ALFRED JUNGE

abril 18, 2024

Nascido em 1886 em Gorlitz, Alemanha e falecido em 1964 em Londres, ele começou sua carreira de cenógrafo no teatro, trabalhou nos principais filmes do cinema de Weimar (1919-1933), e depois se tornou o diretor de arte mais importante do Cinema Britânico, prestando serviço para a Gaumont-British, The Archers e o estúdio britânico da MGM.

Alfred Junge

Após a morte prematura de seu pai Junge começou seu aprendizado como pintor de casas e frequentou cursos de arte paralelamente. Fascinado pelo teatro desde os dezoito anos de idade, trabalhou no Stadtteather Görlitz atuando como ator, pintor e criador de efeitos especiais. Depois de funcionar como artista cênico e designer em teatros provinciais, mudou-se para Berlim a fim assumir funções no Staatsoper e no Staatstheater. Sua carreira teatral foi interrompida pela eclosão da Primeira Guerra Mundial.

Em 1920, começou a trabalhar como cenógrafo nos estúdios da Ufa e ganhou seu primeiro crédito colaborando com Walter Reimann no filme ambicioso da Gloria-Film, Die Grune Manuela / 1922/23, dirigido por E. A. Dupont, com o qual trabalharia constantemente nos próximos anos (começando com Das Alte Gezets / 1923) e que exerceria uma influência importante na sua carreira. Para o filme estilizado Figuras de Cera / Das Wachsfigurenkabinett / 1923, Alfred Junge e Fritz Maurischat tiveram que transformar os esboços imaginativos do diretor-designer Paul Leni em realidade tridimensional. Outro diretor com o qual A. Junge trabalhou repetidamente no início dos anos vinte no Gloria-Film foi Hans Steinhoff, por exemplo, em Mensch Gegen Mensch / 1924, colaborando com O. F. Werndorff, com o qual também formou dupla no sucesso internacional de E.A. Dupont, Varieté / Varieté / 1925.

Figuras de Cera

Varieté

A partir de meados de 1920, A. Junge trabalhou em produções padrão para a Ufa, e também para firmas menores como Phoebus, Greenbaum ou National-Film, e para diretores como Holger-Madsen (Spitzen / 1926), Erich Washneck (O Bairro da Perdição / Die Carmen Von St. Pauli / 1928; Die Drei um Edith / 1929), e William Dieterle (Ich Liebe Für Dich / 1929).

Quando E. A. Dupont voltou de Hollywood em 1927 para assumir o posto de gerente de produção e diretor nos estúdios da British International Picture (B.I.P.) em Elstree, ele chamou Junge – juntamente com o cinegrafista alemão Werner Brandes – para trabalhar com ele em Moulin Rouge / Moulin Rouge / 1928 e Picadilly / Picadilly / 1929, ambos os filmes passados no ambiente do teatro de variedades.

Moulin Rouge

Picadilly

Após realizar vários filmes mudos na Alemanha, A. Junge retornou a Elstree em 1930, para colaborar com Dupont nas suas produções multilíngues: Two Worlds / 1930 e Cape Forlorn / 1931. Atravessando o Canal, desenhou cenários para outras produções em versões múltiplas como Salto Mortale / 1931 (Dir: E. A. Dupont) em Babelsberg e Marius / 1931 (Dir: Alexander Korda) em Joinville, assim como para outras produções germânicas.

Em 1932, A. Junge se transferiu definitivamente para Londres, onde Michael Balcon nomeou-o chefe do departamento de arte no Gaumont British Studios em Shepherd´s Bush. Um dos primeiros compromissos lá foi Waltz Time / 1933, versão inglesa de Die Fledermaus, dirigido por Wilhelm Thiele, o especialista em operetas da Ufa.

O Homem Que Sabia Demais

Até 1938 ele desenhou cenários para todos os gêneros, colaborando com uma série de diretores britânicos, inclusive Alfred Hitchcock (O Homem Que Sabia Demais / The Man Who Knew too Much / 1934, Jovem e Inocente / Young and Innocent / 1937) e Victor Saville (Eu Fui uma espiã / I Was a Spy / 1933, Sempre Viva / Evergreen / 1934, Ainda   O Amor / It´s Love Again / 1936). Outros filmes foram feitos com diretores emigrados como Anatole Litvak (O Galã do Expresso / Sleeping Car / 1933) e Lothar Mendes (O Judeu Suss / Jew Suss /1934. Seu último filme para a Gaumont-British foi Climbing High (Dir: Carol Reed) em 1938. No ano seguinte, A. Junge exerceu seu ofício no novo estúdio britânico da MGM em Denham, criando os cenários de uma Escola Pública para Adeus, Mr. Chips / Goodbye, Mr. Chips / 1939 de Sam Wood.

Neste Mundo e no Outro

Narciso Negro

No filme The Fire Raisers / 1934 da Gaumont British A. Junge trabalhou pela primeira vez com Michael Powell. Em 1939, eles renovaram sua colaboração no thriller de guerra interpretado por Conrad Veidt, Nas Sombras da Noite / Contraband, escrito pelo emigrado russo Emeric Pressburger. Quando Powell e Pressburger formaram sua companhia The Archers em janeiro de 1942, A. Junge se uniu a eles como diretor de arte. Nos próximos cinco anos, o time criou uma série de obras-primas do cinema britânico: Coronel BlimpVida e Morte / The Life And Death of Colonel Blimp; Um Conto de Canterbury / A Canterbury Tale; Sei Onde fica o Paraíso / I Know Where I´m Going; Neste Mundo e no Outro / A Matter of Life and Death; e finalmente Narciso Negro / Black Narcissus, que deu a A. Junge um Ocar pelo seu impressionante design em Technicolor.

Em 1948, A. Junge assumiu o departamento de arte no Metro-Goldwyn-Mayer British Studios em Elstree, que era responsável pelos filmes feitos por diretores americanos em estúdios europeus. Embora alguns destes filmes não fossem tão inventivos e importantes como os de Powell-Pressburger, nota-se algumas produções notáveis como Convite à Dança / Invitation to Dance / 1956 de Gene Kelly.  Outros filmes com seu nome nos créditos nesta época estão, por exemplo: Ivanhoé, o Vingador do Rei / Ivanhoe / 1952; Mogambo / Mogambo / 1953; Os Cavaleiros da Távola Redonda / Knights of the Round Table / 1953 (que lhe deu nova indicação para o Oscar); O Belo Brummel / Beau Brummel / 1954. Seu último compromisso, como desenhista de produção freelancer, foi na adaptação de Charles Vidor de Adeus às Armas / A Farewell to Arms / 1957, filmado em locação na Itália e nos estúdios de Cinecittà.

Leave a Reply