O CINEMA DE MARCEL PAGNOL E SACHA GUITRY

dezembro 3, 2021

Menosprezados durante muito tempo pelos críticos e pouco conhecidos pelo público brasileiro (todos os filmes de Pagnol, menos um, não foram exibidos comercialmente em nosso país e dos 27 filmes de Guitry apenas 9 passaram em nossas telas), eles foram recentemente reabilitados graças a várias retrospectivas de suas obras e uma maior divulgação por meio da televisão e dos dvds; hoje, são considerados grandes cineastas.

MARCEL PAGNOL

Marcel Pagnol (Aubagne, 1895 – Paris, 1974) defendeu a causa do “cinema teatral” e expôs os princípios que ele chamou de Cinematurgie na revista Les Cahiers du Film. Na sua síntese: “O filme falado devia reinventar o teatro”. Os críticos diziam que Pagnol não fazia cinema mas “teatro em conserva, porém ele sabia que fazia um cinema à sua maneira (e com o seu dinheiro, pois, a partir de certa época, abriu a sua produtora, o seu estúdio e até o próprio cinema).

Seguindo os passos do pai, Pagnol exerceu a profissão de professor de inglês nos arredores de Marselha. Em 1922 lecionou no Lycée Condorcet em Paris, mas logo abandonou o magistério para se dedicar exclusivamente ao teatro. O sucesso de Topaze, e depois de Marius, revelou ao público francês que ele era um escritor de verdade. Em seguida vieram Fanny, César e finalmente Pagnol decidiu entrar no novo mundo do filme sonoro. Marius / 1931 e Fanny / 1932, os primeiros filmes baseados em suas peças, foram respectivamente realizados, sob sua orientação, por Alexander Korda e Marc Allégret. Mas ele próprio completaria com César / 1936, a trilogia marselhesa, comédias de costumes impregnadas de um calor humano inimitável, que asseguraram a glória de seu autor e de seus intérpretes (Raimu – César, Pierre Fresnay – Marius, Orane Demazis – Fanny, Charpin – Panisse).

Em 1933 Pagnol estreou na direção com Le Gendre de Monsieur Poirier, adaptação de uma comédia de costumes de Emile Augier e Jules Sandeau e logo depois Angèle e Joffroi, ambos realizados em 1934, iniciaram uma série de filmes baseados nos contos e novelas de Jean Giono, destacando-se, Regain / 1937 e A Mulher do Padeiro / La Femme du Boulanger / 1938. Servindo-se de atores excepcionais, tendo à frente Raimu e Fernandel, Pagnol mostrava os habitantes do Midi tais como eram, gente simples de espírito franco e bem-humorado com um gosto especial pelas réplicas espirituosas, e os fazia falar a própria língua, com a impetuosidade verbal e o sotaque que era um dos encantos do pequeno mundo provençal, embora em certos trechos desses filmes eles falassem demais. Ninguém descreveu melhor o universo campestre, recriado em cenários naturais com simplicidade e absoluta fidelidade, o que levou De Sica e Rosselini a reconhecê-lo como inventor do neorrealismo italiano.

Outros filmes de Pagnol produzidos nos anos 1930 (Merlusse / 1935; Le Schpountz / 1938) ou nas décadas posteriores (La Fille du Puisatier / 1940; Naïs / 1945; Manon des Sources / 1952) têm algum encanto por seus tipos humanos sobretudo o palerma que acredita ser um artista de Le Schpountz e o corcunda comovente de Naïs, duas admiráveis interpretações de Fernandel; Manon no entanto é cansativo com suas quatro horas de projeção e verbosidade incontida. Quanto aos demais, Cigalon / 1935 é uma fábula provençal muito palavrosa; Topaze / 1936 vale apenas pela interpretação de Fernandel; La Belle Meunière / 1948 é uma experiência frustrada inclusive na aplicação do processo de cor Rouxcolor testado na ocasião; Les Lettres de Mon Moulin / 1954, último filme do cineasta baseado em quatro contos de Alphonse Daudet, peca pela loquacidade e estaticidade.

Em 1957, Pagnol publica suas memórias de infância, “La Gloire de Mon Père” e “Le Chateau de Ma Mère” (transportadas para o cinema anos em 1990 por Yves Robert). Em  1986, Claude Berri filmou “L’Eau des Collines”, epopéia romanesca em duas  partes,  “Jean de Florette“ e “Manon des Sources”, espetáculo esplêndido que reproduz magnificamente o universo do cineasta com atuações notáveis de Gerard Depardieu, Yves Montand e Daniel Auteuil. Pagnol reuniu sob o título “L’Eau des Collines” o roteiro de seu filme Manon des Sources (tema da segunda parte do livro) e Jean de Florette, (tema da primeira parte, a história do corcunda, pai de Manon, sua chegada nas colinas com a mulher e a filha, sua obstinação, seu calvário, sua ruína e sua morte).

No meu livro “Uma Tradição de Qualidade: O Cinema Clássico Francês 1930-1959” (Editora PUC / Contraponto, 2010) incluí três filmes de Marcel Pagnol e dois de Sacha Guitry entre os 150 filmes representativos do cinema clássico francês:

MARIUS

Pierre Fresnay e Orane Demazis em Marius

 

O jogo de cartas

No velho porto de Marselha, o Bar de la Marine é mantido por César (Raimu), que ali vive com seu filho Marius (Pierre Fresnay). Honorine (Alida Rouffe), vizinha e comerciante, tem uma filha, Fanny (Orane Demazis), apaixonada por Marius. Porém o rapaz só sonha com o mar e com os grandes veleiros, que poderão levá-lo para lugares longínquos. Panisse (Fernand Charpin), viúvo e rico, embora bem mais velho que Fanny, quer se casar com ela. Fanny torna-se amante de Marius, mas constata a amargura dele, contrariado nos seus projetos de evasão, e o incita a se engajar como marinheiro em um navio que está partindo. Primeiro exemplar da trilogia Marius-Fanny-Céar, comédias de costume meridionais que revelaram o mundo de Pagnol com sua humanidade simples e calorosa, seu folclore marselhês, imposto na tela pelo texto e por atores maravilhosos. A cena na qual Raimu tenta trapacear no jogo de cartas, dizendo para seu parceiro “tu me partes o coração” é apenas um dos vários momentos antológicos do espetáculo, filmado em exteriores bastante fotogênicos. Pierre Leprohon tinha razão:  o teatro convinha a Pagnol por causa do seu gôsto pelo verbo, pela eloquência, mas o cinema também lhe convinha porque o liberava da cena, do cenário, do pano de fundo. Pagnol precisava do ar livre, do sol, do espaço. O cinema foi para o jovem autor o desejo de evasão que atormentava Marius.

REGAIN

Fernandel e Orane Demazis em Regain

Orane Demazis e Fernandel

Aubignane é uma aldeia perdida na montanha, que está morrendo. Seus últimos habitantes são Panturle (Gabriel Gabrio), o caçador, e La Mamèche (Marguerite Moreno), uma velha italiana meio louca. Esta sugere a Panturle que procure uma mulher, a fim de dar vida às ruínas. Chegam Arsule (Orane Demazis), uma jovem miserável, e Gédémus (Fernandel), um amolador de facas itinerante sórdido e egoísta. Arsule abandona Gédémus e vai morar com Panturle. E enquanto La Maméche morre despedaçada pelas aves de rapina, Panturle e Arsule, unidos pelo amor e ardor pelo trabalho, vão enfim regenerar aquele solo árido.

História de uma aldeia abandonada por seus habitantes que vai reviver graças ao amor, à coragem e à esperança de um casal de deserdados. Os símbolos são simples e diretos. O sulco nos campos, o nascimento de uma criança, o azul do céu, a fecundidade do solo … a vida ganhando da morte. Panturle e Arsule são personagens de coração puro que vivem no ritmo das estações em comunhão com uma Provença bucólica e profundamente verdadeira. Uma cena particularmente comovente e poética ocorre quando os amigos das aldeias vizinhas vêm em ajuda ao casal: uns lhe emprestam o trigo, um outro a relha do arado, que é o seu único bem na terra.

A MULHER DO PADEIRO

Raimu e Ginette Leclerc em A Mulher do Padeiro

Cena de A Mulher do Padeiro

Aimable Castanet (Raimu), o novo padeiro da aldeia de Sainte-Cécile, na Provença não tem rival para fazer um bom pão branco. Um dia, sua mulher, Aurélie (Ginette Leclerc), foge com Dominique (Charles Moulin), o pastor de ovelhas do marquês de Monelles (Fernand Charpin). O infortúnio do padeiro a princípio diverte a comunidade, mas Aimable, desesperado, não tem mais ânimo para o trabalho. Ele se embriaga, abandona o forno e quer se enforcar. Os aldeões então se organizam para trazer a infiel Aurélie de volta.

Crônica camponesa tão rica de verdade humana quanto os outros filmes provençais do diretor. É um estudo preciso das reações que a infelicidade provoca em um homem simples do coração. O filme trata também da solidariedade de um grupo, que estava oculta e se manifesta em razão do desespêro pela inação do padeiro. Toda a intriga gravita em torno de Raimu e ele nos proporciona uma de suas melhores composições: vejam a longa cena de embriaguez na qual ele ri, canta em italiano, diz obscenidades, se afoga em lágrimas e adormece, evocando com lirismo o dor dos braços de sua mulher. Fica-se com vontade de chorar quando Aimable, sem ousar se dirigir a Aurélie no retorno de sua fuga, expressa toda a sua dor, dirigindo-se à gata, que também fugira.

SACHA GUITRY

Sacha Guitry

Filho do ator de teatro Lucien Guitry, Alexandre-Pierre Georges “Sacha” Guitry (São Petersburgo, 1885 – Paris,1957) passou a infância entre celebridades artísticas (Claude Monet, Auguste Renoir, Sarah Bernhardt, Anatole France etc.), que figuraram no seu curta-metragem amador Ceux de Chez Nous, realizado em 1915. No ano seguinte, estreou os palcos e depois se tornou um ator aclamado pelo público e um dos dramaturgos mais fecundos e espirituosos do teatro de boulevard parisiense. Apesar de seu ceticismo inicial com relação ao cinema falado, Guitry ingressou nesse meio com Pasteur / Pasteur / 1935, adaptação palavra por palavra de sua peça sobre o ilustre sábio francês. Desde então, continuou escrevendo, dirigindo e interpretando alguns dos filmes mais inventivos e livres das regras sacrossantas da  “gramática” cinematográfica, como Bonne Chance /  1935; O Novo Testamento / Le Nouveau Testament / 1936; O Romance de um Trapaceiro / Le Roman d´um Tricheur / 1936; Mon Père Avait Raison / 1936; Vamos Sonhar / Faisons um Rêve /1936; sua primeira fantasia histórica,  As Pérolas da Corôa / Les Perles de la Couronne / 1937; A Palavra de Cambronne / Le Mot de Cambronne / 1937, Madame e seu Mordomo / Desiré /1937; Remontons les Champs Elysées / 1938; Quadrille / 1938; Eram Nove Solteirões / Ils étaient Neuf Celibataires / 1939.

A liberdade com a qual Guitry lida com as formas cinematográficas é espantosa. Seus créditos vivos, espontâneos nos quais ele apresenta seus atores e cita cada um dos técnicos, por exemplo, são algo de original nos anais da Sétima Arte. O teatro-cinema de Guitry é também interessante pela crítica de costumes corrosiva presente na maioria de seus filmes e pela participação nos seus filmes de intérpretes admiráveis bastando mencionar Fernandel, Raimu e Michel Simon além dele próprio com sua dicção característica. É verdade que ele gostava de se ouvir falando e falava muito, mas sem dúvida com que elegância de espírito!

Dos grandes diretores veteranos que ficaram na França durante a Ocupação, alguns se sentiram à vontade no novo regime. Sacha Guitry, que circulou nesses anos negros como vedete na vida mundana, onde se misturavam celebridades parisienses e os uniformes dos oficiais alemães, realizou três filmes nesta época: Le Destin Fabuleux de Desirée Clary / 1941; Donne-moi tes Yeux / 1943 e La Malibran / 1943. Com a libertação da França foi preso sob a acusação de colaboracionismo, tendo sido posteriormente inocentado. Depois da guerra, ainda na década de quarenta, ele nos ofereceu: Le Comédien / 1948; Le Diable Boiteux / 1948; Aux Deux Colombes / 1949; Toâ / 1949.

Nos anos cinquenta, continuou trabalhando com a sua habitual liberdade de expressão, surgindo então: Le Trésor de Cantenac / 1950; Tu m´as Sauvé la Vie / 1950; Debureau / 1951; Adhémar ou Le Jouet de la Fatalité / 1951; La Poison / 1951; Je l´ai été Trois Fois / 1952; La Vie d´un Honnête Homme / 1953; suas três versões da História da França, Se Versailles Falasse / Si Versailles m ´était Conté / 1954, Napoleão / Napoléon / 1955 e Si Paris nous était Conté / 1956; Amantes e Ladrões / Assassins et Voleurs / 1957; Les Trois font la Paire / 1957; La Vie a Deux / 1958.

La Poison e La Vie d´un Honnête Homme, ambos interpretados por Michel Simon, se destacam. O primeiro filme instala uma situação dramática no centro da qual está um homem que, para se desembaraçar de seu “veneno”, ou seja, sua esposa, consulta um advogado, antes de assassiná-la, para saber qual a melhor maneira de pôr fim aos dias de sua companheira, e obtém efetivamente sua absolvição pelo crime cometido. No segundo filme, Simon interpreta dois irmãos gêmeos que, após duas vidas separadas, se reencontram. O irmão pobre e marginal, mas despreocupado e feliz morre nos braços do irmão rico e mesquinho, mas infeliz, sem o amor até de sua família; daí a idéia, para este, de mudar de vida assumindo a identidade do outro. Excelente oportunidade para verificar a mentira e a superficialidade de sua antiga existência.

Guitry não era o cineasta de um dogma, ou de um sistema; ele era, antes de tudo, um experimentador. Sua carreira aborda ou inventa os gêneros: biografias, crônicas subjetivas, fantasias históricas, peças filmadas, melodrama e documentário. Como escreveu Jean Tulard (Dictionnaire du Cinéma: les réalisateurs, 2003), nada resume melhor a obra filmada de Sacha Guitry como a definição que ele dava do cinema: “É uma lanterna mágica. Dela não deveriam ser excluídas a ironia e a graça “.

O ROMANCE DE UM TRAPACEIRO.

Sacha Guitry em O Romance de um Trapaceiro

Jacqueline Delubac e Sacha Guitry em O Romance de um Trapaceiro

Por ter roubado oito centavos do cofre de seus pais, um menino fica probido de comer cogumelos no almoço. Os onze membros de sua família morrem envenenados. Daí ele conclui que deve a vida à sua desonestidade, uma vez adulto (Sacha Guitry), torna-se croupier e depois trapaceiro profissional. O homem que lhe salvou a vida na Primeira Guerra mundial faz dele um jogador, e o nosso herói perde jogando honestamente tudo o que havia ganho trapaceando.

Em vez de decupar seu livro em cenas dialogadas, Sacha Guitry teve a idéia de se servir do texto – inteiramente escrito na primeira pessoa – como um comentário, as imagens vindo simplesmente em apoio às palavras. Somente uma vez o herói, que está escrevendo suas memórias, interrompe a narração para conversar cm uma velha conhecida. O autor, com sua voz nasal e modulada, fala sem parar, mas as idéias que exprime são inteligentes, espirituosas e vêm sempre acompanhadas de achados visuais muito interessantes. No filme só há um ponto de vista: o seu. O cinema de Guitry é um cinema singular, descontraído, que esperou o tempo de uma geração para ser reconhecido.

El: Jacqueline Delubac (a mulher) / Marguerite Moreno (a aventureira) / Rosine Deréna (a ladra) / Pauline Carton (Mme. Moriot,a tia) / Fréhel (a cantora) / Sacha Guitry (o trapaceiro  Serge Grave (ele, garoto)/ Pierre Assy( (ele, rapaz)/ Henri Pfeiffer (M. Charbonnier) / Pierre Labry (M. Moriot, Gaston Dupray (garçom do café).

AS PÉROLAS DA CORÔA

Jacqueline Delubac e Sacha Guitry em As Pérolas da Coroa

Guitry dirige Arletty em As Pérolas da Coroa

Um escritor francês, Jean Martin (Sacha Guitry), um ajudante-de-ordens do rei da Inglaterra, John Russell (Lyn Harding), e um camareiro do papa, Giovanni Riboldi (Enrico Glori), evocam a história de sete pérolas valiosas, que o papa Clemente VII reuniu para dar de presente de casamento à sua sobrinha Catarina de Médicis, das quais quatro figuram na coroa real britânica. Percebendo que ignoram tudo a respeito das outras três pérolas, eles unem seus esforços e descobrem o paradeiro das jóias que estão faltando.

Sacha Guitry revive, do século XV até à época contemporânea, personagens famosos da história, interpretados por renomados atores, alguns vivendo mais de um papel. Com essa obra, ele aborda pela primeira vez e simultaneamente, dois gêneros que lhe valeram seus maiores sucessos comerciais: o filme de grande espetáculo e a fantasia histórica. Dotado de fertilíssima imaginação e fina ironia, Guitry mistura realidade e ficção, comédia e drama, comentários espirituosos e frases célebres (mais ou menos autênticas), ritmo rápido e lento, além de abolir as fronteiras geográficas e de tempo. Mas o que aconteceu com as pérolas? A última caiu no mar e reencontra seu habitat inicial em uma ostra aberta.

El: Jacqueline Delubac (Françoise Martin, Maria Stuart, Josefina de Beauharnais / Yvette Pienne (Elisabeth, Maria Tudor e rainha Vitória idosa) / Arlety (rainha Etíope) / Simone Renant (Madame Du Barry) / Barbara Shaw (Ana Bolena) / Marguerite Moreno (Catarina de Médicis e Imperatriz Eugenia idosa) / Germaine Aussey (Gabrielle d´Estrées) / Raymonde Allain (Imperatriz Eugenia) / Lisette Lanvin (rainha Vitória jovem) /  Cecile Sorel (a Francesa do Grande Século) / Huguette Duflos (rainha Hortensia) / Pauline Carton (uma camareira) / Rosine Dérean (uma jovem e Catarina de Aragão) / Renée Saint-Cyr (Madeleine de la Tour d´Auvergne) /  Lynn Harding (Henrique VIII e ajudante de ordens do rei da Inglaterra) / Sacha Guitry (Jean Martin, Francisco I , Barras, Napoléon III) / Raimu (o meridional) / Jean-Louis Barrault (Bonaparte) / Claude Dauphin (prisioneiro italiano) / Marcel Dalio (abissínio) / Robert Pizani (Talleyrand), etc.

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