Steppin’ in Society;

Deanna Durbin e Horton em

A Dama Desconhecida / Lady on a Train. 1946 – Cinderela Jones; Fiel à Minha Maneira / Faithful in My Fashion; Eu Nunca Me Esquecí / Earl Carroll Sketchbook ou Stand up and Sing;. 1947 – Por Conta do Fantasma / The Ghost Goes Wild; Quando os Deuses Amam / Down to Earth; Que Mundo Tentador / Her Husband’s Affairs. 1957 – A História da Humanidade / The Story of Mankind. 1961 – Dama Por Um Dia / A Pocketful of Miracle; Deu a Louca no Mundo / It’s a Mad, Mad, Mad, Mad World. 1964 – Médica, Bonita e Solteira / Sex and the Single Girl. 1967 – Os Perigos de Pauline / The Perils of Pauline. 1969 – 2000 Years Later. 1970 (mas só lançado em 1971) – Uma Cidade Contra o Vício / Cold Turkey.

COADJUVANTES DO FILM NOIR

No ano 2000, saiu meu livro, “O Outro Lado da Noite: Filme Noir, publicado pela Editora Rocco, que hoje se encontra esgotado. Passados alguns anos de seu lançamento, fiz as devidas revisões em cinco posts (de março e abril de 2014), extirpando títulos de filmes que – pensando melhor – de acordo com minha concepção, não poderiam ter sido citados como noir; incluindo títulos de filmes que ainda não havia visto, e esclarecendo melhor meu conceito de filme noir.

Nino Frank, que foi o inventor do termo, disse cristalinamente no seu artigo pioneiro publicado no número 61 de L’Écran Française em agosto de 1946: “Un Nouveau Genre ‘Policier’ L’Aventure Criminelle”. Com base nesta afirmação, deduzí que um filme para ser considerado noir, tem que ser antes de tudo um drama criminal. Como este se subdivide em vários tipos (filme de gângster, filme de assalto, filme de prisão, filme de detetive, filme de amantes fugitivos ou fora-da lei etc.), o filme noir seria qualquer um desses tipos, quando acrescidos dos ingredientes noirs  (os quais indiquei no meu post Filme Noir II de 27/3/2014) e, tal como eles, um subgênero do drama criminal. Se todos os ingredientes estiverem presentes, ele será um filme noir puro; se somente parte deles estiverem presentes, ele será um filme noir impuro, deixando claro que a distinção feita por mim não a encontrei em nenhum outro autor que se debruçou sobre o assunto. Devo acrescentar que Nino Frank concebeu o termo noir em alusão à “Série Noire”, coleção criada por Marcel Duhamel e editada na França pela Gallimard, contendo somente obras de ficção criminal.

Assim, de acordo com o meu convencimento, Crepúsculo dos Deuses / Sunset Boulevard / 1950 e Amar Foi Minha Ruína / Leave Her To Heaven / 1945, que vêm sendo designados por vários autores como noirs desde a Enciclopédia de Alain Silver e Elizabeth Ward (Overlook Press, 1979), embora contenham crime nas suas tramas, não podem ser considerados filmes noirs, porque não são dramas criminais mas sim, dramas psicológicos, respectivamente sobre os distúrbios mentais de uma atriz decadente do cinema mudo e uma mulher possuída por um ciúme doentio do marido.

É por falta desta compreensão que existem tantas listas de filmes noirs tão  abrangentes, algumas chegando ao absurdo. Recentemente Michael F. Keaney no seu livro “Film Noir Guide” (McFarland, 2011) enumerou nada menos do que 745 filmes noirs possíveis, entre eles Os Filhos de Hitler / Hitler’s Children / 1943 e O Homem do Oeste / Man of the West /1958. Na coletânea editada por Alain Silver e James Ursini, “Film Noir Directors” (Limelight, 2012), variados articulistas nomeiam os filmes noirs de cada diretor, emergindo entre eles: Atlântida, o ContinentePerdido / Siren of Atlantis / 1949 (John Brahm), Jardim do Pecado / Garden of Evil / 1959 (Henry Hathaway) e O Dia em que a Terra Parou / The Day the Earth Stood Still / 1951 (Robert Wise). Raymond Durgnat no seu artigo Paint it Black: The Family Tree of Film Noir, publicado em “Film Noir Reader (Limelight, 1996,) aponta como filmes noirs: King Kong / King Kong / 1933, Matar ou Morrer / High Noon / 1952 e 2001,Uma Odisséia no Espaço / 2001, A Space Odyssey / 1968.

Pode existir ingredientes noir em filmes de outros gêneros. Entretanto, este fato não os transforma em um filme noir como categoria fílmica autônoma. Sangue na Lua / Blood on the Moon / 1948 é um western com algumas caraterísticas noir de forma e conteúdo, mas ele será sempre um western. Capacete de Aço / Steel Helmet / 1951 é um filme de guerra com estilo visual expressionista e certas convenções temáticas do filme noir, mas será sempre um filme de guerra.

Acrescentei depois mais dois complementos aos meus estudos sobre esse tão apreciado subgênero do drama criminal: um post de maio de 2014 sobre Diretores de Fotografia do Filme Noir e três posts de fevereiro e março de 2017 sobre Robert Siodmak e seus Filmes Noir. Neste artigo, selecionei um punhado de atores que, quase sempre como coadjuvantes, contribuiram para seu imenso fascínio, mencionando não somente o nome de seus personagens, mas também o papel que cada um interpretou, a fim de que os leitores, ao verem os filmes, possam identificá-los.

Richard Conte, Cornel Wilde e Jay Adler em O Império do Crime

Jay Adler

ADLER, JAY (1896-1978). Nasceu em Nova York. Irmão mais moço de Luther Adler. Estréia no cinema (Longa-Metragem): Casamos ou não Casamos / No Time to Marry / 1938. FN: Escândalo / Scandal Sheet / 1952 como Bailey, o homem no bar que diz ter visto o assassino; A Morte Ronda o Cais / 99 River Street / 1953 como o receptador Christopher; O Império do Crime / The Big Combo / 1955 como Detetive Sam Hill; O Morto Desaparecido / Murder is my Beat / 1955 como o garçom Louie; O Grande Golpe / The Killing / 1956 como o agiota Leo.

Luther Adler, James Cagney, Barbara Payton, Barton McLane e Ward Bond em O Amanhã Que não Virá

ADLER, LUTHER (1903-1984). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Lutha Adler. Estréia no cinema (LM): O Lanceiro Espião / Lancer Spy / 1937. FN: Com as Horas Contadas  / D. O. A. / 1949 como Majak, o criminoso envolvido em um golpe para obter iridium roubado, que mandou seu capanga matar Frank Bigelow / Edmond O’Brien; O Amanhã que não Virá / Kiss Tomorrow Goodbye / 1950 como  “Cherokee” Mandon, advogado escroque ligado ao criminoso Ralph Cotter / James Cagney.

Audrey Totter e Leon Ames em A Dama no Lago

AMES, LEON (1902-1993). Nasceu em Portland, Indiana. Nome verdadeiro: Harry Wycoff. Estréia no cinema (LM): Quick Millions/ 1931. FN: O Destino Bate à Porta / The PostmanAlways Rings Twice / 1946 como o promotor de justiça Kyle Sackett; A Dama no Lago / Lady in the Lake / 1946 como Derace Kingsby, presidente da editora de romances policiais sensacionalistas; A Cena do Crime / Scene of the Crime / 1949 como Capitão A. C. Foster; Alma em Pânico / Angel Face / 1953 como Fred Barrett, advogado de defesa de Diane Tremayne / Jean Simmons.

Morris Ankrum em O Destino Bate à Porta

ANKRUM, MORRIS (1896-1964). Nasceu em Pasadena, Califórnia. Nome verdadeiro:  Morris Nussbaum. Estréia no cinema (LM): Reunião em Viena / Reunion in Viena / 1933. FN: Quem Matou Vicky? / I Wake Up Screaming / 1941 como o assistente do promotor público; Chantagem / Fall Guy / 1946 como o promotor público; O Destino Bate à Porta / The Postman Always Rings Twice / 1946 como o juiz; A Dama no Lago / Lady in the Lake / 1947 como Eugene Grayson, pai da assassina Mildred Havilland / Jayne Meadows; Muro de Trevas / The High Wall / 1947 como Dr. Stanley Griffin.

Thomas Gomez, Dick Powell e Jim Bannon em Dama, Valete e Rei

BANNON, JIM (1911-1984). Nasceu em Kansas City, Missouri. Nome verdadeiro: James Shorttel Bannon. Estréia no cinema: A Morte Caminha Só / The Soul of a Monster / 1944. FN: Moeda Falsa  / T-Men / 1947 como o agente do tesouro Lindsay; Dama, Valete e Rei / Johnny O’Clock / 1947 como Chuck Blayden, policial corrupto ligado ao dono do cassino Peter Marchettis / Thomas Gomez, sócio de Johnny O’Clock / Dick Powell. 

Burt Lancaster e Vince Barnett em Assassinos

BARNETT, VINCE (1902-1977). Nasceu em Pittsburgh, Pennsylvania. Estréia no cinema (LM): Wide Open / 1930. FN: O Homem de Olhos Esbugalhados / Stranger on the Third Floor / 1940 como um freguês do café; Assassinos / The Killers / 1946 como o velho ex-presidiário Charleston, que não aceita participar do assalto; Brutalidade / Brute Force / 1947 como Mugsy, o presidiário que trabalha na cozinha; Muro de Trevas / High Wall / 1947 como Henry Cronner, o ascensorista chantagista morto por Willard Whitcombe / Herbert Marshall; Cinzas que Queimam / On Dangerous Ground / 1951 como o garçom George.

Harry Belafonte, Ed Begley e Robert Ryan em Homens em Fúria

BEGLEY, ED (1901-1970). Nasceu em Hartford, Connecticut, filho de imigrantes irlandeses. Nome verdadeiro: Edward James Begley. Estréia no cinema (LM): Corpo e Alma / Body and Soul / 1947. FN: O Justiceiro / Boomerang / 1947 como o banqueiro Phil Harris, um dos figurões que exigem mais resultados do Procurador do Estado Henry L. Harvey / Dana Andrews na solução do assassinato de um padre com uma bala na cabeça em plena via pública; Rua Sem Nome / Street with no Name / 1948 como Chefe Harmatz; Cidade Negra / Dark City / 1950 como Barney, um dos parceiros de Danny Hale / Charlton Heston no jôgo de pôquer, que aparece estrangulado; Alguém Deixou este Mundo Backfire / 1950 como Capitão  Garcia; Cinzas Que Queimam / On Dangerous Ground / 1952 como Capitão Brawley; Homens em Fúria / Odds Against Tomorrow / 1959 como Dave Burke, o ex-policial que faz contato com Earl Slater / Robert Ryan e Johnny Ingram / Harry Belafonte para roubarem  um banco. 

Harry Belaver, Farley Granger e James Craig em Pecado Sem Mácula

BELAVER, HARRY (1905-1993). Nasceu em Hilsboro, Illinois. Estréia no cinema (LM): O Hotel dos Acusados / Another Thin Man/ 1939. FN: Pecado Sem Mácula / Side Street / 1950 como Larry Giff, o chofer de táxi que, juntamente com George Garsell / James Craig, tenta matar Jim Norson / Farley Granger; O Beijo da Morte / Kiss of Death / 1949 (Obs. Algumas fontes mencionam  Harry Belaver como Bull Weed, porém reví o filme várias vêzes e não o  encontrei em nenhuma cena. Conforme me explicou Sergio Leemann, que teve um problema parecido, ao pesquisar para seu livro sobre Robert Wise, essas fontes podem ter usado as listas de elenco do estúdio e elas continham o nome de todos os artistas que trabalhavam nos filmes, mesmo os que tiveram suas cenas cortadas).

William Bendix em A Dália Azul

BENDIX, WILLIAM (1906-1964). Nasceu em Manhattan. Estréia no cinema (LM): Dentro da Noite / They Drive by Night / 1940. FN: Capitulou Sorrindo / The Glass Key / 1942 como Jeff, capanga de Nick Varna / Joseph Calleia, que espanca brutalmente Ed Beaumont / Alan Ladd; A Dália Azul / The Blue Dahlia / 1946 como Buzz Wanchek, o veterano de guerra emocionalmente instável; Envolto na Sombra / The Dark Corner / 1946 como Stauffer / Fred Foss, detetive particular que é defenestrado por seu mandante Hardy Cathcart / Clifton Webb do alto de um edifício; Uma Aventura Arriscada / The Web / 1947 como Tenente Damico; Traição / Race Street / 1948 como Tenente Barney Runson.

Ricardo Montalban e Bruce Bennett em A Noite de 23 de Maio

BENNETT, BRUCE (1906-2007). Nasceu em Tacoma, Washingotn. Nome verdadeiro: Harold Herman Brix. Estréia no cinema (LM): Touchdown  / 1931. FN: A Sentença / Nora Prentiss / 1947 como Dr. Joel Merriman, sócio do Dr. Richard Talbot / Kent Smith; A Noite de 23 de Maio / Mystery Street / 1950 como Dr. McAdoo, professor de medicina legal; Prisioneiro do Passado / Dark Passage / 1947 como Bob, o ex-noivo de Madge / Agnes Moorehead, a mulher que cometeu perjúrio no tribunal, causando a condenação de Vincent Parry / Humphrey Bogart.

Burt Lancaster e Charles Bickford em Brutalidade

BICKFORD, CHARLES (1891-1967). Nasceu em Cambridge, Massachusetts. Nome verdadeiro: Charles Ambrose Bickford. Estréia no cinema (LM): Rosa dos Maresdo Sul ou Sedentos de Amor / South Sea Rose /  1929. FN: Anjo ou Demônio? / Fallen Angel / 1946 como Mark Judd, um dos admiradores da linda e sensual garçonete Stella / Linda Darnell; Brutalidade / Brute Force / 1947, como Gallagher, um líder dos presidiários que ajuda a fuga de Joe Collins / Burt Lancaster e seus companheiros.

Richard Basehart e Whit Bissell em O Demônio da Noite

BISSELL, WHIT (1909-1996). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Whitner Nutting Bissell. Estréia no cinema (LM): O Gavião do Mar / The Sea Hawk / 1940. FN: Uma Aventura na Noite / Somewhere in the Night / 1946 como o garçom John; Brutalidade / Brute Force / 1947 como Tom Lister, um dos presos que planejam uma fuga da penitenciária; Entre DoisFogos / Raw Deal / 1948 como o assassino fugitivo morto pela polícia; Demônio da Noite / He Walked By Night / 1949 como Reeves, dono da loja de aparelhos eletrônicos; Pecado sem Mácula / Side Street / 1950 como o chefe de caixa Harold Simpsen; Cidade Apavorada / The Killer That Stalked New York / 1951 como Sid Bennet, o irmão de Sheila Bennet / Evelyn Keyes, dono de um albergue noturno; Império do Crime / The Big Combo / 1955 como Doutor (Obs. Suas cenas foram cortadas).

Art Smith, Hume Cronyn e Roman Bohnen em Brutalidade

BOHNEN, ROMAN (1901-1949). Nascido em St. Paul, Minnesota. Nome veerdadeiro: Roman Aloys Bohnen. Estréia no cinema (LM): Vogas de Nova York / Vogues of 1938 / 1937. FN: Morte ao Amanhecer / Deadline at Dawn / 1946 como o homem fora de si com um gato ferido; Brutalidade / Brute Force / 1947 como o diretor do presídio A. J. Barnes; A Noite Tem Mil Olhos / Night Has a Thousand Eyes / 1948 como o promotor público Melville Weston.

ON DANGEROUS GROUND, Robert Ryan, Ward Bond, Ida Lupino, 1951

BOND, WARD(1903-1960). Nasceu em Benkelman, Nebraska. Nome verdadeiro: Wandell Edwin Bond. Estréia no cinema (LM): A Arca de Noé / Noah’s Ark / 1928. FN: Relíquia Macabra / The Maltese Falcon / 1941 como o detetive Tom Polhaus; O Amanhã Que Não Virá / Kiss, Tomorrow, Goodbye / 1950 como Inspetor Weber; Cinzas Que Queimam / On Dangerous Ground / 1952 como Walter Brent, pai da moça molestada e morta por um rapaz mentalmente perturbado, que quer se vingar do assassino e entra em confronto com o policial Jim Wilson / Robert Ryan.

Willis Bouchey e Glenn Ford em Os Corruptos

BOUCHEY, WILLIS (1907-1977). Nasceu em Vermont, Michigan. Nome verdadeiro: Willis Ben Bouchey. Estréia no cinema (LM): O Genio e os Fugitivos Elopement / 1951.  FN: Os Corruptos / The Big Heat / 1953 como Tenente Ted Wilks.

Neville Brand e Edmond O’Brien em Com as Horas Contadas

BRAND, NEVILLE (1921-1992). Nasceu em Griswold, Iowa. Nome verdadeiro: Lawrence Neville Brand. Estréia no cinema (LM): O Preço da Glória / Battleground / 1949. FN: Com as Horas Contadas / D.O.A. / 1950 como o malfeitor sádico Chester; O Amanhã Que Não Virá / Kiss Tomorrow Goodbye / 1950 como Ralph Carleton, o presidiário que foge com Ralph Cotter / James Cagney e depois é morto por ele; Passos Na Noite / Where the Sidewalk Ends / 1950 como Steve, braço direito do criminoso Scalise / Gary Merrill; Os Quatro Desconhecidos / Kansas City Confidential / 1952 como Boyd Kane, um dos três delinquentes chantageados pelo policial aposentado Timothy Foster / Preston Foster, a fim de obrigá-los a executar o assalto a um carro-forte.

Keefe Brassell e Walter Pidgeon em O Homem Desconhecido

BRASSELLE, KEEFE (1923-1981). Nasceu em Elyria, Ohio. Estréia no cinema (LM): Janie Tem Dois Namorados / Janie / 1944. FN: Railroaded ! / 1947 como Cowie um dos assaltantes de um salão de beleza que serve de fachada para o jogo clandestino; Moeda Falsa / T-Men / 1948 como o recepcionista do Ocean Park Hotel; O Homem Desconhecido / The Unknown Man / 1961 como Rudi Wallchek, o jovem acusado de assassinato, defendido por Dwight  Bradley Mason / Walter Pidgeon.

Steve Brodie e Audrey Long em Desesperado

BRODIE, STEVE (1919-1992). Nasceu em El Dorado, Kansas. Nome verdadeiro: John Stevenson. Estréia no cinema (LM): Amazonas dos Ares / Ladies Courageous / 1944. FN: Rancor / Crossfire / 1947 como Floyd Bowers, um dos soldados envolvidos em um caso de antisemitismo; Desesperado Desperate / 1947 como Steve Randall,  caminhoneiro perseguido por criminosos; Fuga ao Passado / Out of the Past / 1947 como Fisher, o detetive particular que recebe um tiro mortal inesperado de Kathie Moffett / Jane Greer; Império do Terror / Armored Car Robbery / 1950 como Al Mapes, um dos assaltantes do carro-forte; O Amanhã Que Não Virá / Kiss Tomorrow Goodbye / 1950 como Joe “Jinx” Raynor, cúmplice de Ralph Cotter / James Cagney.

Charles D. Brown ( à esquerda) em À Beira do Abismo

BROWN, CHARLES D. (1887-1948). Nasceu em Council Bluffs, Iwoa. Estréia no cinema (LM): O Homem de Pedra / A Man of Stone / 1921. FN: Transviado  / Night Editor/ 1946 como Crane Stewart, editor do New York Star, que conta a história de um policial, Tony Cochrane / William Gargan, envolvido em uma investigação de assassinato; À Beira do Abismo / The Big Sleep/ 1946 como Norris, o mordomo; Assassinos / The Killers / 1946 como Packy Robinson, o treinador do “Sueco” /  Burt Lancaster; Railroaded! / 1947 como o Capitão de Polícia MacTaggart; O Estrangulador Misterioso / Follow Me Quietly / 1949 como o Inspetor de Polícia Mulvaney.

Donald Buka (no centro) em A Patrulha da Morte

BUKA, DONALD (1920-2009. Nasceu em Cleveland, Ohio. Estréia no cinema (LM): Horas de Tormenta / Watch on the Rhine / 1943. FN: Rua Sem Nome / Streeet With No Name/ 1948 como Shivvy, um dos integrantes da quadrilha de Alec Stiles / Richard Widmark; Patrulha da Morte / Between Midnight and Dawn / 1950 como Ritchie Garris, criminoso perseguido pelos policiais Rocky Barnes / Mark Stevens e Dan Purvis / Edmond O’Brien.

Ralph Meeker e Fortunio Buonanova em A Morte Num Beijo

BUONANOVA, FORTUNIO (1895-1969).  Nasceu em Palma de Mallorca, Espanha. Nome verdadeiro: Josep Lluís Moll. Estreía no cinema (LM): Don Juan Tenorio / 1922. FN: Pacto de Sangue / Double Indemnity / 1944 como o chofer de caminhão Sam Garlopis; A Morte Num Beijo / Kiss Me Deadly / 1955 como Carmen Trivago, o colecionador que tem seu disco raro de Enrico Caruso quebrado por Mike Hammer / Ralph Meeker.

Raymond Burr (à esquerda) em O Caminho da Tentação

BURR, RAYMOND (1917-1993). Nasceu em New Westminster, British Columbia, Canadá. Nome verdadeiro: Raymond William Stacy Burr. Estréia no cinema (LM): Romance e Fantasia / Without Reservations / 1946. FN: Desesperado / Desperate / 1947 como Walt Radak, líder do bando que assaltou um armazém e ameaça o caminhoneiro Steve Randall / Steve Brodie, que carregou o produto do roubo, sem saber do que se tratava; O Caminho da Tentação / Pitfall / 1948 como MacDonald, o detetive particular que assedia Mona Stevens / Lizabeth Scott; Entre Dois Fogos / Raw Deal / 1948 como o gângster Rick Coyle que armou uma trama para incriminar Joe Sullivan / Dennis O’Keefe; Desafiando o Perigo / Red Light / 1950 como Nick Cherney, o capanga sádico que matou o irmão de Johnny Torno / George Raft; Gardênia Azul / The Blue Gardenia / 1954 como Harry Prebble, notório conquistador morto por uma das três telefonistas, que compartilhavam um apartamento em Los Angeles.

Joseph Calleia em A Marca da Maldade

CALLEIA, JOSEPH (1897-1975). Nasceu em Notabile, Malta. Nome verdadeiro: Joseph Alexander Herstall Vincent Calleja. Estréia no cinema (LM): Meu Pecado / My Sin / 1931. FN: Capitulou Sorrindo / The Glass Key / 1942 como o gângster Nick Varna; Morte ao Amanhecer / Deadline at Dawn / 1946 como Val Bartelli, irmão da chantagista Edna Bartelli / Lola Lane; A Marca da Maldade / Touch of Evil / 1958 como Pete Menzies, auxiliar do Inspetor Hank Quinlan / Orson Welles.

Humphrey Bogart, Lizabeth Scott e Morris Carnovsky em Confissão

CARNOVSKY, MORRIS (1897-1992). Nasceu em St. Louis, Missouri. Estréia no cinema:  A Vida de Emile Zola / The Life of Emile Zola / 1937. FN: Confissão / Dead Reckoning / 1946 como Martinelli, o dono do cassino; Mercado de Ladrões Thieve’s Highway / 1949 como Yanko Garcos, pai de  Nick Garcos / Richard Conte; Mortalmente Perigosa / Gun Crazy / 1950 como o Juiz Willoughby.

Sterling Hayden, James Whitmore  e Anthony Caruso  em O Segredo das Jóias

CARUSO, ANTHONY (1916-2003). Nasceu em Frankfort, Indiana. Estréia no cinema (LM): Johnny Apollo / Johnny Apollo / 1940. FN: A Dália Azul / The Blue Dahlia / 1946 como um fuzileiro naval; Transviado / Night Editor / 1946 como o policial Tusco; A Rua das Almas Perdidas / They Won’t Believe Me / 1947 como um paciente no hospital; O Czar Negro / The Undercover Man / 1949 como Salvatore Rocco, o informante assassinado depois de uma fuga desesperada pelas ruas; A Cena do Crime / Scene of the Crime / 1949 como o delinquente Tony Rutzo; Homem Contra o Perigo / The Threat / 1949 como Nick Damon, capanga de Arnold Kluger / Charles McGraw; O Segredo das Jóias / The Asphalt Jungle / 1950 como Louis Ciavelli, um dos três homens contratados por “Doc” Erwin Riedenschneider para o assalto da joalheria.

Wally Cassell e Steve Cochran em Fúria Sanguinária

CASSELL, WALLY (1912-2015). Nasceu em Agrigento, Sicília, Nome verdadeiro: Oswaldo Castellano. Estréia no cinema (LM): Dedos Diabólicos / Fingers at the Window / 1942. FN: Fúria Sanguinária / White Heat / 1949 como Cotton Valletti, membro da quadrilha de Cody Jarrett / James Cagney; A Cidade Que NãoDorme / City That Never Sleeps / 1953 como Gregg Warren, o rapaz que se apresenta como o “homem mecânico” para atrair os fregueses da boate e que concorda em servir de isca para proporcionar a captura do criminoso Hayes Stewart / William Talman. Obs: Algumas fontes apontam Wally Cassell como Ben em O Destino Bate à Porta, porém  reví o filme várias vezes e não o ví em nenhuma cena. Pode ser o mesmo caso ocorrido com Harry Belaver (ver acima).

Howland Chamberlain e John Garfield em A Força do Mal

CHAMBERLAIN, HOWLAND (1911-1984) Nasceu em Nova York. Estréia no cinema (LM):  Os Melhores Anos de Nossas Vidas / The Best Years of Our Lives / 1946. FN:  Uma Aventura Arriscada / The Web / 1947 como o repórter James Timothy Nolan; Brutalidade / Brute Force / 1947 como Gaines, o advogado de Joe Collins / Burt Lancaster; A Força do Mal / Force of Evil / 1948 como o tímido gurada-livros Freddy Bauer; Mercado de Ladrões / Thieve’s Highway / 1949 como Mr. Faber, pai de Polly / Barbara Lawrence, a namorada de Nick Garcos / Richard Conte; Estrada dos Homens Sem Lei / The Racket / 1951 como o Procurador do Estado Roy Higgins.

Fred Clark ( à direita) em Do Lôdo Brotou Uma Flor

CLARK, FRED(1914-1968). Nasceu em Lincoln, California. Nome verdadeiro: Frederick Leonard Clark. Estréia no cinema: Sem Sombra de Suspeita / The Unsuspected / 1947. FN: Sem Sombra de Suspeita  / The Unsuspected / 1947 como o policial Richard Donovan; Do Lôdo Brotou uma Flor / Ride the Pink Horse / 1947 como Frank Hugo, o gângster responsável pelo assassinato do amigo do ex-pracinha Lucky Gagin / Robert Montgomery; Fúria Sanguinária / White Heat / 1947 como Daniel Winston, “O Comerciante”; Uma Vida Marcada / Cry of the City / 1948 como Tenente Collins.

Richard Conte e Lee J. Cobb em Mercado de Ladrões

COBB, LEE J. (1911-1976). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Leo Jacoby. Estréia no cinema (LM): A Sombra Misteriosa / The Vanishing Shadow / 1934 (seriado). FN: O Justiceiro / Boomerang / 1947 como Chefe de Polícia Harold F. Robinson; Dama, Valete e Rei / Johhny O’Clock / 1947 como Inspetor Koch; Sublime Devoção / Call Northside 777 / 1948 como Brian Kelly, editor do Chicago Tribune, que manda o repórter P. James McNeal / James Stewart investigar o caso de Frank Wiecek / Richard Conte, condenado pelo assassinato de um guarda; Mercado de Ladrões / Thieve’s Highway / 1949 como Mike Figlia, atacadista inescrupuloso que quer roubar o carregamento de maçãs de Nick Garcos / Richard Conte.

Virginia Mayo e Steve Cochran em Fúria Sanguinária

COCHRAN, STEVE (1917-1965). Nasceu em Eureka, Califórnia. Nome verdadeiro: Robert Alexander Cochran. Estréia no cinema (LM): Suspeita Injusta / Boston Blackie Booked on Suspicion / 1945. FN: Fúria Sanguinária White Heat / 1947 como Big Ed Somers, que quer ser o líder do bando de Cody Jarrett / James Cagney e é amante de sua esposa, Verna / Virginia Mayo; Dinheiro Maldito / Private Hell 36 / 1954 como Carl Bruner, um dos detetives que embolsam o dinheiro roubado por um delinquente em um assalto.

William Conrad, Robert Mitchum e Ray Collins em Estrada dos Homens Sem Lei

COLLINS, RAY (1889-1965). Nasceu em Sacramento, Califórnia. Nome verdadeiro:  Ray Bidwell Collins. Estréia no cinema (LM): Cidadão Kane / Citizen Kane / 1940. FN: Museu de Horrores / Crack-Up / 1946 como Dr. Lowell, o colecionador fanático que arma um esquema de falsificação de obras de arte; Estrada dos Homens Sem Lei / The Racket / 1951 como Mortimer Welsh, o advogado de acusação desonesto; A Marca da Maldade / Touch of Evil / 1958 como o Promotor Público Adair.

Charles McGraw e William Conrad em Assassinos

CONRAD, WILLIAM(1920-1994). Nasceu em Louisville, Kentucky. Nome verdadeiro: John William Cann Jr.  Estréia no cinema (LM): Que Falta Faz um Marido / Pillow to Post / 1945. FN: Assassinos / The Killers / 1946 como Max, um dos assassinos de aluguel que chegam à pequena cidade de Brentwood, New Jersey à procura do Sueco / Burt Lancaster; Tensão / Tension / 1950 como Tenente Edgar Gonsales; Estrada dos Homens Sem Lei / The Racket / 1951 como o Sargento Turck.

Elisha Cook Jr. e Marie Windsor em O Grande Golpe

COOK, ELISHA, JR. (1903-1995). Nasceu em San Francisco,Califórnia. Nome verdadeiro: Elisha Vanslyck Cook Jr. Estréia no cinema (LM): Her Unborn Child / 1930. FN: O Homem dos Olhos Esbugalhados / Stranger on the Third Floor / 1940 como o motorista de táxi Joe Briggs; Relíquia Macabra / The Maltese Falcon / 1941 como Wilmer Cook, o incompetente capanga do “homem gordo” Kasper Gutman / Sydney Greenstreet; Quem Matou Vicky? / I Wake Up Screaming / 1942 como Harry Williams, o telefonista do hotel; A Dama Fantasma / Phantom Lady / 1944, como Cliff Milburn, o baterista frenético excitado pela bela presença de Carol Richman / Ella Raines; À Beira do Abismo / The Big Sleep v/ 1946 como Harry Jones, o informante que é morto por Canino / Bob Steele, capanga de Eddie Mars / John Ridgely; Nascido para Matar/ Born to Kill / 1947 como Marty Waterman, confidente do criminoso Sam Wild / Lawrence Tierney, que acaba sendo morto por ele; Chantagem / Fall Guy / 1947 como o ascensorista Joe; O Gângster The Gangster/  como Oval, um dos capangas de Cornell / Sheldon Leonard; O Grande Golpe / The Killing / 1956 como George Peatty, um dos cúmplices no assalto ao hipódromo e marido traído de Sherry Peatty / Marie Windsor; Salteadores de Estradas / Plunder Road / 1957 como Skeets, um dos cinco membros de uma quadrilha que rouba o carregamento de ouro de um trem do governo.

Whit Bissell, Jeff Corey e Burt Lancaster em Brutalidade

COREY, JEFF (1914-2002). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Arthur Zwerling. Estréia no cinema (LM): Eu Sou a Lei! I Am The Law / 1938. FN: Assassinos / The Killers / 1946 como Blinky Franklin, um dos membros do bando de Colfax / Albert Dekker; Uma Aventura na Noite / Somewhere in the Night / 1946 como o caixa do banco; Brutalidade / Brute Force / 1947 como ‘Freshman’ Stack, o presidiário informante; O Gângster / The Gangster / 1947 como o cunhado de Karty / John Ireland; Estrangulador Misterioso / Follow Me Quietly / 1949 como Collins, colega do detetive Harry Grant / William Lundigan, na procura do assassino conhecido como “o juiz”, um estrangulador que deixa bilhetes desafiadores para a polícia.

Barbara Stanwyck e Wendell Corey em A Confissão de Thelma

COREY, WENDELL (1914-1968) Nasceu em Dracut, Massachusetts. Nome verdadeiro: Wendell Reid Corey. Estréia no cinema (LM): A Filha da Pecadora / Desert Fury / 1947. FN: Acusada / The Accused / 1948 como Tenente Ted Dorgan; A Confissão de Thelma / The File on Thelma Jordon / 1949 como Cleve Marsall, o assistente do promotor público que faz tudo para defender a assassina Thelma Jordon / Barbara Stanwyck.

Humphrey Bogart e Jerome Cowan em Relíquia Macabra

COWAN, JEROME ( 1897-1972). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Jerome Palmer Cowan. Estréia no cinema (LM): Bem Amada Inimiga / Beloved Enemy / 1936. FN: Relíquia Macabra / The Maltese Falcon / 1941 como Miles Archer, sócio do detetive particular Sam Spade / Humphrey Bogart; O Último Refúgio / High Sierra / 1941 como Healy, o repórter radiofônico que identifica Marie / Ida Lupino para os policiais na base da montanha, onde Roy Earle / Humphrey Bogart se refugiou; Vida Contra Vida / Street of Chance / 1942 como Bill Diedrich, irmão do homem de cujo assassinato o desmemoriado Frank Thompson / Burgess Meredith é equivocadamente acusado; Morte ao Amanhecer / Deadline at Dawn / 1946 como o produtor teatral Lester Brady; A Noite Tem Mil Olhos / Night Has a Thousand Eyes / 1948 como Whitney Courtland, o melhor amigo do clarividente John Triton / Edward G. Robinson; A Cena do Crime / Scene of the Crime / 1949 como Arthur Webson, chefe de uma rede de bookmakers.

James Craig e Harry Belaver em Pecado Sem Mácula

CRAIG, JAMES (1912-1985). Nasceu em Nashville, Tennessee. Nome verdadeiro: James Henry Meador. Estréia no cinema (LM): Miss Lang em Hollywood / Sophie Lang Goes West / 1937FN: Pecado sem Mácula / Side Street / 1950 como George Garsell, um dos chantagistas, cuja pasta com o dinheiro da chantagem, é roubada por Joe Norson (Farley Granger); No Silêncio de uma Cidade / While the City Sleeps / 1956 como Harry Kritzer, um dos três principais colaboradores de um dos maiores jornais de Nova York à procura do jovem psicopata Robert Manners / John Barrymore, Jr., que está cometendo crimes para, com este furo jornalístico, alcançar o posto de diretor.

Broderick Crawford (à esquerda) em Escândalo

CRAWFORD, BRODERICK (1911-1986). Nasceu em Filadélfia, Pennsylvania.  Nome verdadeiro: William Broderick Crawford. Estréia no cinema (LM): Quando Mulher Persegue Homem / Woman Chases Man / 1937. FN: Anjo Diabólico / Black Angel / 1946 como Capitão Flood; Escândalo / Scandal Sheet / 1952 como Mark Chapman, o editor de um jornal de escândalos assassino; Desejo Humano / Human Desire / 1954 como Carl Buckley, o ferroviário que mata por ciúme o patrão de sua esposa Vicki / Gloria Grahame e depois a própria mulher.

Alan Ladd, Veronica Lake e Laird Cregar em Alma Torturada

CREGAR, LAIRD (1913-1944). Nasceu em Filadélfia, Pennsylvania. Nome verdadeiro: Samuel Laird Cregar. Estréia no cinema (LM): Johnny é do Amor / Oh Johnny, How You Can Love! / 1849. FN: Quem Matou Vicky? / I Wake Up Screaming / 1941 como Inspetor Ed Cornell, que faz tudo para incriminar Frankie Christopher / Victor Mature pelo assassinato da jovem atriz Vicky Lynn / Carole Landis; Alma Torturada / This Gun For Hire / 1942 como Willard Gates que, prestando serviço a um industrial que vende fórmulas de gás venenoso para os japoneses, contrata o jovem assassino psicótico Philip Raven / Alan Ladd, para matar um possível informante da polícia.

John Garfield, Hume Cronyn e Lana Turner em O Destino Bate à Porta

CRONYN, HUME (1911-2003). Nasceu em Ontario, Canadá. Nome verdadeiro: Hume Blake Cronyn, Jr. Estréia no cinema: Sombra de uma Dúvida / Shadow of a Doubt / 1943. FN: O Destino Bate à Porta The Postman Always Rings Twice / 1946 como Arthur Keats, advogado de Cora Smith / Lana Turner; Brutalidade / Brute Force / 1947 como Capitão Munsey, o diretor da penitenciária.

Ella Raines e Alan Curtis em A Dama Fantasma

CURTIS, ALAN (1909-1953). Nasceu em Chicago, Illinois. Nome verdadeiro: Harry Ueberroth ou Harold Neberroth. Estréia no cinema: No Banco dos Réus / The Witness Chair / 1936. FN: O Último Refúgio / High Sierra / 1941 como Babe Kozak, um dos cúmplices de Roy Earle / Humphrey Bogart no assalto ao hotel de veraneio; A Dama Fantasma / Phantom Lady / 1944 como Scott Henderson, o jovem engenheiro que encontra a “dama fantasma”em um bar e depois é acusado da morte de sua esposa.

Howard Da Silva, Charles McGraw e Ricardo Montalban em Mercado Humano

DA SILVA, HOWARD (1909-1986). Nasceu em Cleveland. Ohio. Nome verdadeiro:  Howard Silverblatt.  Estréia no cinema (LM): Once In A Blue Moon / 1935. FN: A Dália Azul / The Blue Dahlia / 1946 como o dono de boate Eddie Hardwood; Amarga Esperança / They Live By Night / 1948 como Chikamaw, um dos dois criminosos fugitivos da penitenciária; Mercado Humano / Border Incident / 1949 como Owen Parkson, o fazendeiro que introduz ilegalmente trabalhadores mexicanos na Califórnia.

Don Taylor e Ted De Corsia em Cidade Nua

DE CORSIA, TED (1903-1973). Nasceu no Brooklyn, Nova York. Nome verdadeiro: Edward Gildea De Corsia. Estréia no cinema (LM): A Dama de Shanghai / The Lady from Shanghai  / 1947. FN:  A Dama de Shanghai / The Lady from Shanghai / 1948 como Sidney Broome, o detetive contratado por Arthur Bannister / Everett Sloane; Cidade Nua / The Naked City / 1948 como Willie Garzah, o assassino que foge desesperadamente pelas ruas do Lower East Side, sendo finalmente encurralado na ponte de Williamsburg e morto pelos policiais; Cidade Tenebrosa / Crime Wave / 1954 como “Doc” Penny”, um dos três fugitivos de San Quentin; O Império do Crime / The Big Combo / 1955 como Ralph Bettini, informante úitl para a investigação do Tenente Leonard Diamond / Cornel Wilde, que apura as atividades do gângster Mr. Brown / Richard Conte; O Grande Golpe / The Killing / 1956 como o policial corrupto Randy Kennan; O Poder do Ódio Slightly Scarlet / 1956 como Sol Gaspar, chefão do crime organizado em Bay City.

Lizabeth Scott, Don DeFore e Kristine Miller em Lágrimas Tardias

DE FORE, DON (1913-1993). Nasceu em Cedar Rapids, Iwoa. Nome verdadeiro: Donald John DeFore. Estréia no cinema (LM) As Cinco Gêmas da Fortuna / Reunion / 1936. FN: Lágrimas Tardias / Too Late For Tears / 1949 como Don Blake, irmão do primeiro marido de Jane (Lizabeth Scott,) que se suicidou por causa dela; Cidade Negra / Dark City / 1950 como Arthur Vinant, o comerciante que se suicida, depois de perder muito dinheiro em um jogo de pôquer duvidoso para Danny Haley / Charlton Heston.

John Dehner em Destination Murder

DEHNER, JOHN (1915-1992). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: John Forkum. Estréia no cinema (LM): Tarzan em Terror no Deserto / Tarzan’s Desert Mystery / 1943. FN: O Demônio da Noite / He Walked By Night / 1948 como Assistente do Chefe de Polícia; Alguém Deixou Este Mundo / Backfire / 1950 como o policial Blake; Destination Murder / 1950 como Frank Niles,  o empresário rival de Arthur Mansfield / Franklin Farnum, um figurão local morto por Jackie Wales / Stanley Clements, usando um uniforme de mensageiro; Sombras da Loucura / Vicky / 1953 como Capitão de Polícia J. “Chief” Donald.

Albert Dekker e Gaby Rogers em A Morte Num Beijo

DEKKER, ALBERT (1905- 1968). Nasceu no Brooklyn, Nova York, Nome verdadeiro: Thomas Albert Ecke Van Dekker. Estréia no cinema: O Grande Garrick / The Great Garrick / 1937. FN: Herança de Ódio / Among the Living  / 1941 como os irmãos John e Paul Raden; Assassinos / The Killers / 1946 como Big Jim Colfax, o líder do bando de ladrões e amante de Ava Gardner; Delírio / Suspense / 1946 como Frank Leonard, proprietário da sala de espetáculos de patinação no gelo; Prisioneiro do Medo / The Pretender / 1947 como Kenneth Holden, o corretor de valores desonesto; Destination Murder / 1950 como Armitage, dono da boate Vogue; A Morte Num Beijo / Kiss Me Deadly / 1955 como Dr. Soberin, que ambiciona a posse do material radioativo, cometendo os vários crimes investigados por Ralph Meeker (Mike Hammer).

Sterling Hayden, Brad Dexter, Louis Calhern e Sam Jaffe em O Segredo das Jóias

DEXTER, BRAD (1917-2002). Nasceu em Goldfield, Nevada. Nome verdadeiro: Boris Michel Soso. Estréia no cinema (LM): Tempestades d’Alma / The Mortal Storm / 1940. FN: O Segredo das Jóias / The Asphalt Jungle / 1950 como Bob Brannom, o detetive particular que ajuda o advogado Alonzo D. Emmerich, o receptador do roubo das jóias, a trair todo o bando; A Morte Ronda o Cais / 99 River Street / 1953 como Victor Rawlings, o ladrão que mata sua amante Pauline  / Peggie Castle e esconde o corpo no táxi de Ernie Driscoll / John Payne.

Brian Donlevy, Richard Widmark e Victor Mature em Rua Sem Nome

DONLEVY, BRIAN (1901- 1972). Nasceu em Cleveland, Ohio. Nome verdadeiro: Waldo Brian Donlevy. Estréia no cinema (LM): Damaged Hearts / 1924. FN: Capitulou Sorrindo / The Glass Key / 1942 como o líder político Paul Madvig; O Beijo da Morte / Kiss of Death / 1947 como Louis D’Angelo, o assistente do promotor público; Impacto / Impact / 1949 como Walter Williams, rico industrial que sobrevive a um plano de sua esposa e do amante dela para matá-lo e decide iniciar uma nova vida; O Império do Crime / The Big Combo / 1960 como McClure, o segundo no comando da organização criminosa liderada por Richard Conte, que vem a ser torturado com o som altíssimo do rádio no seu ouvido.

John Doucette

John Doucette (à esquerda) e Fred Clark em Do Lado Brotou Uma Flor

DOUCETTE, JOHN  (1921-1994). Nasceu em Brockton, Plymouth County, Massachusetts. Nome verdadeiro: John Arthur Doucette. Estréia no cinema (LM): Polícia Montada contra a Sabotagem / King of the Mounties / 1942 (seriado). FN: Do Lôdo Brotou uma Flor / Ride the Pink Horse / 1947 como um dos capangas de Hugo / Fred Clark; Baixeza / Criss Cross / 1949 como Walt, um dos membros da quadrilha de Slim Dundee / Dan Duryea; Afrontando a Morte / The Crooked Way / 1949 como Sargento Barrett; Pacto Sinistro / Strangers on a Train / 1951 como Hammond, um dos policiais que vigia Guy / Farley Granger; Os Corruptos / The Big Heat / 1953 como Mark Reiner, amigo do cunhado de Dave Bannion / Glenn Ford, que ajuda a proteger a filha deste, Joyce / Linda Bennett.

Howard Duff e Steve Cochran em Dinheiro Maldito

DUFF, HOWARD (1913-1990). Nasceu em Bremerton, Washington. Nome verdadeiro: Howard Greene Duff. Estréia no cinema (LM): Brutalidade / Brute Force / 1947. FN: Brutalidade / Brute Force / 1947 como Robert “Soldier” Becker, um dos presos que planejam uma fuga da penitenciária; Cidade Nua / Naked City / 1948 como Frank Niles, um dos responsáveis pelo assassinato de uma jovem modelo, investigado pelo detetive veterano Dan Muldoon (Barry Fitzgerald) e seu auxiliar inexperiente Jimmy Halloran (Don Taylor); Dinheiro Maldito / Private Hell 36 / 1954 como Jack Farnham, um dos dois detetives que embolsam o dinheiro roubado por um delinquente em um assalto; No Silêncio de uma Cidade / While the City  Sleeps / 1956 como Tenente Burt Kauffman.

Yvonne De Carlo, Dan Duryea, Tom Pedi  e Burt Lancaster em Baixeza

DURYEA, DAN (1907-1968). Nasceu em White Plains, Nova York. Estréia no cinema (LM): O Tango na Broadway / El Tango en Broadway/ 1934. FN: Um Retrato de Mulher Woman in the Window / 1944 como Heidt, o chantagista que ameaça Edward G. Robinson, ameaçando revelar que ele matou o amante de Joan Bennett; Almas Perversas / Scarlet Street / 1945 como Johnny Prince, o rufião de Joan Bennett; Anjo Diabólico / Black Angel / 1946 como Martin Blair, o compositor que se tornou alcoólatra por ter sido abandonado pela esposa promíscua, encontrada morta;Baixeza / Criss Cross / 1949 como Slim Dundee, o  gângster que mata a sangue frio Burt Lancaster e Yvonne De Carlo no final do filme noir mais trágico de todos ; Lágrimas Tardias / Too Late for Tears / 1949 como  Danny Fuller, o escroque que reclama o dinheiro encontrado por Lizabeth Scott e Arthur Kennedy dentro de seu conversível, na realidade fruto de uma chantagem; Numa Noite Sombria / Manhandled / 1949 como Karl Bernson, o detetive particular inescrupuloso.

Vince Edwards (com a arma na mão) em O Grande Golpe

EDWARDS, VINCE(1928-1996.  Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Vincent Edward Zoine. Estréia no cinema (LM): Mr. Universe  / 1951. FN: O Grande Golpe / The Killing / 1956 como Val Cannon, o amante de Sherry / Marie Windsor, a quem ela conta todo o plano do assalto ao hipódromo na esperança que ele se apodere do produto do roubo; Pecado e Redenção / Rogue Cop / 1954 como Joey Langley, o assasino de aluguel que mata Eddie Kelvaney / Steve Forrrest.

Jack Elam em A Morte Num Beijo

ELAM, JACK(1920-2003). Nasceu em Miami, Arizona. Nome verdadeiro: William Jack Scott Elam. Estréia no cinema (LM): Mystery Range / 1947. FN: Os Quatro Desconhecidos / Kansas City Confidential / 1952 como Pete Harris, um dos três delinquentes chantageados pelo policial Timothy Foster / Preston Foster a fim de obrigá-los a executar o assalto a um carro-forte; A Morte num Beijo / Kiss Me Deadly / 1955 como Charlie Max, capanga de Carl Evello / Paul Stewart.

Gene Evans, William Talman e Steve Brodie em Império do Terror

EVANS, GENE (1922-1998). Nasceu em Holbrook, Arizona. Nome verdadeiro: Eugene Barton Evans. Estréia no cinema (LM): Under Colorado Skies / 1947. FN: Baixeza / Criss Cross / 1949 como o guarda Donlan; Império do Terror / Armored Car Robbery / 1950 como Ace Foster, um dos assaltantes do carro-forte.

John Payne e Frank Faylen em A Morte Ronda o Cais

FAYLEN, FRANK (1905-1985). Nasceu em St. Louis, Missouri. Nome verdadeiro: Charles Francis Ruf. Estréia no cinema (LM): Condenado ao Inferno / Road Gang / 1956. FN: A Dália Azul / The Blue Dahlia / 1946 como o homem que recomenda um motel para Johnny Morrison / Alan Ladd; TraiçãoRace Street / 1948 como o chefão do crime Phil Dickson, ex-marido da corista Robbie / Marilyn Maxwell; A Morte Ronda o Cais / 99 River Street / 1953 como o despachante Stan Hogan, melhor amigo do chofer de táxi Ernie Driscoll / John Payne.

Frank Ferguson

Frank Ferguson (à esquerda) em A Rua das Almas Perdidas

FERGUSON, FRANK (1899-1978). Nasceu em Ferndale, Califórnia. Nome verdadeiro: Frank S. Ferguson. Estréia no cinema (LM): O Jovem Thomas Edison / Young Tom Edison / 1940. FN: Alma Torturada / This Gun For Hire / 1942 como Albert Baker, o químico que é morto por Philip Raven / Alan Ladd; A Rua das Almas Perdidas They Won’t Believe Me / 1947 como Cahill, advogado de defesa de Larry Ballantine / Robert Young; Moeda Falsa / T-Men / 1947 como agente do Tesouro; Amarga Esperança / They Live by Night / 1948 como um mendigo; O Estrangulador Misterioso Follow me Quietly / 1949 como o editor do jornal J. C. Mc Gill; Cinzas Que Queimam / On Dangerous Ground / 1952 como o vizinho de Mary Malden / Ida Lupino, Mr. Willows, a primeira pessoa que Jim Wilson / Robert Ryan e Walter Brent / Ward Bond encontram quando carregam o corpo do rapaz morto; A Gardênia Azul / The Blue Gardenia / 1953 como o repórter bêbado que cruza com Casey Mayo / Richard Conte, quando ele está saindo do bar com Norah Larkin / Anne Baxter.

Barry Fitzgerald e Howard Duff em Cidade Nua

FITZGERALD, BARRY (1888-1961). Nasceu em Dublin. Irlanda. Nome verdadeiro: William Joseph Shields. Estréia no cinema (LM): Land of her Fathers / 1924.FN: Cidade Nua / The Naked City / 1948 como Tenente Dan Muldoon; Rastro Sangrento / Union Station / 1950 como Inspetor Donnelly.

Jay C. Flippen, Farley Granger e Howard Da Silva em Amarga Esperança

FLIPPEN, JAY C. (1899-1971). Nasceu em Little Rock, Arkansas.  Estréia no cinema: O Último Gangster / Million Dollar Ransom / 1934. FN: Brutalidade / Brute Force / 1947 como o guarda Hodges; Amarga Esperança / They Live by Night / 1948 como T. Dub, um dos dois criminosos brutais que fogem da penitenciária com Farley Granger em O Grande Golpe/ The Killing / 1956 como Marvin Unger, um dos assaltantes do hipódromo.

Wallace Ford e Dennis O’Keefe em Moeda Falsa

FORD, WALLACE (1898-1966). Nome verdadeiro: Samuel Jones Grundy. Nasceu em Bolton, Lancashire, Reino Unido. Estréia no cinema (LM): Casados em Hollywood / Married in Hollywood / 1929. FN: Anjo Diabólico / Black Angel / 1946 como Joe, o amigo de Martin Blair / Dan Duryea; Museu de Horrores / Crack-Up / 1946 como o Tenente Cochrane, que suspeita de Pat O’Brien em um caso envolvendo falsificação de obras de arte; Confissão / Dead Reckoning / 1947 como o arrombador de cofres McGee; Moeda Falsa / T-Men / 1948 como “Professor”, homem ligado aos falsários, que é eliminado por Moxie / Charles McGraw na sauna, trancado no meio de um calor intenso.

Byron Foulger e John Dehner em O Demônio da Noite

FOULGER, BYRON (1899-1970), Nasceu em Ogden, Utah. Nome verdadeiro: Byron Jay Foulger. Estréia no cinema (LM): Mundo Noturno / Night World / 1932. FN: Delírio / Suspense / 1946 como um chofer de táxi; A Rua das Almas Perdidas / They Won’t Believe Me / 1947 como o  agente funerário Harry Bascomb; Amarga Esperança / They Live By Night / 1948 como Lambert, o locador do chalé onde ”Keechie” / Cathy O’Donnell e “Bowie” / Farley Granger se escondem; O Demônio da Noite / He Walked By Night / 1949 como Freddie, o funcionário do Arquivo de Identificação da Polícia.

Arthur Franz e George Raft em Desafiando o Perigo

FRANZ, ARTHUR (1920-2006). Nasceu em Perth Amboy, New Jersey. Nome verdadeiro: Arthur Sofield Franz. Estréia no cinema: Jungle Patrol / 1948. FN: Desafiando o Perigo / Red Light  / 1949 como o capelão Sargento Jess Torno, o irmão de Johnny Torno / George Raft morto por Rocky / Harry Morgan, a mando de Nick Cherney / Raymond Burr; Suplício de uma Alma / Beyond a Reasonable Doubt / 1956 como Bob Hale, o assistente do promotor, enamorado de Susan / Joan Fontaine que, a pedido dela, investiga os fatos para tentar provar a inocência de Tom Garrett / Dana Andrews.

Edward Franz e Paul Henreid em A Cicatriz

FRANZ, EDWARD (1902-1983). Nasceu em Milwaukee, Wisconsin. Nome verdadeiro: Edward Franz Schmidt. Estréia no cinema (LM): A Cortina de Ferrro / The Iron Curtain / 1948. FN: A Cicatriz / Hollow Triumph / 1948 como Frederick Muller, o irmão de John Muller / Paul Henreid; O Homem Desconhecido / The Unknown Man / 1951 como Andrew Jason Muller, influente líder de uma comissão de cidadãos contra o crime, mas que é na realidade o chefão de uma quadrilha.

Dana Andrews e Bert Freed em Passos na Noite

FREED, BERT (1919-1994). Nasceu em Nova York. Estréia no cinema (LM): O Justiceiro / Boomerang / 1947. FN: O Justiceiro Boomerang / 1947 como um dos homens que abordam John Aldron / Arthur Kennedy quando ele sai do tribunal conduzido pelos policiais; Passos na Noite / Where The Sidewalk Ends / 1950 como Detetive Paul Klein; Sindicato do Crime / 711 Ocean Drive / 1950 como Steve Marshak, um dos parceiros de Carl Stephans / Otto Kruger, o chefão do crime organizado, que deseja incorporar o negócio de informações radiofônicas, anteriormente conduzido pelo empresário Vince Walters / Barry Kelley e depois por Mal Granger / Edmond O’Brien.

Steven Geral

Susan Hayward e Steven Geray em Morte ao Amanhecer

GERAY, STEVE (1904-1973), Nasceu em Uzhgorod, Ucrânia. Nome verdadeiro: Istvàn Gyergyay. Estréia no cinema (LM): Mária Növer / 1929. FN: Morte ao Amanhecer / Deadline at Dawn / 1946 como Holie, o homem tímido que segue June / Susan Hayward; Na Noite do Crime / Woman on the Run / 1950 como Dr. Holder.

Thomas Gomez e John Garfield em A Força do Mal

GOMEZ, THOMAS (1905-1971). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Sabino Thomaz Gomes Jr.  Estréia no cinema (LM): Sherlock Holmes e a Voz do Terror / Sherlock Holmes and The Voice of Terror / 1942. FN: A Dama Fantasma / Phantom Lady / 1944 como Inspetor Burgess, que auxilia a secretária Ella Raines a provar a inocência de seu patrão; Dama, Valete e Rei / Johnny O’Clock / 1947 como Peter Marchettis, sócio de Dick Powell em um cassino e mandante de dois crimes; Do Lodo Brotou Uma Flor / Ride The Pink Horse / 1947 como Pancho, dono de um carrossel, que ajuda Robert Montgomery na sua busca do assassino de seu amigo; A Força do Mal / Force of Evil / 1948 como Leo Morse, o irmão sequestrado de Johnny Garfield.

Paul Guilfoyle em Fúria Sanguinária

GUILFOYLE, PAUL (1902-1961). Nasceu em Jersey City, New Jersey. Estréia no Cinema (LM): Nas Garras da Lei / Special Agent / 1935. FN: Fúria Sanguinária / White Heat / 1949 como Roy Parker, o presidiário que tenta  matar Cody Jarrett / James Cagney na prisão; O Estrangulador Misterioso / Follow Me Quietly / 1949, uma das possíveis testemunhas do crime  entrevistadas pelo detetive Harry Grant /  William Lundigan.

Hurd Hatfield, Michael North e Constance Bennett em Sem Sombra de Suspeita

HATFIELD, HURD (1917-1998). Nasceu em New York City, Nova York. Nome verdadeiro: William Rukard Hurd Hatfield. Estréia no cinema (LM): Estirpe do Dragão / Dragon Seed / 1944. FN: Sem Sombra de Suspeita / The Unsuspected / 1947 como Oliver Keane, marido da Althea / Audrey Totter, sobrinha de Victor Grandison / Claude Rains, o radialista assassino; Destination Murder / 1950 como Stretch Norton, gerente da boate Vogue, que por meio de uma farsa, faz Laura / Joyce Mackensie matar Armitage / Albert Dekker, o mandante do assassinato de seu pai.

Percy Helton

Percy Helton, Ralph Meeker e Gaby Rogers em A Morte Num Beijo

HELTON, PERCY (1894-1971). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Percy Alfred Helton. Estréia no cinema: The Fairy and the Waif / 1915. FN: Sublime Devoção / Call Northside 777 / 1948 como o carteiro William Decker; Baixeza / Criss Cross / 1949 como Frank, o garçom do bar que Burt Lancaster frequenta; Afrontando a Morte / The Crooked Way / 1949 como Petey, o assistente pusilâmine de Sonny Tufts que se torna informante; Mercado de Ladrões / Thieve’s Highway/ 1949 como o proprietário do bar; A Morte Num Beijo / Kiss Me Deadly / 1955 como o médico-legista cuja mão é esmagada na gaveta por Ralph Meeker.

Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Sonia Darrin e Louis Jean Heydt em À Beira do Abismo

HEYDT, LOUIS JEAN (1903-1960). Nasceu em Montclair, New Jersey. Estréia no cinema (LM): Before Morning / 1933. FN: O Último Refúgio / High Sierra / 1941 como o turista no momento do roubo; Capitulo Sorrindo The Glass Key / 1942 como o homem assistindo ao jôgo de dados; À Beira do Abismo / The Big Sleep / 1946 como o chantagista Joe Brody; O Perseguido / Roadblock / 1951 como Harry Miller, colega de Joe Peters / Charles McGraw, o investigador da companhia de seguros.

Taylor Holmes e Victor Mature em Beijo da Morte

HOLMES, TAYLOR (1878-1959). Nasceu em Newark, New Jersey.Estréia no cinema (LM): Ruggles of Red Gap / 1918. FN: O Justiceiro / Boomerang / 1947 como T. M. Wade, o dono do jornal que faz campanha contra o governo reformista; O Beijo da Morte / Kiss of Death / 1947; Ato de Violência / Act of Violence / 1949 como Mr. Gavery, o advogado que aconselha Frank Enley / Van Heflin a reliminar seu perseguidor implacável Joe Parkson / Robert Ryan, contratando um assassino de aluguel.

Jeff Corey, John Hoyt, Hume Cronyn e Howard Duff em Brutalidade

HOYT, JOHN (1905-1991). Nasceu em Bronxville, Nova York, Nome verdadeiro: John McArthur Hoysradt. Estréia no cinema (LM): Sob o Manto Tenebroso / O.S.S. / 1946. FN: Brutalidade / Brute Force / 1947 como Spencer, um dos presos que planejam uma fuga da penitenciária; O Império do Crime / The Big Combo / 1955 como Nils Dreyer, o capitão do navio.

Curt Conway, Raymond Burr e John Ireland em Entre Dois Fogos

IRELAND, JOHN (1914-1992). Nasceu em Vancouver, British Columbia, Canadá. Nome verdadeiro: John Benjamin Ireland. Estreía no cinema (LM): Um Passeio ao Sol / A Walk in the Sun / 1945. FN: Railroaded! / 1947 como Duke Martin, o criminoso excêntrico que, juntamente com seu comparsa Cowie / Keefe Brasselle, assalta um salão de beleza, que serve de fachada para o jogo clandestino; O Gângster / The Gangster / 1947 como Frank Karty, o assassino involuntário de Nick Jammey / Akim Tamiroff, sócio do gângster paranóico Shubunka / Barry Sullivan; Entre Dois Fogos / Raw Deal /1948 como Fantail, capanga de Rick Coyle / Raymond Burr; O Czar Negro / The Undecover Man / 1949  (narrador).

Sam Jaffe em O Segredo das Jóias

JAFFE, SAM (1891-1984. Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Shalom Jaffe. Estréia no cinem (LM): A Imperatriz Vermelha / The Scarlet Empress / 1934. FN: Acusada The Accused / 1945 como Dr. Romley; O Segredo das Jóias / The Asphalt Jungle / 1950 como “Doc” Erwin Riedenschneider, o ex-sentenciado que planeja um audacioso assalto a uma joalheria.

Charlton Heston e Dean Jagger em Cidade Negra

JAGGER, DEAN (1903-1991). Nasceu em Lima, Ohio. Nome verdadeiro: Dean Jeffreys Jagger.  Estréia no cinema (LM): Farol do Amo r/ The Woman from Hell / 1929. FN: Estranha Aventura / When Strangers Marry / 1944 como Paul Baxter, marido de Kim Hunter, cujo comportamento estranho a faz suspeitar de que está envolvido em um assassinato; Cidade Negra  / Dark City/ 1950 como Capitão Garvey, que investiga um crime envolvendo três jogadores de pôquer e um maníaco homicida; Dinheiro Maldito / Private Hell 36 / 1954 como Capitão Michaels, que suspeita de dois detetives desonestos, Steve Cochran e Howard Duff.

Barry Kelley (ao centro) em O Czar Negro

KELLEY, BARRY (1908-1991). Nasceu em Chicago, Illinois. Estréia no cinema (LM): O Justiceiro / Boomerang / 1947. FN: O Justiceiro / Boomerang / 1947 como o Sargento de Polícia Dugan; A Força do Mal / Force of Evil como o detetive Egan; O Czar Negro / The Undercover Man / 1949 como o advogado Edward O’Rourke; Lágrimas Tardias / Too Late for Tears / 1949 como Tenente Breach; A Confissão de Thelma  / The File on Thelma Jordon / 1950 como o promotor público Melvin Pierce; O Segredo das Jóias / The Asphalt Jungle / 1950 como Tenente Ditrich; Sindicato do Crime / 711 Ocean Drive como o empresário Vince Walter, que presta um serviço de informações telefônicas para os agenciadores de apostas nas corridas de cavalos; Cidade Apavorada / The KillerThat Stalked New York /  1951 como o agente  do tesouro Johnson.

Barbara Stanwyck, Wendell Corey e Paul Kelly em A Confissão de Thelma

KELLY, PAUL (1899-1956). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Paul Michael Kelly.  Estréia no cinema (LM): Fit to Win / 1919. FN: Rancor / Crossfire / 1947 como o homem misterioso que aparece no apartamento de Gloria Grahame e depois ajuda a comprovar a inocência do soldado acusado injustamente da morte do judeu; Um Rosto no Espelho / Fear in the Night / 1947 como Cliff Harlan, detetive de polícia que ajuda seu cunhado DeForrest Kelley a decifrar o mistério de um suposto sonho, no qual ele teria cometido um crime; A Confissão de Thelma / The File on Thelma Jordon  / 1950 como o investigador-chefe Miles Scott; Pecado Sem Mácula / Side Street / 1950 como Capitão  de Polícia Walter Anderson.

Charles Kemper e Robert Ryan em Cinzas Que Queimam

KEMPER, CHARLES (1900-1950). Nasceu no Oklahoma. Estréia no Cinema: Amor àTerra / The Southerner / 1945. FN: Almas Perversas / Scarlet Street / 1945 como Patch-eye Higgins, o primeiro marido da mulher de Christopher Cross / Edward G. Robinson;Trágico Destino / Where Danger Lives / 1950 como o Chefe de Polícia; Cinzas Que Queimam / On Dangerous Ground / 1951 como Bill “Pop” Daly, um dos dois policiais colegas de ronda de Jim Wilson / Robert Ryan.

Arthur Kennedy e Dana Andrews em O Justiceiro

KENNEDY, ARTHUR  (1914-1990). Nasceu em Worcester, Massachusetts. Nome verdadeiro: John Arthur Kennedy. Estréia no cinema (LM): Dois Contra Uma Cidade Inteira / City for Conquest / 1940. FN: Último Refúgio / High Sierra / 1941 como Red Hattery um dos cúmplices de Humphrey Bogart no assalto ao hotel de veraneio; Caminhos Sem Fim / Chicago Deadline / 1949 como Tommy Ditman, o irmão da mulher encontrada morta em um quarto cuja morte o jornalista Alan Ladd investiga; Lágrimas Tardias / Too Late for Tears / 1949 como Alan Palmer que, juntamente com sua esposa (interpretada por Lizabeth Scott), encontra dentro do seu conversível uma maleta cheia de dinheiro,sendo ambos punidos por sua cupidez; O Justiceiro /  Boomerang / 1947 como John Waldron, o soldado veterano, preso e acusado do assassinato de um padre em plena via pública e é defendido por Dana Andrews; Ninguém Crê em Mim / The Window / 1949, como Mr. Woodry, pai do menino que vê um casal de vizinhos roubando e matando um marinheiro bêbado, mas ninguém acredita nele.

Fritz Kortner e John Hodiak em Uma Aventura na Noite

KORTNER, FRITZ (1892-1974). Nasceu em Viena, Austria. Nome verdadeiro: Fritz Nathan Kohn. Estréia no cinema (LM): Manya, die Türkin / 1915. FN: Uma Aventura na Noite / Somewhere in the Night / 1946 como o vidente Anzelmo / Dr. Oracle; A Moeda Trágica / The Brasher Doubloon / 1947 como Rudolph Vannier, o ex-cinegrafista de cinejornais chantagista.

Barry Kroeger e Richard Conte em Uma Vida Marcada

KROEGER, BERRY (1912-1991). Nasceu em San Antonio, Texas. Estréia no cinema (LM): Seus Três Amores / Tom, Dick and Harry / 1941. FN:  Uma Vida Marcada / Cry of the City / 1948 como Niles, advogado inescrupuloso no escritório do qual Martin Rome / Richard Conte encontra  as jóias roubadas; Ato de Violência / Act of Violence / 1949 como Johnny, o assassino de aluguel que a prostituta Pat / Mary Astor arranja para “cuidar” de Joe Parkson / Robert Ryan; Caminhos sem Fim / Chicago Deadline / 1949 como Solly Wellman o assassino da jovem cujo corpo é encontrado pelo jornalista Ed Adams / Alan Ladd; Mortalmente Perigosa / Gun Crazy / 1950 como Packet, o dono do parque de diversões.

Otto Kruger, Mike Mazurki e Dick Powell em Até a Vista Querida

KRUGER, OTTO (1885-1974).  Nasceu em Toledo, Ohio. Estréia no cinema (LM): A Mother’s Confession / 1915. FN: Até à Vista. Querida Murder my Sweet / 1944 como o psiquiatra Jules Anthor; Sindicato do Crime / 711 Ocean Drive / 1950 como Carl Stephans, chefão do crime organizado.

Jack Lambert e Edmond O’Brien em Assassinos

LAMBERT, JACK (1920-202). Nasceu em Nova York. Estréia no cinema (LM): Noivas de Tio Sam / Stage Door Canteen / 1943. FN:  Assassinos / The Killers / 1946 como Dum Dum um dos componentes da quadrilha de Big Jim Colfax / Albert Dekker; Sem Sombra de Suspeita / The Unsuspected / 1947 como Press, o assassino chantageado por Victor Grandison / Claude Rains; Mercado Humano / Border Incident / 1949 como Chuck, capanga de Owen Parkson / Howard Da Silva; A Morte Ronda o Cais / 99 River Street / 1953 como Mickey, capanga do receptador Christopher / Jay Adler; A Morte Num Beijo / Kiss Me Deadly/ 1955 como Sugar, capanga de Carl Evello / Paul Stewart.

Marc Lawrence

Marc Lawrence, Sterling Hayden e Sam Jaffe em O Segredo das Jóias

LAWRENCE, MARC (1910-2005). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Max Goldsmith. Estréia no cinema (LM): Se Eu Tivesse Um Milhão / If Had A Million/ 1932. FN: Alma Torturada / This Gun for Hire / 1942 como Tommy, o chofer de Gates / Laird Gregar que tenta matar Ellen / Veronica Lake; O Segredo das Jóias / The Asphalt Jungle / 1950 como Cobby, o bookmaker envolvido com os assaltantes.

John Hodiak e Sheldon Leonard em Uma Aventura na Noite

LEONARD, SHELDON (1907-1997). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Sheldon Leonard Bershad. Estréia no cinema (LM): O Último Inimigo / The People’s Enemy / 1935. FN: Vida Contra Vida / Street of Chance / 1942 como Detetive Marucci; Mulher Dilinger / Decoy / 1946 como Sargento Joe Portugal; Uma Aventura na Noite / Somewhere in the Night / 1946 como Sam, o homem que George Taylor / John Hodiak vai procurar, pensando que ele é Nick Cravat; O Gângster / The Gangster / 1947 como Cornell, rival do gângster paranóico Shubunka / Barry Sullivan.

Robert Ryan , Sam Levene e Steve Brodie em Rancor

LEVENE, SAM (1905-1980). Nasceu na Russia. Nome verdadeiro: Sholem Lewin. Estréia no cinema (LM): The Talk of Hollywood / 1929. FN: Assassinos / The Killers / 1946 como Tenente Sam Lubinsky; O Justiceiro / Boomerang / 1947 como o repórter Dave Woods; Brutalidade / Brute Force / 1947 como Louie Miller, o presidiário torturado pelo Capitão Munsey / Hume Cronyn; Rancor / Crossfire / 1947 como Joseph Samuels, o judeu morto pelos soldados anti-semitas.

Peter Lorre e Humphrey Bogart em Relíquia Macabra

LORRE, PETER (1904-1964). Nasceu em Rózsahegny, Áustria. Nome verdadeiro: László Löwenstein. Estréia no cinema (LM): Arrufos de Adão e Eva / Dieverschwundene Frau / 1929. FN: O Homem dos Olhos Esbugalhados / Stranger on the Third Floor / 1940 como o  estranho com olhar de demente e um cachecol comprido em torno do pescoço em uma atitude furtiva; Relíquia Macabra / The Maltese Falcon / 1941 como Joel Cairo; Anjo Diabólico / Black Angel /  1946 como Mr. Marko, dono da boate Rio; A Senda do Temor  / The Chase  / 1946 como Gino, auxiliar e confidente do gângster Eddie Roman / Steve Cochran.

Charles McGraw e Dennis O’Keefe em Moeda Falsa

MCGRAW, CHARLES (1914-1980). Nasceu em Des Moines, Iowa. Estréia no cinema LM): O Segredo do Monstro / The Undying Monster / 1942. FN: Assassinos / The Killers / 1946 como Al, um dos dois assassinos de aluguel que chegam à pequena cidade de Brentwood, New Jersey à procura do Sueco / Burt Lancaster; Brutalidade / Brute Force / 1947 como Andy, um dos presidiários; O Gângster / The Gangster / 1947 como o assassino Dugas; Moeda Falsa / T-Men / 1948 como Moxie, um dos capangas do subchefe da quadrilha de falsários, que mata o agente Tony Genaro / Alfred Ryder; Homem Contra o Perigo/ The Threatb/ 1949 como Arnold Kluger, o fugitivo da penitenciária com a idéia fixa de matar pessoas que considera responsáveis por sua condenação; Mercado Humano / Border Incident / 1949 como Jeff Amboy, capanga de Owen Parkson / Howard Da Silva; Pecado Sem Mácula / Side Street / 1950 como o detetive Stanley Simon;  Império do Terror/ Armored Car Robbery / 1950 como Tenente Cordel; O Perseguido / Roadblock / 1951 como Joe Peters, um dos investigadores da companhia de seguros; Trilhos Sinistros / The Narrow Margin / 1952 como Detetive Walter Brown.

Tom Drake, John McIntire e Van Jonhson em A Cena do crime

MCINTYRE, JOHN (1907-1991). Nasceu em Spokane, Washington. Nome verdadeiro: John Herrick McIntire. Estréia no cinema (LM): O Mercador de Ilusões / The Hucksters / 1947. FN: Sublime Devoção / Call Northside 777 / 1948 como o Procurador Estadual Sam Faxon; Rua Sem Nome / Street With No Name / 1948 como Cy Gordon, agente do FBI; A Cena do Crime / Scene of the Crime/ 1949 como Detetive Fred Piper; O Segredo das Jóias / The Asphalt Jungle / 1950 como Comissário Hardy.

Donald McBride

Donald McBride e Edmond O’Brien em Assssinos

MACBRIDE, DONALD (1899-1957). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Donald Hugh MacBride. Estréia no cinema (LM): The Daring of Diana / 1916. FN: O Último Refúgio / High Sierra / 1941 como Big Mac, antigo comparsa de Roy Earle / Humphrey Bogart, que o incita a assaltar o hotel de veraneio; Capitulou Sorrindo / The Glass Key / 1942 como o Promotor Público; Assassinos / The Killers / 1946 como R. S. Kenyon, o patrão de Riordan / Edmond O’Brien na companhia de seguros.

Barton McLane e Ward Bond em O Amanhã Que Não Virá

MACLANE, BARTON (1902-1969). Nasceu em Columbia, South Carolina. Nome verdadeiro: Ernest Barton McLane. Estréia no cinema (LM): O Campeonato do Amor The Quarterback / 1926. FN: O Último Refúgio/ High Sierra / 1941 como Jake Kranmer, o ex-policial que quer que Roy Earle / Humphrey Bogart lhe entregue as jóias roubadas no assalto do hotel; Relíquia Macabra / The Maltese Falcon / 1941 como Tenente Dundy; O Amanhã Que Não Virá / Kiss Tomorrow Goodbye / 1950 como John Reece, um dos dois policiais que confiscam o dinheiro de Ralph Cooter / James Cagney; Desafiando o Perigo Red Light / 1950 como Detetive Strecker.

Charles Laughton e George McReady em O Relógio Verde

MACREADY, GEORGE (1899-1973). Nasceu em Providence, Rhode Island. Nome verdadeiro: George Peabody Macready Jr. Estréia no cinema (LM): Os Comandos Atacam de Madrugada / Commandos Attack at Dawn / 1942. FN: O Relógio Verde / The Big Clock  / 1948 como Steve Hagen, assistente de Earl Janoth / Charles Laughton, dono de várias publicações jornalísticas, que ajuda seu patrão a tentar incriminar George Stroud / Ray Milland, editor de uma das revistas do grupo, pelo assassinato que ele cometeu.

Tom Tully, Karl Malden e Dana Andrews em Passos na Noite

MALDEN, KARL (1912- 2009). Nasceu em Chicago, Illinois. Nome verdadeiro: Mladen George Sekulovitch. Estréia no cinema (LM): Não Cobiçarás a Mulher Alheia / They Knew What They Wanted / 1940.  FN: O Justiceiro Boomerang / 1947 como Tenente White; O Beijo da Morte / Kiss of Death / 1947 como Sargento William Cullen; Passos na Noite / Where The Sidewalk Ends / 1950 como Tenente Thomas.

Herbert Marshall e Pat O’Brien em Museu de Horrores

MARSHALL, HERBERT ( 1890-1966). Nasceu em Londres, UK. Nome verdadeiro: Herbert Brough Falcon Marshall. Estréia no cinema  (LM): Mumsie / 1927. FN: Museu de Horrores / Crack-Up / 1946  como  Traybin, o detetive da Scotland Ward que se faz passar por um perito em arte; Muro de Trevas / High Wall /  1947 Wilard I. Whitcombe, executivo de uma editora de livros religiosos, o verdadeiro assassino da esposa de Steve Kenet / Robert Taylor; Angel Face / Alma em Pânico /  1953 como Mr. Tremayne, padrasto da assassina  Diane Tremayne / Jean Simmons.

Lee Marvin, Gloria Grahame e Glenn Ford em Os Corruptos

MARVIN, LEE (1924-1987). Nasceu em Nova York. Estréia no cinema (LM): Agora estamos na Marinha / You’re in the Navy Now / 1951. FN: Os Corruptos / The Big Heat / 1953 como Vince Stone, braço-direito sádico do gângster Mike Lagana / Alexander Scourby que joga água fervendo no rosto de sua namorada, Debby Marsh / Gloria Grahame.

Mike Mazurki e Dick Powell em Até à Vista, Querida

MAZURKI, MIKE (1907-1990). Nasceu em Kozova Raion, Ucrânia. Nome verdadeiro: Markyan Mazurkevych. Estréia no cinema (LM): Uma Dama do Outro Mundo Belle of the Nineties / 1934. FN: Até à Vista, Querida Murder, My Sweet / 1944 como Moose Malone, o brutamontes recém libertado da prisão, que contrata o detetive particular Philip Marlowe / Dick Powell, para encontrar sua namorada Velma Valento / Claire Trevor; Cidade Negra / Dark City / 1950 como Sidney Vinant, o irmão super protetor de Arthur Vinant / Don DeFore, o comerciante que se suicida depois de perder muito dinheiro em um jogo de pôquer duvidoso.

Ao centro, John Agar e Emile Meyer (sem paletó) em Caçado como Fera

MEYER, EMILE (1910-1987). Nasceu em New Orleans, Louisiana. Estréia no cinema (LM): Pânico na Rua / Panic in the Streets/ 1950. FN: Pânico na Rua / Panic in the Streets / 1950 como Capitão Beauclyde; Caçado como Fera / Shield for Murder / 1954 como Capitão Gunnarson.

Lizabeth Scott, Marvin Miller e Humphrey Bogat em Confissão

MILLER, MARVIN (1913-1985). Nascido em St. Louis, Missouri. Nome verdadeiro: Marvin Elliott Miller. Estréia no cinema: Sangue Sob o Sol  / Blood on the Sun/ 1945. FN:  Johnny Angel Johnny Angel / 1945 como George “Gusty” Gustafson, patrão de Johnny Angel / George Raft, que recorre ao crime para satisfazer os desejos de sua mulher; Morte ao Amanhecer / Deadline at Dawn / 1948 como Sleepy Parsons, o pianista cego da boate; Confissão / Dead Reckoning / 1947 como Krause, o guarda-costas de Martinelli / Morris Carnovsky; A MoedaTrágica / The Brasher Doubloon / 1947 como Vince Blair, o dono da boate.

Richard Conte e Millard Mitchell em Mercado de Ladrões

MITCHELL, MILLARD (1903-1953), Nasceu em Havana, Cuba, Estréia no cinema (LM): Segredos de uma Secretária / Secrets of a Secretary/1931. FN: O Beijo da Morte / Kiss of Death / 1947 como Detetive Shelby; Mercado de Ladrões / Thieve’s Highway / 1949 como Ed Kinney, sócio de Nick Garcos / Richard Conte no transporte e venda de maçãs, que morre queimado dentro do seu caminhão em chamas.

Harry Morgan e Barry Sullivan em O Gângster

MORGAN, HARRYou HENRY (1915-2011). Nasceu em Detroit, Michigan. Nome verdadeiro: Harry Bratsberg. Estréia no cinema (LM): Defensores da Bandeira To The Shores of Tripoli / 1942. FN: Uma Aventura na Noite / Somewhere in the Night / 1946 como o garçom do bar; O Gângster / The Gangster / 1947 como Shorty, o garçom da sorveteria; O Relógio Verde / The Big Clock / 1948 como Bill Womack, guarda-costas de Earl Janot / Charles Laughton; Traição / Race Street / 1948 como o bookmaker Hal Towers;  Cidade Negra / Dark City / 1950 como um soldado; Red Light / 1950 como Rocky, presidiário recém saído da prisão que Nick Cherney / Raymond Burr encarrega de matar o padre irmão de John Torno / George Raft; Escândalo / Scandal Sheet / 1952 como Biddle, colega do jornalista Steve Mc Cleary / John Derek.

Zero Mostel e Jack Palance em Pânico na Rua

MOSTEL, ZERO (1915-1977). Nasceu em Nova York. Nome verdadeiro: Samuel Joel Mostel. Estréia no cinema (LM): DuBarry era um Pedaço / Du Barry Was a Lady / 1943. FN: Pânico na Rua / Panic in the Streets/ 1950 como Fitch, o devotado e suarento cúmplice do gângster Blackie / Jack Palance.

Alan Napier (à esquerda de terno e gravata) em Baixeza

NAPIER, ALAN (1903-1988), Nasceu em Worcestershire, Inglaterra. Nome verdadeiro: Allan William Napier-Clavering. Estréia no cinema (LM): Caste / 1930. FN: Baixeza / Criss Cross / 1949 como Finchley, o planejador do assalto ao carro-forte; Numa Noite Sombria / Manhandled  / 1949 como Alton Bennett, principal suspeito da morte de sua esposa Ruth / Irene Hervey no caso investigado pelo Tenente Dawson / Art Smith e pelo investigador da companhia de seguros Joe Cooper / Sterling Hayden.

Lloyd Nolan

Tom Tully, Lloyd Nolan e Robert Montgomery em A Dama do Lago

NOLAN, LLOYD (1902-1985), Nasceu em San Francisco, Caklifórnia. Nome verdadeiro: Lloyd Benedict Nolan. Estréia no cinema (LM): Contra o Império do Crime / G-Men  / 1935. FN: Uma Aventura na Noite / Somewhere in the Night / 1946 como Tenente Donald Kendall; A Dama no Lago / Lady in the Lake / 1947 como Tenente DeGarmot; Rua Sem Nome / Street With No Name / 1948 como Inspetor Briggs.

Robert Osterloh e Burt Lancaster em Baixeza

OSTERLOH, ROBERT (1918-2001). Nasceu em Pitsburgh, Pennsylvania. Estréia no cinema (LM): Encontro Fatal / Incident / 1948. FN: Baixeza / Criss Cross / 1949 como Mr. Nelson, o homem que Slim Dundee / Dan Duryea manda raptar Steve Thompson / Burt Lancaster do hospital;  O Czar Negro / The Undercover Man  / 1949 como “Manny” Zanger, o primeiro contato que os agentes do Departamento do Tesouro fazem para obter provas de que um figurão do submundo está sonegando impostos; Fúria Sanguinária / White Heat / 1949  como Tommy Riley, membro da quadrilha de Cody Jarrett / James Cagney; Mortalmente Perigosa / Gun Crazy / 1951 como o  policial Hampton; Sindicato do Crime / 711 Ocean Drive / 1950 como o assassino de aluguel Gizzi; Cúmplice das Sombras / The Prowler / 1951 como o médico legista.

Tom Pedi, Don Taylor, Dorothy Hart e Barry Fitzgerald em Cidade Nua

PEDI, TOM (1913-1996). Nasceu em Nova York. Estréia no cinema : Cidade Nua / The Naked City / 1948, FN: Cidade Nua / The Naked City / 1948 como Detetive Pirelli; Baixeza / Criss Cross / 1948 como Vincent, um dos membros da quadrilha de Slim Dundee / Dan Duryea.

Joseph Pevney (à esquerda) e George Raft em Noturno

PEVNEY, JOSEPH (1911-2008). Nasceu em Nova York, Estréia no cinema (LM): Noturno Nocturne / 1946. FN: Noturno / Nocturne / 1946 como o pianista Ned “Fingers” Ford; Rua Sem Nome / The Street With No Name / 1948 como Matty, um dos integrantes da quadrilha de Alec Stiles / Richard Widmark; Mercado de Ladrões / Thieve’s Highway / 1949 como  o caminhoneiro Pete.

Tom Powers e Fred MacMurray em Pacto de Sangue

POWERS, TOM (1890-1955), Nasceu em Owensboro, Kentucky. Nome verddadeiro: Thoas McCreery Powers. Estréia no cinema: Barnaby Rudge / 1915. FN: Pacto de Sangue / Double Indemnity / 1944 como Mr. Dietrichson, o marido de  Phyllis / Barbara Stanwyck; A Dália Azul / The Blue Dahlia / 1946 como Capitão Hendrickson; A Rua das Almas Perdidas / They Won’t Believe Me / 1947 como Trenton, o sócio de Larry Ballentine / Robert Young; Caminhos Sem Fim / Chicago Deadline / 1949 como Glenn Howard, diretor do jornal onde Ed Adams / Alan Ladd trabalha.

Edmond O’Brien, Vincent Price e Ella Raines em Uma Aventura Arriscada

PRICE, VINCENT (1911-1993). Nasceu em St. Louis, Missouri. Nome verdadeiro:  Vincent Leonard Price. Estréia no cinema (LM): Serviço de Luxo / Service De Luxe / 1938. FN:  Laura / Laura / 1944 com Shelby Carpenter, o playboy noivo de Laura / Gene Tierney; Uma Aventura Arriscada / The Web / 1947 como Andrew Colby, o empresário que arma um esquema para se livrar de seu sócio, envolvendo o advogado Bob Regan / Edmond O’Brien no crime; No Silêncio de uma Cidade / While the City Sleeps / 1956 como Walter Kyne Jr., herdeiro de um dos maiores jornais de Nova York, que promove uma competição perversa entre seus três principais colaboradores, prometendo o cargo de diretor executivo aquele que der o furo jornalístico sobre o jovem psicopata / John Barrymore Jr. , que está cometendo uma série de crimes sexuais.

Humphrey Bogart e John Ridgely em À Beira do Abismo

RIDGELY, JOHN (1909-1968), Nasceu em Chicago, Ilinois. Nome verdadeiro: John Hungtington Rea. Estréia no cinema (LM): Streamline Expess / 1935. FN: À Beira do Abismo / The Big Sleep / 1946 como Eddie Mars, gângster dono de um cassino; A Sentença / Nora Prentiss / 1947 como Walter Bailey, o paciente que sofre do coração; Muro de Trevas / High Wall/ 1947 como David Wallace, assistente do promotor público; Mercado Humano / Border Incident / 1949 como Neley, capanga de Owen Parkson / Howard Da Silva; Alguém Deixou Este Mundo / Backfire / 1950 como um detetive.

Richard Robert em Sublime Devoção

ROBER, RICHARD (1910-1952). Nasceu em Rochester, Nova York. Estréia no cinema (LM): Sublime Devoção / Call Northside 777 / 1948. FN: Sublime Devoção / Call Northside 777 / 1948 como Sargento Larson; Alguém Deixou Este Mundo / Backfire / 1950 como Solly Blane, o apostador do cassino assassinado; A Confissão de Thelma / The File on Thelma Jordon / 1950 como Tony Laredo, o amante de Thelma Jordon / Barbara Stanwyck.

Roy Roberts e Paul Fix em A Força do Mal

ROBERTS, ROY (1906-1975). Nasceu em Columbia, Florida. Nome verdadeiro: Roy Barnes Jones. Estréia no cinema (LM): Guadalcanal / Guadalcanal Diary / 1943. FN: A Moeda Trágica / The Brasher Doubloon / 1947 como Tenente Breeze; Demônio da Noite / He Walked By Night / 1948 como Capitão Breen; A Força do Mal / Force of Evil / 1948 como Ben Tucker, o poderoso banqueiro do jogo de números, cliente de Joe Morse / John Garfield; Na Teia do Destino / The Reckless Moment / 1949 como Nagel, o agiota; Caminhos Sem Fim / Chicago Deadline / 1949 como Jerry Cavanaugh, o agente do pugilista Bat / Paul Lees; Cidade Apavorada / The Killer That Stalked New York  / 1950 como Prefeito de Nova York.

Cleo Moore, Anthony Ross e Robert Ryan em Cinzas Que Queimam

 ROSS, ANTOHNY (1909-1955). Nasceu em New York City, Nova York. Estréia no cinema: Encontro no Céu / Winged Victory / 1944. FN: O Justiceiro / Boomerang  / 1947 como o homem indignado que aborda John Aldron / Arthur Kennedy na rua, quando ele sai do tribunal conduzido pelos policiais; O Beijo da Morte / Kiss of Death como Williams, um dos dois companheiros de Nick Bianco / Victor Mature no roubo à joalheria; Ninguém Crê Em Mim The Window / 1949 como Detetive Ross; A Patrulha da Morte / Between Midnight and Dawn / 1950 como Tenente Masterson; Cinzas Que Queimam / On Dangerous Ground / 1951 como Detetive Pete Santos; Pecado e Redenção / Rogue Cop / 1954 como Padre Ahearn.

Farley Granger e Edmond Ryan em Pecado Sem Mácula

RYAN, EDMOND (1905-1984). Nasceu em Cecilia, Kentucky. Nome verdadeiro: Edmon Ryan Mossbarger. Estréia no cinema (LM): Crime Over London  / 1936. FN: Pecado Sem Mácula/ Side Street / 1950 como o chantagista Victor Backett; A Noite de 23 de Maio / Mystery Street  / 1950 como James Joshua Harkley, o homem casado pertencente à alta sociedade de Boston que mata sua amante Vivian Heldon / Jan Sterling, ao saber que ela está grávida, porém o tenente Peter Morales / Ricardo Montalban desvenda o caso.

Walter Sande, Lizabeth Scott e Robert Mitchum em Estrada dos Homens sem Lei

SANDE, WALTER (1906-1971). Nasceu em Denver, Colorado. Estréia no cinema (LM): Goldwyn Follies / The Goldyn Follies / 1938. FN: A Dália Azul / The Blue Dahlia / 1946 como o gângster Heath; Noturno Nocturne / 1946 como Tenente de Polícia Halberson; Sindicato do Crime / 711 Ocean Drive / 1950 como o mecânico da oficina de reparos de automóvel; Cidade Negra / Dark City / 1950 como Swede, o dono do cassino; Estrada dos Homens Sem Lei / The Racket / 1951 como Sargento Jim Delaney.

Jay C. Flippen e Joe Sawyer em O Grande Golpe

SAWYER, JOE  (1906-1962). Nasceu em Guelph, Ontario no Canadá. Nome verdadeiro: Joseph Sauers. Estréia no cinema (LM): Inimigo Público/ The Public Enemy/ 1931. FN: Morte ao Amanhecer / Deadline at Dwan / 1946 como o bêbedo Babe Dooley, que grita chamando a polícia; O Grande Golpe / The Killing / 1955 como Mike O’Reilly, o garçom do bar do hipódromo, um dos componentes do bando que vai roubar o dinheiro das apostas.

Dan Seymour e Glenn Ford em Os Corruptos

SEYMOUR, DAN (1915-1993). Nasceu em Chicago, Illinois. Nome verdadeiro: Daniel Seymour Katz. Estréia no cinema (LM): Estrada da Birmânia / Bombs Over Burma / 1942. FN: Os Corruptos / The Big Heat / 1953 como Atkins, dono do depósito de ferro velho; Desejo Humano / Human Desire / 1954 como um garçom; Suplício de uma Alma  / Beyond a Reasonable Doubt / 1956 como Greco, o dono da boate.

Harry Shannon, Orson Welles e Ray Collins em A Marca da maldade

SHANNON, HARRY (1890-1964).  Nasceu em Saginaw, Michigan. Estréia no cinema (LM): A Ilha da Felicidade / Heads Up / 1930.  FN: Alma Torturada / This Gun for Hire / 1942 como o policial colega de Michael Crane / Robert Preston; Transviado / Night Editor / 1946 como Capitão Lawrence; Museu de Horrores / Crack-Up / 1946 como um guarda; A Sentença / Nora Prentiss / 1947 como um Tenente de Polícia; A Morte Misteriosa / The Devil Thumbs a Ride / 1947 como Detetive Owens; A Dama de Shanghai / The Lady from Shanghai / 1949 como um chofér de táxi; Cidade Apavorada / The Killer That Stalked New York / 1950 como o policial Houlihan; Trágico Destino / Where Danger Lives / 1950 como Dr. Maynard; Justiça Injusta / Try and Get Me / 1950 como Mr. Yager, o vizinho de  Howard Tyler / Frank Lovejoy, na casa do qual Judy Tyler / Kathleen Ryan está vendo televisão; A Marca da Maldade / Touch of Evil  /  1958 como o chefe de polícia Pete Gould.

Walter Slezak e  Audrey Long em Nascido para Matar

SLEZAK, WALTER (1902-1983). Nascido em Viena, Austria.  Estréia no cinema (LM): Sodom und Gomorrah / 1922. FN: Nascido Para Matar / Born to Kill / 1947 como Albert Arnett, o detetive desonesto contratado por Mrs. Kraft / Esther Howard, para descobrir o assassino de de seus pensionistas Laury / Isabel Jewell e seu amigo Danny / Tony Barrett, mortos por Sam Wild / Lawrence Tierney.

Dan Duryea, Dorothy Lamour e Art Smith em Numa Noite Sombria

SMITH, ART (1899-1973). Nasceu em Chicago, Illinois. Nome verdadeiro: Arthur Gordon Smith. Estréia no cinema (LM): Revolta! / Edge of Darkness / 1943. FN: Brutalidade / Brute Force / 1947 como o médico alcoólatra Dr. Walters; Do Lodo Brotou Uma Flor / Ride a Pink Horse / 1947 como Bill Retz, agente do FBI; Moeda Falsa / T-Men / 1948 como Gregg, o chefe do departamento do tesouro que fornece ao agente Dennis O’ Brien / Dennis O’ Keefe algumas notas falsificadas; Numa Noite Sombria / Manhandled / 1949 como Tenente Dawson; Justiça Injusta / Try and Get Me / 1950, como Hal Clendenning, o dono do jornal, patrão de Gil Stanton / Richard Carlson; Cidade Apavorada / The Killer That Stalked New York / 1950 como o negociante de diamantes Anthony Moss.

Humphrey Bogart e Bob Steele em À Beira do Abismo

STEELE, BOB (1907-1988). Nasceu em Portland, Oregon, Nome verdadeiro: Robert Adrian Bradbury. Estréia no cinema (LM): The Adventures of Bob and Bill / 1920 (seriado). FN: À Beira do Abismo / The Big Sleep / 1946 como Lash Canino, capanga do gângster Eddie Mars / John Ridgely, que dá um copo de veneno para o informante Harry Jones / Elisha Cook Jr.

Tom D’Andrea, Humphrey Bogart e Houseley Stevenson em Prisioneiro do Passado

STEVENSON, HOUSELEY (1879-1953). Nasceu em Londres, Inglaterra. Estréia no cinema (LM):The Law in Her Hands / 1936. FN: Uma Aventura na Noite / Somewhere in the Night / 1946 como Michael Conroy, testemunha de um assassinato; A MoedaTrágica / The Brasher Doubloon / 1947 como Elisha Morningstar, negociante de moedas; Prisioneiro do Passado / Dark Passage / 1947 como Dr. Walter Coley, o cirurgião plástico que opera Vincent Parry / Humphrey Bogart.

Paul Stewart em Ninguém Crê em Mim

STEWART, PAUL (1908-1986). Nasceu em Manhattan, Nova York. Nome verdadeiro: Paul Sternberg. Estréia no cinema (LM): Desde os Tempos de Eva / Ever Since Eve / 1937. FN: Ninguém Crê em Mim / The Window / 1949 como Joe Kellerson, o vizinho que Tommy Woodry / Bobby Driscoll vê, roubando e matando um marinheiro bêbado, ajudado por sua mulher Jean / Ruth Roman; A Morte Num Beijo / Kiss Me Deadly / 1955 como o gângster Carl Evello.

Lous Jean Heydt e Milburn Stone em O Perseguido

STONE, MILBURN (1904-1980). Nasceu em Burton, Kansas. Nome verdadeiro: Hugh Milburn Stone. Estréia no cinema (LM): Moças do Seçulo XX / Ladies Crave Excitement / 1935. FN: A Dama Fantasma / Phantom Lady / 1944 como o promotor público; Estrada dosHomens Sem Lei / The Racket / 1951 como um dos componentes da equipe do investigador-chefe da Comissão do Crime; O Perseguido Roadblock / 1951 como o investigador Ray Egan.

Shepperd Strudwick em Na Teia do Destino

STRUDWICK, SHEPPERD (1907-1983). Nasceu em Hillsborough, North Carolina. Estréia no cinema (LM): O Duplo Enigma / Fast Company / 1938. FN: Na Teia do Destino / The Reckless Moment / 1949 como Ted Darby, o gigolô de meia-idade morto por Bea / Geraldine Brooks, filha de Lucia Harper / Joan Bennett;  Caminhos Sem Fim / Chicago Deadline / 1949 como o gângster Edgar “Blacky” Franchot, uma das pessoas que conheceram Rosita / Donna Reed, a jovem encontrada morta de tuberculose em um quarto e hotel barato, cujo passado é investigado pelo jornalista Ed Adams / Alan Ladd; Suplicío de uma Alma / Beyond a Reasonable Doubt / 1956 como Jonathan Wilson, o advogado de Tom Garrett / Dana Andrews

Edward Arnold, Marie Windsor e William Talman em A Cidade Que Não Dorme

TALMAN, WILLIAM (1915-1968. Nasceu em Detroit, Michigan. Estréia no cinema (LM): Brasa Viva / Red, Hot and Blue / 1949. FN: Estrada dos Homens Sem Lei / The Racket / 1951 como o policial Bob Johnson; O Mundo Odeia-me / The Hitch-Hiker / 1953 como Emmett Meyers, o perigoso assassino fugitivo que sequestra Ray Collins / Edmond O’Brien e Gilbert Bowen / Frank Lovejoy, obrigando-os a levá-lo para o México; Império do Terror / Armored Car Robbery / 1950 com Daves Purvis, chefe do bando que assalta o carro-forte; A Cidade Que Não Dorme / The City That Never Sleeps / 1953 como Daniel Daniel Winston, Hayes Stewart, o batedor de carteiras que planeja chantagear o advogado corrupto Penrod Biddel / Edward Arnold, de cuja esposa / Marie Windsor é amante, e acaba matando ambos, sendo procurado pelo policial Johnny Kelly / Gig Young.

Akim Tamiroff e Orson Welles em A Marca da Maldade

TAMIROFF, AKIM (1899-1972). Nasceu em Tbilisi, República da Georgia. Nome verdadeiro: Akim Mikhailovich Tamiroff. Estréia no cinema (LM): Vale Sua filha Cem Mil Dólares? / Okay America! / 1932. FN: O Gângster / The Gangster / 1947 como Nick Jammey, sócio do gângster paranóico Shubunka / Barry Sullivan; A Marca da Maldade / Touch of Evil / 1958 como o notório traficante Joe Grandi.

Ray Tela em Trágico Destino

TEAL, RAY(1902-1976). Nasceu em Grand Rapids, Michigan. Nome verdadeiro:Ray Elgin Teal. Estréia no cinema (LM): Noiva da Marinha / Sweetheart of the Navy/ 1937. FN: Confissão / Dead Reckoning / 1947 como o guarda rodoviário; Brutalidade / Brute Force / 1947 como o guarda Jackson; O Segredo das Jóias / The Asphalt Jungle / 1950 como um policial; Trágico Destino / Where Danger Lives / 1950 como o xerife Joe Borden; Mortalmente Perigosa / Gun Crazy / 1950 como o inspetor aduaneiro; Pecado e Redenção / Rogue Cop / 1954 como o patrulheiro Mullins.

Kenneth Tobey e Mona Freeman em Alma em Pânico

TOBEY, KENNETH (1917-2202). Nasceu em Oakland, Califórnia. Nome verdadeiro: Kenneth Jesse Tobey. Estréia no cinema (LM): Justiça do Gatilho / Dangerous Venture / 1947. FN:  Demônio da Noite / He Walked by Night / 1948 como um detetive; A Confissãode Thelma / The File on Thelma Jordon / 1950 como o fotógrafo da polícia; O Amanhã Que Não Virá / Kiss, Tomorrow Goodbye / 1950 como Detetive Fowler; Alma em Pânico / Angel Face / 1952 como Bill Crompton, colega de ambulância de Frank Jessup / Robert Mitchum.

Humphrey Bogart e Regis Toomey em À Beira do Abismo

TOOMEY, REGIS (1898-1991). Nasceu em Pittsburgh, Pennsylvania. Nome verdadeiro: John Francis Regis Toomey. Estréia no cinema (LM): O Peso da Lei / Alibi / 1929. FN:  A Dama Fantasma / Phantom Lady / 1944 como um detetive; À Beira do Abismo / The Big Sleep / 1946 como Inspetor Chefe Bernie Ohls.

Tom Tully e Dana Andrews em Passos na Noite

TULLY, TOM (1908-1982). Nasceu em Durango, Colorado. Nome verdadeiro: Thomas Kane Tulley. Estréia no cinema (LM): Missão em Moscou / Mission to Moscow/ 1943. FN: A Dama no Lago / Lady in the Lake / 1946 como Capitão de Polícia Fergus K. Kane; Passos na Noite / Where the Sidewalks Ends / 1950 como Jiggs Taylor, o pai de Morgan Taylor / Gene Tierney.

John Payne e Lee Van Cleef em Os Quatro Desconhecidos

VAN CLEEF, LEE (1925-1989). Nasceu em Someville, New Jersey. Nome verdadeiro: Clarence Le Roy Van Cleef, jr.  Estréia no cinema (LM): Matar ou Morrer / High Noon / 1952. FN: Os Quatro Desconhecidos / Kansas City Confidential / 1952 como Tony Romano, um dos três delinquentes chantageados pelo policial aposentado Timothy Foster / Preston Foster, a fim de obrigá-los a executar o assalto a um carro-forte; Império do Crime / The Big Combo / 1955 como Fante, capanga do gangster Mr. Brown / Richard Conte.

Ray Milland, Harry Morgan, Richard Webb  e Philip Van Zandt em O Relógio Verde

VAN ZANDT, PHILIP (1904-1958). Nasceu em Amsterdam, Holanda. Nome verdadeiro: Philip Pinheiro. Estréia no cinema (LM): Médico Prisioneiro / Those High Grey Walls / 1939. FN: Uma Aventura na Noite / Somewhere in the Night / 1946 como médico da Marinha; A Dama de Shanghai / The Lady from Shanghai / 1947 como um policial e como um bandido; O RelógioVerde / The Big Clock / 1948 como Sidney Kislav, um dos empregados da empresa de Earl Janot / Charles Laughton, comandados por  George Stroud / Ray Milland na busca do imaginário “Jefferson Randolph”; Rua Sem Nome / The Street With No Name / 1948 como gerente da companhia de seguros; A Noite Tem Mil Olhos / Night Has aThousand Eyes / 1948 com um chofer e como atendente na loja de cigarros; Tensão / Tension / 1949 como Tenente Schiavone; Trágico Destino / Where Danger Lives/ 1950 como Milo de Long, o dono do teatro que se oferece para  introduzir clandestinamente Margo Lannington / Faith Domergue e Jeff Cameron / Robert Mitchum no México; Patrulha da Morte / Between Midnight and Dawn / 1950 como Joe Quist, capanga de Richtie Garris / Donal Buka, o criminoso perseguido pelos policiais Rocky Barnes / Mark Stevens e Dan Purvis / Edmond O’Brien.

Harold Vermilyea, Sterling Hayden e Art Smith em Numa Noite Sombria

VERMILYEA, HAROLD (1889-1958), Nasceu em New York City, Nova York. Estréia no cinema (LM): The Jungle / 1914. FN: O Relógio Verde  / The Big Clock/ 1948 como Don Klausmeyer, membro da equipe de Earl Janot / Charles Laughton; Numa Noite Sombria / Manhandled / 1949 como o psiquiatra Dr. Redman; Caminhos Sem Fim / Chicago Deadline / 1949 como Detetive  Jack Anstruder.

James Whitmore e Sterling Hayden em O Segredo das Jóias

WHITMORE, JAMES (1921-2009). Nasceu em White Plains, Nova York. Nome verdadeiro: James Allen Whitmore Jr.  Estréia no cinema (LM): O Czar Negro / The Undercover Man/ 1949. FN: O Czar Negro / The Undercover Man / 1949 como o agente do tesouro George Pappas; O Segredo dasJóias / The Asphalt Jungle / 1950 como Gus Minissi, um dos três homens contratados por “Doc” Erwin Riedenschneider / Sam Jaffe para o assalto à joalheria.

Rhys Williams e John Payne em Afrontando a Morte

WILLIAMS, RHYS (1897-1969).  Nasceu em Clydach, Swansea, Wales. Estréia no cinema (LM): Como Era Verde o Meu Vale / How Green Was My Valley / 1941. FN: Afrontando a Morte / The Crooked Way / 1949 como Tenente Williams; O Amanhã Que Não Virá / Kiss, Tomorrow, Goodbye / 1950 como Vic Mason, o garagista que o criminoso Ralph Cotter / James Cagey castiga precisamente nas pernas aleijadas; Pesadelo / Nightmare / 1956 como Delegado Torrence.

Ian Wolfe, Farley Granger e Cathy O’Donnell em Amarga esperança

WOLFE, IAN (1896-1992). Nasceu em Canton, Illinois. Estréiano cinema (LM): Idílio Proibido / The Fountain / 1934. FN: Pesadelo / Nightmare / 1942 como James, o mordomo de Abbington; Amarga Esperança / They Live By Night / 1948 como o juiz de paz Hawkins; Numa Noite Sombria / Manhandled / 1949 como Charlie, o receptor de jóias; Cinzas Que Queimam / On Dangerous Ground / 1951 como  Xerife Carrey ; A Morte Ronda o Cais / 99 River  Street / 1953 como Waldo Daggett, diretor de teatro para o qual Linda / Evelyn Keyes, a amiga de Ernie Driscoll / John Payne, faz um teste para ser aprovada como atriz.

Will Wright em A Dália Azul

WRIGHT, WILL (1894-1962). Nasceu em San Francisco, Califórnia. Nome verdadeiro: William Henry Wright. Estréia no cinema: Cupido Perigoso / Blondie Plays Cupid / 1940. FN: A Dália Azul / The Blue Dahlia / 1946 como “Dad” Newell, o velho detetive do hotel, o assassino da esposa do herói de guerra Johnny Morrison / Alan Ladd;  Amarga Esperança / They Live By Night / 1948 como Mobley, o irmão alcoólatra de  de Chicanaw / Howard Da Silva, um dos fugitivos da penitenciária; Ato de Violência / Act of Violence / 1949 como Pop, o velho que aluga barcos e cabines no lago.

FILMES AMERICANOS EM VÁRIAS VERSÕES OU FALADOS EM ESPANHOL

Ao irromper o Cinema Sonoro, as grandes companhias americanas ficaram com receio de perder o vasto mercado de língua não-inglesa. Os espectadores europeus eram muito importantes para Hollywood. Daí a idéia de fazerem produções americanas nos idiomas desses fregueses.

Jesse L. Lasky, explicou, na época, as vantagens do sistema: “Compramos os direitos de adaptação de um livro, peça ou história que achamos que vai agradar às platéias internacionais. A preparação do filme, ou melhor, a elaboração do roteiro, construção dos cenários, confecção dos vestuários, estabelecimento das posições de câmera, etc, são realizados pelos diversos setores deonosso estúdio. Então mandamos fazer réplicas desse filme faladas nos idiomas de vários países e interpretadas por atores locais. O filme sai por um custo mínimo, porque todo o trabalho preparatório é executado apenas uma vez”.

Kaufman Astoria Studios

As primeiras versões foram feitas em Hollywood e nos estúdios Kaufman Astoria em Nova York explorando o potencial do cantor-ator francês Maurice Chevalier para a produção bilíngue. Ele impressionou os parisienses em La Chanson de Paris / 1929 – tal como havia feito na versão original, Innocents of Paris-, e nos subsequentes La Parade d’Amour (Alvorada do Amor / The Love Parade / 1929, Le Petit Café (O Café do Felisberto / Playboy of Paris / 1930, La Grande Mare (Um Romance de Veneza / The Big Pond / 1930. Diante desse sucesso, Adolph Zukor resolveu abrir uma nova subsidiária de sua companhia em Paris, a Paramount – Continental Films (Société Ciné-Studio-Continental), cuja direção foi entregue a Robert T. Kane, gerente geral do Astoria Studios. A firma americana alugou e reformou um estúdio da Gaumont  (que havia sido de L. Aubert) na Rue des Réservois em Saint-Maurice, bem no limite com Joinville-le-Pont, transformando-o em uma gigantesca fábrica de imagens, verdadeira Babel, pois alguns filmes chegaram a ter versões em até 14 ou 15 idiomas.

Para ilustrar o que foi dito, Paramount on Parade / 1930 teve nada menos do que onze versões (francesa, espanhola, tcheca, holandesa, polonesa, italiana, romena, japonesa, húngara, sueca e dinamarquesa). No Brasil, foram exibidas a original e a espanhola (Galas de la Paramount), ambas com o título em português de Paramount em Grande Gala. Outro filme americano, Sarah and Son / 1930, aqui exibido como Sarah e Seu Filho, teve uma versão italiana (Il Richiamo del Cuore), espanhola (Toda Una Vida), sueca (Hjärtats röst), polonesa (Glos Serca), francesa (Toute Sa Vie) e portuguesa (A Canção do Berço), esta também exibida entre nós. Mais um exemplo: Half-Way to Heaven / 1929, que recebeu o título brasileiro de No Caminho do Céu, teve versão francesa (A Mi Chemin du Ciel), alemã (Der Sprung ins Nichts), espanhola (Sombras de Circo) e sueca (Halvvägs till himlen).

 

As cenas eram sucessivamente encenadas nos mesmos cenários com atores e diretores das mais diversas nacionalidades – Alberto Cavalcanti, Marc Allegret, Jean de Limur, René Guissart, Roger Capellani, Louis Mercanton, Louis Gasnier, André Chotin, René Marteris, Charles de Rochefort, Leo Mitler, E. W. Emo, Dimitri Buchowetski, Harry Lachman, Felix Basch, Gustaf Bergman, Karel Anton, Mario Camerini, Phil de Esco, Benito Perojo, Adelqui Millar, Jorge Infante – em febril atividade.

Antes de a “usina” de Saint Maurice-Joinville ficar completamente equipada, a Paramount havia começado a fazer curtas-metragens francêses musicados para complemento de programa nos estúdios da Gaumont da Rue de la Villete, mobilizando atrações do teatro de variedades e dos cabarés, da canção popular e do circo. Ali se reuniam os atores Marguerite Moreno, Pauley, Saint-Granier, Jean Mercanton, Robert Burnier, Marcel Vallée, Dalio, Prince, Dorival, Koval, Jeanne Fusier-Gir, Clara Tambour, Dréan, Tré-Ki, Biscot, Boucot, Bach, Dandy, Tramel, Charles Avril, Madeleine Guitty e Derville; os cabaretistas René Dorin e Betove; as cantoras Lucienne Boyer, Jeanne Aubert e Yvonne Guillet; os pianistas Wienet e Doucet; os palhaços Porto e Cairoli.

Cena de La Donna Bianca

As atividades da Paramount de Saint Maurice-Joinville começaram com versões dos seguintes filmes americanos: A Carta / The Letter / 129 (Dir: Jean de Limur, com Jeanne Eagels, Herbert Marshall), filmado em três versões: La Lettre / 1930; La Carta / 1930, Weib im Dschungel / 1930 e La Donna Bianca / 1930; Mentiras de Mulher / The Lady Lies / 1929 (Dir: Hobart Henley, com Claudette Colbert, Walter Huston), filmado em cinco versões:  Une Femme a Menti / 1930, Doña Mentiras / 1930, Seine Freudin Annette / 1930, Perché no? / 1930, Vi tva / 1930; No Caminho do Céu / Half-Way to Heaven / 1929 (Dir: George Abbot, com Buddy Rogers, Jean Arthur, Paul Lukas, filmado em quatro versões cf. acima; A República / The Laughing Lady / 1929 (Dir: Victor Schertzinger, com Ruth Chatterton, Clive Brook), filmado em quatro versões: A Dama que Ri / 1931, Den Farliga liken / 1930, A Kacagó asszony / 1930, Kobietu, która sie smieje / 1931; Sarah and Son / 1930 (Dir: Dorothy Arner, com Ruth Chatterton, Fredric March, filmado em seis versões cf. acima, sendo que uma versão alemã, Wiegenlied / 1930 foi dublada em Hollywood; Homicida Manslaughter / 1930 (Dir: George Abbot, com Claudette Colbert, Fredric March, filmado em quatro versões: Le Réquisitoire / 1930, La Incorregible / 1930, Leichtsinnige Jugend / 1930, Lika Inför lagen / 1931; Coragem de Amar / The Virtuous Sin / 1930 (Dir: George Cukor, Louis Gasnier, com Walter Huston, Kay Francis, Kenneth McKenna, filmado em três versões: Le Rebelle / 1930, Die Nachtder Entscheidung / 1931 e Generalen / 1931; O Segredo do Médico / The Doctor’s Secret / 1929 (Dir: William C. de Mille, com Ruth Chatterton, H. B. Warner, John Loder), filmado em sete versões: Le Secret du docteur / 1930, El Secreto del doctor / 1930; Tajemstvi Lékarova / 1930, Az Arvos titka / 1930, Il Segreto del dottore / 1930; Tajemnica lekarza / 1930, Doktorns  hemilighet / 1930; Paramount on Parade / 1930 (com diversos diretores e artistas), cf. acima;  Noivado de Ambição / The Devil’s Holiday / 1930 (Dir: Edmund Goulding, com Nancy Carroll, Phillips Holmes, fimado em cinco versões: Les Vacances di diable / 1930, La Fiesta del diablo / 1931, Sonntag des lebens / 19309; La Vacanza del diavolo / 1931, En Kvinnes morgondag / 1931; Doce como Mel Honey / 1930 (Dir: Wesley Ruggles, com Nancy Carroll, Skeets Gallagher, ZaSu Pitts, filmado em quatro versões:  Chérie / 1930, Salga de la cocina / 1931, Jede Frau hat ewas / 1930, Kärlek maste vi ha / 1931;  O Melhor da Vida / Laughter / 1930 (Dir: Harry D’Abbadie D’Arrast, com Nancy Carroll, Fredric March), filmado em  quatro versões: Rive gauche / 1931, Lo Mejor es réir 1931, Die Männer um Lucie 1931, A Mulher que ri / 1931; Minha Noite de Núpcias / Her Wedding Night / 1930 (Dir: Frank Tuttle, com Clara Bow, Ralph Forbes, Charles Ruggles, Skeets Gallagher, Rosita Moreno), filmado em quatro versões: Marion-nous / 1931, Su noche de bodas / 1931, Ich heirate meinen Mann / 1931, A Minha Noite de Núpcias / 1931; Maneiras de Amar/ Fashions in Love / 1929 (Dir: Victor Schertzinger, com Adolphe Menjou, Fay Compton), filmado em duas versões: Delphin / 1931, Das Konzert / 1931; Nothing But the Truth / 1929 (Dir: Victor Schertzinger, com  Richard Dix, filmado três versões: Rien que la vérité / 1931, La Pura verdad / 1931, Die Nackte Wahrheit /1931);  Por Detrás da Máscara / Behind the Make-Up / 1930 (Dir: Robert Milton, Dorothy Arzner, com William Powell, Fay Wray, Hal Skelly), filmado em uma versão: Maquillage / 1932.

Um punhado de astros e estrelas de vários lugares se alternaram diante das câmeras com grande pressa e agitação. Para se ter uma ídéia do cosmopolitismo basta citar alguns nomes: Marcelle Chantal, Meg Lamounier, Cora Lynn (depois conhecida como Edwige Feuillère), Mona Goya, Fernand Gravey, Maurice Chevalier, Thomy Bourdelle, Olga Tschekowa, Conrad Veidt, Camilla Horn, Walter Rilla, Dita Parlo, Tony D’Algy, Roberto Rey, Elvire Popescu, Imperio Argentina, Karin Swanstrom, Sven Gabo, Ian Covescu, Beatriz Costa, Corina Freire, sem esquecermos o “Príncipe do Teatro Brasileiro”, Leopoldo Fróes.

Entretanto, a Paramount não fez apenas versões múltiplas de filmes americanos e curtas-metragens musicados no idioma francês, mas também longas-metragens no idioma original, principalmente franceses e espanhóis, mas também suecos, alemães, italianos, poloneses, tchecos, húngaros, romenos. Harry Waldman no seu livro  “Paramount in Paris – 300 Films Produced at the Joinville Studios, 1930-1933, with Credits and Biographies” (Scarecrow Press, 1998), dá a relação completa deles, juntamente com os títulos dos curtas. Para não entendiar os leitores, menciono apenas alguns exemplos dos franceses e espanhóis, que são mais conhecidos, depois de confrontá-los com os dados de outra excelente publicação, Histoire du Cinéma Français – encyclopedie des films 1929-1934, da série editada por Maurice Bessy e Raymond Chirat para a Cinémathèque Royale de Belgique (Pygmalion / Gérard Watelet, 1995). Franceses: Un Trou dans le Mur / 1930 (Dir: René Barberis), com Marguerite Moreno, Pierre Brasseur, Jean Murat; Cabelereiro para Senhoras / Coiffeur pour Dames/ 1931 (Dir: René Guissart), com Mona Goya, Fernand Gravey; Uma Viuvinha Indecisa / Une Faible Femme / 1932 (Dir: Max de Vaucorbeil), com Meg Lemonnier, André Luguet; Paris, eu te amo / Il est charmant / 1931 (Dir: Louis Mercanton), com Meg Lemonier, Henri Garat, Viviane Romance; Marius / 1931 (Alexander Korda e Marcel Pagnol, também co-produtor), com Raimu, Orane Demazis, Pierre Fresnay; Topaze / 1932 (Dir: Louis Gasnier), com Louis Jouvet, Edwige Feuillère; Tu Serás Duquesa! / Tu seras duchesse / 1931 (Dir: René Guissart), com Marie Glory, Fernand Gravey. Espanhóis: Espera Coração! / Espérame / 1932 (Dir: Louis Gasnier), com Carlos Gardel; Luzes de Buenos Aires / Las Luces de Buenos Aires / 1931 (Dir: Adelqui Millar), com Carlos Gardel; Melodia de Arrabalde / Melodía de Arrabal / 1933 (Dir: Louis Gasnier), com Carlos Gardel.

 

Além da Paramount, outras companhias também fizeram versões em várias línguas, mas meu propósito é abordar apenas os filmes falados em espanhol, que foram as mais importantes numericamente e das quais havia três espécies: versões produzidas quase simultaneamente com os originais americanos; refilmagens de filmes mudos; filmes produzidos diretamente em espanhol.

Conforme Alfonso Pinto, pesquisador que se debruçou sobre esse “Negligenciado Capítulo da História do Cinema Americano” (Films in Review, march 1974), quando o Cinema Falado ainda era uma novidade, a RKO dublou Rio Rita / Rio Rita / 1929 em espanhol e a Pathé acompanhou-a, fazendo o mesmo com Her Private Affair / 1929. A Universal, cuja dublagem em castelhano de Broadway / Broadway / 1929 foi um fracasso, produziu diretamente nessa língua dois filmes de um rolo com Jose Bohr (Blanco y Negro e Una Noche en Hollywood) e um de dois rolos com Hector Sarno (La Ultima Cena). A RKO então tentou usar uma voz off screen, narrando o essencial da intriga, mas o público não aprovou.

No que diz respeito às versões coube a uma companhia independente, Sono Art-World Wide, dar o passo decisivo, no início dos anos 30, com Sombras de Glória / Sombras de Gloria, no qual atores e técnicos repetiam as palavras e as tomadas do original americano, Blaze O’Glory / 1929.

A MGM, Paramount, Fox e outras companhias logo a seguiram, formando núcleos de produção especializados e contratando celebridades dos palcos bem como atraentes novatos latino-americanos. Entre muitos outros artistas, estavam os espanhóis Rosita Moreno, Conchita Montenegro, Rosita Diaz Gimeno, Catalina Bárcena, Amália Muñoz, Luana Alcaniz, Soledade Jimenez, Rosita Ballesteros, Maria Alba (ex-Miss Espanha levada para Hollywood por ter ganho o primeiro prêmio em um concurso de fotogenia promovido pela Fox em 1927), Ernesto Vilches e José Crespo (oriundos do teatro), Andrès de Segurola (cantor de ópera e descobridor de Deanna Durbin), Antonio Moreno (veterano latin lover da cena muda americana); os mexicanos Ramon Pereda, Lupita Tovar, José Mojica, Ramon Novarro e Luiz Alonso (Gilbert Roland), estes dois últimos galãs desde a época silenciosa da cinematografia ianque; o cançonetista chileno Roberto Rey; os portugueses Tony e Helena D’Algy e os argentinos Vicente Padula, Imperio Argentina, Carlos Gardel (nascido em Toulouse, França, mas glória da nação portenha) e Mona Maris, que já atuara nos cinemas inglês, francês e alemão nos anos 20 e foi encorajada a partir para a América por Dolores Del Rio. Além desses, Barry Norton e George Lewis tinham nome americano porém o primeiro, chamado na realidade Alfredo Bireben, era argentino e o segundo, registrado como Jorge, mexicano. Lewis, mais tarde, estaria em evidência nos palpitantes seriados da Republic.

Eis uma amostra de alguns filmes: Sombras de Glória / Sombras de Gloria / 1930 (v. Blaze O’Glory / 1930); Assim é a Vida / Asi Es la Vida / 1930 (v. What a Man / 1930), La Fuerza del Querer ou La Gran Pelea / 1930 (v. The Big Fight / 1930); Hollywood, Cidade do Sonho / Hollywood, Ciudad de Ensueno/ 1931, todos da Sono-Art-World Wide. Jeca de Hollywood Estrellados / 1930 (v. Free and Easy / 1930); Ladrão Irresistível / Monsieur le Fox / 1930 (v. Man of the North / 1930); Olympia / Si el Emperador Supiera  /1930 (v. His Glorious Night / 1929), Ordinário, Marche! / De Frente, Marchen! / 1930 (v. Doughboys / 1930), Wu-Li- Chang / Wu-Li- Chang / 1920 (v. Mr. Wu/ 1927): El Proceso de Mary Dugan / 1930 (v. The Trial of Mary Dugan / 1929); Sevilha de Meus Amores  / Sevilla de Mis Amores / 1930 (v. Call of the Flesh / 1930); El Presidio / 1930 (v. The Big House / 1930); Sua Última Noite / Su Ultima Noche / 1931 (v. The Gay  Deceiver / 1926): En Cada Puerto un Amor  / 1931 (v. Way for a Sailor / 1930); La Fruta Amarga / 1931 (v. Min and Bill / 1930); Cheri Bibi / 1931 (v. The Phantom of Paris / 1931); La Mujer X / 1931 (v. Madame X / 1929); Duas Noites / Dos Noches / 1931), Produções da MGM. O Homem Mau / El Hombre Malo / 1930 (v. The Bad Man); La Dama Atrevida / 1931 (Lady Who Dared / 1931), produções da First National. La Llama Sagrada /1931 (v. The Secret Flame / 1929); Los que Danzan / 1931 (v. Those Who Dance / 1900); A Cartomante / La Buenaventura / 1934; Cantor de Nápoles / El Cantante de Napoles / 1934, produções da Warner Bros. A Vontade do Morto / La Voluntad del Muerto / 1930 (v. The Cat Creeps / 1930); Oriente e Ocidente / Oriente y Occidente / 1930 (v. East is West / 1930); Don Juan Diplomatico / 1931 (v. The Boudoir Diplomat / 1930); Dracula / 1931 (v. Dracula / 1931); Resurreccion / 1931 (v. Ressurrection / 1931); Símbolo Materno / Tres Amores / 1934; Alas Sobre el Chaco / 1935 (v. Storm Over the Andes/ 1935), produções da Universal. Carne de Cabaret / 1931 (v. Ten Cents a Dance / 1931); El Codigo Penal / 1931 (v. The Criminal Code / 1931); El Pasado Acusa / 1931 (v. The Good Bad Girl / 1931); Hombres En Mi Vida / 1931 (v. Men in Her Life / 1931), produções da Columbia. Galas de la Paramount/ 1930 (v. Paramount on Parade / 1930); El Cuerpo del Delito / 1930 (v. The Benson Murder Case / 1930); Amor Audaz / Amor Audaz / 1930 (v.  Slightly Scarlet / 1930); O Ranzinza / Cascarrabias / 1930 (v. Grumpy / 1930); El Principe Gondolero / 1930; O Deus do Mar / El Dios del Mar / 1930 (v. The Sea God / 1930); Gente Alegre / Gente Alegre / 1931; El Comediante / 1931, produções da Paramount (USA). O Amor Obriga / Cuesta Abajo / 1934; O Tango na Broadway / El Tango en Broadway/1934; No Dia Que Me Queiras / El Dia Que Me Quieras / 1935;

Carlos Gardel e Rosita Moreno em Tango Bar

Tango Bar / Tango Bar/ 1935, produções da Exito Corp. Inc. / Paramount (NYC), todos com Carlos Gardel;  El Precio de un Beso / 1930 (v. One Mad Kiss / 1930); Argila Humana / Del Mismo Barro / 1930 (v. The Common Clay / 1930); O Barbeiro de Napoleão / El Barbero de Napoleon  / 1930 (Napoleon’s Barber/ 1928 featurette de 32 min. cantado e falado de John Ford); En Nombre de la Amistad / 1930 (Friendship/ 1929, short de 22 min de Eugene Walter); O Último dos Vargas / El Ultimo de los Vargas / 1930 (v. Last of the Douanes / 1930); O Domador de Mulheres / Ladron de Amor ou Cuando el Amor Ríe / 1930 (v. Love Gambler / 1922); O Corajoso / El Valiente / 1930 (The Valiant / 1929); Horizontes Nuevos ou La Gran Jornada / 1931 (v. The Big Trail / 1930); Camino del Infierno / 1931 (v. The Man Who Came Back / 1930); Esclavas de la Moda / 1931 (v. On Your Back / 1930); Príncipe sem Amor / Hay Que Casar al Principe / 1931 (v. Paid to Love / 1927); Conoces Tu Mujer? / 1931 (v. Don’t Bet on Wome / 1931); El Impostor / 1931 (v. Scotland Yard / 1930); Mama / 1931: A Lei do Harém / La Ley del Haren / 1931 (v. Fazil / 1928); Eram Treze / Eran Trece/ 1930 (v. Charlie Chan Carries On /1930); Corpo e Alma / Cuerpo y Alma / 1931; Cavalheiro da Noite / El Caballero de la Noche / 1932 (v. Dick Turpin); Meu Único Amor / Mi Ultimo Amor / 1932; Marido y Mujer / 1932 (v. Bad Girl / 1931); Primavera no Outono / Primavera  en Otoño / 1932; O Último Varão Sobre a Terra / El Ultimo Varon Sobre La Tierra / 1933 (v. It’s Great to be Alive); Uma Viúva Romântica / Una Viuda Romantica  / 1933; O Rei dos Ciganos / El Rey de los Gitanos / 1933; O Eterno Triângulo / Yo, Tu y Ella/ 1933; Não Deixes a Porta Aberta / No Dejes la Puerta Abierta / 1933 (v. Pleasure Cruise); Melodia Proibida / La Melodia Proibida / 1933; Entre a Cruz e a Espada / La Cruz y La Espada / 1933; La Ciudad de Carton / 1933; Granadeiros do Amor/ Granaderos del Amor/ 1934; O Capitão dos Cossacos/ Un Capitan de Cosacos / 1934: Dos Mas Un, Dos / 1934; As Fronteiras do Amor / Las Fronteras del Amor/ 1934; Nada Mais Que Uma Mulher / Nada mas Que una Mujer  / 1934 (v. Pursued / 1934); Senora Casada Necesita Marido / 1934; Julieta Compra un Hijo / 1935: Assegure  a Su Mujer / 1935; Angelina o El Honor de um Brigadier / 1935. Produções da Fox. Piernas de Seda / 1935 (v. Silk Legs); Te Quiero con Locura / 1935; Rosa de Francia / 1935, produções da 20thCentury-Fox. Alma de Gaucho / Alma de Gaucho / 1930, produção da Chris Phillis Prods. Charron, Gauchos y Manolas / 1930 (revista musical de 8 rolos produzida por Xavier Cugat), produção da Hollywood Spanish Pictures Co. La Jaula de los Leones / 1930; Las Campanas de Capistrano / 1930, produções da Ci-Ti-Go, distribuídas pela J. H. Hoffberg Company.

Envolvidos com a espécie de filmes dos quais estou falando, encontravam-se ainda os brasileiros Lia Torá (Hollywood, Cidade dos Sonhos, Don Juan Diplomatico, Eram Treze) e Raul Roulien (Eram Treze, Primavera no Outono, Não Deixes a Porta Aberta, O Último Varão Sobre a Terra, Granadeiros do Amor, Assegure a Su Mujer, Piernas de Seda, Te Quiero con Locura).

Porém o mais famoso foi Jose Mojica (El precio de un Beso, O Domador de Mulheres, Príncipe sem Amor, A Lei do Harém, Cavalheiro da NoiteMeu Único Amor, O Rei dos CiganosMelodia Proibida, Entre a Cruz e a EspadaO Capitão dos Cossacos, As Fronteiras do Amor), o mexicano com um nome amazônico, Crescenciano Abel Exaltación de la Cruz José de Jesus Mojica Montenegro y Chavari, tenor e ator que se tornou monge franciscano. Já como frade, Mojica participou do primeiro programa televisionado no Brasil em 29 de julho de 1950.

A princípio se pensou que a América Latina, com produção cinematográfica regular praticamente inexistente, e incapaz de competir com a dos Estados Unidos, fosse um mercado fabuloso para a exportação dos hablados en español. Para surpresa de todos, porém, os filmes falados em inglês eram muito bem aceitos pelo público não só latino, como mundial, e os “ídolos da tela” norte-americanos  eram tão queridos pelos fãs, que os executivos dos estúdios logo perceberam a desnecessidade das versões estrangeiras.

Em 1931, a produção das réplicas espanholas já começava a diminuir, a não ser na Fox, pois essa firma mantinha bons intérpretes e roteiristas sob contrato no departamento estrangeiro e decidiu manter os filmes produzidos diretamente no idioma de Cervantes, por mais algum tempo.

CONEXÃO CINEMA – ÉPOCA DE OURO DO TELEDRAMA NORTE- AMERICANO

Orson Welles repetindo com Betty Grable os papéis de Oscar Jaffe e Lily Garland, que John Barrymore e Carole Lombard interpretaram no cinema, na comédia Suprema Conquista / Twentieth Century/ 1934, dirigida por Howard Hawks; Laurence Olivier no papel do pintor Charles Strickland, que George Sanders fizera sob as ordens de Albert Lewin em Um Gôsto e Seis Vinténs A Moon and Six Pence / 1942; Ingrid Bergman como a preceptora Miss Giddens, que Deborah Kerr personificara em Os Inocentes / The Turn of the Screw / 1961, dirigido por Jack Clayton. Estes foram momentos inesquecíveis que somente os telespectadores americanos dos anos 50 tiveram o privilégio de assistir.

Betty Grable e Orson Welles em Twentieth Century

Naquela ocasião surgiram inúmeros teleteatros, genericamente denominados de “anthology series”, que eram constituídos de adaptações de peças teatrais, romances, contos ou textos escritos especialmente para a TV; eles eram feitos ao vivo, com poucos recursos, em um tempo exíguo e em estúdios apertados mas, graças ao concurso de intérpretes já consagrados nos palcos e o talento de uma nova geração de autores, diretores e atores, atingiram um nível artístico tão elevado que o período em que permaneceram no ar foi cognominado de Época de Ouro do Teledrama. Neste artigo, menciono alguns dos numerosos teleteatros, para dar uma idéia da conexão com o cinema.

José Ferrer caracterizado como Cyrano conversa com o produtor Fred Coe

Philco Television Playhouse (1948-1956), comandado pelo jovem produtor Fred Coe, entrou no ar em 3 de outubro de 1948 e apresentou ”Cyrano de Bergerac” com José Ferrer como Cyrano, papel que o ator repetiria na tela grande no filme de 1950 (Dir: Michael Gordon). Três anos depois, estreou o Philco-Goodyear Television Playhouse no qual foram programados entre outros:  “Marty” de Paddy Chayefsky, com Rod Steiger como o acanhado açougueiro e Nancy Marchand como a garota que traz o amor para a sua vida insípida, papéis depois interpretados por Ernest Borgnine e Julie Harris no filme de 1955 (Dir: Delbert Mann); “A Cattered Affair” outra telepeça de Paddy Chayefsky com Thelma Ritter como a dona-de-casa às voltas com o casamento da filha, papel que depois coube a Bettte Davis no filme do mesmo nome aqui chamado de A Festa do Casamento / 1956 (Dir: Richard Brooks);  “Counselllor-at-Law” com Paul Muni no papel que fôra entregue a John Barrymore no filme de 1933 dirigido por William Wyler (conhecido aqui como O Conselheiro); “A Man is Ten Feet Tall”,  texto escrito por Robert Alan Aurthur com Martim Balsam, Don Murray e Sidney Poitier que no cinema intitulou-se Um Homem Tem Três Metros de Altura Edge of the City / 1957 (Dir: Martin Ritt) e contou com John Cassavetes, Sidney Poitier e Jack Warden no elenco. Além de Chayefsky e Aurthur, Tad Mosel, Horton Foote, N. Richard Nash, William Templeton, Sumner Locke Elliott, David Shaw, Gore Vidal, Arnold Schulman, Calder Willingham escreveram para o Philco-Goodyear e proporcionaram à televisão alguns de seus melhores momentos. Em 1955, o teleteatro foi reintitulado The Alcoa Hour. As três séries eram essencialmente a mesma, sendo a única diferença o nome do patrocinador. Entre os diretores encontramos nomes que depois se distinguiram no cinema: Delbert Mann, Robert Mulligan, Arthur Penn etc.

Franchot Tone (no centro)  em uma cena de Twelve Angry Men

O que Fred Coe era para o Playhouse, Worthington Miner foi para o Studio One( 1948 -1958) mas, enquanto Coe se concentrava nos escritores e seus scripts, Miner colocava a ênfase principalmente no impacto visual de suas produções, nas inovações dramáticas e técnicas de câmera ousadas e imaginativas . O Studio One surgiu em 7 de novembro de 1948 com “The Storm”, estrelado por Margaret Sullavan. Foi o início de um longa temporada, que usufruiu da destreza de produtores e diretores como Felix Jackson, Gordon Duff, Alex March, Robert Herridge, Herbert Brodkin, Norman Felton, Paul Nickell, Franklin Schaffner e Robert Mullligan.  No Studio One, Reginald Rose brilhou com seu original “Twelve Angry Men”, no qual despontavam os doze jurados, Franchot Tone, Robert Cummings, Edward Arnold, Walter Abel, Paul Hartman, George Voskovec, John Beal, Lee Philips, Norman Fell, Joseph Sweeney, Bart Burns e Will West. O espetáculo foi ao ar em 1954, dirigido por Franklin Schaffner e subsequentemente filmado em 1957 com o mesmo título em inglês e intitulado no Brasil, Doze Homens e Uma Sentença. No cinema, o diretor foi Sidney Lumet e a composição do júri também mudou, tendo à frente Henry Fonda, a quem coube o papel de Franchot Tone.

Grace Kelly em The Kill

Por curiosidade, foi no Studio One que Grace Kelly deu seus primeiros passos como atriz no melodrama “The Kill” e, muito antes de Julie Andrews, Mary Wickes foi Mary Poppins ao lado de E. G. Marshall e Valerie Cossart como Mr. e Mrs. Banks. Vale notar ainda uma versão de “The Scarlet Letter” com Mary Sinclair como Hester Prynne sob direção de Franklin Schaffner e uma versão do romance de George Orwell, “Nineteen Eighty-Four”, com Eddie Albert, que levou à transposição cinematográfica em 1956 com Edmond O’Brien, infelizmente ausente das marquises de nossos cinemas.

Ossie Davies e Everett Sloane em Emperor Jones

Kraft Television Theatre (1947-1958) foi o primeiro teledrama que surgiu na televisão em 7 de maio de 1947 e transmitiu duas peças de uma hora ao vivo por semana por cerca de um ano – o único a realizar esta façanha. Foram ao todo 650 peças, empregando algo como 4 mil atores e atrizes. O Kraft jogou no ar, por exemplo, a telepeça “Patterns” de autoria de Rod Sterling, dirigida por Fielder Cook, com Ed Begley, Everett Sloane e Richard Kiley como os principais participantes do jogo pelo poder em uma grande empresa. A telepeça foi considerada um clássico da televisão e depois refeita em 1956 como filme, recebendo o título brasileiro de História de um Egoísta. Fielder Cook dirigiu também a adaptação cinematográfica, Begley e Sloane continuaram nos seus papéis originais e Van Heflin substituiu Richard Kiley como Fred Staples.

Outras apresentações admiráveis foram: uma encenação ambiciosa do naufrágio do Titanic, “A Night to Remember” dirigida por George Roy Hill, contando com 107 atores, 31 cenários, e 7 câmeras e “The Sea is Boiling Hot” focalizando um aviador americano Shimon Wincelberg (Earl Holliman) e um soldado japonês (Sessue Hayakawa) retidos em uma pequena ilha do Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial.  Estes dois teledramas foram alvo de adaptações cinematográficas, pela ordem: Somente Deuspor Testemunha / A Night to Remember / 1958 com Kenneth Moore (Dir: Roy Ward Baker); Inferno no Pacífico/ Hell in the Pacific/ 1958 com Toshiro Mifune e Lee Marvin. O Kraft mostrou ainda  “Emperor Jones” de Eugene O’Neill, com Ossie Davis no papel que Paul Robeson havia interpretado na tela em O Imperador Jones / The Emperor Jones / 1933 e James Dean em “A Long Time Till Dawn”, “Keep our Honor Bright” e “Prologue for Glory”, antes de “estourar” no cinema.

James Dean em A Long Time till Dawn

Robert Montgomery Presents (1950-1957) teve como produtor, mestre de cerimônia e algumas vêzes astro, o veterano ator e diretor de cinema Robert Montgomery e mudava de título conforme seu patrocinador; por exemplo, quando foi patrocinado pelos cigarros Lucky Strike, chamava-se Robert Montgomery Presents Lucky Strike Cigarettes. A série ofereceu alguns originais, mas se apoiava mais fortemente na adaptações de filmes de Hollywood como Vitória Amarga / Dark Victory / 1939; A Carta / The Letter / 1940; Rebecca, a Mulher Inesquecível / Rebecca / 1940 e inclusive um filme que Montgomery estrelou e dirigiu: Do Lôdo Brotou Uma Flor/ Ride The Pink Horse / 1947. Cliff Robertson e Elizabeth Montgomery, a filha de Robert, estrearam como intérpretes nesta série e James Dean foi visto em “Harvest” como filho da personagem interpretada pela veterana Dorothy Gish.

Farley Granger em Incident in an Alley

S. Steel Hour (1953-1963) entrava no ar, uma semana sim outra não, sob o patrocínio do Theatre Guild. Os episódios contaram com a contribuição de autores notáveis como Ira Levin, Richard Maibaum e Rod Serling e atores como Farley Granger em “Incident In An Alley”, como um guarda recruta torturado por um sentimento de culpa após ter matado um menino que estava fugindo da cena de um crime e Julie Harris em “A Wind in the South”, drama passado na Irlanda, estrelado por Julie Harris como uma jovem solteirona, cuja vida é transformada por alguns americanos que chegam à estalagem onde ela trabalha. O programa também produziu versões musicais de uma hora de duração de “The Adventures of Tom Sawyer” e “The Adventures of Huckleberry Finn”, romances famosos de Mark Twain. Entre os artistas convidados, grandes nomes do cinema: Tallulah Bankhead, Dolores del Rio, Rex Harrison, Peter Lorre.

Boris Karloff e Julie Harris em The Lark

Hallmark Hall of Fame (1951-2011), originariamente intitulado Hallmark Television Playhouse, era patrocinado por Hallmark Cards, companhia de Kansas City fabricante de cartões de visita. Foi a série antológica mais longa na história da televisão. De 1954 em diante, todas as suas produções foram transmitidas em cores. Embora tivesse apresentado musicais, óperas e outros tipos de espetáculos, seu maior sucesso foi com o drama, especialmente com adaptações de clássicos da literatura ou da dramaturgia e, em anos recentes, peças históricas. Eis aqui parte da lista: duas produções diferentes de “Hamlet”, uma estrelada por Maurice Evans e outra por Richard Chamberlain; “Macbeth” com Maurice Evans e Judith Anderson; “Man and Superman”, de Bernard Shaw, com Maurice Evans e Joan Greenwood; “Born Yesterday” com Mary Martin no papel de Billie Dawn interpretado na tela por Judy Holiday no filme de 1950,  aqui intitulado Nascida Ontem; “The Lark”, adaptação de Lillian Hellman da peça de Jean Anouilh, com Julie Harris como Joana D’Arc e Boris Karloff como Cauchon; “The Green Pastures”, a fábula de Marc Connelly, com William Warfield no papel  entregue a Rex Ingram na versão para o cinema de 1936, exibida em nosso país como Mais Próximo do Céu.

Mel Ferrer e Audrey Hepburn em Mayerling

Para a estréia de Producers’ Showcase (1954 -1957), Otto Preminger produziu e dirigiu “Tonight at 8.30”, trio de peças de um ato de Noel Coward com um elenco que incluía Ginger Rogers, Trevor Howard, Gig Young, Ilka Chase e Gloria Vanderbilt.  Humphrey Bogart e Lauren Bacall fizeram sua primeira intervenção na TV em  “The Petrified Forest”, dirigidos por Delbert Mann. Bogart reassumiu o papel de Duke Mantee, que havia criado no palco em 1935 e repetido no cinema em 1936 no filme aqui conhecido como A Floresta Petrificada enquanto Bacall entrava no lugar do personagem de Bette Davis e Henry Fonda no de Leslie Howard; William Wyler estreou na tela pequena com “The Letter”, mesma história do filme intitulado aqui A Carta, que ele realizou em 1940 com Bette Davis, Herbert Marshall, James Stephenson e Gale Sondergaard, contando desta vez com os atores Siobhán McKenna, John Mills, Michael Rennie e Anna May Wong. Anatole Litvak fez sua intervenção no vídeo com “Mayerling” tendo como intérpretes principais Audrey Hepburn e Mel Ferrer. Litvak também dirigiu o filme de 1936 com Charles Boyer e Danielle Darrieux, intitulado Mayerling em nosso território. Outras atrações de destaque foram: “Our Town”, adaptação musical da  peça de Thornton Wilder que fôra levada ao cinema em  1940 com William Holden e Martha Scott e passou nos nossos cinemas como Nossa Cidade; “Caesar and Cleopatra”  com um cast incrível: Claire Bloom, Sir Cedric Hardwicke, Jack Hawkins, Judith Anderson, Farley Granger, Anthony Quayle, Thomas Gomez entre outros. No cinema, a peça de Bernard Shaw  surgira em 1948 com Claude Rains, Vivien Leigh, Stewart Granger, Michael Rennie, Francis L. Sullivan, Cecil Parker e, em “pontas”, Roger Moore (soldado romano) e Jean Simmons (harpista); “Dodsworth”, com Fredric March, Claire Trevor e Geraldine Fitzgerald, adaptação da peça de Sinclair Lewis levada à tela em 1936 por William Wyler com Walter Huston, Ruth Chatterton e Mary Astor, recebendo aqui o título de Fogo de Outono; “Cyrano de Bergerac” com José Ferrer recriando seu papel do palco e da tela, desta vez tendo como parceiros Claire Bloom e Christopher Plummer; o filme passou no nosso país em 1950 com o mesmo título original.

Jack Lemmon em The Day Lincoln Was Shot

Ford Star Jubilee (1955-1956), patrocinado pela Ford Motor Company, ofereceu, entre outros, a comédia-fantástica de Noel Coward, “Blithe Spirit”, com o próprio Coward, Claudette Colbert e Lauren Bacall recriando os papéis de Rex Harrison, Constance Cummings e Kay Hammond no filme de David Lean de 1945, aqui exibido como Uma Mulher do Outro Mundo; “The Day Lincoln Was Shot” com Jack Lemmon como John Wilkes Booth nesta dramatização de autoria de Jim Bishop; no elenco, Lillian Gish  como Mrs. Lincoln e Raymond Massey como Lincoln; “Twentieth Century” com uma dupla estranha, Orson Welles e Betty Grable, nos papéis vividos na tela por John Barrymore e Carole Lombard no filme que vimos em nossos cinemas como Suprema Conquista.

Omnibus (1952-1961), apresentado por Alastair Cooke, fazia jús ao seu título – foi um veículo para uma grande quantidade de passageiros, que podiam ser celebridades em discussões sobre Arte (v. g. Agnes DeMille Gene Kelly falando sobre dança; Frank Lloyd Wright sobre arquitetura) ou se apresentando como personagens famosos (v. g. Yul Brynner como François Villon; Orson Welles como King Lear; Christopher Plummer como Édipo; Peter Ustinov como Samuel Johnson; George C. Scott como Robespierre.

Playhouse 90(1956-1960) foi uma série de dramas semanais de 90 minutos que proporcionou teledramas de muito sucesso como “Requiem for a Heavyweight” com Jack Palance como o pugilista decaído e Keenan Wynn, Ed Wynn e Kim Hunter papéis interpretados por Anthony Quinn, Jackie Gleason, Mickey Rooney e Julie Harris posteriormente na versão fílmica de 1962, dirigida por Ralph Nelson e mostrada no Brasil como Requiem por um Lutador; “The Plot to Kill Stalin”, que suscitou protesto vigoroso dos russos, com Melvyn Douglas  (Stalin), Eli Wallach (seu assistente), E. G. Marshall (Beria), Thomas Gomez (Malenkov) e Luther Adler (Molotov), dirigidos por Delbert Mann; “The Days of Wine and Roses” com Piper Laurie e Cliff Robertson como os dois jovens  casados que se tornam ambos alcoólatras, dirigidos por John Frankenheimer. Na versão cinematográfica de 1962  aqui intitulada Vício Maldito, os atores principais eram Jack Lemmon e Lee Remick e o diretor, Blake Edwards; “Judgement at Nuremberg”, com um elenco diferente do filme de 1961 que vimos sob o nome de Julgamento em Nuremberg; por exemplo, Claude Rains no papel que iria caber a Spencer Tracy e Paul Lukas no papel que seria entregue a Burt Lancaster; “For Whom The Bell Tolls”, dirigido por Frankenheimer e com Maria Schell e Jason Robard, Jr. assumindo os papéis que Ingrid Bergman e Gary Cooper interpretaram no filme aqui lançado como  Por Quem os Sinos Dobram. O diretor mais assíduo da série foi John Frankenheimer (27 ep.) seguido por Franklin Schaffner (19 ep.) que, como os outros diretores, Sidney Lumet, George Roy Hill, Delbert Mann e Robert Mulligan, iriam brilhar nos anos sessenta em Hollywood.

Laurence Olivier em A Moon and Six Pence

Du Pont Show of the Month(1957-1961) concentrava-se mais nas adaptações de clássicos da literatura. Servindo-se de diretores como Sidney Lumet, Raph Nelson, Alex Segal e Robert Mulligan, levou ao ar, entre outros: ”Don Quixote” com Lee J. Cobb que inspirou várias versões cinematográficas antes (v. g.  a de G. W. Pabst com Feodor Chaliapin / 1933) e depois (v. g.  a de G. Kozintsev com Nikolay Cherkassov / 1957 e  a de Orson Welles com Francisco Riguera); “The Browning Version” com John Gieguld e Margaret Leighton nos papéis que Michael Redgrave e  Jean Kent interpretaram na versão fílmica de 1951 (Dir: Anthony Asquith), aqui exibida como Nunca Te Amei e Albert Finney e Greta Scacchi repetiriam na versão de 1994 (Dir: Mike Figgis); “Swiss Family Robinson” com Walter Pidgeon e Laraine Day como o casal Robinson que John Mill e Dorothy McGuire reviveriam no filme de 1960 aqui chamado de A Cidadela dos Robinson e que Thomas Mitchell e Edna Best já haviam personificado em Robinson Suiço / 1940;  “The Heiress”, adaptação do romance de Henry James com Julie Harris e Farley Granger  nos personagens vistos na tela grande no filme de William Wyler, Tarde Demais /  1949, sob os traços de Olivia de Havilland e Montgomery Clift; “The Devil and Daniel Webster” com Edward G. Robinson como Daniel Webster e David Wayne como o Diabo, papéis que couberam a  Edward Arnold e Walter Huston no filme de 1941, aqui intitulado O Homem Que Vendeu a Alma; “The Turn of the Screw” com Ingrid Bergman estreando na TV dirigida por John Frankenheimer, no papel que Deborah Kerr repetiria no filme de 1961, que foi aqui batizado de Os Inocentes; “The Moon and Six Pence” com Laurence Olivier, tendo como coadjuvantes Jessica Tandy e Geraldine Fitzgerald em uma produção caprichada sob as ordens de Robert Mulligan do romance de Somerset Maugham que já havia chegado ao cinema no filme de 1942, dirigido por Albert Lewin e chamado entre nós de Um Gôsto e Seis Vinténs.

FREDRIC MARCH II

Nos anos 40, Fredric March emprestou seu talento para filmes de apreciável mérito artístico, produzidos por diversas companhias: MGM (Uma Mulher Original / Susan and God / 1940 / Dir: George Cukor, com Joan Crawford); Paramount (Terror no Paraíso / Victory / 1940 / Dir: John Cromwell, com Betty Field); David Loew-Albert Lewin (Náufragos / So Ends Our Night / 1941 / Dir: John Cromwell, com Margaret Sullavan); Warner (Com Um Pé No Céu / One Foot in Heaven / 1941 / Dir: Irving Rapper, com Martha Scott); B.P. Schulberg – Columbia (Romance Noturno / Bedtime Story / 1941 / Dir: Alexander Hall, com Loretta Young); René Clair Prod. – Cinema Guild (Casei-me Com Uma Feiticeira / I Married a Witch / 1942 (Dir: René Clair, com Veronica Lake); Warner (As Aventuras de Mark Twain / The Adventures of Mark Twain / 1944, mas filmado em 1942 (Dir: Irving Rapper, com Alexis Smith); Lester Cowan (Sementes de Ódio / Tomorrow, the World / 1944 / Dir: Leslie Fenton, com Betty Field); Goldwyn (Os Melhores Anos de Nossas Vidas / The Best Years of OurLives / 1946 / Dir: William Wyler, com Myrna Loy); Universal (No Caminho da Vida / Another Part of the Forest / 1948 / Dir: Michael Gordon, com Florence Eldridge); Universal (Piedade Homicida / An Act of Murder / 1948 / Dir: Michael Gordon, com Florence Eldridge); Gainsborough, Sydney Box Prod. (Cristovão Colombo / Christopher Columbu / 1949 / Dir: David MacDonald, com Florence Eldridge).

Frederic March e Joan Crawford em Uma Mulher Original

Uma Mulher Original, comédia satírica baseada na peça de Rachel Crother, tendo como personagem central uma dama da sociedade, Susan Textel (Joan Crawford), que funda uma religião exótica e permite que ela ocupe sua vida às custas do seu marido alcoólatra (Fredric March), sua filha adolescente (Rita Quigley) e seus amigos. Os lindos modelos de Adrian causaram furor entre o público feminino.

Fredric March e Betty Field em Terror no Paraíso

Terror no Paraíso, adaptação de um romance de Joseph Conrad já levado à tela na cena silenciosa (Vitória / Victory / 1919, por Maurice Tourneur) e na fase sonora (Paraíso Perigoso / Dangerous Paradise / 1930, por William Wellman) sobre um inglês, Hendryk Heyst (Fredric March), que, desejando se desligar do mundo, vive em uma ilha nos Mares do Sul, mas acaba se envolvendo com Alma (Betty Field), pianista de uma orquestra feminina itinerante, e são ambos ameaçados por três  assassinos.

Náufragos, adaptação de um romance de Erich Maria Remarque sobre o drama de refugiados alemães  (Fredric March, Margaret Sullavan, Glenn Ford) sem passaporte, que são deportados de todo país por onde passam, perseguidos pelos nazistas. Frances Dee é a esposa do dissidente político alemão (interpretado por March) de quem ele quer se divorciar, para ela não ser incomodada pelo chefe da SS (Erich von Stroheim).

Fredric March e Martha Scott em Com Um Pé No Céu

Com Um Pé No Céu, cinebiografia episódica baseada na vida de um ministro Metodista, William Spence (Fredric March) e seus esforços para administrar suas paróquias no início do século XX ao lado de sua esposa (Martha Scott) e filhos. O ponto alto do filme é a ida do ministro ao cinema pela primeira vez e seu prazer em ver William S. Hart em O Braço de Ferro / The Silent Men / 1917, apesar da desaprovação dos filmes proclamada pelos líderes metodistas.

Loretta Young e Fredric March em Romance Noturno

Romance Noturno, comédia focalizando uma atriz (Loretta Young), que acaba de alcançar seu maior triunfo no palco e agora quer se retirar para uma fazenda no campo na companhia de seu esposo produtor e dramaturgo (Fredric March). Ela fica indignada ao saber que ele vendeu a fazenda, a fim de financiar uma nova peça para ela estrelar e entra com o pedido de divórcio; naturalmente ele a segue, a fim de reconquistá-la, embora ainda esperando que ela veja as coisas à sua maneira.

Veronica Lake e Fredric March em Casei-me Com Uma Feiticeira

Casei-me Com Uma Feiticeira, comédia romântico-fantástica sobre uma linda mulher, Jennifer (Veronica Lake) e seu pai Daniel (Cecil Kellaway) que há 300 anos foram queimados na fogueira, acusados de feiticeiros pelo puritano Jonathan Wooley  (Fredric March). Ao ser consumida pelas chamas, ela lança uma maldição sobre Wooley e todos os seus descendentes, para que eles sejam infelizes no amor. Depois de passarem por várias gerações, Jennifer e seu pai assumem forma humana no presente e tentam destruir o noivado de um político descendente de Wooley (Fredric March); mas ela acaba se apaixonando por ele.

Fredric March e Alexis Smith em As Aventuras de Mark Twain

As Aventuras de Mark Twain, cinebiografia hollywoodianizada descrevendo a trajetória do grande escritor Samuel Langhorne Clemens (interpretado por Fredric March com a ajuda de três narizes falsos), das barcaças do Mississippi e da Corrida do Ouro para a glória literária. O filme foi indicado ao Oscar em três categorias: Melhor Direção de Arte em Preto e Branco (John J. Hughes / decoração de Fred McLean); Melhor Música de Filme Não Musical (Max Steiner); Melhor Efeito Especial Fotográfico e Sonoro (Paul Detlefsen e John Crouse / foto; Nathan Levinson / som).

Sementes de Ódio, drama baseado em uma peça de sucesso da Broadway, contando como um rapaz (Skip Homeier) criado na Alemanha e adotado por um tio americano (Fredric March), professor universitário, revela-se um nazista fanático doutrinado pela Juventude Hitlerista e antagoniza principalmente a noiva judia (Betty Field) do catedrático.

Harold Russel, Dana Andrews e Fredric March em Os melhores Anos de Nossas Vidas

Os Melhores Anos de Nossas Vidas, drama com um testemunho sociológico sobre a dificuldade de readaptação à vida civil de três militares  (Fredric March, Dana Andrews, Harold Russel), que retornam da Segunda Guerra Mundial.

No Caminho da Vida, drama baseado na peça de Lillian Hellman, que mostra as raízes dos problemas e maquinações da família Hubbard durante anos antes de Pérfida/ The Little Foxes / 1941, com Fredric March como Marcus, o homem de negócios que enriqueceu por meio de negócios obscuros durante a Guerra Civil, Florence Eldridge como Lavinia, sua esposa sofredora, e Ann Blyth como uma jovem que aprende uma lição de astúcia e amoralidade com seus irmãos  (Dan Duryea, Edmond O Brien).

Piedade Homicida, drama criminal, com cenas cinematograficamente criativas (v. g.  o uso do espelhos nas crises da enferma), abordando a questão da eutanásia, quando um juiz íntegro, Calvin Cooke (Fredric March), sabendo que sua esposa, Catherine (Florence Eldridge) sofre de um câncer no cérebro, inoperável e incurável, resolve, ante as dores terríveis que ela sofre, provocar um acidente de automóvel do qual nenhum dos dois escapasse com vida; ele, porém, se salva, e assim que se restabelece, procura a justiça, declarando-se assassino da esposa.

Cristovão Colombo, adaptação pictoricamente luxuosa em Technicolor, de um romance de aventura de Rafael Sabatini, mas com um andamento arrastado e sem o tom épico necessário para ilustrar o feito heróico do navegador genovês na sua busca pelas Índias Ocidentais. Fredric March personifica Colombo e Florence Eldridge a Rainha Isabel de Castela.

Cena de Os Melhores Anos de Nossas Vidas

 

Os Melhores Anos de Nossas Vidas sobressai sobre os demais pela humanidade e realismo do seu tema e pela quantidade de Oscars que proporcionou. Em 1945, três soldados americanos desmobilizados após o fim da Segunda Guerra Mundial – um sargento de infantaria (Fredric March), um capitão da aviação (Dana Andrews) e um marujo mutilado (Howard Russell) – se conhecem na viagem de volta para  sua cidade natal. Seus sentimentos de impaciência e apreensão são compartilhados. Como vai se passar o retorno à vida pessoal e social? O sargento, devotado pai de família, volta para sua mulher (Myrna Loy) e para um emprego que não o sastifaz; o capitão vai se reencontrar com a esposa (Virginia Mayo) com quem estivera casado apenas durante poucas semanas antes de ir para a guerra, e o marujo, que volta sem as duas mãos vai reunir–se à namorada de infância (Cathy O’Donnell). Os três enfrentam crises diferentes. William Wyler narra com delicadeza e inteligência esses acontecimentos, utilizando (com a ajuda de Gregg Toland) primorosamente a profundidade de campo e outros recursos estéticos (formidável o traveling psicológico na sequência no cemitério dos aviões) e coordenando com  autoridade uma equipe de atores e técnicos bem afinados. Os prêmios da Academia foram: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Fredric March), Melhor Ator Coadjuvante (Harold Russell), Melhor Roteiro Adaptado (Robert E. Sherwood), Melhor Música de Filme Não Musical (Hugo Friedhofer), Melhor Montagem (Daniel Mandell) além de um troféu especial para o ator não professional Harold Russell, “por levar a esperança e a coragem aos seus colegas veteranos de guerra”.

Durante a Segunda Guerra Mundial, March narrou um documentário sobre a então aliada Rússia, intitulado Black Sea Fighters, cujo script foi escrito por Clifford Odets e  ajudou a divertir os soldados, apresentando-se em acampamentos militares e hospitais em cinco continentes (América do Norte e do Sul, África, Asia e Europa), começando pelo Brasil. Do seu grupo faziam parte o comediante Sammy Walsh, a cantora Jeanne Darrell e a acordionista Evelyn Hamilton.

Em 1949, March fez sua estréia na TV no Ford Theater Hour em uma transmissão ao vivo de Twentieth Century, peça de Ben Hecht-Charles MacArthur, já levada à tela em 1934 por Howard Hawks com John Barrymore e Carole Lombard, e que aquí recebeu o título de Suprema Conquista. March herdou o papel de Oscar Jaffe e Lili Palmer o de Lily Garland, que haviam sido magnificamente interpretados por Barrymore e Lombard.

Fredric March questionado por Martin Dies Jr.da HUAC

Na manhã de 8 de junho de 1949, o nome de Fredric March apareceu na manchete do Los Angeles Mirror como tendo sido apontado (ele, Florence, e outros artistas como Edgard G. Robinson, John Garfield, Danny Kaye, Paul Muni, Sylvia Sidney, Frank Sinatra, Gregory Peck, Melvyn Douglas) como comunista por um relatório secreto do FBI. A resposta de March foi imediata. Ele contestou veementemente a acusação, processou o Counterattack – boletim anti-comunista, vendido por assinatura, que havia publicado a informação – e, em 22 de dezembro, o Hollywood Reporter anunciou que a edição do dia seguinte do Counterattack iria publicar uma retratação. Ao contrário de outros colegas, como Edward G. Robinson e John Garfield, nem March nem Eldridge foram intimados a testemunhar diante de nenhuma comissão, que poderia pedir para que eles delatassem colegas.

Este incidente não fez com que os March ficassem menos ativos politicamente ou em assuntos de bem estar social e nem interrompeu suas atuações no palco. No verão de 1950, eles interpretaram os papéis do Dr. Stockman e sua esposa  na adaptação da peça de Ibsen, “ En folkenfende” (O Inimigo do Povo),  feita por Arthur Miller, que utilizou esta obra do dramaturgo norueguês, para denunciar a situação política em curso no país,  onde as pessoas estavam sendo  perseguidas pelas suas convicções.

Fredric March e Mildred Dunnock em A Morte do Caixeiro Viajante

Quando surgiu a oportunidade de atuar na versão cinematográfica da peça de Arthur Miller, A Morte do Caixeiro Viajante/ Death of a Salesman / 1951, March não  deixou a chance lhe escapar de novo, pois durante anos  lamentou não ter aceitado o convite de interpretar o papel de Willy Loman na produção original da Broadway. Stanley Kramer produziu o filme para a Columbia e entregou a direção ao húngaro Laslo Benedek. A crítica astuta de Miller do Sonho Americano com sua ênfase no fracasso pessoal e profissional é um dos trabalhos mais importantes do Teatro Americano e, quando a peça estreou em 1949, dirigida por Elia Kazan com Lee J. Cobb, arrebatou os críticos, teve mais de 700 representações, e rendeu ao seu autor o Pulitzer Prize. No Brasil, a atuação magistral de Jaime Costa provocou o mesmo louvor da crítica. Miller não gostou do filme, insistindo que ele traiu sua intenção original, que era retratar seu protagonista central como uma vítima trágica do capitalismo e não, como o filme sugere, um chefe de família fracassado, que provoca seus próprios infortúnios. A perfomance de March foi um pouco exagerada, mas muito sincera, garantindo-lhe o prêmio de Melhor Ator no Festival de Veneza e sua quinta indicação para o Oscar. Na parte técnica, uma originalidade: os flashbacks  ou as dissolvências são dispensados e os incidentes do passado relatados em contínuo movimento como, por exemplo, quando Loman pensa em um incidente ocorrido anos atrás e caminha da velha cozinha do presente para a mesma cozinha mais nova de vinte anos atrás.

Fredric March em Os Saltimbancos

March reuniu-se com Elia Kazan pela primeira vez, desde que ele o dirigiu na peça “The Skin of Our Teeth”, em Os Saltimbancos / Man on a Tightrope / 1953,  drama sombrio e depressivo, produzido pela Twentieth Century Fox, no qual faz o papel de Karel Cernek, dono de um circo da Tchecoslováquia que, revoltado com as restrições da burocracia comunista, planeja uma fuga da trupe para a zona americana. O ator sentiu que sua presença em um filme de propaganda como esse dissiparia alguns efeitos ainda pendentes das acusações que haviam sido feitas contra ele.

Fredric March em As Pontes de Toko-Ri

Fredric March e Barbara Stanwyck em Um Homem e Dez Destinos

No ano seguinte, dois filmes de reconhecida dignidade artística, Um Homem e Dez Destinos / Executive Suite  (Dir: Robert Wise, MGM) e  As Pontes de Toko-Ri / The Bridges of Toko-Ri (Dir: Mark Robson, Perlberg-Seaton Prod.) apresentaram-no em papéis característicos. No primeiro, estudo penetrante da alta esfera industrial, mostrando a disputa pelo cargo de um novo presidente de uma grande companhia, March, apesar de cercado por um elenco irrepreensível (Barbara Stanwyck, William Holden, Walter Pidgeon, June Allyson, Nina Foch, Paul Douglas, Dean Jagger e Shelley Winters), conseguiu se destacar como Loren P. Shaw, um dos executivos que ambicionam o cargo – mas foi Nina Foch quem conseguiu ser indicada para o Oscar.  Wise manteve uma tensão constante até o climax da competição, auxiliado por uma equipe técnica indicada para o Oscar: George Folsey (fotografia preto e branco), Edwin B. Willis, Emile Kuri (direção de arte, interiores preto e branco) e Helen Rose (figurinos preto e branco). No segundo filme – versando sobre a Guerra da Coréia, mas particularizando o medo de um jovem advogado (William Holden) que, arrancado dos braços da mulher (Grace Kelly) e das filhas, foi reconvocado e se sente arbitrariamente envolvido no conflito armado (pois já dera sua cota de sacrifício e agora terá que pilotar um avião a jato em uma missão suicida) -, March é o almirante George Tarrant, que perdera um filho na Segunda Guerra e tenta animá-lo, com a filosofia de que o progresso do mundo se deve ao sacrifício de alguns. Porém, quando vê o rapaz partir para a morte, não consegue esconder a dor que sente.

Na segunda metade do decênio, o nome de March continuou aparecendo em segundo plano nos créditos – depois de Humphrey Bogart em Horas de Desespero/ The Desperate Hours/ 1955 (Dir: William Wyler, Paramount); de Richard Burton em  Alexande Magno/ Alexander the Great/ 1956, (Dir: Robert Rossen, C. B. Films)/ Rossen Films); de Gregory Peck em O Homem do Terno Cinzento/ The Man in the Gray Flannel Suit/ 1956 (Dir: Nunnally Johnson, Twentieth Century-Fox); de Kim Novak  (mas no papel principal) em Crepúsculo de uma Paixão/ Middle of the Night/ 1959 (Dir: Delbert Mann,  Sudan Prod.)

Fredric March e Humphrey Bogart em Horas de Desespero

Fredric March e Richard Burton em Alexandre   Magno

Gregory Peck e Fredric March em O Homem do Terno Cinzento

Kim Novak e Fredric March em Crepúsculo de uma Paixão

Em Horas de Desespero, drama criminal com muita tensão dramática, March é Dan C. Hilliard, chefe de uma família suburbana sitiada por três fugitivos da penitenciária liderados por Glenn Griffin (Humphrey Bogart). Em Alexandre o Magno, biografia do personagem histórico bem documentada mas com trechos demasiadamente longos e cansativos, March é Felipe da Macedonia, o pai de Alexandre (Richard Burton). Em O Homem do Terno Cinzento, drama social e existencial, March é Ralph Hopkins, executivo de uma rede de televisão, onde um ex-soldado (Gregory Peck) procura emprego, mas tem que enfrentar questões éticas e as lembranças da guerra. Em Crepúsculo de uma Paixão, drama baseado na peça de Paddy Chayefsky e adaptado por ele mesmo, March é Jerry Kingsley, negociante de meia-idade viúvo, que procura refúgio à sua solidão em uma secretária récem-divorciada e também solitária (Kim Novak), bem mais nova do que ele, criando problemas na sua família.

Spencer Tracy e Fredric March em O Vento Será Tua Herança, vendo-se ao fundo, Harry Morgan.

Nos anos 60, March continuou em atividade em mais cinco filmes, nos quais atuou como coadjuvante ou dividindo o papel principal com outro astro de nível igual ao seu como ocorreu em O Vento Será Tua Herança/ Inherit The Wind/ 1960 (Dir: Stanley Kramer / Stanley Kramer Prod.), reconstituição levemente disfarçada do famoso “Processo do Macaco”, ocorrido em 1925, quando dois grandes advogados Clarence Darrow e William Jennings Bryan se enfrentaram no tribunal, o primeiro defendendo um professor de biologia, acusado do crime de ter ensinado a Teoria de Darwin da evolução das espécies e o segundo, um político fundamentalista, funcionando na acusação. Os nomes de Darrow e Bryan foram mudados no filme para Henry Drummond (Spencer Tracy) e Matthew Harrison (Fredric March).

Robert Wagner, Sophia Loren e Fredric March em Os Sequestrados de Altona

Fredric March e Kirk Douglas em Sete Dias de Maio

Richard Boone, Barbara Rush e Fredric March em Hombre

Os outros filmes foram: Preceito de Honra/ The Young Doctors / 1961 (Dir: Phil Karlson / Millar Turman Prod – Drextel Films), drama sobre a vida profissional dos médicos de um hospital, exaltando a classe médica, mas sem evitar os aspectos negativos do assunto como a burocracia, os problemas de ordem econômica e as deficiências no atendimento aos pacientes. March é o Dr. Pearson, chefe do laboratório de patologia do hospital que, após muito tempo no serviço, precisa ser removido do cargo que ele obstinadamente não quer largar para seu assistente, um médico mais jovem (Ben Gazarra); O Condenado de Altona / I Sequestrati Di Altona / 1962 (Dir: Vittorio de Sica / Société Générale de Cinematographie – Titanus), drama moroso baseado na peça de Jean-Paul Sartre mostrando as consequências morais e psíquicas do nazismo na Alemanha, sobre a família (Maximilian Schell, Sophia Loren, Robert Wagner, Françoise Prevost) do industrial Albrecht von Gerlach (Fredric March), que serviu aos interesses econômicos do regime hitlerista e  se enriqueceu das ruínas da guerra reconstruindo para os americanos os estaleiros legados dos nazistas; Sete Dias de Maio / Seven Days in May / 1964 (Dir: John Frankenheimer / Joel Prod.- Seven Arts Prod.), drama fictício em chave de thriller narrando a semana decisiva de um golpe preparado pelo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas (Burt Lancaster) contra o Presidente dos Estados Unidos (Fredric March), que dele toma conhecimento por intermédio do Coronel Jiggs (Kirk Douglas). A exibição do filme foi momentaneamente proibida na antiga Guanabara e em São Paulo em face da situação política em nosso país naquele momento; Hombre / Hombre / 1967 (Dir: Martin Ritt / Hombre Prod.), westernlento mas absorvente, com boa análise de caractéres, tendo Paul Newman no papel de John Russell (apelidado de “Hombre”), rapaz branco por nascimento, mas criado pelos apaches em uma reserva indígena, que segue na diligência fretada por Favor (Fredric March), agente dos negócios indígenas em fuga, na companhia de sua esposa  sexualmente reprimida (Barbara Rush), com o dinheiro que roubara dos fundos do governo. Russell é desprezado pelos seus “respeitáveis” companheiros de viagem, porém se torna a única esperança de sobrevivência do grupo, quando são assaltados por bandidos liderados por Cicero Grimes (Richard Boone).

A carreira de Fredric March quase se encerrou com O Xerife da Cidade Explosiva / Tick…Tick….Tic. / 1970, drama rural que se inicia quando um candidato negro Jimmy Price (Jim Brown) sai vitorioso nas eleições para delegado de uma pequena cidade do Sul dos EUA, desencadeando preconceitos, mas com o auxílio do prefeito Jeff Parks (Fredrich March), do ex-xerife John Little (George Kennedy), e da boa aplicação da lei, todos acabam reconhecendo seu valor.

Lee Marvin e Fredric March em The Iceman Cometh

Após esta filmagem, March estava razoavelmente certo de que havia se retirado das telas, mas seus parentes e amigos convenceram-no a aceitar o papel de Harry Hope, o dono do Last Chance Saloon, lugar que retrata simbolicamente a perda da ilusão e a aproximação da Morte em The Iceman Cometh / 1973, produção do American Film Theater, baseada na peça nihilista de Eugene O’Neill. Lee Marvin é Theodore “Hickey” Hickman, o caixeiro-viajante alegre e falastrão, cuja visita – para uma “bebedeira periódica” – é aguardada pelo grupo de alcoólatras desajustados na vida e obcecados por fantasias sobre sua condição e o futuro. Hickey tenta fazer com que eles enfrentem a realidade e, no final, revela tragicamente que matou sua esposa, amante de um entregador de gêlo, entregando-se aos policiais.

FREDRIC MARCH I

Ele foi um dos maiores atores do cinema americano, indicado cinco vezes como Melhor Ator pela Academia de Artes e Ciências de Hollywood, arrebatando o Oscar duas vêzes (em 1932 e 1947). Fez mais de 70 filmes em um período de 44 anos de 1929 a 1973 e marcou sua presença nos palcos da Broadway, atuando em produções aclamadas como “The Skin of Our Teeth”, dirigida por Elia Kazan e ganhando dois Tony Awards (por seu desempenho  em “Years Ago” / 1947 e “Long Day’s Journey into Night “/ 1957). Apesar de sua folha corrida de sucessos, nunca desenvolveu uma personalidade fílmica reconhecível que o acompanhasse de filme para filme, preferindo esconder sua pessoalidade atrás do personagem que estava interpretando. “Gary Cooper, Clark Gable, Cary Grant e até Humphrey Bogart interpretavam a si mesmos. Eu sempre interpretei o personagem”.

Fredric March

Ernest Frederick McIntyre Bickel (1897-1975) nasceu na cidade de Racine, Wisconsin, filho de família abastada. Seu pai, John Bikel, era filho de alemães e sua mãe, Cora, cujo nome de solteira era Marcher, filha de um inglês com uma americana de Nova York.

Desde cedo, Frederick desenvolveu um dom para a mímica e para a imitação, e gostava de dramatizar algumas das histórias que lia. Era um bom aluno e popular entre seus colegas e professores, que sempre o convidavam para recitar, algo que gostava de fazer, porque ficava em evidência sob a luz dos refletores. Aos 14 anos de idade começou a participar de concursos estaduais de oratória, representando sua cidade.

Frederick formou-se na Racine High School e pensou em ingressar na Universidade de Wisconsin em Madison, onde já estudavam seus dois irmãos Harry e Jack; porém o pai sofreu dificuldades fnanceiras, e ele teve que ir trabalhar como escrevente em um banco.

Finalmente, depois de dois anos, seu progenitor pôde enviá-lo para a Universidade e, seguindo o conselho de seu irmão mais velho, dedicou-se a assuntos econômicos. Ele se formou em junho de 1920 e já saiu da Universidade com um emprego garantido na filial de um banco em Nova York, mas a atração pelo teatro, adquirida na Universidade, prevaleceu. Frederick começou a mandar suas fotos e dados pessoais para vários agentes até que conseguiu trabalho como figurante no Astoria Studios da Paramount em Long Island, aparecendo pela primeira vez em A Roda da Fortuna / Paying the Piper / 1921 e continuando como extra em Satanás / The Devil / 1921, The Great Adventure / 1921 e A Educação de Isabel / The Education of Elizabeth/ 1921.

Depois de dar seus primeiros passos em frente das câmeras, Frederick posou como modelo para anúncios comerciais; estreou profissionalmente no palco, intepretando o papel de Victor Hugo na peça  “Debureau”, encenada pelo empresário David Belasco; teve aulas de interpretação com Madame Alberti (famosa professora da American Academy of Dramatic Arts); obteve, com a ajuda de John Cromwell (o futuro diretor de cinema) uma participação em “The Law Breaker”, levada à cena pelo eminente produtor teatral William Brady; e ingressou como membro de uma companhia de repertório em Dayton, Ohio (onde conheceu sua primeira esposa, a atriz Edith Baker de quem se divorciou em 1927), para se aperfeiçoar na arte interpretativa.

Fredric March na peça “Melody Man”.

De retorno a Nova York, Frederick assinou contrato com John Cromwell, mudou seu nome artístico para Fredric March, e apareceu pela primeira vez na Broadway em 1924 na comédia “The Melody Man”. Seguiram-se atuações em outras peças produzidas por Cromwell, e depois ele passou a trabalhar no Elitch’s Garden, o mais antigo e prestigioso teatro que só funciona no verão no país, situado em Denver, Colorado, onde conheceu sua segunda esposa, a atriz Florence Eldridge, companheira até o fim de seus dias. Os dois trabalharam juntos no Elitch’s Garden e depois foram empregados pelo Theater Guild, para liderarem uma excursão pelo país com uma companhia de repertório.

O grande sucesso de March nessa etapa de sua trajetória artística no tablado foi seu desempenho como Anthony Cavendish na peça de Edna Ferber e George S. Kaufman, “The Royal Family”, encenada na Broadway, paródia da família Barrymore, focalizando mais precisamente John e Ethel Barrymore. March fazia uma caricatura de John Barrymore. Quando o espetáculo chegou em Los Angeles, ele sabia que astros, diretores, produtores e agentes de Hollywood estariam na platéia e que esta seria a sua grande chance no mundo do cinema.

Hollywood estava então na fase da transição dos filmes mudos para os sonoros e os estúdios procuravam atores talentosos e bem apessoados, que pudessem falar bem. Barrymore estava lá no dia da estréia e foi cumprimentá-lo no camarim. Ao ouvir  sua voz estrepitosa, March quase caiu da cadeira, pois não sabia ao certo se o grande ator vinha congratulá-lo ou condená-lo. Felizmente March sentiu um alívio, quando Barrymore lhe disse: “Foi a maior e mais engraçada performance que eu jamais ví”. Barrymore não foi o único na assistência que achou que March havia feito uma excelente composição e que tinha talento e carisma para se tornar um astro. Os agentes correram atrás dele, resultando um contrato com a Paramount em dezembro de 1928.

Fredric March e Ruth Chatterton em Assim Falou o Mudo

O primeiro filme de March foi Assim Falou o Mudo / The Dummy / 1929 (Dir: Robert Milton, Louis Gasnier), ao lado de Ruth Chatterton, formando um casal separado, cuja filha é sequestrada. Um jovem (Mickey Bennett) que trabalha para uma agência de detetives, se finge de mudo, a fim de ser deliberadamente levado à força pelos sequestradores e armar uma cilada para eles. Na última cena, a garota é salva, e o casal faz as pazes em um final feliz. Como o personagem mais importante era o jovem detetive, March não foi mencionado nas resenhas do filme no New York Times e Ruth só foi mencionada de passagem, embora fossem nominalmente os artistas principais.

Fredric March e Clara Boa em Garotas na Farra

Ele foi mais notado no seu segundo filme Garotas na Farra / The Wild Party / 1929 (Dir: Dorothy Arzner), porque tinha a seu lado a “It Girl”, Clara Bow, que estava fazendo sua estréia no cinema falado, e os fãs acorreram aos cinemas, para ver se ela passaria no teste de voz. No seu terceiro trabalho, O Crime do Estúdio / The Studio Murder Mystery / 1929 (Dir: Frank Tuttle), March é um ator mulherengo, que  vem a ser assassinado, e Florence Eldridge – no primeiro dos sete filmes que fariam juntos – é sua mulher ciumenta, que tem um bom motivo para ter cometido o crime; porém o papel principal coube a Neil Hamilton.

Fredric March e Florence Eldridge em O Crime do Estúdio

Ainda nos anos 20, March fez: Paris Bound/ 1929 (Dir: Edward H. Griffith para a Pathé Exchange), adaptação da peça de Philip Barry com Ann Harding; Ciúmes/ Jealousy/ 1929 (Dir: Jean de Limur), drama com Jeanne Eagels; Mademoiselle Fifi/ Footlights and Fools/ 1929 (Dir: William A. Seiter, musical todo falado (Vitafone) para a First National), com Colleeen Moore e Orfãos do Divórcio/ The Marriage Playground (Dir: Lothar Mendes), drama com Mary Brian – o primeiro e o último produzidos pela Paramount. March diria mais tarde que foi o diretor de Orfãos do Divórcio que lhe deu o melhor conselho no início de sua carreira  sobre interpetação no cinema. “Ele disse, ‘Freddie, quando eu disser  ‘câmera’ tudo que isto quer dizer é relaxe”.

Prosseguindo nos seus compromissos com a Paramount, March e Ruth Chatterton tiveram mais oportunidade de chamar a atenção dos espectadores em Sarah e Seu Filho / Sarah and Son / 1930 (Dir: Dorothy Arzner), dramalhão sobre o amor maternal, com Ruth no papel de Sarah Storm, imigrante alemã que trabalha como empregada doméstica em Nova York e forma um número de vaudeville com um ex-chofer de caminhão muito grosseiro. Ele a abandona, alista-se na Marinha e, em retaliação às recriminações da esposa, entrega o filho deles, Bobby (Philippe de Lacy) para adoção de um rico casal. Sarah continua representando na companhia de uma ex-cantora de ópera. Algum tempo depois, a dupla está percorrendo hospitais para divertir os soldados e, por uma dessas coincidências típicas do gênero melodramático, quem morre diante de seus olhos é o seu ex- marido. Antes de falecer, ele sussurra o sobrenome do casal a quem entregou o menino – Ashmore. Sarah visita os Ashmores (Doris Lloyd, Gilbert Emery), e pede seu filho de volta, mas eles insistem que a criança não pode ser filho dela e ameaçam interná-la em um hospício. Os anos passam, Sarah vai para a Alemanha, onde estuda para se tornar  cantora de ópera.  Retornando a Nova York, ela usa seu prestígio para encontrar Bobby. March interpreta o papel de Howard Vanning, advogado simpático que se apaixona por Sarah e, em uma outra coincidência melodramática, a irmã e o cunhado de Howard são os pais adotivos de Bobby. Os Ashmore substituem o filho de Sarah pelo filho de uma criada, mas Sarah percebe que ele não é Bobby. No final, Bobby foge da casa dos Ashmore e Sarah e seu filho se reencontram. O filme obteve grande êxito popular e Ruth Chatterton foi indicada para o Oscar.  No Brasil passou também a versão portuguesa, A Canção do Berço, dirigida por Alberto Cavalcanti, com Corina Freire no lugar da artista americana.

Fredric March e Ruth Chatterton em Sarah e Seu Filho

March fez uma aparição como fuzileiro naval em um dos esquetes de Paramount on Parade / 1930, dirigidos por vários diretores (Dorothy Arzner, Edmund Goulding, Ernst Lubitsch, Frank Tuttle, Edward Sutherland, Otto Brower, Rowland V. Lee, Lothat Mendes, Victor Schertzinger, Victor Heerman, Edwin H. Knopf) e interpretados por um um punhado de astros  (Maurice Chevalier, Clara Bow, Nancy Carroll, Ruth Chatterton, Evelyn Brent, William Powell, Kay Francis, Gary Cooper, Jean Arthur, Virginia Bruce, Clive Brook, George Bancroft, Fay Wray, Phillips Holmes,  Charles “Buddy” Rogers etc). O filme teve 11 versões e no Brasil passaram a original e a espanhola (Galas de la Paramount), ambas com o título em português de Paramount em Grande Gala.

Mary Astor e Fredrich March em As Mulheres Amam os Burtos

Em seguida, o jovem ator de Racine, Wisconsin, foi creditado em terceiro lugar, depois de George Bancroft e Mary Astor em As Mulheres Amam os Brutos / Ladies Love Brutes /1930 (Dir: Rowland V. Lee), e a ele coube o papel ingrato do marido traído da ricaça interpretada por Astor, que tem um caso com um imigrante brutal, mas nem pensa em um futuro com ele por causa de suas insuficiências sociais.

A Noiva da Esquadra / True to the Navy / 1930 (Dir: Frank Tuttle) reuniu March  e Clara Bow em uma história sobre uma garçonete de San Diego, que se apaixona por um marujo. Neste filme, Clara encontrou seu futuro marido, Rex Bell, que interpretava outro marujo. March pouco tem a fazer e muita gente achou que ele, apesar de ser um ator competente, não parecia um marinheiro. Clara fora prevista para atuar pela terceira vez ao lado de March em Homicida / Manslaughter / 1930 (Dir: George Abbott), mas sua saúde mental estava se deteriorando, e ela foi substituída por Claudette Colbert, no primeiro dos quatro filmes que faria com ele, No enredo, Claudette é uma mulher corrompida pela riqueza e pelo privilégio atraída por um promotor -interpretado por March- , que também corresponde a essa atração, mas rejeita sua maneira de viver.

Clara Bow e Fredric March em A Noiva da Esquadra

Fredric March e Claudette Colbert em Homicida

O Melhor da Vida / Laughter / 1930 (Dir: Harry D’Abadie D’Arrast), comédia romântica sofisticada precursora na fase sonora dos brilhantes exemplares do gênero, que surgiram entre os meados e o fim da década, impulsionou a carreira de March e de Nancy Carroll. Ela é a corista que se casa com um milionário (Frank Morgan) em busca de luxo e March o compositor que lhe mostra os verdadeiros encantos da vida. O diretor D’Arrast, ex-assistente de Chaplin, era muito apreciado na cena muda pelo seu espírito e inteligência, que se assemelhava ao de Ernst Lubitsch.

Fredric March em The Royal Family of Broadway

March teve oportunidade de recriar seu papel no palco de Anthony Cavendish em The Royal Family of Broadway / 1930, dirigido por George Cukor (assessorado na parte técnica por Cyril Gardner), e foi recompensado com a sua primeira das cinco indicações para o Oscar.

Fredric March e Nancy Carroll em O Anjo da Noite

Ele contracenou novamente com Claudette Colbert em Honra Entre Amantes/ Honor Among Lovers/ 1931 (Dir: Dorothy Arzner) e com Nancy Carroll em O Anjo da Noite/ Night Angel / 1931 (Dir: Edmund Goulding). No primeiro, Claudette é secretária executiva de um industrial milionário (Fredric March), que tem um caso com ela. Ele não quer se casar, mas acaba cedendo. No segundo, March é um promotor que manda prender a dona de um bordel (Allison Skipworth), mas se apaixona por sua filha (Nancy Carroll), mata o rufião que a importunava, e é inocentado pelo testemunho da moça.

Meu Pecado / My Sin / 1931 (Dir: George Abbot) reuniu March com Tallulah Bankhead. A ação se passa no Panamá. Tallulah é uma “recepcionista de boate”, que mata um homem em legítima defesa, e March o advogado alcóolatra, que a defende, ganha a causa, recupera o respeito de seus colegas, e também procura mudar a vida de sua cliente. March se reencontraria com Bankhead, quando atuou com ela e sua esposa Florence Eldridge na produção da Broadway “The Skin of Our Teeth” de Thornton Wilder.

Fredric March, Miriam Hopkins e George Cukor na filmagem de O Médico e o Monstro

Fredric March e Miriam Hopkins em O Médico e o Monstro

No final de 1931, March começou a trabalhar no seu filme mais importante até então, O Médico e o Monstro / Dr. Jekyll and Mr. Hyde / 1932, adaptação do célebre romance de Robert Louis Stevenson, “The Strange Case of Dr. Jeckyll and Mr. Hyde”. O diretor Rouben Mamoulian insistiu em colocar March no personagem e ele ganhou o Oscar de Melhor Ator (empatado com Wallace Beery, apesar de ter tido um voto a mais do que Beery  – porque segundo as regras da Academia, menos de três votos de diferença entre um e outro candidato era considerado empate). Miriam Hopkins também teve excelente desempenho como Ivy, a garota do cabaré aterrorizada por Hyde. Ela pretendia fazer o papel da noiva do Dr. Jeckyll, que coube a Rose Hobart, porém o diretor convenceu-a a mudar de idéia. Realizado antes de a censura endurecer, o filme pôde mostrar sem subterfúgios o desejo canal reprimido do médico e as insinuações sexuais da garçonete, sendo memoráveis a fusão da perna de Miriam, balançando na cama. A inventiva troca de filtros coloridos para revelar diferentes camadas da maquilagem de March na cena da transformação diante de nossos olhos; o uso funcional das cortinas diagonais, da câmera subjetiva e da trilha de som; o brilhante aproveitamento da foto em claro-escuro de Karl Struss, confirmam o gênio criativo de Mamoulian em fase cintilante. O filme rendeu indicações ao Oscar para Struss e para Samuel Hoffenstein pelo Melhor Roteiro Adaptado.

Fredric March e Kay Francis em A Volta do Deserdado

Fredric March e Sylvia Sidney em Quando a Mulher se Opõe

Em 1932, March fez dois filmes  corriqueiros na Paramount – A Volta do DeserdadoStrangers in Love / 1932 (Dir: Lothar Mendes), no qual faz um papel duplo como dois irmãos gêmeos, um tomando o lugar do outro quando um deles morre de um ataque cardíaco e conquistando a jovem (Kay Francis) que não amava o morto, mas passa a amar o vivo; Quando a Mulher Se Opõe / Merrily We Go To Hell (Dir: Dorothy Arzner), no qual ele é um alcoólatra e Sylvia Sidney a mulher que tenta em vão livrá-lo da dipsomania – sem contar um cameo em Quero Ser Estrela / Make Me a Star, e dois filmes com maiores valores de produção: um na MGM, O Amor Que Não Morreu / Smilin Through e outro novamente na  Paramount, O Sinal da Cruz / The Sign of the Cross.

O Amor Que Não Morreu, drama romântico com toques de fantasia em produção cuidada, foi indicado para o prêmio da Academia. O diretor Sidney Franklin havia se responsabilizado pela primeira versão, estrelada por Norma Talmadge. Norma Shearer é a jovem que morre no dia do casamento, alvejada pelo pretendente rejeitado (Fredric March), com a bala endereçada ao noivo (Leslie Howard); este, anos depois, opõe-se ao romance entre a sobrinha da falecida e o filho do criminoso. A fotografia de Lee Garmes é notável.

Fredric March e Claudette Colbert em O Sinal da Cruz

O Sinal da Cruz, superespetáculo realizado por Cecil B. DeMille na sua tradicional fórmula de unir erotismo e religião, distorcendo a História, obteve ótima recompensa nas bilheterias. Por motivo de economia cenários e figurinos froram feitos com muita improvisação por Mitchel Leisen. Também para poupar despesas, o fotógrafo Karl Struss usou uma lente prismática para duplicar o tamanho da multidão e filmou todas as cenas noturnas à luz de tochas. Construiu-se uma Roma em miniatura no rancho da Paramount e 12 câmeras focalizaram o pânico das massas na cena do incêndio ordenado por Nero (Charles Laughton). O banho de Popéia foi feito com leite de verdade e, após dois dias de filmagem, reza a lenda que se transformou em queijo, exalando um odor insuportável. Pola Negri e Norma Talmadge foram cogitadas para o papel da Imperatriz romana que acabou sendo de Claudette Colbert. Fredric March e Elissa Landi formam o par romântico – a bela e virtuosa cristã Mercia e Marcus Superbus, o romano convertido ao cristianismo, que entra com sua amada na arena, para encontrar a morte, e as portas da masmorra se fecham criando a sombra do sinal da cruz. O filme todo foi filmado através de uma gaze vermelha, para dar a impressão de tempo passado.

Em 1933, March fez dois filmes dirigidos por Stuart Walker, em ambos auxiliado por Mitchel Leisen (Esta Noite é Nossa / Tonight is Ours, drama romântico sobre uma princesa de um trono mítico (Claudette Colbert) indecisa entre suas obrigações reais e seu amor por um americano  (Fredric March) que conheceu em um baile a fantasia e Os Dragões da Morte / The Eagle and the Hawk, drama de guerra tendo como foco as atividades de um esquadrão da Royal Air Force, do qual fazem parte os aviadores rivais Fredric March e Cary Grant durante o primeiro conflito mundial) e ainda um filme um dirigido por Ernst Lubitsch:  Sócios no Amor/ Design for Living.

Gary Cooper, Fredrich March e Miriam Hopkins em Sócios no Amor

Ernst Lubitsch, Gary Cooper, Miriam Hopkins e Fredrich March na filmagem de Sócios no Amor

A fim de preservar o severo Código de Produção o ménage-a-troisde dois homens e uma mulher em Sócios do Amor, o adaptador-roteirista Ben Hecht usou toda a sua verve e inteligência para atenuar as inúmeras infrações morais da peça de Noel Coward. No roteiro, a desenhista industrial Gilda Farrell (Miriam Hopkins) encontra-se em um trem com dois promissores artistas, o escritor Tom Chambers  (Fredrich March) e o pintor George Curtis (Gary Cooper). Ambos se apaixonam pela moça, mas como ela não se decide por nenhum deles, combinam viver juntos os três, platonicamente. Cansada das ciumeiras dos dois, Gilda parte para Nova York e se casa com o patrão, Max Plunkett (Edward Everett Horton). Entretanto, transcorrido um ano, Gilda reencontra seus amigos, e resolve voltar a morar com eles.

 

Sylvia Sidney e Fredric March em Em Má Companhia

Apesar de ter tido a chance de atuar em um filme de um grande cineasta como Lubitsch, March estava insatisfeito na Paramount, pois queria mais autonomia em relação à sua carreira e mais tempo de folga para poder viajar e conviver com a família. Sendo assim, resolveu encerrar seu contrato com a empresa, completando os três últimos filmes nele previstos: os rotineiros e mal sucedidos Toda Tua / All of Me / 1934 (Dir: James Flood), com Miriam Hopkins e Em Má Companhia / Good Dame 1934 (Dir: Marius Gering), com Sylvia Sidney, e o excelente Uma Sombra Que Passa / Death Takes a Holiday / 1934 (Dir: Mitchel Leisen).

Em Uma Sombra Que Passa, A Morte vem passear pela Terra, para saber por que todos a temem. Assumindo os traços do misterioso Príncipe Sirki (Fredric March), apaixona-se por Grazia (Eveyn Venable), jovem da aristocracia italiana, que prefere seguí-lo a viver sem amor. Com esse enredo alegórico e poético, fotografia de Charles Lang, direção de arte de Ernst Fegté e Leisen (também ele entendido em cenografia), o filme teve assegurada sua qualidade pictórica e se tornou um clássico do gênero fantástico.

Constance Bennett e Fredric March em As Aventuras de Cellini

Transferindo-se da Paramount para a 20thCentury, March assumiu o papel de Benvenuto Cellini emAs Aventuras de Cellini / The Affairs of Cellini / 1934, tendo a seu lado Constance Bennet e Frank Morgan e depois foi convidado para voltar a trabalhar de novo na MGM com Norma Shearer em A Família Barrett / The Barretts of Wimpole Street / 1934.

Fredrich March e Norma Shearer em A Família Barrett

O primeiro é uma produção luxuosa da companhia de Darryl F. Zanuck, mostrando o artista da Renascença como espadachim às voltas com intrigas palacianas. Porém o filme é sobretudo uma comédia de costumes, dirigida com graça e ironia por Gregory La Cava. De barba e cavanhaque como o famoso ourives e escultor italiano,  March namora Joan Bennett, mulher do Duque de Florença, interpretado de maneira hilariante por Frank Morgan, que foi indicado para o Oscar, juntamente com o fotógrafo Charles Roscher

Graças aos altos valores de produção outorgados pela MGM, à magnitude dos três intérpretes centrais (além de Fredric March e Norma Shearer, Charles Laughton), a adaptação da peça de Rudolf Basier sobre o romance entre a poetisa Elizabeth Barrett e o poeta Robert Browning, bem dirigida por Sidney Franklin, alcançou êxito comercial e foi indicada ao Oscar. Fotografada em belos close ups pela câmera de William Daniels, Norma concorreu ao prêmio de melhor Atriz. Foi por causa desse filme que William Randolph Hearst rompeu com a MGM e transferiu seu dinheiro e a marca Cosmopolitan Pictures para a Warner. Ele queria o papel de Elizabeth para sua protegida Marion Davies e ficou indignado quando soube que Irving Thalberg o reservara … para a dele.

Fredric March e Anna Sten em Tornamos a Viver

Subsequentemente, March fez para a Samuel Goldwyn Company, Tornamos a Viver / We Live Again/ 1934 (Dir: Rouben Mamoulian), transposição feliz para o cinema do romance “Ressurreição” de Tolstoi sobre o nobre russo (Fredric March) que, como membro de um júri, reconhece a pobre criada (Anna Sten), que ele seduzira no passado, causando sua queda na prostituição. Ela está sendo julgada por um crime não praticado, e ele, em busca de redenção, deixa sua posição social e seus haveres, para seguí-la no desterro rumo à Sibéria. A foto esplêndida de Gregg Toland enriquece o espetáculo.

Fredric March em Os Miseráveis

Fredric March em Os Miseráveis

Richard Boleslawski dirige Fredric March em uma cena de Os Miseráveis

Os Miseráveis/ Les Miserables / 1935 (Dir: Richard Boleslawski) foi o segundo filme de March na 20thCentury, e é um dos mais lembrados pelos seus fãs. Produzido por Zanuck, esta versão para a tela do romance imortal de Victor Hugo comprime inteligentemente o volumoso épico, conservando os valores intrínsecos do livro e Boleslawski narra esplendidamente a história. March e Charles Laughton estão admiráveis nos respectivos papéis de Jean Valjean e Javert. Filme, diretor, fotógrafo (Gregg Toland) e montador (Barbara McLean) foram indicados para o Oscar.

Greta Garbo e Fredrich March em Anna Karenina

 

De novo na MGM, March participou de Anna Karenina / Anna Karenina / 1935, versão de obra literária de outro romance de Tolstoi, conduzida de forma brilhante por Clarence Brown. Garbo revive a heroína que já interpretara em Anna Karenina / Love/ 1928 sob a direção de Edmund Goulding e March herda de John Gilbert, o papel do Conde Vronski, seu amante. O diretor criou duas cenas antológicas: a do traveling no início sobre a mesa do banquete e a do suicídio no desenlace, prepararada com o concurso de Val Lewton, então assistente do produtor David O. Selznick. O cinegrafista William Daniels, favorito da “Divina”, foi indicado para o Oscar.

No restante da década de 30, March fez filmes de boa qualidade artística para diversas companhias – Goldwyn (Anjo das Trevas / The Dark Angel / 1935 / Dir: Sidney Franklin), refilmagem do drama romântico O Anjo das Sombras / 1925 com Ronald Colman e Vilma Banky / 1921, agora com March e Merle Oberon); 20thCentury-Fox (Caminho da Glória / The Road to Glory / 1936 / Dir: Howard Hawks, drama de guerra focalizando um regimento francês na Primeira Guerra Mundial com March e Warner Baxter);

Katharine Hepburn e Fredric March em Maria Stuart

Carole Lombard e Fredric March em Nada é Sagrado

Francisca Gaal, Fredric March e Akim Tamiroff em Lafite, o Corsário

Virginia Bruce e Fredric March em Aí Vai Meu Coração

Fredric March e Joan Bennett em Segredos de um Don Juan

RKO (Maria Stuart, Rainha da Escócia / Mary of Scotland / 1936 / Dir: John Ford, aventura histórica com March, Katharine Hepburn e Florence Eldridge); Warner (Adversidade / Anthony Adverse / 1937 / Mervyn LeRoy, drama de época com March, Olivia de Havilland e Claude Rains);  Selznick (Nasce uma Estrela / A Star is Born / 1937  / William Wellman, drama com March e Janet Gaynor); Nada é Sagrado / Nothing Sacred / 1938 / William Wellman, comédia satírica com March e Carole Lombard interpretando com vivacidade o scriptcínico de Ben Hecht); Paramount (Lafite, o Corsário / The Buccaneer / 1938 / Dir: Cecil B. DeMille, aventura histórica com March e Franciska Gaal); Hal Roach (Aí Vai Meu Coração / There Goes My Heart / 1938  / Dir: Norman Z. McLeod, comédia romântica típica sobre herdeira fugitiva descoberta por repórter com March e Virginia Bruce) e Walter Wanger (Os Segredos de um Don Juan / Trade Winds / 1938 / Dir: Tay Garnett, parte comédia romântica parte drama criminal com March e Joan Bennett) – destacando-se Adversidade e Nasce uma Estrela.

Fredric March e Olivia de Havilland em Adversidade

Adversidade foi um dos projetos mais ambiciosos da Warner até então, vigiado pela censura, que extirpou 40 páginas da primeira adaptação do maciço romance de Hervey Allen sobre o amadurecimento de um jovem do século XIX após muitas aventuras em busca de seu legado e de sua identidade. Apesar do enredo cheio de coincidências difíceis de acreditar, o espetáculo, bem guiado por Mervyn LeRoy, teve êxito financeiro e recebeu indicação para o Oscar. Também concorreram ao prêmio da Academia e ganharam: a atriz coadjuvante Gale Sondergaad, o fotógrafo Tony Gaudio, o montador Ralph Dawson e o diretor musical Leo Forbstein, agraciado em vez do compositor Erich Wolfgang Korngold. Forbstein, que funcionava mais como executivo, raramente regia, e não escrevia música, ficou embaraçado e ofereceu a estatueta a Korngold: este gentilmente a recusou. O diretor de arte Anton Grot também competiu, mas não levou o troféu.

Janet Gaynor e Fredric March em Nasce uma Estrela

Famoso ator de Cinema, alcoólatra, descobre jovem talentosa e a transforma em estrela. À medida  que a carreira dela cresce, a dele entra em declínio. O produtor David O. Selznick aproveitou o argumento original de William Welman e Robert Carson (segundo os autores baseado em fatos observados na comunidade hollywoodiana) e usou-o de certa forma para refilmar de maneira diferente Hollywood / What Price Hollywood?, que ele mesmo realizara em 1932. O modelo de Norman Maine foi John Bowers, galã do cinema mudo, que não encontrou mais trabalho e se suicidou por afogamento. O filme foi apontado para o Oscar e houve também indicações nas categorias de Melhor Direção, Roteiro (Dorothy Parker, Alan Campbell, Robert Carson), Ator, Atriz, e História Original. O Oscar foi para a História Original, tendo sido concedido um prêmio especial para W. Howard Green pela fotografia em Technicolor. Antes de Janet Gaynor, Elizabeth Bergner e Margaret Sullavan foram cogitadas para o principal papel feminino e, durante algum tempo, Jack Conway substituiu Wellman, afastado por problemas de saúde; quando retornou aos sets, Wellman refez todas as cenas rodadas pelo colega emprestado pela MGM.

AS SINFONIAS SINGULARES DE WALT DISNEY

Concebidas originariamente em 1929 como “novidades musicais” (combinação de música e animação), as Sinfonias Singulares (ou Sinfonias Tontas, Coloridas ou Malucas) evoluíram para uma série mais ambiciosa e inovadora de desenhos animados, que introduziram novos personagens, idéias e técnicas a cada lançamento.

Embora a concepção das Sinfonias Singulares tivesse nascido ao mesmo tempo em que Disney apresentou a sua série Mickey Mouse, seu desenvolvimento foi comparativamente mais lento. A primeira Sinfonia, A Dança Macabra ou Os Esqueletos Dançam / The Skeleton Dance, foi produzida em 1929 como uma produção isolada, para atrair a atenção de potenciais distribuidores. Os desenhos de Mickey Mouse estavam sendo distribuídos na base do states-rights (espécie de franquia pela qual um estúdio vendia para uma distribuidora independente ou um indivíduo o direito exclusivo de distribuição de seus filmes em uma determinada base territorial por um prazo determinado) pela Celebrity Productions de Pat Powers. No verão de 1929, os irmãos Disney negociaram um contrato de distribuição separado com a Columbia Pictures para as Sinfonias Singulares. Só então elas prosseguiram, porque esse contrato mantinha o compromisso de distribuição nacional para cada filme, em contraste com o processo fragmentado adotado com relação aos desenhos do Mickey.

As Sinfonias Singulares são usualmente vistas em retrospecto como a inversão dos filmes de Mickey Mouse: nos desenhos de Mickey a ação é sustentada pela música; nas Sinfonias, a música é sustentada pela ação (o desenho é construído em torno de uma composição musical). Esta é uma descrição bastante correta das primeiras Sinfonias produzidas em 1929 quando os desenhos, movendo-se em estreita sincronização com a música, era uma verdadeira novidade; porém, a partir dos meados dos anos 30, elas passaram a se caracterizar por enredos mais sólidos, menos dependentes da sincronização com a música.

Ub Iwerks, Walt Disney e Carl Stalling

Enquanto essas alterações estavam acontecendo na tela, uma mudança de maior alcance ocorria nos bastidores. Como informam Russell Merritt e J. Kaufman em “Walt Disney’s Silly Symphonies – A Companion to the Classic Cartoon Series (Disney Enterprises, 2016) – que foi muito útil na elaboração deste artigo -, na manhã de 21 de janeiro de 1930, o compositor Carl Stalling e o animador Ub Iwerks, os dois grandes colaboradores de Disney na criação das Sinfonias, anunciaram que estavam deixando o estúdio por uma razão muito simples: Pat Powers havia oferecido a Iwerks um estúdio de animação para ele próprio e a Stalling uma posição de diretor musical nesse estúdio.

Em 1929, além de Ub Iwerks, o estúdio Disney contava com os nomes de Les Clark, Wilfred Jackson, Burt Gillett, Jack King, Ben Sharpsteen, Johnny Cannon, Dick Lundy, Norm (Norman) Ferguson, Dave Hand, Ham Luske e, no decorrer de 1930, ainda com Gilles “Frenchy” de Trémaudan. O pôsto de Stalling foi inicialmente ocupado por Bert Lewis e, em 1931, ele recebeu o refôrço de Frank Churchill, originariamente contratado pelo estúdio como pianista para as sessões de gravação. Churchill logo demonstrou um grande talento como compositor dando uma colaboração importante para a riqueza dos filmes de Disney, sendo também valiosa a colaboração de Leigh Harline e Albert Hay Malotte para a música das Sinfonias.

Leigh Harline, Walt Disney e Frank Churchill

Refinamentos técnicos tiveram lugar na fotografia das Sinfonias. No início dos anos 30, a câmera Pathé do estúdio foi substituida por uma Universal, que era montada de maneira que podia ser levantada, abaixada e fazer uma rotação de 360 graus.  Desde 1920, Walt Disney já vinha pensando em produzir seus filmes em cores, mas não ficou satisfeito como o processo de cor disponível e preferiu aguardar a introdução de um processo mais aperfeiçoado como o Technicolor de três côres em 1932. Nesse interim, ele sugeriu a cor em alguns de seus filmes usando o processo de tingimento. Além do mais, descobriu que o sistema de som de Pat Powers, o Cinephone, no qual seu estúdio investira, era um processo inferior. Por volta de 1931, começou a negociar com a RCA, cujo processo Photophone produzia melhores resultados mas, em virtude de obstáculos contratuais, o uso de Disney do processo RCA foi retardado até o final de 1932.

Albert Hay Malotte

 

O contrato de distribuição com a Columbia, que inicialmente parecia tão promissor, foi outra decepção. Disney achou que a Columbia não cuidou bem dos seus  filmes embora, a bem da verdade, tivesse havido um pouco de culpa do próprio estúdio. A saída de Iwerks e Stalling atrasou a produção dos cartoons, fazendo com que eles fossem entregues à distribuidora com um mês de atrazo. Os irmãos Disney não ficaram satisfeitos com a solução dada pela Columbia: sempre que um filme do estúdio Disney não estava disponível para uma programação, essa companhia simplesmente o substituía por um de seus desenhos do Gato Estopim (Krazy Kat).

Os Disney ficaram tão insatisfeitos com o desempenho da Columbia, que ameaçaram promover ação judicial contra a distribuidora, acusando-a de práticas comerciais negligentes. O litígio foi eventualmente extinto por um acordo acertado fora do tribunal, mas a esta altura os Disneys já haviam desistido da Columbia e iniciado negociações com a United Artists. Um contrato de distribuição foi celebrado com a UA em dezembro de 1931, porém levou ainda mais de um ano para Disney cumprir seu compromisso com a Columbia e o novo contrato de distribuição só se efetivou na primavera de 1932.

 A mudança para a United Artists marcou um novo comêço para Disney. Sua nova afiliada desfrutava de um nível de prestígio muito mais alto na indústria cinematográfica do que a Columbia Pictures e ensejou um melhoramento de qualidade e criatividade nos seus filmes. Com o início das Sinfonias Singulares da UA em 1932, Disney decidiu usar o Technicolor de três cores. Como isto representava uma despesa adicional, que seria dividida com a UA, ele pediu permissão a sua associada para fazer um único filme em côres, explicando que também seria produzida uma versão em preto e branco e que não tinha intenção de fazer nenhuma outra Sinfonia colorida, mas apenas testar esta possibilidade. A UA concordou e a animação se completou em abril de 1932; a conversão para a cor levou mais três meses. As cenas foram refotografadas no prédio da Technicolor em Hollywood pelo renomado cinegrafista especializado na fotografia em cores Ray Rennahan.

Flores e Árvores

 A Sinfonia Flores e Árvores / Flowers and Trees estreou no Grauman’s Chinese em julho de 1932 e, como os irmãos Disney esperavam, obteve um sucesso tremendo. A reação sensacional foi repetida em todo lugar onde o filme foi exibido; todos gostaram dele – exceto a UA, que continuava a reclamar do aumento do custo (na realidade, a UA aprovou inicialmente a experiência somente sob a condição de que o número de cópias coloridas não passasse de vinte). Finalmente, diante do êxito inegável de Flores e Árvores, a UA relutantemente concordou com a produção de mais três Sinfonias em cores – depois, em dezembro de 1932, de mais seis Sinfonias. Somente em julho de 1933, após o inequívoco triunfo de todos esses filmes, foi que Disney pôde assinar um contrato de três anos com a Technicolor, adquirindo o direito exclusivo de realizar desenhos no processo de três cores.

No estúdio Disney a série das Sinfonias receberam um cuidado especial: obtiveram orçamentos mais generosos, maior tempo de duração, e até maiores orquestras do que os filmes de Mickey Mouse. Ítems promocionais para Mickey Mouse haviam sido licenciados desde 1930 e, nos meados dos anos 30, as Sinfonias receberam o mesmo benefício. Uma página dominical sindicalizada de quadrinhos teve início em 1932 e discos de fonógrafo e livros de histórias não ficaram atrás. As Sinfonias geraram também bonecas e outros brinquedos para a garotada.

Ao mesmo tempo, os críticos e o público adulto estavam dando às Sinfonias um prestígio crescente. Uma nova categoria, Melhor Desenho, foi acrescentada aos prêmios da Academia e este troféu foi concedido todo ano a uma Sinfonia Singular durante a duração da série, além de várias indicações.

Entre os anos 1931 e 1939 a equipe de animadores aumentou com o ingresso de: Jack Cutting, Rudy Zamora, Joe D’Igalo, George Lane, Charles Byrne, Harry Reeves, Chuck Couch, Hardie Gramatky, Marvin Woodward, Bill Mason, Dan Tattenham, George Grandpre, Albert Hurter, Cecil Surrey, Ed Benedict, Dick Williams, Charles Hutchinson, Frank Tipper, Clyde Geronimi, Fred Spencer, Fred Moore, Frank Kelling, Ed Love, Bill Roberts, Eddie Donnely, Paul Fennell, Art Babbitt, Louie Schmitt, George Drake, Nick George, Cy Young, Bob Kuwahara, Roy Williams, Tom Bonfiglio, Leonard Sebring, Ferdinand Horvath, Archie Robin, Ugo D’Orsi, Dick Huemer, Tom McKimson, Bob Wickersham, Ed Smith, Woolie Reitherman, Harry Bailey, Milt  Schaffer, Larry Clemmons, Eric Larson, Ward Kimball, Don Towsley, John MacManus, Grim Natwick, Bill Tytla, Eddie Strickland, Paul Allen, George Roley, Dan MacManus, John Bond, Lee Morehouse, Robert Jones, Paul Hopkins, Jim Tyer, Ed Aardal, Frank Thomas, Jim Algar, Bernie Wolf, Milt Kahl, Izzy Klein, Bob Stokes, Frank Oreb, George Rowley, John Dunn, Jack Hannah, Josh Meador, Cornett Wood, Ralph Somerville, Bob Martsch, Stan Quakenbush, Art Palmer, Win Hoskins, Don Williams, Andy Engman, Lee Blair, Carl Urbano, James Pabian, Pete Burness, Mike Lah, Manuel Moreno, Melvin Schwartzman, Rollin “Ham” Hamilton, Francis Smith, Fred Madison, Jack Bradbury, Ken Hultgren, Milt Kahl, Bernard Garbutt, Don Lusk, Paul Satterfield, Lynn Karp, John Sewall, Paul Busch, Don Patterson, Larry Clemons, Claude Smith, Riley Thompson, Ollie Johnston, Riley Thompson, Jack Campbel.

Ted Sears

Em toda a série funcionaram como diretores: Walt Disney, Ub Iwerks, Burt Gillett, Wilfred Jackson, Dave Hand, Ben Sharpsteeen, Graham Heid, Dick Huemer, Rudolf Ising, Jack Cutting, Dick Rickard, Ham Luske. Outra pessoa que deixou a sua marca nas Sinfonias foi Ted Sears como chefe do departamento de enredos, do qual faziam parte ainda Joe Grant e Bill Cottrell (cunhado de Walt Disney, caricaturista de mão cheia). No estúdio Disney os refinamentos técnicos continuaram a proliferar tais como a criação de um departamento separado de “efeitos de animação” sob a liderança de Cy Young e Ugo D’Orsi e a descoberta de um novo uso para o rotoscópio (dispositivo que permite aos animadores redesenhar quadros de filmagens para serem usados em animação), que havia sido patenteado por Max Fleischer em 1917.

Em 1937, um novo contrato de distribuição firmado com a RKO Radio Pictures, deu a Disney maior flexibilidade. Todos os contratos de distribuição anteriores exigiam quantidades específicas de desenhos de Mickey Mouse e Sinfonias Singulares. Pelo contrato da RKO, Disney simplesmente teria que entregar 18 desenhos durante a primeira temporada e eles poderiam ser divididos como ele quisesse entre os Mickeys e as Sinfonias ou até pertencer a nenhuma dessas categorias (como foi o caso, por exemplo, dos desenhos do Pato Donald e do Pateta).

Esta maleabilidade foi muito apropriada às condições então vigentes no estúdio Disney, onde as Sinfonias Singulares estavam assumindo uma importância decrescente, cedendo lugar para Branca de Neve e os Sete Anões Snow White and the Seven Dwarfs e outros desenhos de longa-metragem, que já estavam absorvendo os melhores talentos do estúdio. As Sinfonias continuaram a ser realizadas na vigência do contrato com a RKO (servindo inclusive como campo de experimentação de novas técnicas como a câmera multiplana), mas com menos frequência do que antes, e seus dias estavam contados. Embora a sua produção tivesse sido interrompida nos meados de 1938, a série se encerrou oficialmente no final de março de 1939, quando Disney lançou O Patinho Feio / The Ugly Ducking.

                                                                                                FILMOGRAFIA

1929

A Dança Macabra ou Os Esqueletos Dançam / The Skeleton Dance. Música:  Carl Stalling. O score inclui trecho da “Marcha dos Anões” de Grieg.

A Dança Macabra

El Terrible Toreador. Música: Carl Stalling. O score é quase inteiramente uma orquestração cômica de melodias famosas da ópera “Carmen” de Bizet juntamente com um trecho de “Yankee Doodle Dandy” de George M. Cohan; um verso de “Ciribiribin” de Alberto Pestalozza cantado em falsete; e um pequeno fragmento da “Canção da Primavera” de Mendelssohn.

El Terrible Toreador

Springtime. Música: Carl Stalling. O score abre com um trecho de “Morgenstemning” (Manhã) da ópera “Peer Gynt” de Grieg e depois se divide entre duas danças: valsa “Blumenge-flüster “ (O Sussuro das Flores) de Franz von Blon e a música de balé “A Dança das Horas” de Amilcare Ponchielli para a ópera “La Gioconda”. Foi usado  também o galope de Jacques Offenbach para o balé “Gâité Parisienne”.

Springtime

Hell’s Bells. Música: Carl Stalling. O score inclui um fragmento da “Canção da Primavera” de Mendelssohn; a “Marche Fúnebre d’une Marionette de Gounod; alguns compassos da Abertura “Fingalshöhle” (A Caverna de Fingal) de Mendelssohn e parte de “I Dovregubbens hall” (No Salão do Rei da Montanha) da Suíte nº1, opus 46 “Peer Gynt” de Grieg.

The Merry Dwarfs. Música: Carl Stalling. O score inclui trechosdo “Coro di Zingari” da ópera “Il Trovatore” de Giuseppe Verdi; polca “Bahn frei Marsch” (Abrir Caminho) de Eduard Strauss;  “Gavotte” da ópera “Henry VIII” de Saint-Säens; “Amaryllis (Ária de Louis XIII)” de Joseph Ghys; “Jolly Fellows Waltz” de Robert Vollstetd.

The Merry Dwarfs

1930

Summer. Música: Carl Stalling. O score divide-se em: “Intermezzo” do balé “La Source” de Léo Delibes; “Darkies’ Dream” de George L. Lansing; “Stephanie-Gavotte” de Alphons Czibulka. 

Summer

Autumn. Música: Carl Stalling. O score inclui: “Valse Arabesque” de Théodore Lack; “Murmuring Brook  de Ede (Eduard) Poldini.

Autumn

Cannibal Capers. Música: Bert Lewis. O score inclui trechos de “Habanera” da ópera “Carmen” de Bizet; “Moment Musicale” do “Moments Musicaux” de Schubert; variação da “Marche Fúnebre  d’une Marionette” de Gounod.

Cannibal Capers

Night. Música: Bert Lewis. O scoreinclui trechos de: “Sonata ao Luar” de Beethoven; “Valsa do Danúbio Azul” de Johan Strauss; “Das Glühwürmchen”  (O Vagalume) da opereta “Lysistrata” de Paul Lincke; “The Mosquito Parade” de Howard Whitney; “Das erste Herzklopfen” (Primeiras Palpitações do Coração) de Richard Eilenberg; e a canção de ninar de Mamãe Ganso, “Rock-a-bye-baby”.

Frolicking Fish. Música:  Bert Lewis. O score inclui trechos de “Heinzelmännchen” (Marcha dos Duendes) de Richard Eilenberg; “A Dança das Serpentes” de Eduardo Boccalari.

Frolicking Fish

Arctic Antics. Música: Bert Lewis. O score inclui “Playful Polar Bears” de George J. Trinkaus; “Ballet égyptien” de Alexandre Luigini”; “Die Parade der Holzoldaten” (Parada dos Soldados de Madeira”) de Leon Jessel.

Arctic Antics

Midnight in a Toy Shop. Música: Bert Lewis. O score inclui “Sechs Gedichte nach H. Heine”(Seis Poemas de H. Heine) de Edward MacDowell; trechos de “Fern an scottischer Felsenküste (Poema Escocês) de MacDowell; “Pizzicato Polka” de Léo Delibes para o balé “Sylvia”; “Cocoanut Dance” de Andrew Hermann; “Lutspiel-Ouverture” de Adalbert Béla-Kèler. 

Midnight in a Toy Shop

Monkey Melodies. Música: Bert Lewis. O score inclui as canções “Aba Daba Honeymoon” de Walter Donovan e “At a Georgia Camp Meeting” de Kerry Mills; trechos de “Down in Jungletown” de Theodore F. Morse; “Narcissus” de “Opus 13 Water Scenes” de Ethelbert Nevin e “Shadowland” de Lawrence B. Gilbert.

Monkey Melodies

Winter. Música: Bert Lewis. O score inclui côro de “Jingle Bells” de James Pierpoint; segmentos de “Patineurs” de Émile Waldteufel; “The Chop Waltz” (“Chopsticks”) de Arthur de Lulli; “Dance of the Goblins“ de Hans Engelmann.

Winter

Playful Pan. Música: Bert Lewis. O score inclui trechos de: “Furioso#1:Thunderstorm” de Otto Langey; “La Petite Coryphée” de George Tracey; “Danse Orientale” de G. Lubomirsky.

Playful Pan

1931

Birds of a Feather. Música:  Bert Lewis. O score inclui trechos de “Barcarolle” da ópera inacabada de Jacques Offenbach “Les Contes d’Hoffman”; “Birds and the Brook” de R. M. Stults; “ The Chicken Reel” de Joseph M. Daly; “Furioso” de John S. Zamecnik; “Blumenlied” de Gustav Lange.

Birds of a Feather

Mother Goose Melodies. Música: Bert Lewis e/ou Frank Churchill. Canções: “Old King Cole”, “Little Jack Horner”, “Little Boy Blue” e “I’m Little Bo Peep”). O score inclui trechos de “Untel dem Doppeladler “(Sob as Duas Águias) de Josef Franz Wagner; “Ghost Dance” de Cora Salisbury; canções infantis “Three Blind Mice”, Jack and Jill”, “Sing a Song of Sixpence”, “Mary Had a Little Lamb”, “Baa, Baa Black Sheep”;  “Hi Diddle Diddle” de Hal Keidel.

Mother Goose Melodies

Prato de Porcelana / The China Plate. Música: Frank Churchill. O score inclui trechos de “In a Chinese Tea Room” de Otto Langey; “Erirus” de George J. Trinkays; “In a Chinese Temple Garden” de Albert William Ketèlbey; “Storm, or Fire Music” de Herbert E. Haines.   

Prato de Porcelana

Castores Castiços / The Busy Beavers. Música: Frank Churchill. O score inclui trechos de “Petite Tonkinoise” de Vincet Scotto; “Furioso” de John S. Zamecnik.

Castores Castiços

Pesadelo do Gato / The Cat’s Nightmare ou The Cat’s Out. Música: Frank Churchill. O score inclui trechos de “Blumenlied” de Gustav Lange; “Home! Sweet Home” de Henry Rowley Bishop; a canção popular “Listen to the Mockingbird”; “March of the Spooks” de Maurice Baron; “Down South” de Hubert S. Middleton; “Sneak” de Ignacio “Nacio” Herb Brown; “Fire Dance” de Charles Huerter; canção folclórica “For He’s a Jolly Good Fellow”.

Pesadelo do Gato

Melodias Egípcias / Egyptian Melodies. Música: Frank Churchill. O score foi quase todo extraído do “Ballet égyptien” de Alexandre Luigini.

Melodias Egípcias

Loja de Relógios / The Clock Store. Música: Frank Churchill. O score inclui trechos de “In a Clock Store” de Charles Orth e o minueto do primeiro ato da ópera “Don Giovanni” de Mozart.

Loja de Relógios

A Aranha e a Mosca / The Spider and the Fly. Música: Frank Churchill ou Bert Lewis. O score inclui trechos de “Busy Bee” de Theo Bendix e “Erlkönig” (Rei dos Elfos) de Schubert; um compasso da Abertura da opereta Leechten Kavallerie (Cavalaria Ligeira) de Franz von Suppé.

A Aranha e a Mosca

Caça à Raposa / The Fox Hunt. Música: Frank Churchill. O score é quase inteiramente uma adaptação  de “Hunt in the Black Forest” de George R. Voelker Jr.

Caça à Raposa

Passando por Pato / The Ugly Ducking. Música: Frank Churchill ou Bert Lewis. O score inclui trechos de “Peck-a-boo” de William J. Scanlan do musical Friend and Foe; “By Heck” de S. R. Henry do musical “Push and Go”; Abertura da ópera “Guilherme Tell” de Rossini juntamente com “Furioso” de Otto Langey para as cenas de tempestade.

Passando por Pato

1932

Loja de Pássaros / The Bird Store. Música:  Frank Churchill. O score inclui “The Wedding of the Birds” de Charles Tobias; “Valse Lucille” de Rudolf Friml;  “I’m Daffy Over You” também conhecida como “Sugar in the Morning” de Chico Marx e Sol Violinsky. Curiosidade: os quatro pássaros do filme tem as feições dos quatro Irmãos Marx.

Loja de Pássaros

Ursos e Abelhas / The Bears and Bees. 

Ursos e Abelhas

Música: Frank Churchill.

Simples Cachorro / Just Dogs. Música: Bert Lewis. O score inclui trechos de “The Prisoner’s Song” de Guy Massey; “Bon Vivant” de John S. Zamecnik; “Tarantella” de Mendelssohn; fragmentos de “Peek-a-boo” de William J. Scanlan; “Leechten Kavallerie” de Franz von Suppé.

Simples Cachorro

Flores e Árvores / Flowers and Trees (Oscar de Melhor Desenho) Primeiro desenho em Technicolor de três cores. Música: Bert Lewis ou Frank Churchill. O score inclui trechos de “Kamenoi-Ostrow” de Anton Rubinstein; Abertura de “Ruy Blas” de Mendelssonh; “Valse Bleue” de Alfred Margis; “Marcha Fúnebre” de Chopin; “Erlkönig” de Schubert; Abertura de “Guilherme Tell” de Rossini; música folcórica “The Campbells Are Coming”; Sinfonia nº6 “Pastoral” de Beethoven; ”Marcha Nupcial” de Mendelssohn.

Flores e Árvores

Bichos Apaixonados / Bugs in Love. Música: Bert Lewis. O score inclui trechos de “Carnival of Venice” de James Bellak; “Patineurs” de Émile Walteufel; Abertura para “Die lustigen Weiber von Windsor” (As Alegres Comadres de Windsor) de Otto Nicolai; “The House is Hunted”; “Chant sans Paroles” de Tchaikovsky; “Stradella “de Friedrich von Flotow.

Bichos Apaixonados

O Rei Netuno/ King Neptune. Música: Bert Lewis. Canção “Neptune, King of the Sea”. O score inclui trechos de “Les Préludes” de Liszt; “Die Lorelei” (O Lorelei) de Josef Franz Wagner; canção tradicional “Blow the Man Down”; ”Polly Wolly Doodle” (às vêzes atribuída a Dan Emmet). 

O Rei Netuno

Perdidos na Floresta / Babes in the Woods. Música: Bert Lewis. O score inclui “Oh, Don’t You Remember” de Nelson F. Kneass; “The Anvil Polka” de Albert Parlow; “Little Brown Jug” de Joseph E. Winner.

Perdidos na Floresta

Oficina de Papai Noel / Santa’s Workshop. Música: Frank Churchill. Cancões: “Merry Men of the Midnight Sun” e  “Near the Far North Pole” de F. Churchill. O score inclui trechos de “Hochzeitszug in Liliput” (Marcha Nupcial na Terra dos Anões) de Siegfried Translateur; “March Militaire” de “Momentos Musicais” de Schubert.

Oficina de Papai Noel

1933

Aves da Primavera / Birds in Spring. Música: Bert Lewis e Frank Churchill. O score inclui trechos de “Dreaming” de Archibald Joyce; “The Bluebird” de Clare Kummer; “Tanzweise” (Estilo de Dança) de Eric Meyer-Helmund; “Sari Waltz” (também conhecida como “Love’s Own Sweet Song”) de Emerich Kalmar. A música original contém citações de “Battle Hynn of the Republic” de William Steffe e a canção tradicional “Good Night Ladies”.

Aves da Primavera

A Arca de Noé / Father Noah’s Arch. Música: Leigh Harline. Canções: “Skies Are Clear” e “Rain Chant” de L. Harline. O score inclui trechos de “Kontre-Tanz nº1” de Beethoven e “First Call” de George Behn.

A Arca de Noé

Os Três Porquinhos / Three Little Pigs (Oscar de Melhor Desenho). Música: Frank Churchill.Canção: “Who’s Afraid of the Big Bad Wolf?” de F. Churchill com letra de Ted Sears e outros.

Os Três Porquinhos

No Reino da Fantasia / Old King Cole. Música: Frank Churchill e Bert Lewis. Canções originais: “King Cole’s Ball” de F. Churchill; “The Welcome Song” de B. Lewis. Canções tradicionais: “Three Blind Mice” e “Ten Little Indians”.

No Reino da Fantasia

Mundo Infantil / Lullaby Land. Música: Frank Churchill e Leigh Harline. Canções: “Lullaby Land of Nowhere” de F. Churchill / Larry Morey; “In the Land of Mustn’t Touch” de L. Harline / L. Morley; “Dance of the Bogey Men” de L. Harline / L. Morey. o score inclui trechos de “Rock-a-Bye Baby”; “Peek-a-boo” e “Wiegenlied” (Canção de Ninar) de Brahms.

Mundo Infantil

Música Mágica / The Pied Piper. Música: Leigh Harline. Canções: “In the Town of Hamelin” e “Rats! Rats! Rats!”, ambas de L. Harline. O score adaptou algumas notas de “Toyland” da opereta de Victor Herbert  “Babes in Toyland”. 

Música Mágica

A Loja Encantada / The China Shop. Música: Leigh Harline: “Valse Vienna”. O score inclui a canção folclórica austríaca “Ach du lieber Augustin”.

A Loja Encantada

Véspera de Natal / The Night Before Christmas.Música: Leigh Harline. Canção: “Twas the Night Before Christmas” de L. Harline. O score inclui trechos de “Silent Night” de Franz Gruber e de “Jingle Bells.

Véspera de Natal

1934

O Gafanhoto e as Formigas / Grasshopper and the Ants. Música: Leigh Harline. Canção: “The World Owes Me a Living” de L. Harline / L. Morey. O score inclui  trechos da “Marcha da Coroação” da ópera de Meyerbeer “Le Prophète”.

O Gafanhoto e as Formigas

O Lobo Mau / The Big Bad Wolf. Música: Frank Churchill. Canção: “Who’s Afraid of the Big Bad Wolf?” de F. Churchill.

O Lobo Mau

Ovos de Páscoa / Funny Little Bunnies.Música: Frank Churchill e Leigh Harline.  Canção: “See the Funny Little Bunies” de F. Churchill / L. Morey.

Ovos de Páscoa

O Camundongo Voador / The Flying Mouse. Música:  Frank Churchill e Bert Lewis. Canções: “If I Were a Bird” e “You’re Nothin’ But a Nothin’” de F. Churchill / L. Morey.

O Camundongo Voador

Galinha Sabida / The Wise Little Hen. Música: Leigh Harline. Canção: “Help Me Plant My Corn” de L. Harline / L. Morey. O score inclui trechos de “Sailor’s Hornpipe”; “Shave and a Haircut, Bay, Rum” de James V. Monaco; “Blumenlied”.

Galinha Sabida

Pinguins Peraltas / Peculiar Penguins. Música: Leigh Harline. Canção: “The Penguin Is a Very Funny Creature” de L. Harline / L. Morey. 

Pinguins Peraltas

A Deusa da Primavera / The Goddess of Spring. Música: Leigh Harline. Canções: “Goddess of Eternal Spring” e “Hi-de-Hades” de L. Harline / L. Morey.

A Deusa da Primavera

A Lebre e a Tartaruga / The Tortoise and the Hare.(Oscar de Melhor Desenho). Música:  Frank Churchill. Canções: “Slow But Sure”, com letra de Larry Morey,  escrita para o filme, mas não cantada na tela, tendo sido apenas usada como tema instrumental para  a tartaruga (Toby Tortoise).

A Lebre e a Tartaruga

1935

O Rei Midas / The Golden Touch. Música: Frank Churchill. Canção: “The Counting Song” de F. Churchill / L. Morey.

O Rei Midas

Gato Pingado / The Robber Kitten. Música: Frank Churchill. Canção: ”Dirty Bill” de F. Churchill.

Gato Pingado

 Paraíso dos Bebês / Water Babies. Música: Leigh Harline. O tema de “Water Babies” foi composto como uma canção com letra de Larry Morey, porém só foi ouvido em forma instrumental no filme.

Festa dos Doces / The Cookie Carnival. Música: Leigh Harline. Letras: Larry Morey. Canções: “The Cookie Carnival”, “The Sweetest One of All” e “Hail the Queen”. O score inclui ainda seis breves números de vaudeville acompanhados por variações de “Sweet Rosie O’ Grady”, “Dandy-Candy-Kids”, “Old-Fashioned Cookies”, “Angel Food Cakes”, “Devil ‘s Food Cakes”, “Upside-Down Cakes” e “Jolly Rum Cookies”.

Festa dos Doces

Quem Matou o Pintarôxo? / Who Killed Cock Robin? Música: Frank Churchill.Letras: Larry Morey. Canções: “Who Killed Cock Robins? “Will You Love Me Tonight?, “Somebody Rubbed Out My Robin” de F. Churchill / L. Morey. O score inclui um trecho breve de “A-Hunting We Will Go” (possivelmente de Procida Bucalossi) com nova letra de Larry Morey. Curiosidades: um pequeno trecho em preto e branco foi usado no filme O Marido era o Culpado/ Sabotage/ 1936 de Alfred Hitchock. A personagem da cambaxirra sexy Jenny Wren é uma caricatura de Mae West.

Quem Matou o Pintarôxo?

Melodilândia / Music Land. Música: Leigh Harline. O score inclui trechos da  sinfonia “Eroica” de Beethoven; “Gavotte” de François Gossec; “Peek-a-boo”; “The Prisoner’s Song” de Guy Massey; “Assembly Bugle Call”; “Die Walküre” (A Cavalgada das Valquírias) e “Marcha Nupcial” da ópera “Lohengrin” de Wagner; Harline contribuiu com duas composições originais: “The Saxes Have It” e “Jazz Fireworks”.

Melodilândia

Três Bichaninhos Órfãos / Three Orphan Kittens (Oscar de Melhor Desenho). Música: Frank Churchill. Canção: “Hallelujah” de F. Churchill. O score inclui “Kitten on the Keys” de Edward “Zez” Confrey.

Três Bichaninhos Órfãos

Galos e Galinhas / Cock O’ The Walk. Música: Frank Chruchill e Albert Hay Malone. O score inclui “The Carioca” de Vincent  Youman; as músicas que precedem à sequência “Carioca” foram compostas por F. Churchill; toda a música após esta sequência foi composta por A. H. Malotte.

Galos e Galinhas

1936

Os Três Lobinhos / Three Little Wolves. Música: Frank Churchill. Canções: “Who’s Afraid of the Big Bad Wolf?”; polca alemã tradicional “Ist das nicht ein Schnitzel Baum?” com uma nova letra, reintitulada “Schweine Stew” (Ensopado de Carne de Porco).

Os Três Lobinhos

Brinquedos Quebrados / Broken Toys. Música: Albert Hay Malotte. Canção: “We’re Gonna Get Out of the Dumps”.  O score inclui trechos das canções tradicionais “The Sailor’s Hornpipe”, “Reveille”, “The Girl I Left Behind Me”; e “Silent Night, Holy Night” de Frank Gruber. 

Brinquedos Quebrados

O Elefante Elmerindo / Elmer Elephant. Música: Leigh Harline. Oscoreinclui “Happy Birthday” de Mildred J. Hill; “Elmer’s Got a Funny Nose” baseada na canção infantil “It’s Raining, it’s Pouring”.

O Elefante Elmerindo

A Tartaruga Regressa / Toby Tortoise Returns. Música: Leigh Harline. O score inclui trechos de “Slow But Sure”; “Mexican Hat Dance” (“El Jarabe Tapatío”) de F. A. Partichela; “Hootchy Kootchy Dance” de Sol Bloom; a canção tradicional “Frankie and Johnny”; a canção infantil “You Never Touched Me; “Stars and Stripes Forever” de John Philip Sousa.

A Tartaruga Regressa

Três Mosqueteiros Cegos / Three Blind Mouseketeers. Música: Albert Hay Malotte. Canção: ”We’re the Three Blind Musketeers” de A. H. Malotte.

Três Mosqueteiros Cegos

O Primo da Roça / The Country Cousin (Oscar de Melhor Desenho). Música: Leigh Harline.

O Primo da Roça

A Mãe da Ninhada / Mother Pluto. Música: Leigh Harline. O score inclui trechos da tradicional canção infantil “Where, Oh Where Has My Little Dog Gone” e de “John Brown’s Body” de Thomas Brighton Bishop.

A Màe da Ninhada

Mais Bichaninhos / More Kitten. Música:  Frank Churchill. O score inclui um fragmento de “Who’s Afraid of the Big Bad Wolf” de F. Churchill.

Mais Bichaninhos

1937

O Cabaré dos Insetos / Woodland Café. Música: Leigh Harline.  O score inclui “Twelfth Street Rag” de Erday L. Bowman; “L’Amour d’Apache (a dança apache do balé  “Le Papillon” de Offenbach; “Truckin’” de Ted Koehler e Rube Bloom.

O Cabaré dos Insetos

Hiawata / Little Hiawatha. Música: Albert Hay Malotte. O score inclui um fragmento  de “Home Sweet Home” de Henry Rowly Bishop.

Hiawata

O Velho Moinho / The Old Mill (Oscar de Melhor Desenho). Música: Leigh Harline. Introdução da nova câmera multiplana

O Velho Moinho

1938

Uma Viagem às Estrelas / Wynken, Blynken & Nod. Música:Leigh Harline. Canção: “Wynken, Blynken and Nod” de L. Harline. O score inclui uma versão orquestral de “Twinkle, Twinkle Little Star”.

Uma Viagem às Estrelas

A Chama e a Mariposa / Moth and the Flame. Música: Albert Hay Malotte.

A Chama e a Mariposa

Merbabies. Música: Scott Bradley. O score inclui trechos de “Chopsticks” e “Gavotte in D Major” de François Joseph Gosse.

Merbabies

Farmyard Symphony. Música: Leigh Harline. O score inclui trechos da Sinfonia nº6 de Beethoven, terceiro movimento; Abertura de “Die lustigen weibe von Windsor” de Otto Nicolai; Abertura de “Guilherme Tell” de Rossini; “Marcha Fúnebre” de Chopin; Abertura de “La Gazza  Ladra” de Rossini;  “Il Barbieri di Siviglia de Rossini; “The Bohemian Girl” de Michel Balfe; “Canção da Primavera” de Mendelssohn: “The Campbells Are Coming”; “Semiramide” de Rossini; “Martha, oder Der Markt zu Richmond” de Friedrich von Flotow; “La Donna è Mobile” da ópera “ Rigoletto” de Verdi; “Miserere” da ópera “Il Trovatore” de Verdi; “Orphée aux Enfers”de Offenbach; Abertura de “Guilerme Tell; “Rapsódia Húngara nº2” de Liszt; Abertura de “Tanhauser” de Wagner.

Farmyard Symphony

Fitas e Fiteiros / Mother Goose Goes Hollywood. Música: Ed Plumb. O score inclui trechos das canções tradicionais “Three Blind Mice”, “London Bridge Is Falling Down”; ”Row, Row, Row, Row Your Boat”; o tema de Laurel e Hardy “Coo Coo” de T. Marvin Hatley; versão jazzística de “This Is the Way We Wash Our Clothes”. Curiosidade: aparecem caricaturas de artistas de Hollywood: Katherine Hepburn, Hugh Herbert, Ned Sparks, Charles Laughton, Spencer Tracy, Freddie Bartholomew, Laurel e Hardy, Wallace Beery, Cab Calloway, Eddie Cantor, Fats Waller, Stepin Fetchit; Hugh Herbert, Ned Sparks, Irmãos Marx, Joe Penner, Fred Astaire, Martha Raye, Greta Garbo, George Arliss, Joe E. Brown, Cab Calloway, W. C. Fields, Charlie McCarthy, Edward G. Robinson, Clark Gable.

Fitas e Fiteiros

O Touro Ferdinando  / Ferdinand the Bull (Oscar de Melhor Desenho). Música: Albert Hay Malotte.

O Touro Ferdinando

Obs. O Touro Ferdinando começou a ser produzido como uma Silly Symphony, mas na época de seu lançamento foi reclassificado como  um ”Special”. Além do score, Malotte escreveu a canção “Ferdinand the Bull (com letra de Larry Morey), que não é ouvida no filme, mas foi usada para promovê-lo.  Mais tarde foi usada no filme da Columbia, Rose of Santa Rosa / 1947.

1939

Porquinho Prático / The Practical Pig. Música: Frank Churchill e Paul Smith. O score inclui “Whos Afraid of the Big Bad Wolf” e “Frankie and Johnny”.

Porquinho Prático

O Patinho Feio / The Ugly Duckling (Oscar de Melhor Desenho). Música: Albert Hay Malotte.

O Patinho Feio

Três outros filmes tiveram conexões tangenciais com as Sinfonias: Hot Chocolate Soldiers, Don Donald e Donald’s Better Self. O primeiro foi produzido por encomenda em 1934 para a Metro-Goldwyn-Mayer, usando as Sinfonias como modelo, como um encarte para o filme de longa-metragem ao vivo da MGM, Festa de Hollywood / Hollywood Party. As outras duas histórias foram inicialmente concebidas como Sinfonias Singulares, mas não foram completadas na sua forma original, evoluindo para curtas-metragens do Pato Donald. Disney também produziu sequências animadas para os filmes Meus Lábios Revelam / My Lips Betray / 1933 e Cinderela à Fôrça / Servant’s Entrance / 1934 (ambos da Fox), mas somente Hot Chocolate Soldiers foi realizado no espírito de uma Sinfonia Singular.

 

 

 

MARIO CAMERINI

Como afirmou Carlo Lizzani na sua “Storia del Cine Italiano”, a história do cinema italiano tornou-se digna de interêsse com a aparição de Alessandro Blassetti e de  Mario Camerini, os dois cineastas mais significativos dos anos 30 e 40. Eu acrescentaria Mario Soldati. Já escrevi sobre Blassetti e Soldati, e agora chegou a vez de Camerini.

Mario Camerini

Mario Camerini (1895-1981) nasceu em Roma, Via Veneto. Em 1913, frequentou a escola secundária Liceo Tasso e escreveu seu primeiro roteiro de cinema, uma história de detetive, Le Mani Ignote, que seria filmada pela Società Italiana Cines. Em 1914, ele se matriculou na Faculdade de Direito e durante a Primeira Guerra Mundial (entre 1915-1918) serviu na infantaria, ficou prisioneiro na Alemanha, e foi condecorado com a medalha do mérito militar. Em 1920, começou a trabalhar no cinema como roteirista e assistente de seu irmão, o diretor Augusto Camerini, em Tre Meno Due e L’Altra Razza, produções da Nova Film. Em 1921-1922 foi assistente de seu primo Augusto Genina em Marito, Moglie e … e Cirano Di Bergerac e finalmente, em 1923, supervisionado por A. Genina, realizou seu primeiro filme, Jolly, história de amor trágica envolvendo um velho palhaço e um trapezista, apaixonados pela mesma mulher, interpretada por Diomira Jacobini, que seria sua companheira por muitos anos.

Cena de Kif Tebbi

Entre 1924 e 1928, Camerini realizou: La Casa Dei Puccini / 1924 (comédia sentimental envolvendo uma jovem de um orfanato reduzido à miséria, que se refugia no luxuoso colégio vizinho, e seu relacionamento com a filha de um aristocrata separado de sua esposa, que se apaixona por ela); Saetta Principe Per Un Giorno / 1924 (aventura na qual um príncipe, cercado por cortesãos desleais que o impedem de governar e de esposar a jovem pobre que ele ama, acaba encontrando um sósia que o substitui e, em um só dia, resolve todos os seus problemas e depois retorna a sua vida de vagabundo); Voglio Tradire Mio Marito! / 1925 (comédia matrimonial tendo como tema o divórcio, então proibido na Itália); Maciste Contro Lo Sceicco/ 1926 (aventura expatriando o velho herói italiano para a Líbia, onde ele vai medir forças com as tropas de Beduínos e desvendar os mistérios do deserto); Kif Tebbi / 1928 (drama de guerra sobre a conquista colonial da Líbia, tendo como protagonista um nobre turco educado na Itália que, devido ao seu pouco entusiasmo para lutar pelos otomanos, é preso; mas eventualmente consegue escapar e ver a bandeira italiana tremular  sobre o pequeno forte libertado).

Em 1929, inspirado pelo menos na sua primeira parte pelo kammerspielfilm, Camerini começou a fazer seu primeiro filme importante, Rotaie, drama tratando do tema da regeneração moral após a tentação do suicídio e uma vida dissipada. Em um pequeno hotel próximo de uma estação ferroviária, dois amantes (Käte von Nagy, Mauricio D’Ancora) estão prestes a se suicidar, no quarto de um hotel, por falta de trabalho. Porém a passagem de um trem abre uma janela, que derrama o copo contendo o veneno.  Retrocedendo sobre sua decisão, os jovens embarcam em um trem de luxo (com o dinheiro oportunamente achado em uma carteira que caíra do do bolso de um cidadão), que os conduz a um ponto turístico. Ali eles participam da vida dos ricos entre o Grand Hôtel e o casino de San Remo. Mas logo o rapaz perde tudo na roleta enquanto um marquês entediado (Daniele Crespi) assedia a jovem. O rapaz dois amantes decidem renunciar a esta existência e retornam para sua cidade em um vagão de terceira classe. Aquele mundo enganoso e cheio de miragens colocou à dura prova os seus sentimentos e eles decidem procurar emprego em uma fábrica. Apesar de sua pós-sincronização, Rotaie pertence ainda totalmente à estética do cinema silencioso e, graças a utilização inspirada da imagem e do ritmo, é sem dúvida uma obra cinematográfica muito bem acabada, que não fica nada a dever aos grandes clássicos da cena muda mundial.

Em 1930, Camerini trabalhou nos estúdios da Paramount em Saint Maurice-Joinville, onde aprendeu a técnica do som, adaptando-se rapidamente ao novo meio de expressão ao realizar a versão italiana de Paraíso Perigoso / Dangerous Paradise de William Wellman (baseado no romance “Victory” de Joseph Conrad), estrelado por Carmen Boni, esposa de Augusto Genina.

Depois de Figaro E La Sua Gran Giornata / 1931 (comédia passada no começo do século vinte em um teatro de província, onde uma trupe, vinda da cidade, prepara uma representação do “Barbeiro de Sevilha) e L’Ultima Avventura / 1932 (comédia   girando em torno de um conde sedutor de certa idade que se apaixona por uma jovem, mas é preterido por um jovem estivador), Gli Uomini Che Mascalzoni representou o resultado da sua perfeita absorção do cinema falado que, de uma certa maneira, dinamizou o cinema de Camerini.

Lia Franca e Vittorio De Sica em Gli Uomini Che Mascalzoni

Nesta esplêndida comédia romântica, Bruno (Vittorio De Sica) é um chofer, a serviço de uma família rica. Para impressionar Mariuccia (Lia Franca), vendedora de perfumaria, filha de um motorista de taxi, ele se serve do carro de seus patrões, para levá-la em uma excursão na região dos lagos. Seu idílio é interrompido por uma série de incidentes que obrigam Bruno a abandonar a moça sem dar explicações. O amor nascente entre os dois jovens parece comprometido, mesmo quando eles continuam a se procurando e se vendo. Bruno e Mariuccia fingem ter um outro relacionamento amoroso para causar ciúme mutuamente até que, entrando por acaso no taxi do pai de Mariuccia, eles se reconciliam sob o olhar do papai satisfeito.

Cena de Gli Uomini Che Mascalzoni

A abertura do filme mostra uma câmera agitada que acompanha os personagens nos seus movimentos, sendo célebre a sequência rodada nas ruas de Milão, onde Bruno segue Mariuccia de bicicleta, que anda pela calçada e depois toma um bonde ao mesmo tempo em que a objetiva, perpetuamente em movimento, acompanha a perseguição com uma vivacidade espantosa. Mais adiante, a corrida louca que Bruno faz de carro de Arona a Milão e depois de Milão a Arona para reencontrar a moça que abandonou na taverna, sem poder lhe explicar as razões de sua partida precipitada, mostra – como observou Gian Piero Brunetta (“Cent’anni di cinema italiano”, Laterza, 1995) – “um estilo e uma leveza narrativa que lembram René Clair e Ernst Lubitsch e um senso de observação da realidade que o tornam comparável a Frank Capra”. Por outro lado, em uma época dominada pelo cinema de estúdio, Camerini se acomoda bem com o ar livre e utiliza com muita espontaneidade o cenário natural. Gli Uomini Che Mascalzoni foi o precursor do que ficaria conhecido como a pentalogia pequeno-burguesa de Camerini: Darò Un Milione, Ma Non È Una Cosa Seria, Il Signor Max e I Grandi Magazine. Neste quinteto principalmenteestá o “universo cameriniano”, um mundo popular de vendedores de jornais, caixeiros e choferes, gente simples que ele trata com muita ternura e alegria.

Depois de T’Amerò Sempre (drama focalizando uma mãe solteira que reencontra seu sedutor e, quando este tenta reconquistá-la, é defendida por um tímido contador, com quem decide se casar); Cento Di Questi Giorni (que ele apenas supervisionou); e Giallo  (thriller de supense baseado em um romance de Edgar Wallace, no qual uma mulher, por uma série de coincidências, desconfia que seu marido é um assassino perigoso) realizados em 1933 e Il Cappello A Tre Punte (sátira histórico-política inspirada no romance “El sombrero de tres picos” de Alarcón, retratando um ridículo governador de província) e Come Le Foglie (comédia enfocando um industrial arruinado que é obrigado a aceitar um emprego na empresa de um sobrinho e as reações dos membros de sua família), realizados em 1934, Camerini deu à luz o excelente Darò Un Milione / 1935.

Assia Noris em Darò Un Milione

Vittorio De Sica  Darò Un Milione

O enredo de Darò Un Milione é o seguinte: Gold (Vittorio De Sica), cansado da vida, tenta se suicidar, atirando-se de seu iate. Salvo por um mendigo, ele lhe promete que oferecerá um milhão àquele que praticar, com relação a ele, um gesto generoso e desinteressado.  Depois o ricaço desaparece, disfarçado como um pobre miserável. A notícia se espalha e provoca uma epidemia de filantropia para com os mendicantes, todos suspeitos de ser o milionário incógnito. Dentro em pouco, Gold conhece uma jovem, Anna (Assia Noris), que trabalha em um circo. Ela o ajuda e o protege. Após ter suspeitado que ela só pensa, como os outros, em ganhar o prêmio, ele acaba por compreender que sua afeição e sua generosidade são sinceras e  consequentemente se casa com ela e o milhão será inútil.

Sátira de costumes – mostrando a desigualdade social, o egoismo e a arrogância presentes em certa parte da sociedade – que se torna um conto de fadas  – no qual uma tímida e pudica costureira esposa um príncipe encantado, no caso, um milionário-, o espetáculo proporciona alta dose de comicidade, cheia de achados irresistíveis e trechos de bravura cinematográfica dignos de uma antologia. Foi um grande sucesso, impulsionando a carreira de De Sica e de Assia Noris, com quem o diretor se casou.

Vittorio De Sica e Assia Noris em Mas Não É Uma Coisa Séria

Os filmes seguintes de Camerini nos anos trinta foram: Mas Não é Uma Coisa Séria / Ma Non È Una Cosa Seria / 1936 (comédia romântica baseada em uma peça de Luigi Pirandello cuja versão alemã, Der Mann, Der Nicht Nein Segen Kann/ 1938, ele também dirigiu); O Grande Apelo / Il Grande Appello (aventura africana durante a guerra ítalo-abissínia, endossando a política colonial italiana através da redescoberta do patriotismo por um italiano contrabandista de armas a serviço dos etíopes); Os Apuros do Senhor Max / Il Signor Max/ 1937 (comédia  sobre um jornaleiro que, confundido com um conde, aceita a falsa identidade, para penetrar na alta sociedade, mas acaba se sentindo incomodado no meio da aristocracia, assume a sua verdadeira identidade,  e se casa com a camareira da ricaça que ele pretendia conquistar); Batticuore/ 1939 (versão italiana da comédia Prazer de Amar / Battement de Coeur de Henri Decoin com Assia Noris no papel interpretado por Danielle Darrieux da jovem aluna  de uma escola de batedores de carteiras); Calúnia / I Grandi Magazine / 1939 (comédia  passada em uma loja de departamento, onde um mensageiro se apaixona por uma vendedora e descobre que o chefe do pessoal, que corteja a jovem, é o líder de uma quadrilha que rouba as mercadorias do estabelecimento); e Il Documento / 1939 (comédia  passada no século dezenove, tendo como personagem central o mordomo de um conde, supostamente de posse de um documento comprometedor, que obriga um escroque  a se regenerar). Os Apuros do Senhor Max Calúnia, são mais duas comédias muito divertidas da pentalogia pequeno-burguêsa, tal como as outras, estreladas pelo então jovem galã Vittorio De Sica.

Cena de Os Apuros do Senhor Max

Vittorio De Sica em Calúnia

Assia Noris e Amedeo Nazzari em Centomila Dollari

O trabalho de Camerini nos anos quarenta foi uma prova de sua inegável habilidade para dominar todos os gêneros. Ele fez primeiro uma comédia, Centomila Dollari / 1940, cuja história merece ser lembrada – Lily (Assia Noris), telefonista no Gran Hotel, está prestes a se casar com seu primo Paolo (Arturo Bragaglia). Um milionário americano (Amedeo Nazzari) de passagem lhe oferece mil dólares, com a condição que ela aceite simplesmente jantar com ele. Indignada, a jovem recusa, mas Paolo e seus familiares se convencem, diante da enormidade da quantia, que a proposta é inocente, e obrigam Lily a aceitar. Durante a refeição os dois protagonistas se apaixonam um pelo outro. Lily faz crer ao seu noivo, que ela aliás despreza, que o encontro não foi tão casto como previsto. Paolo consegue reconquistá-la simulando uma tentativa de suicídio. Porém o milionário entra rocambolescamente na igreja conduzindo uma ambulância, interrompe a cerimônia nupcial, e os dois enamorados fogem em direção ao campo.

Depois, o cineasta volta-se para o drama com Uma Romântica Aventura / Una Romantica Avventura (adaptação de um conto de Thomas Hardy); o romance histórico com Os Noivos / I Promessi Sposi (baseado no romance de Mazzoni); o drama criminal com História de Amor / Una Storia D’Amore; o drama romântico com T’Amerò Sempre; o drama de guerra com Due Lettere Anonime: o fantástico com L’Angelo E Il Diavolo; a aventura com A Filha do Capitão / La Figlia Del Capitano, adaptação do conto de Pouchkine; e finalmente volta à comédia com O Sonho das Ruas / Molti Sogni Per Le Strade.

Cesare Danova e Irasema Dilian em A Filha do Capitão

Anna Magnani e Massimo Girotti em O Sonho das Ruas

Em 1943, o cineasta se separou de Assia Noris e se casou com uma austríaca, Mattilde (Tully) Hruska com a qual passaria o resto da vida. Em 1945, ele fez parte da comissão de depuração do cinema com Umberto Barbaro, Mario Chiari, Luchino Visconti, Alfredo Guarini e Mario Soldati. A comissão condenou a seis meses de suspensão de atividade, por colaboração como o fascismo, os cineastas Goffredo Alessandrini, Augusto Genina e Carmine Gallone. Em 1946, ele se inscreveu no Partido Socialista e fez parte de uma comissão de cineastas para a elaboração da nova lei sobre cinema. Foi presidente da ANAC (Associazione nazionale autori cinematografici).

Silvana Magano e Kirk Douglas em Ulysses

Durante os anos 50, 60 e 70, Camerini realizou: O Flagelo de Deus / Il Brigante Musolino/ 1950; Duas Mulheres É Demais / Due Moglie Sono Troppe / 1951; Esposa Por Uma Noite / Moglie Per Una Notte/ 1952; Gli Eroi Della Domenica / 1953; Ulysses / Ulisse / 1954; A Bela Moleira / La Bella Mugnaia/ 1955; foi um dos roteiristas de Guerra e Paz / War and Peace/ 1956 de King Vidor / 1956; Irmã Letizia / Suor Letizia/ 1956; Férias no Paraíso / Vacanza A Ischia / 1957; Primeiro Amor / Primo Amore / 1959; Via Margutta / 1960; Crime em Monte Carlo / Crimen / 1960; Legenda Heróica / I Brigante Italiani / 1961; Kali-Yug, A Fúria dos Bárbaros / Kali Yug, La Dea Della Vendetta / 1963 e Il Mistero Del Templo Indiano / 1963; Crime Quase Perfeito / Delitto Quasi Perfecto/ 1966; Io Non Vedo Tu Non Parli Lui Non Sente / 1971; Don Camillo E I Giovanni D’Oggi / 1972. Nenhum desses filmes se iguala às suas comédias dos anos trinta – que representam  o coração e a espinha dorsal da obra cameriniana -, sobressaindo apenas pelos seus valores de produção, Ulysses (que deveria ter sido rodado por G. W. Pabst, mas o contrato dele com Ponti-De Lurentiis foi rescindido) e A Bela Moleira (refilmagem de Il Capello a Tre Punte).

Marcelo Mastroianni, Sophia Loren e Vittorio De Sica em A Bela Moleira

Em 1975, Camerini participa de uma retrospectiva parcial de seus filmes dos anos trinta no Festival de Pesaro. Em 1981, morre em Salò nas margens do Lago di Garda.

BETTY BOOP

Ela foi a primeira grande estrela na história da animação, distinguindo-se de outras figuras femininas dos cartoons por não ser definida pelo seu relacionamento a um personagem masculino, como Minnie Mouse ou Olive Oyl (Olívia Palito). Criada por Max Fleischer como caricatura de uma flapper da Era do Jazz com um rosto grande e redondo de bebê em um corpo pequenino, voz de criança, olhos grandes, pestanas longas, usando sempre um vestido bem curtinho e uma liga na perna esquerda, essa linda criatura tornou-se mundialmente conhecida nas telas dos cinemas, seduzindo milhares de fãs.

Betty surgiu em 9 de agosto de 1930 em Dizzy Dishes, sexto desenho deste ano da série Talkartoon do estúdio Fleischer. Destinada a ser a companheira de Bimbo, o astro canino da série, ela fez uma breve aparição como uma cantora de cabaré, parecendo uma poodle francêsa de bochechas inchadas e orelhas curvadas. Durante os seus próximos filmes sua aparência foi sendo gradualmente modificada, até assumir a forma totalmente humana daquela graciosa bonequinha curvilínea e sensual.

Este personagem foi inventado por um veterano da equipe de Fleischer, Grim Natwick, inspirando-se na cantora popular Helen Kane e mais tarde outros dois animadores, Shamus Culhane e Al Eugster, se juntaram a ele como “especialistas” em desenhar Betty Boop. Betty permaneceu como membro do repertório da companhia de Fleischer por todo o ano de 1931, quando finalmente começou a se destacar nos cartoons e firmar a sua própria personalidade.

Helen Kane

Em 1932 Betty tornou-se a estrela dos Talkartoons e lançou sua própria série, que começou com o filme Cine Variedade / Stopping the Show e terminou com A Conquista pela Música / Rhythm on the Reservation, lançado em 7 de julho de 1939, tendo sido aclamada como “The Queen of the Animated Film”.

Em maio de 1932, Helen Kane moveu ação judicial contra Max Fleischer e a Paramount Publix Corporation por terem explorado sua personalidade e imagem. Embora Helen tivesse alcançado a fama no final dos anos vinte como “The Boop-Oop-A-Doo Girl”, estrela do palco, do disco, e de filmes para a Paramount, sua carreira estava quase no fim em 1931. O caso foi levado à Côrte de Justiça de Nova York e, embora as alegações de Helen parecessem válidas à primeira vista, ficou provado que sua aparência não era única. Tanto Helen como o personagem Betty Boop tinham semelhança com a estrela da Paramount Clara Bow. No seu depoimento, Fleischer disse que Betty Boop era puramente um produto de sua imaginação, detalhado pelos membros de sua equipe. Por outro lado, um antigo teste para um filme sonoro, revelou que Helen havia imitado o estilo vocal de uma cantora negra, Baby Esther, da boate Cotton Club no Harlem.

Mae Questel e Max Fleischer

A voz de Betty foi fornecida por Margie Hines, Ann Rotschild, Harriet Lee, Kate Wright, Bonnie Poe e principalmente Mae Questel. A frase “boop-oop-a-doop” foi popularizada por Helen Kane na canção “I Wanna Be Loved By You”, que ela interpretou no musical da Broadway “Good Boy”, produzido em 1928. Mae, cujo verdadeiro nome era Mae Kwestel, emprestou a voz também para Olívia Palito dos desenhos de Popeye e inclusive substituiu Jack Mercer algumas vêzes como a voz do célebre marinheiro.

Betty Boop em Cine Variedade

No seu primeiro desenho oficial, Cine Variedade, Betty Boop aparece como uma artista do vaudeville que faz imitações de Fanny Brice e Maurice Chevalier (a pedido deles) e recebe uma ovação tão grande, que o próximo número de acrobacia do programa não consegue ser executado. Dois desenhos de Betty, Minnie the Moocher e Snow-White, foram construídos em torno de canções de sucesso de Cab Calloway.  Minnie the Moocher definiu o personagem de Betty como uma adolescente da era moderna em discordância com os velhos costumes de seu país. No desenho, após um desentendimento com seus rigorosos progenitores, ela foge de casa acompanhada por seu amigo Bimbo, e os dois se perdem em uma caverna, onde um fantasma em forma de morsa com a voz e movimentos de Calloway canta “Minnie the Moocher”, acompanhado por outros fantasmas e esqueletos. Estas assombrações fazem com que Betty e Bimbo retornem em segurança do lar. Em O Espelho Mágico Snow White, Betty e Koko entram em outra caverna, onde Koko começa a cantar (com a voz de Calloway) “St. James Infirmary Blues”, transforma-se em um fantasma, e continua a sua performance, sempre imitando os passos de dança do grande músico negro.

Betty Boop Secretária

Entretanto, o sexo sempre foi, durante certo tempo, a maior razão de ser do personagem de Betty Boop e de seus filmes. No desenho Betty Boop Secretária / Betty Boop’s Big Boss / 1933, a nossa heroína responde a um anúncio de emprego e quando o patrão pergunta, “O que você sabe fazer?”, Betty responde com uma interpretação coquete de “You’d Be Surprised”. Em Beleza do Circo / Boop-Oop-a-Doop / 1932, Betty é uma artista de circo.  O diretor do circo observa-a lascivamente enquanto ela faz um número de equilibrista no arame, cantando “Do Something”. Quando Betty retorna para a sua tenda, ele segue-a, massageia sensualmente suas pernas, e a ameaça com a perda do emprego, se ela não ceder aos seus instintos. Betty suplica-lhe para que cesse o assédio, cantando “Don’t Take My Boop-Oop-A-Doop Away”. Koko, o palhaço, está praticando seu malabarismo do lado de fora da tenda e ouve a luta lá dentro. Ele sai em socorro de Betty, lutando com o diretor do circo, que o coloca dentro de um canhão e o dispara. Mas Koko se escondera dentro do canhão e derruba seu oponente com um porrete. Koko então indaga sobre o estado físico de Betty e ela responde com a canção “No, he couldn’t take my boop-oop-a-doop away”.

Betty com Popeye em Marinheiro Matadouro                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        

Com a adoção do Código de Produção em 1934, o personagem de Betty Boop sofreu mudanças substanciais. Seu corpo foi imediatamente coberto; ela ficou sem a liga, a saia curta e o decote. Os indivíduos devassos que a assediavam foram substituídos por um cachorrinho Pudgy  (em Seu Caro Amiguinho / Betty Boop’s Little Pal / 1934) e um namoradinho humano, Freddie (em Salva do Vilão / She Wronged Him Right / 1934). Os desenhos de Betty serviram também para introduzir dois outros personagens: o marinheiro Popeye em Marinheiro Matamouro / Popeye the Sailor / 1933 e o velho inventor Grampy em Betty e seu Vovô / Betty Boop and Grampy / 1935, e o papel de Betty foi diminuindo em favor de seus novos parceiros. Problema semelhante ocorreu no mesmo período com o Mickey Mouse de Walt Disney, que estava sendo eclipsado pela popularidade de seus parceiros Pato Donald, Pluto e Pateta, sem falar no Popeye de Max Fleischer.

Os animadores tentaram manter os desenhos de Betty interessantes, colocando-a ao lado de personagens populares dos quadrinhos como Henry (Pinduca), The Little King (O Reizinho) e Little Jimmy e, quando se deu a substituição da era das flappers e do jazz – que ela representava – pelas grandes orquestras da era do suíngue, o estúdio Fleischer  tentou desenvolver um personagem neste estilo em Meneia Menina / Sally Swing / 1938 porém não obteve êxito.

Na sua derradeira aparição em A Conquista pela Música, Betty dirige um carro conversível rotulado “Betty Boop’s Swing Band” através de uma reserva de nativos americanos, onde ela apresenta o povo à música do suíngue e cria uma “Swinging Sioux Band”.  Em 11 de agosto de 1939 foi lançado oficialmente mais um desenho de Betty Boop, Polícia por Correspondência / Yip, Yip Yppy, mas Betty não participou dele – foi produzido apenas para o cumprimento  de contrato.

 

Lydia Campos

No Brasil, Betty Boop conquistou muitos admiradores, surgindo várias imitadoras da deliciosa figurinha: a argentina Lydia Campos, que apresentava suas imitações no rádio (era “a Betty Bop da PRA-9” e imitava também o Pato Donald e Popeye) e nos palcos dos cinemas; a espanhola Rosita Castilho (ou Rosa de Castillo), que era também cantora de tangos e foxes e representava no cassino Estância das Mercês em Curitiba e no palco do Palácio-Theatro da mesma cidade; e Cida Tibiriçá, uma das artistas mais populares do rádio paulistano, que inclusive trabalhou no filme brasileiro Fazendo Fita / 1935 (cantando a marcha-carnavalesca “Metamorfose” (Eu Vou na Frente) de Hudson Gaia). Em 1938, passou pelo Brasil, outra imitadora de Betty, a portuguêsa Celeste Grijó, filha do conhecido ator Pinto Grijó, que era radicada na Espanha.

Celeste Grijó

Entre 1934 e 1937 a King Features Syndicate distribuiu os quadrinhos de Betty Boop, desenhados por David Francis “Bud” Counihan. Em 23 de julho de 1934 começaram as tiras diárias e, a partir de 2 de dezembro, as páginas dominicais coloridas. No Brasil, A Gazeta Infantil de São Paulo publicou os quadrinhos de Betty Boop.

Finalmente, como já mencionei no meu artigo “Homenagem ao Camondongo Mickey”, em abril de 1936, Betty Boop foi retratada por Arací Côrtes – na revista “Aleluia” de Joraci Camargo, encenada no Teatro Recreio do Rio de Janeiro -, ao lado de Oscarito (Popeye), Eva Todor (Mickey), Willi Thompson (Al Jolson) e Janot e Lou (Frankenstein e sua noiva).

                                                                FILMOGRAFIA

1930

 

Dizzy Dishes

Dizzy Dishers

Barnacle Bill

Mysterious Mose

1931

The Bum Bandit

Silly Scandals

A Iniciação De Bimbo / Bimbo’s Initiation

Bimbo’s Express

Minding The Baby

Mask-A-Raid

Jack And The Beanstalk

Dizzy Red Riding Hood

Dizzy Red Riding Hood

 

1932

Any Rags

Beleza Do Circo / Boop-Oop-A-Doop

Minnie The Moocher

Swim Or Sink

Crazy Town

A Mestra da Dança / The Dancing Fool

A Morena Bondosa / A Hunting We Will Go

Chess Nuts

Entrada Grátis / Admission Free

O Expresso De Caxanguai / The Betty Boop Limited

Rudy Vallee Melodies

Cine Variedade / Stopping The Show

O Restaurante De Betty Boop / Betty Boop Bizzy Bee

Betty Boop Doutora / Betty Boop, M.D.

Bamboleios De Betty / Betty Boop ‘s Bamboo Isle

De Pernas Para o Ar / Betty Boop’s Ups And Downs

Betty Boop Para Presidente / Betty Boop For President

O Museu de Betty Boop

I’ll Be Glad When You’re Dead You Rascal You

O Museu De Betty Boop / Betty Boop’s Museum

 

 

1933

Por Causa De Um Espirro / Betty Boop’s Ker-Choo

Exposição De Inventos / Betty Boop’s Crazy Inventions

Bola de Cristal / Is My Palm Red

A Casa Mágica / Betty Boop’s Penthouse

 

O Espelho Mágico

 

O Espelho Mágico / Snow White

O Aniversário De Betty / Betty Boop’s Birthday Party

O Piquenique De Betty / Betty Boop’s May Party

Betty Secretária  / Betty Boop’s Big Boss

Betty Boop No País da Carochinha / Mother Goose Land

Marinheiro Matamouro / Popeye The Sailor

Velho da Montanha / The Old Man Of The Mountain

A Mina Encantada / I Heard

Manhã, Tarde e Noite / Morning Noon And Night

Festa Fantástica / Betty Boop’s Halloween Party

Parada de Soldadinhos De Chumbo / Parade Of The Wooden Soldiers

Parada de Soldadinhos de Chumbo

1934

Salva do Vilão / She Wronged Him Right

Sonho De Uma Noite De Inverno / Red Hot Mama

Tudo Ri / Ha! Ha! Ha!

Betty Boop No País Das Maravilhas / Betty In Blunderland

A Transformista / Betty Boop’s Rise To Fame

Betty Boop No Tribunal / Betty Boop’s Trial

Betty Vira Sereia / Betty Boop’s Lifeguard

Maria Borralheira / Poor Cinderella

Namorada De Soldado / There’s Something About A Soldier

Seu Caro Amiguinho / Betty Boop’s Little Pal

Herói e Vilão / Betty Boop’s Prize Show

Sempre Da Pontinha / Keep In Style

When My Ship Comes In

1935

Arte Feita, Arte Desfeita / Baby Be Good

O Gato Faz Das Suas / Taking The Blame

Na Paz Do Campo / Stop That Noise

A Mosca Tonta / Swat The Fly

Não! Mil Vêzes Não! / No! No! A Thousand Times No!

A Little Soap And Water

A Language All My Own

Betty e Seu Vovô / Betty Boop And Grampy

Judge For A Day

Noite de Estrelas / Making Stars

Vem Cá, Passarinho / Betty Boop, With Henry, The Funniest Living American

1936

Herói Canino / Little Nobody

Betty e o Reizinho

Betty e o Reizinho / Betty Boop And The Little King

Dó, Ré, Mi …  Au!  / Not Now

Inflação de Deflação / Betty Boop And Little Jimmy

Castigo Sem Razão / We Dit It

Uma Canção Por Dia / A Song A Day

A Máquina de Vigor / More Pep

Por Mau Exemplo / You’re Not Built That Way

Final Feliz / Happy You And Merry Me

Training Pigeons

As Invenções do Vovô (com Grampy)

As Invenções do Vovô / Grampy’s Indoor Outing

Sejamos Humanos / Be Human

Amigos Novos / Making Friends

1937

O Vovô Chega A Tempo / House Cleaning Blues

Whoops! I’m A Cowboy

O Vendedor de Bugigangas / The Hot Air Salesman

Palco em Polvorosa / Pudgy Takes A Bow-Wow

Remorso Canino / Pudgy Picks A Fight

O Engraçado Castigado / The Impractical Joker

Ensaios de Bombeiros ou Bombeiros de Betty / Ding Dong Doggie

O Perfeito Candidato / The Candid Candidate

Hotel do Bom Sorriso / Service With A Smile

Teatro Zoológico / The New Deal Show

O Caçador Saiu Caçado / The Foxy Hunter

Fugindo Aos Selvagens / Zula Hula

Fugindo aos Selvagens

1938

Perdido No Subterrâneo / Riding The Rails

Tudo À Moderna / Be Up To Date

Amor À Maneira Clássica / Honest Love And True

Saída Do Tinteiro / Out of The Inkwell

Vamos À Lição / Swing School

Pudgy And The Lost Kitten

Buzzy Boop At Concert / Concerto de Gala

Cão de Guarda / Pudgy The Watchman

Buzzy Boop At The Concert

Meneia, Menina / Sally Swing

On With The New

O Herói Saiu Burlado / Pudgy In Thrills And Chills

1939

O Tocador de Realejo / My Friend The Monkey

Entre Montanheses / / Musical Mountaineers

Corvos na Seara / The Scared Crows

Betty em A Conquista pela Música

A Conquista Pela Música / Rhythm on The Reservation

Obs. Encontrei o título em português Cantices de Totó, exibido em janeiro de 1936 no Cine Glória / RJ e em abril de 1938 no Cine Rex / Rj e também, Politica Rimada, exibido no Cinema Imperial de Santa Catarina em junho de 1935, mas não foi possível identificar o título original. Podem ser novos títulos de desenhos já identificados … ou não.

OS WESTERNS DE WILLIAM WELLMAN

Já escreví artigos sobre os westerns de Anthony Mann, Delmer Daves, John Ford, John Sturges, Sam Peckinpah, Andre De Toth, Raoul Walsh e estava faltando outro diretor que usou seu talento para nos brindar com algumas obras notáveis do “cinema americano por excelência”: William Wellman.

Jovem inquieto e rebelde, ele foi preso por roubo de carro  (queria apenas dar uma volta) e expulso da escola secundária, para se destacar como jogador de hockey no gêlo, chamando a atenção de Douglas Fairbanks, fã deste esporte. Fairbanks lhe disse: “Se algum dia precisar de emprego, vai para Hollywood, e me procure”. Durante a Primeira Grande Guerra, Wellman incorporou-se à esquadrilha Lafayette Flying Corps, unidade de elite francêsa integrada exclusivamente por pilotos norte-americanos. Nesta ocasião, recebeu o apelido de “Wild Bill”, porque se oferecia como voluntário para voar sozinho em missões perigosas, penetrando muitas vezes nas linhas inimigas em vôo razante. Ferido em combate, recebeu a Croix de Guerre e outras condecorações. Após seu restabelecimento, prestou serviço como instrutor de vôo na Base Rockwell em San Diego.

Desligado após o armistício, conheceu a atriz Helene Chadwick, e se introduziu no mundo do cinema. Lembrando-se do convite de Fairbanks, ao saber que o ator ia dar uma festa no seu campo de polo particular, vestiu seu uniforme cheio de medalhas e, depois de fazer umas piruetas no ar, aterrissou suavemente na extremidade do campo em frente dos anfitriões e de seus convidados A estratégia surtiu efeito e Fairbanks contratou-o como ator de seu próximo filme Audaz e Caprichoso / The Knickerbocker Buckaroo / 1919. Em três anos, Wellman foi progredindo de mensageiro a aderecista e assistente de direção e, em 1923, finalmente estreou como diretor na Fox, responsabilizando-se pelo filme Redenção de uma Alma / The Man Who Won, com Dustin Farnum interpretando um personagem por coincidência chamado Wild Bill. Gradualmente, Wellman passou de diretor de filmes de baixo orçamento (entre eles seis westerns com Buck Jones) para as grandes produções e, em 1927 já havia firmado uma reputação, que lhe permitiu assinar um contrato com a Paramount para a realização de Asas Wings, primeiro filme premiado com o Oscar.

Do final dos anos vinte até 1939, Wellman, como diretor contratado de um estúdio, realizou – entremeados com produções rotineiras de Hollywood – filmes importantes, alguns brutalmente realistas, outros poéticos, comoventes, nos quais se distinguia a sua habilidade técnica:  Mendigos da Vida / Beggars of Life / 1928, O Inimigo Público / The Public Enemy / 1930, Preço do Dever / The Star Witness / 1931, Safe in Hell / 1931, Fome Por Glória Heroes for Sale / 1933, Idade Perigosa / Wild Boys of the Road / 1933, O Bandoleiro do Eldorado / The Robin Hood of El Dorado / 1935, Garota do Interior / Small Town Girl / 1936,  Nasce uma Estrela / A Star is Born / 1937, Beau Geste / Beau Geste / 1939, Luz Que Se Apaga / The Light That Failed / 1939.

O prestígio de Wellman aumentou ainda mais nos anos 40 e 50 com Consciências Mortas / The Ox-Bow Incident / 1943; Buffalo Bill / Buffalo Bill / 1944, Também Somos Seres Humanos / The Story of G. I. Joe / 1945, Jornada Gloriosa / Gallant Journey, Céu Amarelo / Yellow Sky / 1948, O Preço da Glória / Battleground / 1949, Assim São Os Fortes / Across the Wide Missouri / 1951 e O Poder da Mulher / Westward the Women / 1951. Recordo brevemente neste artigo seus melhores westerns.

Loretta Young e Clark Cable em Grito das Selvas

O  GRITO DAS SELVAS / THE CALL OF THE WILD.

Em Skagway no Yukon, em 1900, durante a corrida do ouro, o garimpeiro Clark Thornton (Clark Gable) perde todo seu dinheiro em um jôgo de cartas. “Shorty” Hoolihan (Jack Oakie), récem saído da cadeia após ter cumprido pena de seis mêses por ter aberto correspondência indevidamente, revela a Thornton a existência de uma carta que ele leu, enviada por um garimpeiro doente, Martin Blake, pouco antes de morrer, para seu filho John (Frank Conroy), que continha um mapa indicando o local de uma mina de ouro. Shorty guardou-o na memória e embora reconhecendo que deve estar faltando alguns detalhes, propõe a Thornton uma sociedade, depois de ter contado a ele que John Blake e sua esposa deixaram Skagway naquele dia, com o mapa, em direção à mina. Quando vão comprar seus mantimentos, Jack e Shorty encontram Mr. Smith  (Reginald Owen), inglês rico e sádico que deseja comprar um indomável cão São Bernardo chamado Buck, para que possa matá-lo. Porém é Thornton quem compra Buck, nascendo uma grande amizade entre o dono e seu animal. Durante a jornada em direção à mina, Thornton e Shorty encontram a mulher de John Blake, Claire (Loretta Young), cercada por lobos, e ela explica que seu marido desapareceu há dias, procurando alimento. Acreditando que ele está morto, Thornton obriga Claire a seguir com eles para Dawson. No caminho, eles simpatizam um com o outro e ela concorda em se associar aos dois parceiros, para encontrar o ouro. Após alguns acontecimentos, chegam à mina e Shorty parte para registrar a posse. Enquanto isso, John Blake, que estava vivo, é obrigado a conduzir Mr. Smith até a mina e, lá chegando, o inglês manda um de seus capangas agredí-lo. Smith rende Thornton e Claire, e leva o ouro; mas morre com seus homens, quando sua canoa vira na correnteza de um rio. Depois que Buck encontra Blake, Thornton o leva para a cabana, onde ele e Claire cuidam dele. Claire diz a Thornton que, embora o ame, Blake precisa dela. Depois que os Blake partem, Buck se junta aos lobos e se torna papai e Thorton fica sozinho no inverno. Porém no verão Shorty retorna com o registro da mina e uma esposa índígena, que ele ganhou em um jogo de dados, para ser a cozinheira deles.

Jack Oakie e Clark Gable em O Grito das Selvas

Este northernwestern (passado acima do Paralelo 49 v. g. Canadá ou Alasca) é uma adaptação livre (e audaciosa, tendo em vista o Código de Censura aplicado na época) do romance clássico de Jack London, na qual o papel do cão Buck é diminuído e o foco principal da história passa a ser o romance entre Thornton e Claire. As primeiras sequências, por sua violência, situam o ambiente e o caráter dos personagens e o movimento rápido da ação dá vivacidade ao filme. Os numerosos exteriores nas montanhas e florestas cobertas pela neve são esplendidamente fotografadas por Charles Rosher. A amizade entre Thornton e Buck é realmente tocante e este cão magnífico representa como um verdadeiro artista. Muito bonita a cena em que Thorton brinca com Buck e o acaricia, a fim de lhe suprimir o irresistível desejo de se reunir com a mata e seus congêneres e também a cena em que Claire faz um carinho no animal encontrando a mão de Thorton fazendo a mesma coisa, manifestando assim seu amor recíproco sem se falarem.

Warner Baxter em O Bandoleiro do Eldorado

BANDOLEIRO DO ELDORADO / THE ROBIN HOOD OF EL DORADO.

Em 1849, o México havia cedido a Califórnia para os Estados Unidos, tornando a vida quase impossível para a população mexicana devido a afluência de americanos sedentos por terras e ouro. O fazendeiro Joaquin Murietta (Warner Baxter) caça e mata os estupradores que assassinaram sua mulher Rosita (Margo) e é considerado um fora-da-lei. A recompensa pela sua captura aumenta, quando ele subsequentemente mata um grupo de americanos bêbados, que lincharam brutalmente seu meio-irmão. Unindo-se ao bandido Three-Fingered Jack (J. Carroll Naish), Murietta torna-se um vingador, parecido com o Zorro, saqueando e aterrorizando os grileiros ianques. Quando Joaquin decide deixar a vida de bandidagem, ele e seus homens são atacados. Uma batalha sensacional resulta na morte de Three-Fingered Jack e o massacre dos homens de Joaquin. Ferido, ele escapa apenas para morrer junto à sepultura de sua querida esposa.

Biografia romanceada do líder de um grupo de bandidos da Califórnia em meados do século XIX. Interessado pelo tema da injustiça (que desenvolveria em Consciências Mortas), Wellman arranjou circunstâncias atenuantes suficientes para absolver Murieta. A narrativa é dinâmica e contém boas cenas, como o enforcamento do meio-irmão do herói enquanto este é chicoteado; a festa no acampamento, colorida de exotismo, e a perseguição entre matas e rochas até o fugitivo cair morto sobre o túmulo de sua amada.

Cena de Consciências Mortas

CONSCIÊNCIAS MORTAS / THE OX-BOW INCIDENT.

Reflexão sombria sobre a intolerância e um requisitório contra o linchamento, mostrando a insensibilidade humana e a histeria da multidão em uma comunidade da fronteira. Em Bridge’s Well, no Nevada, um grupo de cidadãos raivosos e neuróticos, tomando a lei em suas próprias mãos, enforca três suspeitos, Donald Martin (Dana Andrews), Juan Martines (Anthony Quinn) e Halva Harvey (Francid Ford), de um roubo de gado, e depois descobrem que eles eram inocentes. Dois vaqueiros, Gil Carter (Henry Fonda) e Art Croft (Harry Morgan), que estão de passagem pela cidade, testemunham os fatos e, após a tragédia, Gil lê em voz alta a carta de adeus que Martin escrevera para a sua famíla.

As primeiras cenas do filme transmitem a sensação de vazio e decadência que aflige a maioria dos membros da patrulha (um ex-oficial confederado pomposo que guarda uma segredo de família, uma senhora moralista fanática, um agitador demagogo etc.), sugerindo que a crueldade e a violência coletivas decorrem da incapacidade dessas pessoas de superar as suas deficiências e o seu desespero. Wellman faz uma descrição minuciosa e circunstanciada da expedição punitiva, imprimindo-lhe grande dramaticidade, optando pela filmagem dos exteriores em estúdio para acentuar o tom sombrio e claustrofóbico da história.

Joel McCrea e Maureen O’Hara em Buffalo Bill

BUFFALO BILL / BUFFALO BILL.

Caçador de búfalos, cavaleiro do correio expresso, e batedor do exército, William Cody (Joel McCrea) salva a vida de Louisa (Maureen O’Hara) – filha do Senador Frederici (Moroni Olsen) – com quem vem a se casar. A destruição em massa dos animais traz como consequência a fome entre os Cheyennes que, indignados, declaram guerra aos brancos. Cody põe o chefe Yellow Hand (Anthony Quinn) fora de combate e o governo obtém a vitória. Amargurado pela morte de seu filho e por um sentimento de culpa, ele vai a Washington para defender a causa dos índios. Já famoso como Buffalo Bill graças ao jornalista Ned Buntline (Thomas Mitchell), Cody reconstitui em um espetáculo circense  as suas façanhas do passado.

Wellman, McCrea e o montador James B. Clark na filmagem de Buffalo Bill

Cinebiografia romanceada de William Frederick Cody, visto aqui como um democrata, denunciando a ganância e a corrupção de capitalistas e políticos. Filmado em soberbo Technicolor e com uma sequência de ação espetacular (a batalha no racho, com duração de nove minutos, incluindo  a luta corpo-a-corpo entre Buffalo Bill e Yellow Hand – filmada no estilo típico de Wellman  a maior parte da ação escondida do público), o filme antecipa a defesa dos peles-vermelhas feita em Flechas de Fogo/ Broken Arrow, de Delmer Daves, seis anos depois.

 

CÉU AMARELO / YELLOW SKY.

Sete assaltantes de banco, Strech (Gregory Peck), Dude (Richard Widmark), Lenghty (John Russell), Half Pint (Harry Morgan), Bull Run (Robert Arthur), Walrus (Charles Kemper) e Jed (Robert Adler) penetram em um deserto de sal para escapar de seus perseguidores. Eles chegam a Yellow Sky, uma cidade fantasma. Os únicos habitantes são um velho garimpeiro (James Barton) e sua neta Mike (Anne Baxter). Os bandidos acreditam que o velho tenha uma fortuna escondida e pretendem se apoderar dela. Strech começa a se interessar pela jovem e isto provoca divergências entre ele e o resto do bando.

Cena de Céu Amarelo

Cena de Céu Amarelo

Logo no início do filme ocorre um trecho memorável: a longa e extenuante travessia do deserto salgado até a chegada ao saloon, onde os assaltantes contemplam o quadro de uma mulher nua. Luxúria, ambição, ciúme, desconfiança e violência são as matérias brutas com as quais Wellman desenvolve as tensões e os conflitos entre o bando de fora-da-lei. Paralelamente a filmagem em locação e a magnífica fotografia (de Joe MacDonald) contrastada (notadamente nas cenas no Vale da Morte e no duelo final) dão integridade visual e consistência ao espetáculo, que foi rodado também na pitoresca Lone Pine.

Clark Cable em Assim São Os Fortes

Ricardo Montalban em Assim São Os Fortes

ASSIM SÃO OS FORTES / ACROSS THE WIDE MISSOURI

Crônica da vida dos caçadores de peles de castor e seu relacionamento com os índios no tempo da Fronteira Selvagem. Entre as cenas de harmonia racial – o líder dos caçadores, Flint Mitchell (Clark Gable), casa-se com a índia Kamiah (Maria Elena Marques), com quem tem um filho -, explode a ira de Iron Shirt (Ricardo Montalban), índio orgulhoso que resiste ao expansionismo comercial dos brancos.

Filmado na linda paisagem do Colorado, o relato conserva a forma de um diário, desenvolvendo os acontecimentos na sua cronologia. Duas sequências inesquecíveis: o último ataque de Iron Shirt, no qual Kamiah morre com uma flechada no peito e o cavalo (que carrega o bebê) sai em desabalada carreira, perseguido por Flint; o cacique vestido com a armadura, passando no meio de uma briga cômica entre os caçadores.

Cena de O Poder da Mulher

O PODER DA MULHER / WESTWARD THE WOMEN.

Em Chicago, um rico fazendeiro da Califórnia, Roy Whitman (John McIntire), contrata o batedor Nuck Wyatt (Robert Taylor) para guiar uma caravana de cento e quarenta mulheres, esposas por correspondência dos homens de seu rancho. Decidido a vencer todos os obstáculos, Buck impõe uma disciplina rígida. Na viagem, as mulheres aprendem a lutar contra as intempéries, a doença, a sede, os índios. Após este rito de passagem, conquistam o direito de não serem apresentadas imediatamente  aos seus futuros parceiros: arrancando os toldos das carroças, elas confeccionam seus vestidos e se tornam novamente femininas.

A idéia (fornecida por Frank Capra, autor da história) de um comboio de futuras esposas enfrentando os perigos de uma travessia pelo deserto é original e Wellman trata o assunto com muita propriedade, providenciando as cenas de ação espectaculares, sem se esquecer do romance (o herói misógino também encontra a mulher de sua vida) nem a emoção (o silêncio sepulcral quando ressoam os nomes das mortas após o ataque dos peles-vermelhas; a mulher que deu à luz durante o percurso e veio ao baile com seu bebê, sendo convidada para dançar).