FREDRIC MARCH II

fevereiro 6, 2019

Nos anos 40, Fredric March emprestou seu talento para filmes de apreciável mérito artístico, produzidos por diversas companhias: MGM (Uma Mulher Original / Susan and God / 1940 / Dir: George Cukor, com Joan Crawford); Paramount (Terror no Paraíso / Victory / 1940 / Dir: John Cromwell, com Betty Field); David Loew-Albert Lewin (Náufragos / So Ends Our Night / 1941 / Dir: John Cromwell, com Margaret Sullavan); Warner (Com Um Pé No Céu / One Foot in Heaven / 1941 / Dir: Irving Rapper, com Martha Scott); B.P. Schulberg – Columbia (Romance Noturno / Bedtime Story / 1941 / Dir: Alexander Hall, com Loretta Young); René Clair Prod. – Cinema Guild (Casei-me Com Uma Feiticeira / I Married a Witch / 1942 (Dir: René Clair, com Veronica Lake); Warner (As Aventuras de Mark Twain / The Adventures of Mark Twain / 1944, mas filmado em 1942 (Dir: Irving Rapper, com Alexis Smith); Lester Cowan (Sementes de Ódio / Tomorrow, the World / 1944 / Dir: Leslie Fenton, com Betty Field); Goldwyn (Os Melhores Anos de Nossas Vidas / The Best Years of OurLives / 1946 / Dir: William Wyler, com Myrna Loy); Universal (No Caminho da Vida / Another Part of the Forest / 1948 / Dir: Michael Gordon, com Florence Eldridge); Universal (Piedade Homicida / An Act of Murder / 1948 / Dir: Michael Gordon, com Florence Eldridge); Gainsborough, Sydney Box Prod. (Cristovão Colombo / Christopher Columbu / 1949 / Dir: David MacDonald, com Florence Eldridge).

Frederic March e Joan Crawford em Uma Mulher Original

Uma Mulher Original, comédia satírica baseada na peça de Rachel Crother, tendo como personagem central uma dama da sociedade, Susan Textel (Joan Crawford), que funda uma religião exótica e permite que ela ocupe sua vida às custas do seu marido alcoólatra (Fredric March), sua filha adolescente (Rita Quigley) e seus amigos. Os lindos modelos de Adrian causaram furor entre o público feminino.

Fredric March e Betty Field em Terror no Paraíso

Terror no Paraíso, adaptação de um romance de Joseph Conrad já levado à tela na cena silenciosa (Vitória / Victory / 1919, por Maurice Tourneur) e na fase sonora (Paraíso Perigoso / Dangerous Paradise / 1930, por William Wellman) sobre um inglês, Hendryk Heyst (Fredric March), que, desejando se desligar do mundo, vive em uma ilha nos Mares do Sul, mas acaba se envolvendo com Alma (Betty Field), pianista de uma orquestra feminina itinerante, e são ambos ameaçados por três  assassinos.

Náufragos, adaptação de um romance de Erich Maria Remarque sobre o drama de refugiados alemães  (Fredric March, Margaret Sullavan, Glenn Ford) sem passaporte, que são deportados de todo país por onde passam, perseguidos pelos nazistas. Frances Dee é a esposa do dissidente político alemão (interpretado por March) de quem ele quer se divorciar, para ela não ser incomodada pelo chefe da SS (Erich von Stroheim).

Fredric March e Martha Scott em Com Um Pé No Céu

Com Um Pé No Céu, cinebiografia episódica baseada na vida de um ministro Metodista, William Spence (Fredric March) e seus esforços para administrar suas paróquias no início do século XX ao lado de sua esposa (Martha Scott) e filhos. O ponto alto do filme é a ida do ministro ao cinema pela primeira vez e seu prazer em ver William S. Hart em O Braço de Ferro / The Silent Men / 1917, apesar da desaprovação dos filmes proclamada pelos líderes metodistas.

Loretta Young e Fredric March em Romance Noturno

Romance Noturno, comédia focalizando uma atriz (Loretta Young), que acaba de alcançar seu maior triunfo no palco e agora quer se retirar para uma fazenda no campo na companhia de seu esposo produtor e dramaturgo (Fredric March). Ela fica indignada ao saber que ele vendeu a fazenda, a fim de financiar uma nova peça para ela estrelar e entra com o pedido de divórcio; naturalmente ele a segue, a fim de reconquistá-la, embora ainda esperando que ela veja as coisas à sua maneira.

Veronica Lake e Fredric March em Casei-me Com Uma Feiticeira

Casei-me Com Uma Feiticeira, comédia romântico-fantástica sobre uma linda mulher, Jennifer (Veronica Lake) e seu pai Daniel (Cecil Kellaway) que há 300 anos foram queimados na fogueira, acusados de feiticeiros pelo puritano Jonathan Wooley  (Fredric March). Ao ser consumida pelas chamas, ela lança uma maldição sobre Wooley e todos os seus descendentes, para que eles sejam infelizes no amor. Depois de passarem por várias gerações, Jennifer e seu pai assumem forma humana no presente e tentam destruir o noivado de um político descendente de Wooley (Fredric March); mas ela acaba se apaixonando por ele.

Fredric March e Alexis Smith em As Aventuras de Mark Twain

As Aventuras de Mark Twain, cinebiografia hollywoodianizada descrevendo a trajetória do grande escritor Samuel Langhorne Clemens (interpretado por Fredric March com a ajuda de três narizes falsos), das barcaças do Mississippi e da Corrida do Ouro para a glória literária. O filme foi indicado ao Oscar em três categorias: Melhor Direção de Arte em Preto e Branco (John J. Hughes / decoração de Fred McLean); Melhor Música de Filme Não Musical (Max Steiner); Melhor Efeito Especial Fotográfico e Sonoro (Paul Detlefsen e John Crouse / foto; Nathan Levinson / som).

Sementes de Ódio, drama baseado em uma peça de sucesso da Broadway, contando como um rapaz (Skip Homeier) criado na Alemanha e adotado por um tio americano (Fredric March), professor universitário, revela-se um nazista fanático doutrinado pela Juventude Hitlerista e antagoniza principalmente a noiva judia (Betty Field) do catedrático.

Harold Russel, Dana Andrews e Fredric March em Os melhores Anos de Nossas Vidas

Os Melhores Anos de Nossas Vidas, drama com um testemunho sociológico sobre a dificuldade de readaptação à vida civil de três militares  (Fredric March, Dana Andrews, Harold Russel), que retornam da Segunda Guerra Mundial.

No Caminho da Vida, drama baseado na peça de Lillian Hellman, que mostra as raízes dos problemas e maquinações da família Hubbard durante anos antes de Pérfida/ The Little Foxes / 1941, com Fredric March como Marcus, o homem de negócios que enriqueceu por meio de negócios obscuros durante a Guerra Civil, Florence Eldridge como Lavinia, sua esposa sofredora, e Ann Blyth como uma jovem que aprende uma lição de astúcia e amoralidade com seus irmãos  (Dan Duryea, Edmond O Brien).

Piedade Homicida, drama criminal, com cenas cinematograficamente criativas (v. g.  o uso do espelhos nas crises da enferma), abordando a questão da eutanásia, quando um juiz íntegro, Calvin Cooke (Fredric March), sabendo que sua esposa, Catherine (Florence Eldridge) sofre de um câncer no cérebro, inoperável e incurável, resolve, ante as dores terríveis que ela sofre, provocar um acidente de automóvel do qual nenhum dos dois escapasse com vida; ele, porém, se salva, e assim que se restabelece, procura a justiça, declarando-se assassino da esposa.

Cristovão Colombo, adaptação pictoricamente luxuosa em Technicolor, de um romance de aventura de Rafael Sabatini, mas com um andamento arrastado e sem o tom épico necessário para ilustrar o feito heróico do navegador genovês na sua busca pelas Índias Ocidentais. Fredric March personifica Colombo e Florence Eldridge a Rainha Isabel de Castela.

Cena de Os Melhores Anos de Nossas Vidas

 

Os Melhores Anos de Nossas Vidas sobressai sobre os demais pela humanidade e realismo do seu tema e pela quantidade de Oscars que proporcionou. Em 1945, três soldados americanos desmobilizados após o fim da Segunda Guerra Mundial – um sargento de infantaria (Fredric March), um capitão da aviação (Dana Andrews) e um marujo mutilado (Howard Russell) – se conhecem na viagem de volta para  sua cidade natal. Seus sentimentos de impaciência e apreensão são compartilhados. Como vai se passar o retorno à vida pessoal e social? O sargento, devotado pai de família, volta para sua mulher (Myrna Loy) e para um emprego que não o sastifaz; o capitão vai se reencontrar com a esposa (Virginia Mayo) com quem estivera casado apenas durante poucas semanas antes de ir para a guerra, e o marujo, que volta sem as duas mãos vai reunir–se à namorada de infância (Cathy O’Donnell). Os três enfrentam crises diferentes. William Wyler narra com delicadeza e inteligência esses acontecimentos, utilizando (com a ajuda de Gregg Toland) primorosamente a profundidade de campo e outros recursos estéticos (formidável o traveling psicológico na sequência no cemitério dos aviões) e coordenando com  autoridade uma equipe de atores e técnicos bem afinados. Os prêmios da Academia foram: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Fredric March), Melhor Ator Coadjuvante (Harold Russell), Melhor Roteiro Adaptado (Robert E. Sherwood), Melhor Música de Filme Não Musical (Hugo Friedhofer), Melhor Montagem (Daniel Mandell) além de um troféu especial para o ator não professional Harold Russell, “por levar a esperança e a coragem aos seus colegas veteranos de guerra”.

Durante a Segunda Guerra Mundial, March narrou um documentário sobre a então aliada Rússia, intitulado Black Sea Fighters, cujo script foi escrito por Clifford Odets e  ajudou a divertir os soldados, apresentando-se em acampamentos militares e hospitais em cinco continentes (América do Norte e do Sul, África, Asia e Europa), começando pelo Brasil. Do seu grupo faziam parte o comediante Sammy Walsh, a cantora Jeanne Darrell e a acordionista Evelyn Hamilton.

Em 1949, March fez sua estréia na TV no Ford Theater Hour em uma transmissão ao vivo de Twentieth Century, peça de Ben Hecht-Charles MacArthur, já levada à tela em 1934 por Howard Hawks com John Barrymore e Carole Lombard, e que aquí recebeu o título de Suprema Conquista. March herdou o papel de Oscar Jaffe e Lili Palmer o de Lily Garland, que haviam sido magnificamente interpretados por Barrymore e Lombard.

Fredric March questionado por Martin Dies Jr.da HUAC

Na manhã de 8 de junho de 1949, o nome de Fredric March apareceu na manchete do Los Angeles Mirror como tendo sido apontado (ele, Florence, e outros artistas como Edgard G. Robinson, John Garfield, Danny Kaye, Paul Muni, Sylvia Sidney, Frank Sinatra, Gregory Peck, Melvyn Douglas) como comunista por um relatório secreto do FBI. A resposta de March foi imediata. Ele contestou veementemente a acusação, processou o Counterattack – boletim anti-comunista, vendido por assinatura, que havia publicado a informação – e, em 22 de dezembro, o Hollywood Reporter anunciou que a edição do dia seguinte do Counterattack iria publicar uma retratação. Ao contrário de outros colegas, como Edward G. Robinson e John Garfield, nem March nem Eldridge foram intimados a testemunhar diante de nenhuma comissão, que poderia pedir para que eles delatassem colegas.

Este incidente não fez com que os March ficassem menos ativos politicamente ou em assuntos de bem estar social e nem interrompeu suas atuações no palco. No verão de 1950, eles interpretaram os papéis do Dr. Stockman e sua esposa  na adaptação da peça de Ibsen, “ En folkenfende” (O Inimigo do Povo),  feita por Arthur Miller, que utilizou esta obra do dramaturgo norueguês, para denunciar a situação política em curso no país,  onde as pessoas estavam sendo  perseguidas pelas suas convicções.

Fredric March e Mildred Dunnock em A Morte do Caixeiro Viajante

Quando surgiu a oportunidade de atuar na versão cinematográfica da peça de Arthur Miller, A Morte do Caixeiro Viajante/ Death of a Salesman / 1951, March não  deixou a chance lhe escapar de novo, pois durante anos  lamentou não ter aceitado o convite de interpretar o papel de Willy Loman na produção original da Broadway. Stanley Kramer produziu o filme para a Columbia e entregou a direção ao húngaro Laslo Benedek. A crítica astuta de Miller do Sonho Americano com sua ênfase no fracasso pessoal e profissional é um dos trabalhos mais importantes do Teatro Americano e, quando a peça estreou em 1949, dirigida por Elia Kazan com Lee J. Cobb, arrebatou os críticos, teve mais de 700 representações, e rendeu ao seu autor o Pulitzer Prize. No Brasil, a atuação magistral de Jaime Costa provocou o mesmo louvor da crítica. Miller não gostou do filme, insistindo que ele traiu sua intenção original, que era retratar seu protagonista central como uma vítima trágica do capitalismo e não, como o filme sugere, um chefe de família fracassado, que provoca seus próprios infortúnios. A perfomance de March foi um pouco exagerada, mas muito sincera, garantindo-lhe o prêmio de Melhor Ator no Festival de Veneza e sua quinta indicação para o Oscar. Na parte técnica, uma originalidade: os flashbacks  ou as dissolvências são dispensados e os incidentes do passado relatados em contínuo movimento como, por exemplo, quando Loman pensa em um incidente ocorrido anos atrás e caminha da velha cozinha do presente para a mesma cozinha mais nova de vinte anos atrás.

Fredric March em Os Saltimbancos

March reuniu-se com Elia Kazan pela primeira vez, desde que ele o dirigiu na peça “The Skin of Our Teeth”, em Os Saltimbancos / Man on a Tightrope / 1953,  drama sombrio e depressivo, produzido pela Twentieth Century Fox, no qual faz o papel de Karel Cernek, dono de um circo da Tchecoslováquia que, revoltado com as restrições da burocracia comunista, planeja uma fuga da trupe para a zona americana. O ator sentiu que sua presença em um filme de propaganda como esse dissiparia alguns efeitos ainda pendentes das acusações que haviam sido feitas contra ele.

Fredric March em As Pontes de Toko-Ri

Fredric March e Barbara Stanwyck em Um Homem e Dez Destinos

No ano seguinte, dois filmes de reconhecida dignidade artística, Um Homem e Dez Destinos / Executive Suite  (Dir: Robert Wise, MGM) e  As Pontes de Toko-Ri / The Bridges of Toko-Ri (Dir: Mark Robson, Perlberg-Seaton Prod.) apresentaram-no em papéis característicos. No primeiro, estudo penetrante da alta esfera industrial, mostrando a disputa pelo cargo de um novo presidente de uma grande companhia, March, apesar de cercado por um elenco irrepreensível (Barbara Stanwyck, William Holden, Walter Pidgeon, June Allyson, Nina Foch, Paul Douglas, Dean Jagger e Shelley Winters), conseguiu se destacar como Loren P. Shaw, um dos executivos que ambicionam o cargo – mas foi Nina Foch quem conseguiu ser indicada para o Oscar.  Wise manteve uma tensão constante até o climax da competição, auxiliado por uma equipe técnica indicada para o Oscar: George Folsey (fotografia preto e branco), Edwin B. Willis, Emile Kuri (direção de arte, interiores preto e branco) e Helen Rose (figurinos preto e branco). No segundo filme – versando sobre a Guerra da Coréia, mas particularizando o medo de um jovem advogado (William Holden) que, arrancado dos braços da mulher (Grace Kelly) e das filhas, foi reconvocado e se sente arbitrariamente envolvido no conflito armado (pois já dera sua cota de sacrifício e agora terá que pilotar um avião a jato em uma missão suicida) -, March é o almirante George Tarrant, que perdera um filho na Segunda Guerra e tenta animá-lo, com a filosofia de que o progresso do mundo se deve ao sacrifício de alguns. Porém, quando vê o rapaz partir para a morte, não consegue esconder a dor que sente.

Na segunda metade do decênio, o nome de March continuou aparecendo em segundo plano nos créditos – depois de Humphrey Bogart em Horas de Desespero/ The Desperate Hours/ 1955 (Dir: William Wyler, Paramount); de Richard Burton em  Alexande Magno/ Alexander the Great/ 1956, (Dir: Robert Rossen, C. B. Films)/ Rossen Films); de Gregory Peck em O Homem do Terno Cinzento/ The Man in the Gray Flannel Suit/ 1956 (Dir: Nunnally Johnson, Twentieth Century-Fox); de Kim Novak  (mas no papel principal) em Crepúsculo de uma Paixão/ Middle of the Night/ 1959 (Dir: Delbert Mann,  Sudan Prod.)

Fredric March e Humphrey Bogart em Horas de Desespero

Fredric March e Richard Burton em Alexandre   Magno

Gregory Peck e Fredric March em O Homem do Terno Cinzento

Kim Novak e Fredric March em Crepúsculo de uma Paixão

Em Horas de Desespero, drama criminal com muita tensão dramática, March é Dan C. Hilliard, chefe de uma família suburbana sitiada por três fugitivos da penitenciária liderados por Glenn Griffin (Humphrey Bogart). Em Alexandre o Magno, biografia do personagem histórico bem documentada mas com trechos demasiadamente longos e cansativos, March é Felipe da Macedonia, o pai de Alexandre (Richard Burton). Em O Homem do Terno Cinzento, drama social e existencial, March é Ralph Hopkins, executivo de uma rede de televisão, onde um ex-soldado (Gregory Peck) procura emprego, mas tem que enfrentar questões éticas e as lembranças da guerra. Em Crepúsculo de uma Paixão, drama baseado na peça de Paddy Chayefsky e adaptado por ele mesmo, March é Jerry Kingsley, negociante de meia-idade viúvo, que procura refúgio à sua solidão em uma secretária récem-divorciada e também solitária (Kim Novak), bem mais nova do que ele, criando problemas na sua família.

Spencer Tracy e Fredric March em O Vento Será Tua Herança, vendo-se ao fundo, Harry Morgan.

Nos anos 60, March continuou em atividade em mais cinco filmes, nos quais atuou como coadjuvante ou dividindo o papel principal com outro astro de nível igual ao seu como ocorreu em O Vento Será Tua Herança/ Inherit The Wind/ 1960 (Dir: Stanley Kramer / Stanley Kramer Prod.), reconstituição levemente disfarçada do famoso “Processo do Macaco”, ocorrido em 1925, quando dois grandes advogados Clarence Darrow e William Jennings Bryan se enfrentaram no tribunal, o primeiro defendendo um professor de biologia, acusado do crime de ter ensinado a Teoria de Darwin da evolução das espécies e o segundo, um político fundamentalista, funcionando na acusação. Os nomes de Darrow e Bryan foram mudados no filme para Henry Drummond (Spencer Tracy) e Matthew Harrison (Fredric March).

Robert Wagner, Sophia Loren e Fredric March em Os Sequestrados de Altona

Fredric March e Kirk Douglas em Sete Dias de Maio

Richard Boone, Barbara Rush e Fredric March em Hombre

Os outros filmes foram: Preceito de Honra/ The Young Doctors / 1961 (Dir: Phil Karlson / Millar Turman Prod – Drextel Films), drama sobre a vida profissional dos médicos de um hospital, exaltando a classe médica, mas sem evitar os aspectos negativos do assunto como a burocracia, os problemas de ordem econômica e as deficiências no atendimento aos pacientes. March é o Dr. Pearson, chefe do laboratório de patologia do hospital que, após muito tempo no serviço, precisa ser removido do cargo que ele obstinadamente não quer largar para seu assistente, um médico mais jovem (Ben Gazarra); O Condenado de Altona / I Sequestrati Di Altona / 1962 (Dir: Vittorio de Sica / Société Générale de Cinematographie – Titanus), drama moroso baseado na peça de Jean-Paul Sartre mostrando as consequências morais e psíquicas do nazismo na Alemanha, sobre a família (Maximilian Schell, Sophia Loren, Robert Wagner, Françoise Prevost) do industrial Albrecht von Gerlach (Fredric March), que serviu aos interesses econômicos do regime hitlerista e  se enriqueceu das ruínas da guerra reconstruindo para os americanos os estaleiros legados dos nazistas; Sete Dias de Maio / Seven Days in May / 1964 (Dir: John Frankenheimer / Joel Prod.- Seven Arts Prod.), drama fictício em chave de thriller narrando a semana decisiva de um golpe preparado pelo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas (Burt Lancaster) contra o Presidente dos Estados Unidos (Fredric March), que dele toma conhecimento por intermédio do Coronel Jiggs (Kirk Douglas). A exibição do filme foi momentaneamente proibida na antiga Guanabara e em São Paulo em face da situação política em nosso país naquele momento; Hombre / Hombre / 1967 (Dir: Martin Ritt / Hombre Prod.), westernlento mas absorvente, com boa análise de caractéres, tendo Paul Newman no papel de John Russell (apelidado de “Hombre”), rapaz branco por nascimento, mas criado pelos apaches em uma reserva indígena, que segue na diligência fretada por Favor (Fredric March), agente dos negócios indígenas em fuga, na companhia de sua esposa  sexualmente reprimida (Barbara Rush), com o dinheiro que roubara dos fundos do governo. Russell é desprezado pelos seus “respeitáveis” companheiros de viagem, porém se torna a única esperança de sobrevivência do grupo, quando são assaltados por bandidos liderados por Cicero Grimes (Richard Boone).

A carreira de Fredric March quase se encerrou com O Xerife da Cidade Explosiva / Tick…Tick….Tic. / 1970, drama rural que se inicia quando um candidato negro Jimmy Price (Jim Brown) sai vitorioso nas eleições para delegado de uma pequena cidade do Sul dos EUA, desencadeando preconceitos, mas com o auxílio do prefeito Jeff Parks (Fredrich March), do ex-xerife John Little (George Kennedy), e da boa aplicação da lei, todos acabam reconhecendo seu valor.

Lee Marvin e Fredric March em The Iceman Cometh

Após esta filmagem, March estava razoavelmente certo de que havia se retirado das telas, mas seus parentes e amigos convenceram-no a aceitar o papel de Harry Hope, o dono do Last Chance Saloon, lugar que retrata simbolicamente a perda da ilusão e a aproximação da Morte em The Iceman Cometh / 1973, produção do American Film Theater, baseada na peça nihilista de Eugene O’Neill. Lee Marvin é Theodore “Hickey” Hickman, o caixeiro-viajante alegre e falastrão, cuja visita – para uma “bebedeira periódica” – é aguardada pelo grupo de alcoólatras desajustados na vida e obcecados por fantasias sobre sua condição e o futuro. Hickey tenta fazer com que eles enfrentem a realidade e, no final, revela tragicamente que matou sua esposa, amante de um entregador de gêlo, entregando-se aos policiais.

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