A SÉRIE BLONDIE

dezembro 12, 2021

A série Blondie originou-se das histórias em quadrinhos de Murat (Chic) Young, criada em 15 de setembro de 1930 para o King Features Syndicate. Nas tiras de Chic Young, Blondie Boopadoop era inicialmente uma melindrosa fútil e despreocupada, cortejada por Dagwood Bumstead, filho de um rico industrial. Em 17 de fevereiro de 1933, Blondie casa-se com Dagwood, que é prontamente deserdado pelo pai. O ex-playboy então tem que trabalhar para sustentar a família enquanto Blondie torna-se uma esposa doce e devotada da classe média americana, que assume as rédeas do lar e, com paciência e sensatez, aguenta as palermices do marido, tenta todos os esquemas para reforçar a posição profissional do esposo e se mete em uma série de confusões nos seus esforços para complementar o orçamento familiar.

Penny Singleton, Daisy e Arthur Lake

Esta reviravolta na personalidade de Dagwood e Blondie foi talvez o fator preponderante para a sua popularidade internacional, traduzida em várias línguas e publicada simultaneamente em mais de dois mil jornais do mundo. Nos quadrinhos publicados no Brasil Blondie virou Belinda e Dagwood recebeu o nome de Alarico. Já o Jornal do Comércio publicou Blondie, mantendo o nome original americano.

As aventuras e desventuras do casal Bumstead e sua prole (que incluía o bebê Dumpling, depois chamado de Alexander, quando adolescente, e Cookie, a filha caçula) foram transportadas para o cinema em 28 filmes de orçamento modesto (com duração entre 65 a 70 minutos), produzidos pela Columbia Pictures entre 1938 e 1950.

Blondie era interpretada por Penny Singleton, Dagwood por Arthur Lake, Baby Dumpling e Alexander por Larry Simms e Cookie por Marjorie Kent. Nas cópias distribuídas em nosso país Blondie se chamava Florisbela; Dagwood, Pancrácio. e Baby Dumpling atendia pelo nome de Jujuba. A sensação que se sente vendo os filmes é que Florisbela, Pancrácio, Jujuba são reais, pessoas que podemos encontrar a qualquer momento. Em cada filme da série o cão Daisy, canino de raça híbrida (Cocker Spaniel-Poodle-Terrier), muito bem treinado por Rudd Weathermax e auxiliado por alguns truques de câmera, quase rouba o espetáculo. No Brasil Daisy recebeu o nome de Faísca.

Muito  fiel à sua fonte original, os espetáculos tinham um elenco bem escolhido e suas histórias foram desenvolvidas com  bom humor e ternura, gags verbais e visuais inteligentes e compreensão das excentricidades domésticas, destacando-se ainda outros personagens fixos: J. C. Dithers (Jonathan Hale), o irascível patrão de Dagwood, dono de uma construtora (personagem depois chamado de Mr. Radcliffe, interpretado por Jerome Cowan); o carteiro apressado (Irving Bacon) que sempre colide com Dagwood de manhã; Alvin Fuddle (Danny Mummet), amigo de infância de Dagwood.

Jujuba, Florisbela, Pancrácio e … Rita Hayworth

O elenco foi praticamente o mesmo nos 28 filmes – envelhecendo tanto na tela como na vida real. Sempre que um dos personagens contínuos era interpretado por um ator diferente, sua aparência diferente era cuidadosamente explicada no roteiro. Vários artistas contratados do estúdio podem ser vistos nos filmes da série, entre eles alguns que se tornariam grandes astros como Rita Hayworth e Glenn Ford ou se destacariam em produções A como Larry Parks, Anita Louise, Peggy Ann Garner, Adele Jergens, Janet Blair, Hans Conried, Adele Mara, Lloyd Bridges, James Craig. Em um dos filmes da série, A Família do Barulho, foi utilizado o samba “Solteiro é Melhor” de autoria de Rubens Soares e Felisberto Silva (gravado por Francisco Alves em 1939), Penny Singleton se solta, dançando uma conga com Tito Guizar e Lake (travestido de mulher) toca bateria na banda do ator mexicano.

Penny Singleton (1908- 2003), cujo verdadeiro nome era Mariana Dorothy McNulty, nasceu em Filadélfia, Pennsylvania. Seu pai era um jornalista e seu tio Diretor-Geral dos Correios. Quando criança interpretava illustrated songs (canções ou hinos patrióticos ilustrados por slides coloridos de lanterna mágica, mostrando as letras das canções e poses de modelos representando trechos das mesmas) nos primeiros cinemas e fazia alguns números de mímica. Após cursar a Universidade de Columbia, ela voltou para o teatro, aparecendo como cantora e acrobata em musicais da Broadway. Em meados dos anos trinta assinou contratos com a Warner Bros. e MGM, obtendo papéis insignificantes. Uma boa participação neste período foi em A Comédia dos Acusados / After the Thin Man / 1936 como uma cantora de boate (creditada como Dorothy McNulty). Em 1937 ela se casou com um dentista, Dr. Lawrence Singleton, e pintou seu cabelo preto para conquistar o papel da loura Blondie, quando a atriz Shirley Deane teve que abdicar do mesmo em virtude de doença. Em 1941, Penny já divorciada, casou-se com o produtor Robert Sparks. Desde que entrou para a série Blondie, Penny teve dificuldade de obter outros papéis, mas conseguiu aparecer em A Amazona Apaixonada / Go West Young Lady / 1941, dividindo o estrelato com Glenn Ford e Ann Miller.  Em 1951, quando a série Blondie terminou, Penny voltou para o circuito de boates. Em 1960, tornou-se líder sindical, cumprindo dois mandatos como presidente do American Guild of Variety Artists.

Arthur Lake e Penny Singleton

Arthur Lake (1905 – 1987), cujo verdadeiro nome era Arthur Silverlake Jr., nasceu em Corbin, Kentucky. Seu pai e o tio faziam um número de acrobacia aérea e eram conhecidos como “The Flying Silverlakes”. A mãe de Lake, Edith Goodwin, era atriz. Quando a família mudou do circo para o circuito do vaudeville, Lake e sua irmã juntaram-se a eles. O grupo viajou pelo Sul dos EUA, anunciado como “Family Affair”. Lake apareceu no cinema pela primeira vez em João, o Matador de Gigantes / Jack and the Beenstalk / 1917, produzido pela Fox Corporation. Durante os anos vinte ele participou de comédias curtas da Universal e, nos períodos de folga, trabalhou no vaudeville. O primeiro filme falado dele foi Conquistadores do Ar / Air Circus / 1920. Os espectadores ouviram sua voz pela primeira vez como Harold Astor, o papel principal que ele teve no musical de bastidor Toca a Música / On With the Show! / 1929. Nos anos trinta, os fãs veteranos devem se lembrar de Lake como o ascensorista na divertida comédia sobrenatural A Dupla do Outro Mundo / Topper / 1937. Uma vez que entrou para a série Blondie, ele se tornou tão tipificado pelo personagem abobalhado, que raramente teve oportunidade de aparecer em papéis diferentes como (v. g. Amores de Folga / Sailor´s Holiday / 1944, O Crime do Fantasma / The Ghost That Walks Alone / 1944 e Três é Demais / Three is a Family / 1944). Em 1954 ele participou, com sua esposa Patricia Van Cleve e seus dois filhos, de um telefilme piloto, Meet the Family, baseado em uma idéia de Marion Davies. Lake frequentava a mansão dos Hearst, onde conheceu Patricia que, segundo consta, era filha ilegítima de Marion e do famoso magnata da imprensa.

Em 1943, após os quatorze filmes iniciais, a Columbia perdeu o interesse pela série, porém os espectadores escreveram para o estúdio com tanto entusiasmo, que os responsáveis pela produção resolveram reativá-la em 1945 e ela continuou até 1950.

Blondie na TV

Blondie chegou ao rádio transmitido pela CBS em 1939. A série radiofônica apresentava todos os elementos familiares aos leitores da história em quadrinhos e aos espectadores da série cinematográfica e obteve o mesmo sucesso. No ar foi ouvida de 1939 a 1951 com as vozes de Penny Singleton e depois sucessivamente Ann Rutherford, Alice White e Patricia Van Cleve como Blondie; Arthur Lake como Dagwood; Leone Ledoux (especialista em papéis infantís) como Baby Dumpling e Cookie quando crianças; Larry Simms e Bobby Ellis, Jefffrey Silver como Alexander; Marlene Aames e depois Norma Jean Nilsson, Joan Rae como Cookie; Hanley Stafford como J.C. Dithers; Dix Davis como Alvin Fuddle, etc. Cada programa começava com a famosa “Uh-uh-uh- don´t touch that dial! Listen to …  (Nâo toque naquele botão de contrôle! Ouça – Blondie!). Voz de Dagwood: B-l-o-o-o-o-n-d-i-e!!! Uma sequência sempre repetida no programa de rádio era aquela de Mr. Dithers gritando por Dagwood “Come into my office” (Entre no meu escritório) contrapontuada por um obbligato de trombeta em surdina.

Na televisão, Blondie mereceu duas séries. A primeira, transmitida pela NBC, tinha 26 episódios e foi ao ar de janeiro a junho de 1957 com Pamela Britton como Blondie, Arthur Lake como Dagwood, Florenz Ames como J. C. Dithers, Ann Barnes como Cookie e foi ao ar de setembro de 1968 e janeiro de 1969 de 1968 (exceto o 14º que não chegou a ser programado) com Patricia Harty como Blondie, Will Hutchins como Dagwood, Pamelyn Ferdin como Cookie, Peter Robbins como Alexander, Jim Backus como J.C. Dithers., etc.

FILMOGRAFIA

Dirigidos por Frank Strayer:

1938 Florisbela / Blondie.

1939 Florisbela Secretária / Blondie Meets the Boss

Florisbela em Férias / Blondie Takes a Vacation.

Florisbela Domestica o Baby / Blondie Brings Up Baby

1940 Florisbela Quer o Divórcio / Blondie On a Budget

Florisbela Boa-Vida/ Blondie Has Servant Trouble

Cupido Perigoso / Blondie Plays Cupid

1941 Família do Barulho / Blondie Goes Latin

Bancando a Grã-fina / Blondie in Society

1942 Blondie Goes to College

Um Papai em Apuros / Blondie´s Blessed Event

Esposas em Pé de Guerra/ Blondie for Victory

1943  It´s a Great Life

Footlight Glamour

Dirigidos por Abby Berlin:

1945 Donativo Desastroso / Leave it to Blondie

Life with Blondie.

1946 Blondie Knows Best

Blondie´s Lucky Day

1947 Blondie’s Big Moment

Blondie’s Holiday

Bondie in. the Dough

Blondie´s Anniversary

Blondie’s Reward

1948 Blondie ´s Secret

1949 Blondie’s Big Deal

Blondie Hits the Jackpot

1950 Blondie’s Hero.

Beware of Blondie

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